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Livros Acadêmicos

3.9 Possibilidades e desafios da inclusão no contexto de escolares

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Marcel Alcleante Alexandre de Sousa[1]

DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/livros/760

 

O artigo que estamos desenvolvendo tem como tema a inclusão, a permanecia e a assistência das pessoas com deficiência. É preocupante à educação o tema da deficiência, sobretudo, da recepção da pessoa deficiente na sociedade. É importante a sociedade educar-se deste cedo para a inclusão social.

Falar de inclusão nas serieis iniciais favorece o desenvolvimento das crianças. Torna as mesmas independente em um futuro contexto social. Nas series iniciais o professor tem a possibilidade de educar as crianças para o mundo da inclusão. Pode proporcionar a capacidade de relacionar-se com crianças deficientes. Assegurar os direitos e deveres inerentes ao deficiente. Como a educação pode proporcionar o lazer, a aprendizagem, a inclusão e a acessibilidade, no individuo com deficiência à sociedade?

Objetivamos com este texto, assim, traçar elementos singulares na educação para uma inclusão. Para isso, tratar da compreensão do que seja a pessoa com deficiência. Inerente a isso, os aspectos dessemelhantes da pessoa com deficiência em relação a pessoa sem deficiência. Além disso, a dimensão semelhante da pessoa com deficiência no convívio social.

Para conseguir dar conta do tema, aqui proposto, a pesquisa será submetida ao método bibliográfico. Leitura de artigos pertinentes ao tema, sistematização das ideias acerca da inclusão e escrita da ideia central aqui defendida: a escola é um ambiente importante para a educação inclusiva. Pois, dispõe de um espaço social. Precisa ser democrático, pensar no deficiente como um cidadão com direitos e deveres iguais ao cidadão sem deficiência.

Reflexões acerca do termo “deficiente”

Para desenvolver um trabalho acerca da inclusão é necessário definir a categoria que se pretende incluir, neste caso, o deficiente. Quem é a pessoa com deficiência e quais são os seus direitos? Para tal, O Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015), artigo 2, promulga:

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (SENADO FEDERAL, 2015, p. 8-9).

Algumas pessoas consideradas deficientes não têm como executar determinados movimentos físicos, a exemplo do tetraplégico. Essa categoria, de pessoa com deficiência, tem momentos, em sua vida, em cadeira de rodas. Pode estudar, fazer exercícios físicos e ter uma vida amorosa. Isso, quando a Lei nº 13.146/ 2015, oferece condições para a vida estudantil da categoria aqui mencionada. Estamos fazendo referência a uma estrutura que possibilite o desenvolvimento de sua trajetória. Dando-lhe acesso a seus direitos; tornando-lhe uma pessoa produtiva e capaz de atuar em vários campos, como o cultural, o tecnológico e científico.

Outra categoria de pessoa com deficiência é a visual. Utilizam-se de muletas para poder se locomover e tatear o espaço por onde se estar circulando. Essa categoria, empiricamente, demostra ter o tato, a audição, o olfato e o paladar bem desenvolvidos. Contribui para sua localização no tempo e no espaço a qual está inserido. Pode locomover-se de forma natural e espontânea. Tateando com uma muleta ou um cão guia, a pessoa com deficiência visual, pode deslocar-se em parques, teatros, shoppings e centros urbanos.

Os alunos com deficiência enfrentam não apenas o problema da acessibilidade; pode ocorrer, também, a dificuldade financeira. Diante disso, acaba tendo uma vida sedentária. Por causa da vida sedentária, quando está em sala de aula, sente dificuldade de assimilar o que se ensina. Ainda dentro desse contexto, as condições e estruturas escolares não são adequadas as necessidades físicas ou cognitivas da pessoa com deficiência. Essa perspectiva externa faz com que se trace uma análise de conjuntura preconceituosa. Mas, a pessoa com deficiência tem capacidade cognitiva.

E, nisso, estão implicados diversos tipos de problemas, desta a falta de informações e capacitação da família, a preconceitos, isolamento e falta de confiança no potencial de cada um, tratamentos paternistas que condicionam a uma atitude de passividade na solução de problemas, baixa autoestima e tantos outros problemas. (GALVÃO FILHO, 2012, p. 76).

Trata-se de um problema a mais o que passa uma pessoa com deficiência física, sensorial ou intelectual quando está submetida a baixas condições financeiras. É uma conquista para a pessoa com deficiência ter seu espaço em uma boa clínica e acesso a uma boa educação. Existem escolas especializadas na promoção dessas vidas e que deveriam servir de inspiração social, por exemplo, a Apae[2].

Apontamentos paradigmáticos da inclusão

A pessoa com deficiência tem dificuldade de se locomover em ambientes de difícil acesso, por causa de sua limitação física. Os espaços públicos são irregulares. Nas calçadas, os pisos, também, são irregulares; atrapalham a boa circulação das pessoas com deficiência. As pessoas com mobilidade reduzida não conseguem circular de forma livre, autônoma, satisfatória e com segurança.

Sobre essa realidade temos:

Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transporte, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertas ou públicos, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana com na rural, por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. (SENADO FEDERAL, 2015, p. 1).

Com a Lei nº 13.146/ 2015 a acessibilidade é um tema tratado e se apresenta fundamental à pessoa com deficiência. Sabe-se que todos tem direito a escola. Como espaço público que é, sem uma adaptação à pessoa com deficiência; os direitos da pessoa com deficiência são desconsiderados. Uma pessoa em cadeira de rodas necessita de rampas, alguém com cegueira necessita de placas de braile para ter acesso a cultura visual, um surdo faz jus a um intérprete para que a comunicação flua.

A pessoa com deficiência, no espaço escolar, quer ter o direito de acesso livre aos ambientes comuns às pessoas com deficiência e às pessoas sem deficiência. Por exemplo, o recreio, a partir da observação, é um momento de descontração. Nesse caso, a pessoa com deficiência estaria sempre necessitando de uma segunda pessoa para se locomover. Como ser humano, a pessoa com deficiência, têm necessidade da descontração. Em outras perspectivas, o direito de ir e vir à ambientes como bares, teatros, boates, shoppings, praças etc.

Sem acessibilidade, a pessoa com deficiência, esbara-se na limitação cultural. Quando passa a ter acesso, seu nível cultural aumenta.  A acessibilidade é uma rede de possibilidades. Há a possibilidades de conhecer várias pessoas, inclusive pares. Com seus semelhantes adquirem novos conhecimentos e podem lutar por seus direitos. Além disso, novas experiencias.

Com as palavras de Galvão Filho (2012, p. 86), temos:

Para isso, todos os envolvidos, professores, familiares, usuários, devem contar com o suporte técnico em todas as etapas do processo, subsidiando os atores, em cada fase, com os conhecimentos necessários para as tomadas de decisão. Porém, é fundamental que o usuário seja destinatário principal desse conhecimento.

O professor é um mediador entre a cultura e a pessoa que busca conhecimento. Como uma pessoa com deficiência busca conhecer, o professor pode ajudar na aquisição de uma boa cultura. Além disso, trabalhar em sala de aula o conceito de direitos e deveres. Nesta circunstância, estimular o desenvolvimento cognitivo de ambas as pessoas, com ou sem deficiência.  A pessoa com deficiência precisa ser estimulada assim como a pessoa sem deficiência é estimulada. Quando isso não acontece, incapacita-se o deficiente e o condiciona à vida monótona, sedentária e sem perspectivas. “Isso porque a sociedade foi organizada somente para atender os normais e, portanto, quem é diferente, se quiser ser aceito, deve então enquadrar-se neste modelo.” (GOULART; LEITE, 2020, p. 3). As palavras dos autores são favoráveis a concepção de igualdade e atenção à pessoa com deficiência.

Protagonismo da pessoa com deficiência

As tecnologias estão avançando de forma rápida e sistemática. Beneficiam a pessoa com deficiência em longa escala. Proporcionam condições do desenvolvimento no mercado de trabalho. A oportunidade de crescer intelectualmente pelas plataformas EAD. Esse processo é uma conquista e deve ser motivada. A escola tem a característica de motivar e fazer desenvolver a cultura, neste caso, ajudar nas conquistas diárias da pessoa com deficiência. No contexto da escola, como espaço que deve ser acessível à pessoa com deficiência, novos paradigmas devem ser pontuados, a saber, desenvolvimento de espaços para que a inclusão possa acontecer. As palavras de Galvão Filho (2012, p. 67), traz as seguintes contribuições:

As transformações necessárias na escola tradicional, no sentido de reformulação de seu discurso e de suas práticas, em direção a um maior diálogo com o que ocorre no mundo hoje, torna-se condição indispensável para a retomada de relevância do papel social e para a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva.

A inclusão da pessoa com deficiência à sociedade pode dar-se de diferentes modos. Seja através da família ou da escola, desde que de forma gradativa, os estímulos dados, levam a pessoa com deficiência a perceber-se como útil. Esse Norte é ao mesmo instante de humanização.

No contexto das séries iniciais, a criança está em desenvolvimento. Por conta da sua condição física e, também, social, poderão ser impedidas de adquirir uma futura independência. É preciso compreensão e cuidado para que esse processo não seja visto com passividade e preconceito. Pois, a partir do momento que a criança é vista como coitada ela acaba se autobloqueando.

É necessário compreender que, uma pessoa com deficiência, é tão capaz quanto aquela que se encaixa nos padrões da sociedade como cidadão qualificado. Uma pessoa com deficiência pode ocupar funções no mercado de trabalho, no universo acadêmico, na sociedade. Devido à falta de cultura das pessoas sem deficiência, corre-se o risco de marginalizar as pessoas com deficiência. Por causa do preconceito, as interações são bloqueadas. Não se olha para as capacidades, mas para os limites da pessoa com deficiência.

Conclusão

Podemos concluir que, para que haja um maior acesso da pessoa com deficiência à sociedade, é preciso vê-las com naturalidade e sem preconceito.  Significa, aderir ao respeito. O respeito à pessoa com deficiência não está em considerá-las inúteis, proporcionar os espaços resilientes às diferentes pessoas que ali transitam. Oferecer dignidade e um vida justa. Integrar e não separar. Promover a realização da pessoa com deficiência, fazê-lo profissional capaz de atingir com segurança, dignidade e satisfação pessoal o que foi aprendido e apreendido no ensino básico e na universidade.

Alunos precisam de adaptações em suas acomodações escolares para que os mesmos possam ter livre acesso aos espaços como: salas de aulas, bibliotecas e áreas de lazer, com sinalizações sonoras e/ou alto relevo, corre mãos, rampas e espaços mais amplos para a livre circulação de cadeirantes e cegos que usam muletas ou o tato para se locomover. Computadores adaptados com teclados virtuais ou mouses e, software com programas onde o aluno com deficiência psicomotora possa usá-lo nas suas pesquisas e com conteúdo lúdicos, livros em braile e, também, nas acomodações tipo: banheiros, área de lazer. Brinquedos multicoloridos e de texturas variadas para um melhor aprendizado.

Sendo assim, cada aluno terá em sua percepção um aprendizado condizente com seu entendimento e compreensão, onde o tutor disponibilizará de vasto recursos ao se colocar diante das dificuldades de cada indivíduo. Podendo desse modo aumentar as chances de o deficiente ter um progresso nas suas necessidades cognitivas e motoras alavancando o seu potencial tal quanto a uma pessoa sem essas necessidades.

Referências

FEDEREÇÃO NACIONAL DAS APAES.  Conheça a APAE. Disponível em:< https://apae.com.br/ >. Acesso em: 24 de mar. de 2020.

GALVÃO FILHO, T. Tecnologia Assistiva: favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem em contextos educacionais inclusivos. In: GIROTO, C. R. M.; POKER, R. B.; OMOTE, S. (Org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília/SP: Cultura Acadêmica, p. 65-92, 2012.

GOULART, Renata Ramos; LEITE, J. C. C.  Deficientes: a questão social quanto ao lazer e ao turismo. In: III Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul, 2005, Caxias do Sul. Disponível em: https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/gt11-deficientes.pdf. Acesso em 27 jan. 2020.

SENADO FEDERAL. Estatuto da pessoa com deficiência. Brasília: coordenação de edições técnicas, 2015.

[1] Doutorando em Ciência da Religião (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, Juiz de Fora, MG; Bolsista PBPG/PROPP 2022.1/ CAPES 2022.2). Mestre em Ciências das Religiões (Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa, PB, 2020). Graduado em Teologia (Instituto Santo Tomás de Aquino, Belo Horizonte, MG, 2014). Graduado em Filosofia (Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, Campina Grande, PB, 2012). E-mail: [email protected].

[2] Podemos conferir um trabalho educativo de inclusão na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Nasceu em 1954, no Rio de Janeiro. Caracteriza-se por ser uma organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência intelectual e múltipla. A Rede Apae destaca-se por seu pioneirismo e capilaridade, estando presente em mais de 2 mil municípios em todo o território nacional. Hoje, no Brasil, essa mobilização social presta serviços de educação, saúde e assistência social a quem deles necessita, constituindo uma rede de promoção e defesa de direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla, que hoje conta com cerca de 250 mil pessoas com estes tipos de deficiência. Nesse tempo a Organização acumulou resultados expressivos e que refletem o trabalho e as conquistas do Movimento Apaeano na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Nesse esforço destacam-se a incorporação do Teste do Pezinho na rede pública de saúde; a prática de esportes e a inserção das linguagens artísticas como instrumentos pedagógicos na formação das pessoas com deficiência, assim como a estimulação precoce como fundamental para o seu desenvolvimento.  Disponível em:< https://apae.com.br/ >. Acesso em: 24 de mar. de 2020.

Marcel Alcleante Alexandre de Sousa

Marcel Alcleante Alexandre de Sousa

Doutorando em Ciência da Religião (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, Juiz de Fora, MG; Bolsista PBPG/PROPP 2022.1/ CAPES 2022.2). Mestre em Ciências das Religiões (Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa, PB, 2020). Graduado em Teologia (Instituto Santo Tomás de Aquino, Belo Horizonte, MG, 2014). Graduado em Filosofia (Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, Campina Grande, PB, 2012). E-mail: [email protected].

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Reflexões, Proposições e Desafios na Construção do Conhecimento Acadêmico e Científico no Brasil: 2022

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