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Livros Acadêmicos

4.3 Tecnologia de sementes na implantação de horta: uma perspectiva sobre sustentabilidade e alimentação saudável

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Izael Oliveira Silva [1]

Jackson Vitor dos Santos [2]

Janaína Firmina dos Santos [3]

Gabriel Silvestre dos Santos [4]

 Thamara Suzany da Silva Izario [5]

Paulo Henrique dos Santos [6]

Maria Eduarda Gouveia Costa Guimarães [7]

DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/livros/755

 

A implantação de uma horta na escola ou comunidade, garante uma alimentação mais adequada, pois, vai agregando hábitos mais saudáveis e, consequentemente, uma qualidade de vida melhor.

Considerando exigências para uma sociedade sustentável a partir da implantação de uma horta, destacamos como primeiro passo, a importância que cada indivíduo exerce em sua localidade de atuação, e deva se descobrir como parte do ecossistema local. Ao implantarmos de uma horta sustentável na escola, estamos desenvolvendo uma série de novas aprendizagens e valores em nós e nos educandos (BERALDO et al., 2022; CRUZ et al., 2021; POMPEU; NUNES; LEITE, 2013).

Ao assumir uma tarefa conjunta estaremos aprendendo a trabalhar em grupo com pessoas diferentes em gostos e habilidades e oportunizando o discente lidar com os colegas, escutar o outro, a socializar, partilhar, seguir instruções, ler roteiros, obedecer às regras e protocolos, entre outros tantos saberes, experiências vividas e assim tomar decisões que sejam, mas adequada a realidade local. Isto é algo recorrente, pois, os indivíduos não nascem com todas as habilidades, daí a importância e tarefa da escola. (DE SOUZA, et al., 2022; NACTIGALL, 2014).

A tecnologia de sementes na implantação de horta, parte do entendimento de que, por meio da promoção da ação escolar e de uma educação integral dos educandos, é possível causar transformação na cultura da comunidade no que se refere à alimentação, à nutrição, à saúde e à qualidade de vida de todos, sobretudo, tendo a horta escolar como eixo gerador de tais mudanças (MENEZES, et al., 2019; TIBOLLA; NACTIGALL, 2014).

A construção de uma horta na escola traz oportunidades que vão além do desenvolvimento de consciência sobre sustentabilidade e alimentação saudável. Os benefícios do trabalho com cultivos e plantações envolvem também os hábitos alimentares de estudantes, educadores e demais funcionários e da própria comunidade escolar na totalidade (DE MORAES; SANTOS, 2019; OLIVEIRA; PEREIRA; JÚNIOR,2018).

Este estudo teve como objetivo geral realizar a implantação de uma horta na escola e na comunidade garantir uma alimentação melhor, criando hábitos saudáveis e, consequentemente, uma qualidade de vida melhor.

Metodologia

Os trabalhos foram conduzidos no Laboratório de Ciências da Escola de Ensino Integral Profª Edleuza Oliveira da Silva pelos discentes, em São Miguel dos Campos-AL, Brasil

As sementes foram higienizadas com hipoclorito de sódio a 3% por um período de 3,0 minutos, álcool a 70% GL por 1,0 minuto, lavadas duas vezes em água filtrada por 1,0 minuto e secas em papel toalha estéril, para minimizar desta forma, a ação de organismos fitopatogênicos.

Foram selecionadas 50,0 sementes de cada variedade de planta a ser cultivada na horta. Todas as sementes foram hidratadas por um período de aproximadamente 5,0 minutos para quebra da dormência da semente (Figura 1-A). Posteriormente essas sementes foram colocadas em bandejas de bolo de comprimento 41,5×31,8×11,5 cm retangular. Nelas foram colocados substrato indicado para plantações, balanceado e livre de pragas, com pH equilibrado para proporcionar os nutrientes ideais ao desenvolvimento das plantas. Posteriormente as sementes foram colocadas no berçário com um espaçamento de aproximadamente 5,0 cm. Depois da distribuição das sementes, as mesmas foram regadas com borrifador até umedecer o substrato e cobertas com a tampa.

As análises do desenvolvimento das plantas foram realizadas pelos discentes, bem como o processo de crescimento e coleta dos dados de cada uma das mudas. Para calcular a taxa de germinação utilizamos a fórmula onde: Tg= taxa de germinação; ni= número de sementes germinadas; Σ(n)= número total de sementes plantadas (COSTA; MARTINS; LOPES, 2010). As avaliações foram realizadas após 8,0 dias de semeadura. A partir do resultado da taxa de germinação conseguimos dimensionar quantas sementes são necessárias para termos o número mais assertivo de plantas desejado em nossa horta. Foram usadas neste trabalho; Brassica oleracea var. capitata (Repolho Roxo); Lactuca sativa L. (Alface Americano); L. sativa var. verde (Alface verde), L. sativa var. roxa (Alface Betânia) ” e Capsicum annuum L. (Pimenta Malagueta) esta última, por se tratar de uma frutífera foi avaliada após 20 dias. As bandejas foram regadas com borrifador e mantidas em condições ambiente (27±2°C), em regime de alternância luminosa (claro e escuro).

Resultado e discussão

Após a semeadura, as plantas que estavam em pleno desenvolvimento vegetativo foram preparadas para o transplantio. Para isto, os discentes aplicaram e demonstraram os protocolos básicos de assepsia das mãos, ferramentas e vasos utilizados para acomodar as mudas. Os vasos foram confeccionados pelos alunos utilizando garras pet. Este procedimento foi conduzido pelos monitores, comunidade estudantil e visitantes presentes que passaram pela experiência de montar a Micro-horta, e levaram para casa a muda por eles preparados (Figura 1-A).

De Andrade et al. (2017), relata a importância do reuso dos produtos descartáveis como os utilizados neste trabalho na redução dos impactos ambientais, advindos das ações antrópicas, se faz através da conscientização de pessoas, e é a escola a melhor ferramenta para sensibilização da comunidade. Da Silva Siqueira et al. (2018) considera que a atividade realizada pelos discentes com esta temática proporcionou a seus executores um desenvolvimento tanto no âmbito cognitivo, devido à busca de informações e técnicas de plantio e implantação de uma horta orgânica, quanto no aspecto social, devido à interação entre os envolvidos e a relação intraespecífica firmada entre discente e natureza, e intraespecífica entre discente e comunidade local, sendo uma das propostas da BNCC de Ciência da Natureza na temática terra e universo, habilidade EF03CI07 que consiste em identificar as características da terra (como seu formato esférico, a presença de água, solo, etc.), com base na observação, manipulação. E comparação de diferentes formas de representação do planeta e vida e evolução (EF01CI02) que agrupa os estudos relacionados aos seres vivos: características e necessidades, processo evolutivo, interação, principalmente a que o ser humano estabelece entre si e com os demais seres vivos, elementos não vivos do ambiente e preservação da biodiversidade (SILVA, 2018).

A interação e o fluxo das experiências adquiridas pelos discentes, de toda a parte técnica aliada ao conhecimento popular das pessoas presentes, foi, sem dúvidas, enriquecedora, pois, a prática do plantio de hortaliças pela comunidade é inata e bem difundida, mas esta não é feita com os parâmetros científicos, levando ao desperdício de material propagativo (sementes), e calcular a taxa de germinação (Tg) reduz as perdas e desta forma podemos mensurar a quantidade de sementes necessárias para cada berçário (Figura 1-B).

Figura 1. Seleção das sementes e preparo de mudas para implantação da horta. (A) Culminância e apresentação a comunidade dos resultados (B)

Fonte: Autores, (2022)

Os resultados obtidos após a avaliação da qualidade das sementes utilizadas para a implantação do berçário-horta na escola estão expostos no gráfico 1.

As plantas que tiveram o melhor desempenho na germinação foram a “Brassica oleracea var. capitata (Repolho Roxo)” com 100% de Taxa de germinação, seguido pelo “Lactuca sativa L.(Alface Americano)” com 96%, “Lactuca sativa (Alface verde)” com 90% de germinação (FRANZIN, 2004).

Apesar de ser considerado uma boa taxa germinativa segundo a indicação rotulada na embalagem, esta variedade apresentou perda percentual de 10%. Se esta produção for em pequena escala não é significativo, mas em grande escala gera prejuízo considerável. A L. sativa var. roxa (Alface Betânia) com 70% de germinação. Esta variedade teve perda de 30% de sementes germinadas e comprometeu numericamente a disponibilização e acesso às mudas (KIKUTI; MARCOS FILHO, 2012).

Gráfico 1. Avalição das sementes.

Fonte: Autores, (2022)

A Capsicum annuum L. (Pimenta Malagueta) que teve a mais baixa taxa de germinação com 58%. A perda na germinação foi de 42%, isto indica que as sementes utilizadas não apresentam uma boa taxa germinativa em virtude de que as sementes comercializadas são testadas com um percentual superior a 90% (TEIXEIRA, 2018).

Com base nos dados obtidos da taxa de germinação comprovamos a necessidade e importância da seleção de sementes e a avaliação da qualidade para conseguimos mensurar a quantidade necessária a serem semeadas para obtermos o número de plantas desejadas. Para termos 50 plantas de repolho roxo baseado na taxa de germinação serão necessárias 50 sementes. Já a Alface Americano são necessárias 53 sementes. A Alface Verde, são necessários plantar aproximadamente 50 sementes, já os Alfaces Betânia precisam ser semeados 72 sementes e para a Pimenta Malagueta a que teve a menor taxa de germinação neste trabalho são necessários plantar 86 sementes, aproximadamente o dobro para obtenção do número de plantas desejadas.

Conclusões

A implantação da Horta, possibilitou aos alunos envolvidos a vivência e o contato natural. O contato com as técnicas, ferramentas, manejo de solo e as peculiaridades da agricultura orgânica como aprendizagem, os cálculos matemáticos para avaliação da taxa de germinação das sementas no intuito de dimensionar a semeadura, a qualidade das sementes para assim poder implantar com segurança horta sem perdas de espaço e de sementes foram alcançados.

Os melhores resultados obtidos após a avaliação da qualidade das sementes utilizadas para a implantação do berçário-horta das plantas Brassica oleracea var. capitata (Repolho Roxo) com 100% de Taxa de germinação, seguido pelo Lactuca sativa L. (Alface Americano) com 96%, Lactuca sativa (Alface verde)” com 90% de germinação. A Capsicum annuum L. (Pimenta Malagueta) que teve a mais baixa taxa de germinação com 58%.

A utilização de material reciclado (Garrafas Pet) como vaso para produção das hortaliças utilizadas pelos discente na escola e/ou doadas para comunidade alicerçaram a consciência ambiental.

A implantação da horta é uma ótima opção para termos hortaliças em casa, por ser simples de implantar, não ocupar muito espaço, gerar satisfação em todo processo, desde a seleção de sementes, preparo do solo, o momento das regas, a expectativa do desenvolvimento da planta, e o momento da colheita gera uma conexão com o meio ambiente, sustentabilidade, respeito e saúde mental.

Os objetivos deste trabalho foram alcançados, pois, a vivência e o contato direto com o meio ambiente natural proporcionaram novas descobertas, técnicas de plantio, manejo do solo, cuidado com as plantas, cultivo de hortaliças sem agroquímicos, assim como técnicas de produção e proteção da estrutura do solo. Isto promoveu um senso de responsabilidade social aos envolvidos no trabalho.

Referências

BERALDO, Daiane Ferreira Arantes et al. Educação ambiental em instituições públicas de ensino como estratégia para a sustentabilidade. Revista Insignare Scientia-RIS, v. 5, n. 1, p. 151-168, 2022.

COSTA, Felipe Pianna; MARTINS, Lima Deleon Martins; LOPES, José Carlos. Frequência de germinação de sementes de crambe (Crambe abyssinica Hochst.) sob influência de tratamentos pré-germinativos e de temperaturas. Nucleus, v. 2, n. 2, p. 1-10, 2010.

CRUZ, Lilian Pereira et al. HORTAS PEDAGÓGICAS: Análise de Artigos Publicados em Periódicos e Congressos. Revista Ciências Humanas, v. 14, n. 1, 2021.

DA SILVA SIQUEIRA, Ana Paula et al. Horta escolar como ferramenta de educação ambiental e interdisciplinaridade entre Universidade e escola. Educação Ambiental em Ação, v. 17, n. 65, 2018.

DE ANDRADE, Tâmillis Lopes; MAZAROTTO, Edson José; DA SILVA, Cristiane Bezerra. Horta vertical com garrafas pet: uma alternativa para educação ambiental nas escolas. Visão Acadêmica, v. 17, n. 3, 2017.

DE MORAES, Luan Hugolino; SANTOS, Marcelo Guerra. “Sabores e Dissabores” de uma horta escolar: percepções gustativas e vivências de alunos do Ensino Fundamental. Revista Insignare Scientia-RIS, v. 2, n. 4, p. 20-42, 2019.

FRANZIN, Simone Medianeira et al. Métodos para avaliação do potencial fisiológico de sementes de alface. Revista Brasileira de Sementes, v. 26, p. 63-69, 2004.

KIKUTI, Ana Lúcia P.; MARCOS FILHO, Julio. Testes de vigor em sementes de alface. Horticultura Brasileira, v. 30, p. 44-50, 2012.

OLIVEIRA, Fabiane; PEREIRA, Emmanuelle; JÚNIOR, Antônio Pereira. Horta escolar, Educação Ambiental e a interdisciplinaridade. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 13, n. 2, p. 10-31, 2018.

POMPEU, Márcia Pompeu; NUNES, Nádia; LEITE, Silvia. Transformando a escola com o Projeto Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia. Revista VIS: Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte, v. 1, n. 1, 2013.

SILVA, Monica Ribeiro da. A BNCC da reforma do ensino médio: o resgate de um empoeirado discurso. Educação em revista, v. 34, 2018.

TEIXEIRA, Sheila Bigolin et al. Efeito da temperatura sobre a germinação e crescimento inicial de sementes de Capsicum frutescens (L.). Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 13, n. 1, p. 58-65, 2018.

TIBOLLA, Sabrina Sgarbi; NACTIGALL,, Gilson Ribeiro. Educando com a horta escolar pedagógica. Extensão Tecnológica: Revista de Extensão do Instituto Federal Catarinense, n. 1, p. 157-162, 2014.

[1] Doutor em Proteção de Plantas pela Universidade Federal de Alagoas-UFAL; Mestre em Produção de Plantas pela Universidade Federal de Alagoas-UFAL; Biólogo Bacharel e Licenciado pela Universidade Federal de Alagoas-UFAL; Professor da Rede Pública e Estadual; Orientador e pesquisador de Projeto Integrador na SEDUC-AL; Pesquisador e orientador no Laboratório de Ciências no Centro Educacional Pesquisa Robótica e Inovação-CEPRI da Secretaria Municipal de Educação/SEMED de São Miguel dos Campos; Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

[2] Discente da Escola Estadual de Ensino de tempo Integral Profª Edleuza Oliveira da Silva, São Miguel dos Campos Alagoas/ Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

[3] Discente da Escola Estadual de Ensino de tempo Integral Profª Edleuza Oliveira da Silva, São Miguel dos Campos Alagoas/ Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

[4] Discente da Escola Estadual de Ensino de tempo Integral Profª Edleuza Oliveira da Silva, São Miguel dos Campos Alagoas/ Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

[5] Discente da Escola Estadual de Ensino de tempo Integral Profª Edleuza Oliveira da Silva, São Miguel dos Campos Alagoas/ Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

[6] Discente da Escola Estadual de Ensino de tempo Integral Profª Edleuza Oliveira da Silva, São Miguel dos Campos Alagoas/ Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

[7] Discente da Escola Estadual de Ensino de tempo Integral Profª Edleuza Oliveira da Silva, São Miguel dos Campos Alagoas/ Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

Izael Oliveira Silva

Izael Oliveira Silva

Doutor em Proteção de Plantas pela Universidade Federal de Alagoas-UFAL; Mestre em Produção de Plantas pela Universidade Federal de Alagoas-UFAL; Biólogo Bacharel e Licenciado pela Universidade Federal de Alagoas-UFAL; Professor da Rede Pública e Estadual; Orientador e pesquisador de Projeto Integrador na SEDUC-AL; Pesquisador e orientador no Laboratório de Ciências no Centro Educacional Pesquisa Robótica e Inovação-CEPRI da Secretaria Municipal de Educação/SEMED de São Miguel dos Campos; Secretaria Estadual de Educação de Alagoas SEDUC/AL 2°GERE.

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Reflexões, Proposições e Desafios na Construção do Conhecimento Acadêmico e Científico no Brasil: 2022

DOI do Capítulo:

10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/livros/

755

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