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Pesquisa em educação: A importância de educar pela pesquisa sob a ótica de Pedro Demo

RC: 52877
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/pesquisa-em-educacao

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

COSTA, Samantha de Andrade [1]

COSTA, Samantha de Andrade. Pesquisa em educação: A importância de educar pela pesquisa sob a ótica de Pedro Demo. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 10, pp. 139-145. Junho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/pesquisa-em-educacao, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/pesquisa-em-educacao

RESUMO

As inquietações à respeito do nosso comportamento enquanto educadores e educadoras e, ainda, o comportamento dos educandos no processo ensino-aprendizagem levam-nos a dimensionar a relevância da pesquisa na educação como um fundamento basilar que torna a pesquisa um formato acadêmico próprio de ensinar e educar, visando uma aprendizagem qualitativa e significativa. Esta, portanto, é a questão central que dá norteamento à este estudo. Nesse âmbito, procura-se ressaltar, aqui, a relevância dos estudos de Pedro Demo para o panorama acadêmico, inclusive em razão de sua colaboração na formação de diversos outros pesquisadores, que, embasados em suas obras, respaldam-se para a compreensão do caminho árduo da construção da ciência. O objetivo geral deste estudo é compreender a relevância de educar pela pesquisa sob a ótica de Pedro Demo. Sabe-se que a partir desse norteamento a educação pela pesquisa norteará caminhos para uma educação qualitativa. A metodologia empregada neste estudo aponta a utilização do instrumento basilar: a pesquisa exploratória bibliográfica. Os resultados basilares demonstram que se faz necessário que os educadores ensinem aos seus alunos por meio da pesquisa. Assim, a aprendizagem é significativa e leva-os a descobrir novos conhecimentos e despertar novos saberes.

Palavras-chave: Pesquisa, educação, ensino, aprendizagem, educandos.

1. INTRODUÇÃO

Não existem estudos sem pesquisa, ou seja, sem debruçar em livros para se descobrir se determinada hipótese é verdadeira, ou, ainda, para encontrar ou não a resolução em relação a uma determinada situação problemática. Sabe-se o quanto é difícil um espírito imbuído no âmbito da pesquisa no cotidiano escolar e no contexto extraescolar, o que justifica a relevância deste estudo. Assim, a questão norteadora deste trabalho visa investigar qual a relevância de educar pela pesquisa sob a ótica de Pedro Demo. Educar não é uma tarefa fácil, exige pesquisa, empreendimento, renovação. Segundo Arendt (2001), educar significa “assumirmos a responsabilidade” da ação e participação no mundo em que vivemos, conscientes das práticas humanas.

O estudo possui como objetivo geral compreender a relevância de se educar pela pesquisa na promoção de uma aprendizagem significativa, por intermédio de uma pesquisa exploratória bibliográfica, norteando caminhos para uma educação qualitativa. Com embasamento em pesquisas em estudos de autores vários, analisa a importância de educar pela pesquisa sob a ótica de Pedro Demo e outros autores necessários à compreensão da temática aqui elencada. Justificou-se este estudo, considerando o contexto apresentado, que é preciso partir dos princípios que é pesquisando a educação que se chega à inovação e transformação, podendo ela atuar como facilitadora da construção de saberes educativos em novos ambientes que proporcionem a aprendizagem significativa.

Dessa forma, o educador apreende conceitos e experiências aliando a teoria à práxis pedagógica e a partir dos conhecimentos adquiridos transmite-os aos educandos. Deve-se enfatizar que a educação pela pesquisa norteará os educadores que serão mediadores dos seus alunos no ensino-aprendizagem. Portanto, segundo Gadotti (2000), cabe, à escola, considerar os conhecimentos prévios dos discentes e observar tais conhecimentos como ponto de partida para o avanço de novas construções de aprendizagem. Entende-se a aprendizagem escolar como um processo social, uma atividade de reprodução e produção do conhecimento por meio da qual, na interação e sob a orientação/mediação do professor, o aluno assimile e internalize os fundamentos dos conteúdos científicos e também se aprimore a partir da pesquisa.

Nessa concepção, é importante ressaltar que os olhares estão muito mais voltados para o sujeito (aluno) que age e interage, sente, é, pensa e faz. Ressalta-se, então, a relevância do docente atuar, também, como pesquisador para que possa educar nessa perspectiva da pesquisa.

2. A EDUCAÇÃO PELA PESQUISA E O SEU PAPEL DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Na área da educação, mais importante do que o curso em que o indivíduo está inserido, é a necessidade de uma nova cultura profissional, a construção de um novo ambiente educativo, no qual se faz à relação entre teoria e prática desde o início da formação, estimulando o futuro educador a desenvolver a reflexão crítica sobre as teorias que lhes são apresentadas. Para ser um educador pela pesquisa, o professor necessita aprimorar, cada vez mais, os seus conhecimentos, buscando a capacitação, visto que há um novo patamar de exigência de profissionais cada vez mais habilitados, devido aos desafios atuais dessa sociedade exigente e excludente que exige qualificações cada vez mais elevadas, ampliando, assim, as necessidades de aprimoramento educacional (WANDERLEY, 2003).

Urge a necessidade, então, do estudo, do ensino, da pesquisa e da ampliação de conhecimentos do indivíduo. As preocupações com a educação devem fazer parte da vida do sujeito ativo e dinâmico que exige e atua como transformador da sociedade, uma vez que é unicamente por meio da educação que o indivíduo terá condições de compreender e de situar-se na sociedade como cidadão participativo e responsável (DEMO, 2003). Deve-se partir do princípio de que o ato educativo é necessariamente composto por conhecimentos e que estes poderiam ser organizados de maneira lógica ou organizados de acordo com os interesses e vivências do alunado.

Insistindo na segunda alternativa, o conhecimento iria auxiliar o indivíduo no entendimento da sua ação dentro da sociedade, do espaço acadêmico, da escola e como estas se organizam (SAVIANI, 2012). Dessa forma, o ato educativo leva o indivíduo a perceber a importância de conhecer essa realidade, a necessidade de participar dela e verificar que esta pode ser transformada e melhorada a partir de mudanças que se fazem advindas da vontade política. Tais mudanças, por sua vez, precisam ser exigidas pelo conjunto da sociedade (DEMO, 1996). O ato educativo não é composto apenas por conhecimentos/conteúdos a serem trabalhados. A mediação entre a realidade e conhecimento que dela emerge necessita ser elaborado e reelaborado de forma adequada a partir de uma metodologia.

O perfil ideal do educador, na visão de Demo, seria o de um ser humano criativo, sensível, e, que, em razão de tais características, vive intensamente o seu tempo, tem consciência e é pesquisador. Pedro Demo ressalta que é preciso educar pela pesquisa e que é condição da educação que o docente atue, também, como pesquisador. Não precisa ser um profissional da pesquisa, “mas precisa ser, como profissional da educação, um pesquisador” (DEMO, 2003, p. 38). Essas reflexões acerca da educação embasam a busca pela pesquisa, para que o educador possa aprofundar os conteúdos programáticos, os seus conhecimentos, bem como as metodologias diversificadas a serem aplicadas e incorporadas à disciplina por ele lecionada.

Esse tema transversal, que se refere ao ‘papel da educação’, ensina a ver o mundo de uma forma diferente, mais globalizada e a pensar a educação de uma forma mais abrangente e reflexiva, uma vez que passa a se conhecer a realidade do ser humano e a relação entre ele e o contexto em que vive, é, ainda, um modo de se pensar, de forma analítica, a educação (BRASIL, 2001). A pedagoga Sônia Maria Bitencourt relatou na revista EXAME, em 2001, acerca do enorme papel desempenhado pela educação, e, assim, afirmou que o maior desafio da educação é ensinar a pensar. Dessa forma, necessitamos de uma escola que faça a mediação entre o professor e o aluno no requisito de auxiliá-lo a pensar e a refletir, buscando formar cidadãos críticos e reflexivos, aptos a interagir com o mundo.

Entretanto, é preciso que o profissional se arrisque e busque por conhecimentos inovadores, e, por fim, deve atuar de forma que possa exercer a sua cidadania (BITENCOURT, 2001). Em consonância com este entendimento, Paulo Freire (1997, p. 44) assevera, que “é pensando de forma crítica a práxis de hoje e de ontem que se melhorará a prática posterior”. Com embasamento nessa assertiva, torna-se fácil entender o porquê da práxis pedagógica ser um constante objeto de debates e discussão. O educador que media o conhecimento necessita entender que a sua práxis pedagógica unicamente poderá ser de utilidade, isto é, deve contribuir e estimular a inteligência coletiva dos educandos. Ademais, precisa ser atuante e sujeito do seu ato pedagógico.

O professor que possui ciência do seu papel enquanto educador redireciona as suas atividades sempre que se fizer necessário. No ensejo do século XXI, conforme Wanderley (2003), eram diversas as teorias sobre a universidade. Compreendia-se esse espaço como um lugar, em uma perspectiva histórica, ideal para se criar e divulgar a ciência, e, ainda, para o seu desenvolvimento, contemplando-se missões como a formação continuada de docentes à nível superior e técnico, atentando-se às necessidades para se chegar aos objetivos. A universidade é compreendida, então, como a responsável pela articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, amparando-se em requisitos cunhados pela própria sociedade. Nesse sentido, o educar via pesquisa almeja a dinamização da prática docente.

Esta ação inovadora se assinala para que os docentes motivem e, também, incentivem os discentes para que adquiram o gosto e vejam como é necessário que haja a pesquisa em sala de aula e no âmbito extraescolar. Para que isto possa ocorrer com eficácia, é necessário que tenha mudanças tanto no papel do educador quanto na receptividade do educando em assimilar essas mudanças, para que, assim, haja a contribuição na busca da reconstrução do conhecimento, de forma que englobe os aspectos teóricos e pragmáticos (DEMO, 2003). Nesse cenário apresentado, a educação deve ser vista como uma das primeiras prioridades no plano de ação governamental. A formação de professores e professoras, adequada, portanto, às necessidades atuais, é um dos alicerces fundamentais a todo o processo de reforma educativa.

Os educandos, atualmente, proveem de uma sociedade multicultural, e, dessa forma, há uma diversidade de famílias, culturas, raças, línguas e níveis socioeconômicos (NOGUEIRA; ROMANELLI; ZAGO, 2007). A todos devemos um sistema educativo eficiente e respeitador, isto é, que os prepare eficazmente para as realidades acadêmicas, profissionais e sociais do século XXI (SAVIANI, 2012). O desafio de se educar pela pesquisa leva, naturalmente, a organizar o trabalho de modo que, os docentes, precisam desenvolver as competências necessárias. Deve-se ressaltar, também, a importância do bom senso (LUDKE; ANDRÉ, 1986). A autoridade não pode ser compreendida como autoritarismo. O professor tem que entender, em certas ocasiões, pontos falhos do aluno. Ao invés de reprimi-lo, precisa ajudá-lo, com humildade e tolerância a se desenvolver (DEMO, 2003).

Para Libâneo (2007), o que se pretende com a nova geração de educadores é que não eternizem a linha tradicional de ensino, mas que procurem novas e originais formas de ensinar. Transformar a práxis é o grande escopo dessa vertente, e, nesse sentido, as mídias diversas, como, por exemplo, os livros, vídeos, imagens, músicas, dentre outros recursos visuais e sonoros são poderosos aliados do professor do século XXI, e, assim, é uma estratégia que beneficia a interdisciplinaridade, a inovação, a criatividade e que valoriza o educador como protagonista fundamental da Educação. É necessário envolver o educando nestas novas atividades para que perceba que pode contribuir com o seu próprio processo de ensino-aprendizagem. Modificam o professor, modificam os alunos: certamente ocorrerá mais interesse, participação e envolvimento por parte de todos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tendência da sociedade atual é a de transformar-se paulatinamente em uma sociedade do conhecimento, de modo que a educação e a pesquisa devem se interligar, uma vez que são cruciais ao aperfeiçoamento da dimensão cultural, social e econômica que move os sujeitos, comunidades e nações, o que demonstra que a nossa sociedade está vivendo uma profunda crise de ideais, e, assim, o meio universitário deve incorporar, em suas disciplinas, aspectos morais e espirituais.

Têm-se, aí, muitos argumentos que evidenciam o importante papel da universidade e das escolas na transformação social. A pesquisa, a forma como considera o conhecimento e o contexto são fundamentais para realização deste seu papel. A educação por meio da pesquisa torna-se um desafio na contemporaneidade. Contudo, é necessário proporcionar, aos alunos, momentos de pesquisa e de observação, oportunizando-os a procurar o conhecimento e a aprendizagem, incentivando-os a aprender e vivenciar experiências novas no âmbito escolar.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F. J. de.; JÚNIOR, F. M. F. Projetos e  Ambientes Inovadores. Brasília: Ministério da Educação, 2000.

ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação

Fundamental. Apresentação dos temas transversais e ética (Ensino Fundamental). 3ª ed. Brasília: A Secretaria, 2001.

DEMO, P. Educar pela pesquisa. 6ª ed. Campinas/SP: Autores Associados, 2003.

______. Participação é conquista: noções de política social participativa. São Paulo: Cortez, 1996.

FREIRE,  P. Pedagogia   da  Autonomia:  saberes  necessários  à   prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

LIBÂNEO, J. C. A educação escolar no contexto das transformações da sociedade contemporânea. In: Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2007.

LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

NOGUEIRA, M. A.; ROMANELLI, G.; ZAGO, N. Família e escola: trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. 3ª ed. Petrópolis/R.J: Vozes, 2007.

OLIVEIRA, S.  M.  B. de. Revista Exame.  Escola serve para  quê? São Paulo: Abril, 2001.

SAVIANI, D. Escola e democracia. 42ª ed. Campinas/SP: Autores Associados, 2012.

WANDERLEY, L. E. W. O que é universidade. 9ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2003.

[1] Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional. Pós-graduada em Docência Superior pela FASB em Teixeira de Freitas – BA.  Pós-graduada em Mídias na Educação pela UESB-BA. Bacharel em Direito pela Faculdade Pitágoras de Teixeira de Freitas – BA. Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Sociais pela Fundação Educacional do Nordeste Mineiro – MG. Docente da rede estadual-SEC-BA. Docente na rede municipal da SMEC-BA.

Enviado: Setembro, 2019.

Aprovado: Junho, 2020.

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Samantha de Andrade Costa

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