REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Contribuições da psicomotricidade na formação integral das crianças com necessidades educacionais especiais, as com dificuldade neurobiológicas

RC: 144423
1.242
5/5 - (23 votes)
DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/psicomotricidade-na-formacao

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Camila da Hora [1], LIMA, Lohayne Maria de [2], DIAS, Kaliana Cristina da Silva [3], SILVA, Marcia Elizabete da [4]

SILVA, Camila da Hora. et al. Contribuições da psicomotricidade na formação integral das crianças com necessidades educacionais especiais, as com dificuldade neurobiológicas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 05, Vol. 01, pp. 50-70. Maio de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/psicomotricidade-na-formacao, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/psicomotricidade-na-formacao

RESUMO

Sabe-se que o que é vivido pelo corpo, com o corpo, deixam marcas significativas nas vidas das pessoas, o que possibilita um enorme armazenamento de  lembranças e experiências que levam esses seres humanos a lugares saudosos, de satisfação, calmaria e sensações diversas. O presente artigo tem como objetivo analisar o processo de desenvolvimento integral das crianças com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) na educação infantil através da psicomotricidade. As crianças com NEE não são necessariamente pessoas com deficiências, mas aquelas que possuem demandas como altas habilidades ou dificuldades de aprendizagem, tais como a dislexia, o déficit de atenção e outros. Esta trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual foi realizada uma entrevista com onze perguntas, feitas para três professores atuantes em sala de aula de uma escola da rede privada de educação infantil da cidade de Recife-PE. Para aprofundamento teórico, foram utilizados diversos autores, com ênfase nos estudos de Gephart Junior (2004), Gonsalves (2001), Wallon (1995) e Fonseca (1988, 1995). A pesquisa constatou que, sendo a psicomotricidade de tamanha influência e relevância no desenvolvimento, a base necessária para a formação integral das crianças é a formação do professor, sendo um dos elementos fundamentais para o processo de ensino-aprendizagem. A investigação possibilitou compreender da melhor forma tal temática, sua relevância e como a psicomotricidade influencia o desenvolvimento (físico, afetivo e cognitivo) da criança como um todo.

Palavras-chave: Educação, Psicomotricidade, Desenvolvimento integral, Necessidades Educacionais especiais, Desenvolvimento motor.

1. INTRODUÇÃO

A educação infantil é uma fase de grandes oportunidades para viver experiências, revelando cada vez mais para a sociedade, o quão importante é  viver cada etapa para um desenvolvimento significativo e pleno.  A educação, por sua vez, integra-se à psicomotricidade de maneira que permite uma expressão linguística e, ao mesmo tempo, artística do indivíduo, facilitando o processo de autoconhecimento, de socialização e de amadurecimento emocional e cognitivo. Sabe-se que existe uma necessidade de que as crianças com necessidades educacionais especiais sejam respeitadas e entendidas em relação a suas limitações, que as atividades possam gerar interesse e traduzir em ação o que pode-se chamar de conexão motora e afetiva.  O presente artigo tem como objetivo trazer uma reflexão acerca da psicomotricidade como meio de estimular a formação integral das crianças com Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Este artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem do contexto histórico da psicomotricidade, da legislação e das crianças com NEE, seguida da coleta de dados feita através de entrevistas. O processo criativo de ensino-aprendizagem através da psicomotricidade, do movimento, possibilita uma transformação do sujeito quanto ao reconhecimento dos seus limites e possibilidades. É uma maneira de ele ter acesso ao universo da imaginação, das sensações, do pertencimento, impactando diretamente as suas relações socioafetivas e construindo/acumulando grandes memórias afetivas.

A pesquisa aqui apresentada se justifica pela necessidade de atividades psicomotoras que contribuam para atender crianças que precisam dessas atividades  para o seu desenvolvimento físico, cognitivo e neurológico, buscando diminuir o índice de déficit de aprendizagem no público-alvo da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. O grupo escolhido para a realização do estudo envolveu crianças com  idade de 3 a 5 anos (considerado como a primeira infância) e que tinham autismo, tdah, déficit de atenção e dislexia.

Compreende-se que a má formação psicomotora pode acarretar complicações na aprendizagem, então, como utilizar a psicomotricidade da melhor forma para contribuir para o desenvolvimento de crianças com necessidades educacionais especiais, especificamente  daquelas que apresentam transtornos neurobiológicos, como as  crianças com TDAH?

Além de analisar o processo de desenvolvimento integral das crianças com necessidades educacionais especiais na educação infantil através da psicomotricidade, a pesquisa objetivou esclarecer como a psicomotricidade pode estimular a aprendizagem das crianças com tais necessidades, investigando as propostas pedagógicas de professores que trazem a psicomotricidade nas atividades realizadas nos ambientes educacionais.

A psicomotricidade está inteiramente ligada à personalidade, pois é através dela que a criança expressa como funciona o seu sistema psicológico, sua afetividade  (harmonicamente, duvidosamente, agressivamente  e derivados).

Investigar a respeito da psicomotricidade na Educação Infantil é necessário, pois fornece aos docentes a oportunidade de buscar por melhores resultados no desenvolvimento lógico, conceitual e psicomotor do aluno. Segundo Nicolau (1994, p. 54), “para a criança conseguir aprender de verdade é preciso que tenha noção do seu corpo, ou seja, do seu esquema corporal”.

A psicomotricidade permite uma integração de conhecimentos relacionados aos aspectos sociais, mentais, corporais e emocionais. A criança, por sua vez, vai conquistando a sua confiança aos poucos, reconhecendo-se e envolvendo-se nas oportunidades. Essas capacidades psicomotoras vão possibilitando um maior nível de maturação e controle, mas é importante ressaltar que se trata de um processo gradativo e contínuo.

A temática escolhida proporciona aos educandos e pesquisadores um amplo conhecimento acerca da psicomotricidade, de seus conceitos, de seus inúmeros benefícios e de como ela pode ser trabalhada diariamente dentro e fora de sala de aula, fazendo com que atividades psicomotoras auxiliem crianças com NEE em seu desenvolvimento completo e integral, trazendo benefícios não só educacionais como também em seu cotidiano fora da escola.

É na educação infantil que a criança busca experiências relacionadas às capacidades  do próprio corpo, arriscando-se nas descobertas e nos estímulos. Ou seja, é nessa fase  que deve-se utilizar de todas as ferramentas da psicomotricidade para auxiliar no desenvolvimento correto, pois toda criança precisa passar por isso.  Desse modo, a criança cria consciência de seu corpo e de todas as possibilidades de expressão por meio dele.

A psicomotricidade permite  a imitação representativa e leva a realização dos desejos, satisfazendo a necessidade de interação da criança com as pessoas, com o meio e com os objetos e promovendo um desenvolvimento linguístico, cognitivo, motor e social. A brincadeira, por sua vez, facilita a interpretação e a ressignificação do mundo real, fazendo com que o “brincar” proporcione o desenvolvimento linguístico, cognitivo, social e motor.

Sendo assim, é possível refletir que a psicomotricidade contribui para o desenvolvimento global da criança (nos aspectos físico, afetivo e cognitivo). Portanto, ela não só consiste em um fator indispensável no desenvolvimento uniforme da criança como também se estabelece como base essencial para o processo de aprendizagem do indivíduo.

Faz-se necessária uma busca por propostas pedagógicas que realmente efetuem, dentro do ambiente escolar, atividades psicomotoras que contribuam diretamente para o aprendizado das crianças com NEE, além de uma reflexão dos profissionais da educação para que busquem por formação inicial e continuada para estarem aptos a trabalhar com a psicomotricidade.

2. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia utilizada neste estudo foi a pesquisa qualitativa. De acordo com Levy (2005), essa é uma metodologia que vem sendo adotada crescentemente por diversos autores. Para Gephart Junior (2004), a tal pesquisa fornece uma narrativa da visão da realidade dos indivíduos, sendo altamente descritiva. Também foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (2002, p. 44):

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros, artigos científicos, teses e dissertações. Assim foram utilizadas como fontes, a partir de bases online como o Google acadêmico, artigos científicos e base de dados.

Através da análise dos dados, buscou-se compreender os fenômenos e as contribuições relacionados à formação do sujeito à luz da psicomotricidade com base em autores como Wallon (1995), Vygotsky (1989), Lapierre (2002) e outros que também se debruçaram sobre o tema.

A pesquisa de campo foi realizada em escolas da rede privada da cidade do Recife. Segundo Gonsalves (2001, p.67):

A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas […].

A pesquisa teve como público-alvo os professores da educação básica (educação  infantil) que tinham em sala de aula alunos com necessidades especiais e que estavam em contato direto com o aprendizado dessas crianças. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizada a entrevista.

3. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

A referida pesquisa foi realizada de forma qualitativa, enquanto a coleta de dados foi realizada através de uma entrevista aplicada em três professoras da Educação Infantil de uma escola da rede privada da região Metropolitana do Recife que têm ou já tiveram em suas salas de aulas alunos com  NEE: P1, graduada em pedagogia, com especialização em recursos humanos para educação neuropsicopedagogia e com dez anos de experiência na área; P2, graduada em pedagogia, com especialização em educação    infantil e tecnologia educacional e  quinze anos de experiência; P3, graduada em pedagogia, com especialização em educação infantil e nove anos de experiência na área de educação infantil.

Ao iniciar a entrevista, primeiro foi questionado sobre a formação acadêmica das professoras, o tempo de experiência na área e a idade, para que fosse possível compreender um pouco do perfil das profissionais. Também lhes foi questionado se conheciam os benefícios da psicomotricidade. Com relação à última questão, as três professoras responderam que sim, conheciam, e uma delas citou que: “Ela trabalha, através do corpo e sua interação com o meio, o desenvolvimento não só motor, mas afetivo, cognitivo e social da criança” (P1).

Na questão de identificar e intervir no caso de déficits, tanto a P1 quanto a P2 responderam que conseguem identificar e intervir. No caso dessa escola em específico, trabalham em conjunto com a profissional psicomotricista (formada em educação física e com especialização em psicomotricidade).

De acordo com Cunha (2016), é necessário que o professor compreenda que é através do corpo que a criança tem seu primeiro contato com o mundo, desenvolvendo a noção do tempo e espaço e começando a perceber o mundo à sua volta, pois isso é fundamental para realizar corretamente as estratégias pedagógicas.

A respeito das atividades realizadas, as participantes da pesquisa responderam que sempre é elaborado um planejamento de acordo com as especificidades de cada turma. Durante o planejamento, elas sempre têm em mente a necessidade e a importância de incluir atividades voltadas para o desenvolvimento psicomotor e levar as crianças para participarem, por exemplo, de circuitos, amarelinha, atividades com massinha, atividades sensoriais, brincadeiras livres e  direcionadas etc.

É possível notar, com as descrições acima, que todas as professoras entrevistadas possuem total noção e compreensão da importância da realização de atividades e as utilizam em suas aulas, dando espaço para que as crianças se expressem e possam conhecer o próprio corpo, o corpo do outro e o meio no qual estão inseridas, além de utilizar a psicomotricidade como método de interação, socialização, impulsionamento de criatividade e autonomia.

Segundo a P1, o espaço educacional possui a sala de recursos multifuncionais, porém, na prática, ela não é tão utilizada como deveria, e, teoricamente, ela tem por objetivo oferecer à escola e ao professor o devido auxílio no Atendimento Educacional Especializado (AEE) dos estudantes público-alvo da educação especial.

Ao analisar as respostas dadas pelas professoras entrevistadas, foram observadas semelhanças em suas falas. A P1, a P2 e a P3 fazem parte de um senso comum no que diz respeito  à como a psicomotricidade é trabalhada na instituição de ensino supracitada e sua importância para o desenvolvimento integral das crianças.

Foi perguntado às professoras se elas percebiam avanços significativos através da psicomotricidade. Elas responderam do seguinte modo:

Neste ano, a minha turma não tem nenhuma criança diagnosticada com necessidades especiais, mas por trabalhar com crianças muito pequenas, as quais entraram na escola este ano, posso fazer um comparativo de como atividades psicomotoras contribuíram para o desenvolvimento de habilidades como andar, pular, saltar, correr, escalar, rastejar, arremessar. Contribui, também, para o equilíbrio e para o controle do movimento amplo e fino, estimulando a concentração, atenção aos comandos, linguagem e percepção do espaço dele e do outro. (P1)

Sim, a psicomotricidade, quando bem trabalhada, apresenta ganhos globais, como, por exemplo, a estruturação da pega no lápis e, consequentemente, no desenvolvimento traçado.” (P2); “Sim, é nítido que quando há a intervenção, e realizamos atividades focadas nisso. É possível, por exemplo, notar como a criança senta melhor, segura o lápis diferente etc.” (P3).

Dessa forma, pode-se verificar, mais uma vez, como a psicomotricidade é essencial durante a fase da Educação Infantil e na construção do conhecimento sobre si próprio e sobre o outro.

Dando continuidade à análise de dados, pode-se observar que, mesmo a instituição sendo de rede privada e tendo todos os recursos necessários, como foi dito pelas entrevistadas, eles ainda não são tão utilizados como realmente deveriam. Também pode-se levantar uma importante questão que está diretamente relacionada às crianças com NEE. Foi perguntado às educadoras como se é dado o processo de educação para essas crianças, e elas responderam que:

Para oferecer uma educação inclusiva, a escola precisa estar preparada em todas as esferas para promover uma aprendizagem efetiva e estabelecer convivência entre os alunos, contando com um atendimento educacional especializado, que é realizado na sala de recursos multifuncional da instituição. (P1)

“Primeiramente, deve-se adaptar a criança ao ambiente, valorizando suas necessidades e características, envolver a mesma socialmente ao grupo e buscar estratégias pedagógicas que contemplem as suas demandas.” (P2); “Observo, por exemplo, um objeto de interesse da criança (um livro, filme, brinquedo) e trago isso para a aula de forma lúdica e didática, para trabalhar em cima do que a criança já tem interesse.“ (P3).

Quadro 1 – Perguntas semiestruturadas pelas autoras com as respostas das participantes da pesquisa

1- Você conhece os benefícios da psicomotricidade para a formação integral das crianças com

necessidades educacionais especiais?

P1 P2 P3
“Sim, porque a psicomotricidade tem como objetivo trabalhar, através do corpo e de sua interação com o meio, o desenvolvimento não só motor, mas afetivo, cognitivo e social do indivíduo” “Sim, a psicomotricidade é bastante benéfica, pois oferece estímulos relacionados ao

desenvolvimento motor e que reverberam, também, no desenvolvimento da motricidade fina, que é importante na fase escolar, além de desenvolver as relações e o cuidado com si e com o outro”

“Sempre é reservado um momento de brincadeira/atividade (livre, porém, pensada, e com objetivo claro), utilizando a criatividade e objetos, é possível observar, também, a relação da criança com o objeto e com os demais colegas, desenvolvendo, também, a motricidade”

Fonte: autoria própria.

Quadro 1 – Perguntas semiestruturadas pelas autoras com as respostas das participantes da pesquisa. (conclusão)

2- São trazidas para a sala de aula atividades inclusivas que trabalhem o desenvolvimento motor?
P1 P2 P3
“Brincadeiras livres no parque, estimulando a motricidade ampla e a interação com o grupo, e durante atividades com materiais pedagógicos” “Sim, o desenvolvimento motor amplo e fino deve ser diário, pois a primeira infância exige e necessita que esses estímulos motores sejam presentes e desenvolvidos” “Sim, é uma competência que deve ser trabalhada em conjunto com outras matérias, como, por exemplo, antes de começar     a escrever, a criança deve pintar, desenhar, alinhavar, brincar com massinha etc.”
3 – Como você compreende a utilização da psicomotricidade na sala de aula?
P1 P2 P3
“Por estar atuando em uma sala de educação infantil, a psicomotricidade está presente constantemente para o desenvolvimento integral das crianças” “Utilizar a psicomotricidade em atividades corporais e também sensoriais. Integrar ao conteúdo diário” “Utilizo  bastante jogos, como pega vareta, amarelinha, material dourado etc, para percepção de cores, trabalhar a paciência/ansiedade, motricidade fina”
4 – Você consegue identificar e intervir em caso de déficits no desenvolvimento psicomotor?
P1 P2 P3
“Sim!” “Sim, mas temos uma profissional responsável pelas ministrações das aulas de

psicomotricidade. Geralmente pontuamos aos pais nos relatórios e reuniões”

“Sim, apesar de ser um processo lento,  tenho trabalhado bastante nisso em conjunto com a psicomotricista e com os pais (do macro para o micro), por exemplo, organizar como sentar, andar, pular, ficar em roda, etc”
5- Quais atividades você utiliza em sala de aula com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento

psicomotor dos alunos?

P1 P2 P3
“Jogos pedagógicos diversos, massinha de modelar, atividades sensoriais, perfuração, circuitos, brincadeiras livres e direcionadas, entre outras” “Circuitos, amarelinhas, brincar livre no parque, percepção de texturas, alinhavo e perfuração” “Jogos, atividades com bola, palitos diversos, massinha, elástico etc”

Fonte: autoria própria.

Ao realizar uma breve análise das respostas acima, pode-se afirmar que as professoras detêm o conhecimento a respeito dos benefícios da psicomotricidade para as crianças com NEE, bem como compreendem que o atendimento a essas crianças deve ser especializado e respeitado, validando que todos devem ter um ensino de qualidade e buscando sempre utilizar os melhores métodos para gerar bons resultados, pois isso implica diretamente nos resultados do processo de ensino e aprendizagem.

4. HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE 

O termo Psicomotricidade surgiu no início do século XIX, e as primeiras pesquisas que deram origem ao campo psicomotor correspondem ao aspecto neurológico (FONSECA, 1995). No ano de 1870, foi escolhida a palavra psicomotricidade para se referir ao esquema clínico que determinava cada sintoma de lesão focal, pois não era mais possível explicar alguns fenômenos patológicos.

Já em 1909, o neuropsiquiatra Ernest Dupré deu início aos seus estudos na psicomotricidade com estudos clínicos na observação de pacientes e definiu a síndrome da debilidade motora, que é caracterizada pela presença de sincinesias, paratonias e inabilidades, rompendo a correlação entre a perturbação motora e a síndrome.

No século XX, a psicomotricidade passou a ser considerada ciência, porém, a prática psicomotora começou em 1935, com Eduard Guilmain, que elaborou protocolos de exames para medir e diagnosticar transtornos psicomotores.

Segundo Wallon (1995 apud Fonseca, 1995, p.10), o movimento é a única forma de expressão e o primeiro instrumento do psiquismo. De acordo com Fonseca (1995), Wallon foi o principal responsável pelo surgimento do movimento da reeducação psicomotora, pois trouxe suas contribuições para a psicomotricidade através da sua análise sobre os estágios e os transtornos do desenvolvimento mental e motor da criança, expondo, em seus estudos, uma diferença que permite que o movimento seja associado ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo (WALLON, 1995).

A partir dos anos 60, no Brasil, o alvo era o público das escolas especiais, instituições e classes hospitalares que atendiam os deficientes mentais, motores e sensoriais. No Rio de Janeiro, foram criados os primeiros cursos de formação de professores para pessoas com necessidades especiais, e suas respectivas atividades corporais aconteciam de acordo com a demanda de cada grupo, devidamente adaptadas a cada necessidade, dentre elas, atividades como: ginástica rítmica, dança, jogos, dramatizações e educação gestual.

A prática começou a ser desenvolvida em classes hospitalares, escolas e instituições de atendimento aos excepcionais e deficientes. Tal pioneirismo é atribuído a Marly Guimarães Froes Peixoto, que, ao voltar de cursos na Itália e França, divulgou importantes informações, organizando um documento valioso sobre a psicomotricidade  em 1967.

Acredita-se que, a partir de 1968, a psicomotricidade desabrochou e rompeu barreiras, sendo essa uma fase de evolução, amadurecimento e crescimento da prática. Em decorrência da grande demanda profissional, começaram  a surgir alguns cursos básicos de especialização e de formação. A princípio, a psicomotricidade foi introduzida nas escolas especializadas como um recurso pedagógico que visava corrigir distúrbios e preencher lacunas de desenvolvimento das crianças excepcionais.

Em 19 de abril de 1980, foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), tendo como presidente Beatriz do Rego Saboya. Nessa instituição, profissionais de diversas áreas da educação, e também da saúde, vindos de vários estados, pensaram em estratégias que tinham como intuito planejar, apurar e fomentar uma instituição que tivesse um olhar sensível sobre as causas.

5. CONCEITOS DA PSICOMOTRICIDADE

De acordo com Morizot (2018), a  psicomotricidade é uma ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento, em relação ao seu mundo interno e externo e as suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, no qual o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Ou seja, é a ciência que se ocupa do estudo do homem em movimento e da evolução das relações de seu corpo com o seu mundo interno (sensações, fantasias etc) e externo (o corpo em movimento no espaço, no tempo e no social ).

A descoberta do corpo, das sensações, dos limites e dos movimentos tem importância significativa para a criança durante a etapa de educação infantil, visto que, nessa fase, ela está construindo a própria imagem corporal. Sendo assim, ela precisa descobrir seu corpo e o corpo do outro. As atividades psicomotoras são essenciais para que haja essa construção, pois brincando e explorando o espaço ela se organiza tanto no âmbito motor e sensorial, quanto no âmbito emocional, ampliando, assim, seus conhecimentos de mundo. Portanto, o papel da psicomotricidade é  justamente destacar a relação entre a motricidade, a mente e a afetividade que existe na etapa da educação infantil, facilitando o desenvolvimento global da criança.

6. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL 

Na década de 1930, deu-se início efetivamente à educação escolar das pessoas com necessidades especiais. Em 1954, surgiu a primeira APAE (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais). As associações espalharam-se por todo país devido ao despreparo da escola pública para atender às necessidades individuais dos alunos deficientes. Com apoio governamental e, principalmente, da comunidade, essas instituições passaram a difundir metodologias e materiais educacionais específicos para esses alunos.

Já em 1977, sob a orientação do Ministério da Educação (MEC), foi desenvolvida uma Política de Educação Especial que defendia a criação de classes especiais e escolas especiais para as redes de ensino. A partir da década de 80, iniciaram-se os debates a respeito de um sistema educacional inclusivo. Por sua vez, a Constituição de 1988 trouxe mudanças significativas para a educação das crianças com necessidades educacionais especiais.

Em junho de 1994, em virtude da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, a Declaração de Salamanca foi elaborada com o objetivo de orientar organizações e governos em suas práticas. Fundamentado nisso, foi propagado, em todo o país, o direito da educação para todos.

A Constituição Federal e a própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de nº 9394/96 baseiam-se na filosofia de que todos devem ter iguais oportunidades para aprender e desenvolver suas capacidades, habilidades e potencialidades para, assim, alcançar a independência social e econômica, bem como se inserir totalmente na vida em sociedade.

Em dezembro de 1996, foi publicada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, através da qual a educação especial passou a ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino com serviços de apoio especializados. No ano de 2011, foi promulgado o Decreto n° 7.611, que dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que segue a garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os niveis, sem discriminação e baseado na igualdade de oportunidades, além de outras providências (BRASIL, 2011).

A Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da educação inclusiva de 2008, assegura o direito ao AEE pelo Decreto 7611/2011, pela Resolução n° 04//2009 CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Conselho de Educação Básica) e pela Constituição de 1988, tendo como público-alvo: alunos com deficiência, que são aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial; alunos com transtornos globais do desenvolvimento, que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras; alunos com altas habilidades/superdotação, que são aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano (intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade), isoladas ou combinadas.

Toda criança com deficiência tem direito à educação de qualidade, sem discriminação e com inclusão. É do entendimento de todos que existem leis e diretrizes que amparam as pessoas com deficiência, mas o que está escrito no papel nem sempre é igual na prática escolar.

A sala de recursos multifuncionais deve funcionar como espaço de mediação da relação de aprendizado entre a sala de aula regular e o desenvolvimento das competências. Porém, na realidade escolar brasileira de salas lotadas, muitas vezes, os professores não têm condições ou oportunidades de ter esse olhar sensibilizado a respeito dos alunos com necessidades educacionais especiais. É nessa etapa que se encaixa o AEE, possibilitando a atenção especial ao aluno, atendendo às suas necessidades e quebrando as barreiras existentes.

A função do AEE é atender as necessidades dos estudantes por meio de atividades complementares e suplementares. Na sala de recursos multifuncionais, são disponibilizados diversos recursos para a fomentação de uma educação digna para os alunos com deficiência. Com o uso de diversos jogos que estimulam raciocínio lógico e espacial, a coordenação motora e assuntos matemáticos e de língua portuguesa, os profissionais auxiliam o aluno a diversificar seus conhecimentos e a aprender de uma forma divertida e inteligente.

Por meio dessas atividades, o professor do AEE acaba observando as necessidades e começa a contribuir para o desenvolvimento desse aluno, tendo um olhar  mais sensível diante das demandas. Juntamente com outros profissionais, começa a se formar um conjunto de estratégias em prol de uma inclusão significativa e duradoura, possibilitando maiores esclarecimentos e um trabalho de envolvimento e comprometimento em um ambiente saudável e de estímulos.

7. DIALOGANDO COM A LEGISLAÇÃO 

Os principais documentos legais que ordenam e regulam os procedimentos da  educação inclusiva no Brasil de 1990 até os dias de hoje são: a Declaração de Salamanca; a Portaria MEC nº 1.793; a LDB, que preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades (BRASIL, 1996); o Plano Nacional de Educação, que destaca a “construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana” (BRASIL, 2001); a LBI nº 146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência).

Em 2006, foi elaborado o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos, que possui, entre suas metas, a inclusão de  temas relacionados às pessoas com necessidades especiais nos currículos das escolas.

Conforme a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) de 2018, o desenvolvimento integral é um direito dos estudantes da educação básica brasileira. A concepção  de educação integral pressupõe o desenvolvimento do ser humano em suas dimensões intelectual, física, emocional, social e cultural. Isso significa que, na educação integral, além do desenvolvimento cognitivo privilegiado no modelo educacional tradicional, a educação passa a se ocupar, também, das demais dimensões do desenvolvimento humano, como o desenvolvimento motor (BRASIL, 2018).

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, a Educação Infantil é instituída como etapa integrante da educação básica, definindo-se pelo atendimento às crianças em creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 5 anos). A referida lei reconhece a importância de se promover o desenvolvimento integral da criança em instituições educacionais, uma vez que até então os atendimentos estavam vinculados aos órgãos de assistência.

Conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, a Lei Brasileira de Inclusão refere-se aos diversos aspectos relacionados à inclusão das pessoas com deficiência.

Em 2020, é instituída a Política Nacional de Educação Especial: equitativa, inclusiva e com aprendizado ao longo da vida. Para as organizações da sociedade civil, que buscam tornar a perspectiva de inclusão mais significativa, a política  representa um grande risco de retrocesso na inclusão das crianças e jovens com deficiência, estimulando a matrícula em escolas especiais, onde tais estudantes ficam segregados.

Garantir uma educação de qualidade para todos diz respeito não somente a novos caminhos que a escola pode gerar na vida dos educandos mas também ao modo como os alunos de fato são afetados com a valorização das diferenças, à aceitação e a valorização da identidade cultural do indivíduo que fortalece o sentimento de pertencimento, respeito e identidade coletiva para a construção de novos saberes.

8. A PSICOMOTRICIDADE NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 

Em relação à educação especial, o artigo 3º da Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001, especifica que:

Por educação especial, modalidade da educação escolar entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais e especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentem necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2001).

A inclusão desses alunos no âmbito educacional deve ser respeitada e valorizada. De acordo com Mader (1997), é preciso construir uma política de igualdade com seriedade e responsabilidade, possibilitando ações significativas e de qualidade na prática da educação inclusiva, proporcionando aos alunos variedades de propostas que colaborem para o seu desenvolvimento integral.

Incluir esses alunos requer um trabalho que vise as potencialidades da criança, e não as suas limitações, de modo a trabalhar os aspectos do desenvolvimento integral, por exemplo, por meio da psicomotricidade. A psicomotricidade diz respeito à relação do homem, corpo e natureza que se traduz nos ambientes em que são explorados e habitados cotidianamente. O corpo  também é usado como uma forma de expressão ou linguagem por esses motivos. Assim, a psicomotricidade está ligada diretamente à personalidade e ao afeto, pois o indivíduo se utiliza do corpo para expressar seus sentimentos.

9. PAPEL DA PSICOMOTRICIDADE NA FORMAÇÃO INTEGRAL DAS CRIANÇAS

A instituição de educação infantil deve valorizar o corpo como principal ferramenta, pois é através dela que a criança explora, percebe, cria, brinca, imagina, sente e planeja. É a partir do movimento que a criança se contextualiza

Em vista disso, acredita-se que a educação infantil seja um espaço privilegiado que contribui de forma favorável para a formação da criança. Gonçalves (1993, p. 43) diz que a psicomotricidade constitui-se como um meio auxiliar na estruturação do desenvolvimento da criança, ligando as experiências motoras, cognitivas e sócio afetivas, indispensáveis na sua formação.

Para Gonçalves (1993, p. 45), a estimulação psicomotora equilibra os aspectos do desenvolvimento, tendo por objetivo a aquisição de novas aprendizagens, pois, em um ambiente favorável, a criança pode encontrar possibilidades de retirar o máximo proveito de suas potencialidades inatas, já em um ambiente hostil e indiferente, apenas algumas potencialidades básicas poderão ser expressas.

Por meio de atividades diversas, as crianças vão compreendendo como podem se relacionar com os objetos, com as pessoas e com o mundo, utilizando o corpo para demonstrar o que sente. Através das brincadeiras lúdicas, elas começam a desenvolver funções perceptivas relacionadas a sua faixa etária, aos seus interesses e experiências e a sua base cultural.

Segundo Piaget (1991, p. 88), “todos os mecanismos cognitivos assentam na motricidade, tanto mais que esta é o meio (e o instrumento) facilitador de todas as formas de expressão verbal”. Em todas as etapas de desenvolvimento das funções cognitivas, ocorre interferência da motricidade. Percebe-se que a criança explora o ambiente a seu modo e cria uma relação com esse mesmo ambiente, transferindo a imagem corporal para o esquema corporal, conhecendo, assim, as possibilidades de ações e gestos motores do próprio corpo.

A psicomotricidade adotou, inicialmente, o mesmo paradigma da educação física, pois alimenta a vertente da ginástica ao agrupar famílias de exercícios (equilíbrio, coordenação, lateralidade, orientação espacial, orientação temporal, ritmo). Tais segmentos, como coordenação e lateralidade, também podem vir a ser bem elaborados e trabalhados através de aulas ritmadas com músicas ou danças, contribuindo de forma harmoniosa com o desenvolvimento da psicomotricidade.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, as atividades rítmicas e expressivas fazem parte    dos blocos de conteúdos da educação física escolar. Esse bloco inclui as manifestações da cultura corporal que têm como características comuns a intenção  de expressão e a comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal (BRASIL, 1997).

O desenvolvimento psicomotor busca oferecer às crianças a livre expressão de seu ser, o estar bem e o sentir-se bem, auxiliando durante todo o desenvolvimento global da criança.

10. AS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS

O desenvolvimento motor é um aliado importantíssimo na aprendizagem, e o caminho pelo brincar é essencial, pois permite que a criança viva em seu corpo todas as experiências. Como meio facilitador, as atividades lúdicas têm sido de grande importância para o auxílio do desenvolvimento global, e, de acordo com alguns autores, como Kishimoto (1997), Oliveira (2000) e principalmente Wajskop (1995), para cada dificuldade existe uma proposta de reeducação que pode ser trabalhada de forma lúdica. Cabe ao educando buscar propostas de intervenção através da ludicidade, trabalhando, também, o desenvolvimento motor.

Também é válido explorar a questão da comunicação não-verbal, por meio da cultura do corpo, uma vez que, segundo Daolio (1995, p. 25):

É através do nosso corpo que nós nos apropriamos e assimilamos os valores, normas e costumes sociais, por um processo de incorporação, onde acontece mais do que um aprendizado intelectual, a pessoa assimila um conteúdo cultural, que é instalado no seu corpo e no conjunto de suas expressões.

Portanto, é nítido que todo aprendizado cultural acontece por intermédio do corpo. A partir do momento que a criança passa a ser o centro do processo de ensino e aprendizagem, a educação passa um por constante processo de evolução, acarretando mais benefícios e assegurando um olhar mais rebuscado e atento para cada uma das crianças.

É importante que o educador conheça e esteja atento a cada aspecto ou área do desenvolvimento psicomotor próprio de cada idade, para que, assim, esteja em condições de identificar o que é considerado normal ou patológico no desenvolvimento de seus alunos (LEITE, 2008).

Sendo assim, é necessário que o professor compreenda a necessidade da utilização dessas atividades e saiba observar, identificar e intervir nos casos necessários, além de promover os estímulos corretos através de atividades que busquem o desenvolvimento psicomotor da criança através da transformação positiva. Entretanto,é preciso deixar claro que esse é um trabalho conjunto, realizado tanto no ambiente escolar quanto no domiciliar, para que as crianças tenham um maior estímulo durante essa fase, o que é essencial.

No processo de formação na educação infantil, o corpo da criança vai ganhando estabilidade aos poucos, fazendo com que, desde cedo, trabalhe propostas pedagógicas capazes de contribuir com o trabalho do corpo, gestos e movimentos, indo além do trabalhar apenas os aspectos físicos, buscando, também, as demais dimensões relacionadas.

Então, para que as propostas pedagógicas sejam elaboradas com eficácia para a educação infantil, os professores precisam estar atentos aos direitos das crianças – apresentados pela BNCC, que assegura os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, que são: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se (BRASIL, 2018) –, além de proporcionar atividades que mostrem e valorizem a individualidade de cada criança.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Por meio desta pesquisa, buscou-se apresentar algumas contribuições da psicomotricidade para a formação integral das crianças com necessidades educacionais especiais. Através das investigações realizadas e dos dados coletados por meio de entrevistas com professoras da rede privada do Recife, pôde-se analisar o quanto o tema vem sendo estudado e levado para a sala de aula como forma de recurso pedagógico para as crianças como um todo. Com a investigação acerca da temática abordada, pode-se ter um acervo de informações essenciais para um profissional de educação.

Diante do exposto, a pesquisa teve como objetivo geral analisar e investigar o processo de desenvolvimento integral das crianças com necessidades educacionais especiais na educação infantil através da psicomotricidade. Nesse aspecto, pode-se considerar que o objetivo foi alcançado, pois a análise dos resultados demonstrou que, ao usar a psicomotricidade como recurso pedagógico, o desenvolvimento motor e integral das crianças é afetado positivamente, trazendo benefícios diretos, como interação social nas brincadeiras, nas atividades e afins.

A psicomotricidade tem como objetivo melhorar a condição de vida das crianças, influenciando diretamente em seu desenvolvimento integral e pessoal, estimulando sua autonomia, promovendo a criatividade e a socialização, além de fomentar o processo de ensino e aprendizagem.

O ambiente educacional ao qual os sujeitos da entrevista pertencem tem disponibilizado ambientes multifuncionais adaptados  para os estudantes realizarem atividades psicomotoras, além de recursos específicos para trabalhar a psicomotricidade com alunos com NEE. Entretanto, as professoras que contribuíram para a pesquisa informaram que esses espaços e recursos poderiam ser melhor utilizados.

Nessa perspectiva, entende-se que a psicomotricidade é um conceito já conhecido no meio educacional, porém, ainda se faz necessário pensar em métodos para trazer ainda mais atividades relacionadas para a sala de aula. Por isso, fica a reflexão acerca da necessidade de se buscar ainda mais informações, na teoria e na prática, para formular e estruturar a utilização da psicomotricidade no ambiente escolar com crianças com necessidades educacionais especiais.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação e  Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares    Nacionais: educação física. Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB n.º 2, de 11 de setembro de 2001.  Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: Diário Oficial da União, 2001.

BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 2011.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

CUNHA, Edivan Carlos da. Psicomotricidade na educação infantil: ressignificação de práticas pedagógicas. 2016. 122f. Dissertação de (Mestrado Profissional em Educação Escolar) –  Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, RO, 2016. Disponível em: https://www.ri.unir.br/jspui/bitstream/123456789/874/1/Edivan%20C.%20da%20Cunha_A%20psicomotricidade%20na%20educa%c3%a7%c3%a3o%20infantil.pdf. Acesso em: 15 abr. 2022.

DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. São Paulo: Papirus, 1995.

FONSECA, Vitor da. Manual de observação psicomotora-significação psiconeurológica dos  fatores. Porto Alegre: Artmed, 1995.

GEPHART JUNIOR, Robert P. Qualitative research and the Academy of Management Journal. Academy of Management Journal, v. 47, n. 41, p. 454-462, 2004.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, SP: Atlas, 2002.

GONÇALVES, Fátima. Do andar ao escrever: um caminho psicomotor. São Paulo: Cultural, 1993.

GONSALVES, Elisa  Pereira. Iniciação à pesquisa científica. São Paulo: Editora Alínea, 2001.

KISHIMOTO, Tisuko M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1997.

LAPIERRE, Andre. Da psicomotricidade relacional à análise corporal da relação. Curitiba: UFPR, 2002.

LEITE, Vânia Aparecida Marques. Dimensões da Não-Aprendizagem. Curitiba: IESD Brasil S.A, 2008.

LEVY, Sidney J. The evolution of qualitative research in consumer behavior. Journal of Business Research, v. 58, n. 3, p. 341-347, 2005.

MADER, Gabrielle. Integração da pessoa portadora de deficiência: a vivência de um novo paradigma. São Paulo: Memnon, 1997.

MORIZOT, Regina. A história da    psicomotricidade e da ABP. Associação Brasileira de Psicomotricidade, 2018. Disponível em: https://psicomotricidade.com.br/a-historia-da-psicomotricidade-e-da-abp/. Acesso em: 13 abr. 2022.

NICOLAU, Marieta Lucia Machado. A educação pré-escolar: fundamentos e didática. São Paulo: Ática, 1994.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. 4ª ed. Editora Vozes, Petrópolis, 2000.

PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991.

VYGOTSKY, Lev Semyonovich. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.

WALLON, Henri. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.

APÊNDICE

Roteiro da entrevista 

Faixa   etária

(  ) 25 a 35

( ) 36 a 45

( ) 46 a 55

Formação?

Cargo?

Tempo de experiência?

  1. Você conhece os benefícios da psicomotricidade para a formação integral das crianças com necessidades educacionais especiais?
  2. Como é trabalhado o desenvolvimento integral dessas crianças com NEE em sala de aula?
  3. São trazidas para sala de aula atividades inclusivas que trabalhem o desenvolvimento motor?
  4. Como se dá o processo de educação para as crianças com NEE?
  5. Você percebe avanços significativos através da psicomotricidade? Dê um exemplo.
  6. Você consegue identificar e intervir em caso de déficits no desenvolvimento psicomotor?
  7. Qual a sua percepção sobre o desenvolvimento psicomotor durante a etapa de educação infantil?
  8. Como você compreende a utilização da psicomotricidade na sala de aula?
  9. Quais atividades você utiliza em sala de aula com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento psicomotor dos alunos?
  10. Durante a confecção do planejamento, tem em mente a necessidade de utilização dessas atividades?
  11. Como se dá esse planejamento?

[1] Formada em Pedagogia com pós graduação em Psicopedagogia. ORCID: 0000-0001-6369-8344.

[2] Formada em Pedagogia. ORCID: 0000-0003-2743-6675.

[3] Formada em Pedagogia. ORCID: 0000-0001-5477-9724.

[4] Orientadora.  Doutora em Educação. ORCID: 0009-0009-6268-4018. Currículo Lattes:http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do;jsessionid=7BD96FA7A C66C563A741C8213E5E70A5.buscatextual_5.

Enviado: 12 de janeiro, 2023.

Aprovado: 06 de abril, 2023.

5/5 - (23 votes)
Camila da Hora Silva

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita