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Literatura Infantil: A Importância no Processo de Alfabetização e Letramento e no Desenvolvimento Social da Criança

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CONTEÚDO

OLIVEIRA, Rosane de Machado [1]

OLIVEIRA, Rosane de Machado. Literatura Infantil: A Importância no Processo de Alfabetização e Letramento e no Desenvolvimento Social da Criança. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Ed. 01, Vol. 13, pp. 375-394 Janeiro de 2017 ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente trabalho aborda a importância da literatura infantil no processo de alfabetização/ letramento e no desenvolvimento social da criança. O uso da literatura infantil é uma ferramenta indispensável no processo de alfabetização e letramento. A mesma deve ser utilizada pelo educador a fim de garantir uma boa seleção de livros para as crianças, visando à formação do alfabetizando, e ampliando seus saberes de forma gradativa e significativa. O objetivo geral da pesquisa é refletir sobre o universo mágico da literatura infantil, sendo a mesma um dos caminhos que facilita a socialização e o ensino-aprendizagem durante o processo de alfabetização/ letramento. O objetivo específico é analisar a importância do processo literário no desenvolvimento da criatividade, da capacidade cognitiva e no desenvolvimento das habilidades motoras de ler e escrever. O procedimento metodológico é de natureza qualitativa sendo desenvolvida através de pesquisa bibliográfica exploratória. O resultado do assunto investigado oportunizou-me compreender a necessidade de ensinar e aprender literatura infantil em vários contextos e com várias pessoas como, amigos, vizinhos, familiares, parentes e com a comunidade escolar, e não somente desenvolver o hábito da leitura na escola no ambiente formal. Deve-se conscientizar a população para o hábito de ler livros diariamente, pois a leitura deve ser uma atividade cotidiana tanto no contexto formal quanto no contexto informal. Conclui–se que, o grande desafio da literatura infantil no processo de alfabetização e letramento é a dificuldade encontrada pelos educadores em alfabetizar e letra seus alunos em séries iniciais do Ensino Fundamental.

Palavra chave: Literatura Infantil, Alfabetização, Leitura, Socialização, Letramento.

1. INTRODUÇÃO

O estudo realizado tem por objetivo verificar a contribuição da literatura infantil no processo de alfabetização/ letramento e no desenvolvimento social da criança.

Diante disso, a escola busca reconhecer e desenvolver na criança as competências da leitura e da escrita, sendo que a leitura influência de maneira positiva neste processo. Sabemos que ao longo dos anos a educação preocupou – se em contribuir para a formação de um indivíduo crítico, ético, responsável e atuante na sociedade, onde as trocas sociais acontecem rapidamente através das diversas culturas, da leitura, da escrita, da linguagem oral e visual. A literatura infantil é compreendida como uma atividade que além de educar, diverte, ensina e forma a criança para a vida em sociedade através de atividades prazerosas extraídas direto dos livros de literatura, como, (contos, fábulas, lendas, gravuras, fantoches, dobraduras etc.). Os livros literários são ferramentas valiosas para o educador e para a escola, como um meio propulsor para um ensino-aprendizagem significativo e qualitativo, desenvolvendo na criança a linguagem, a oralidade, o conhecimento de diversas histórias, enriquecendo e ampliando o vocabulário das mesmas, aproximando-as do universo da escrita, permitindo a livre expressão para descreverem cenários e personagens. A literatura infantil apresenta as crianças um universo de magia, emoções, sentimentos, sentidos e significados, a partir da interação com o livro, com o mundo das histórias, onde proporciona o desenvolvimento da imaginação, da criatividade, de valores culturais, éticos e morais de forma prazerosa.

No processo de alfabetização/ letramento, a literatura infantil oferece objetivos específicos de aprendizagem, as crianças passam a ver a literatura não só como forma inventada, mas sem deixar de estar ligada á fatos reais, através do contato direto com a leitura, as imagens, o contato individual e silencioso com o livro. A cultura implica no modo de ser da sociedade, e a literatura sendo um fato cultural, acompanha esse desenvolvimento revelando dimensões culturais. Como afirma Corsino (2009):

Ler o mundo, ouvir histórias são fatores que influenciam na formação do leitor, uma vez que a formação do leitor se inicia nas suas primeiras leituras de mundo, na prática de ouvir histórias narradas oralmente ou a partir de textos escritos, na elaboração de significados e na descoberta de que as marcas impressas produzem linguagem (CORSINO, 2009, p. 57).

A abordagem metodológica é de natureza qualitativa, sendo desenvolvida através de pesquisa bibliográfica exploratória. Desta forma elaborou–se o seguinte problema de pesquisa em literatura infantil.

Como aplicar literatura infantil em diversos contextos sociais de forma em que as crianças tenham curiosidade, sede de ouvir, ler, transformar e vivenciar personagens fictícios em reais?

Sabemos que toda criança em processo de desenvolvimento tem curiosidades, desde então, a literatura infantil deve ser aplicada de maneira prazerosa, comunicativa e divertida, na hora de contar uma história escolher um bom livro e deixar que as crianças imaginem a história partindo de seu mundo de fantasias e encantamentos, fazendo com que as mesmas interagem mais de perto com o enredo de seu interesse, usando de muitos recursos literários para atrair a atenção das crianças e contextos diversificados, pois assim, sentirão mais descontração e alegria em conhecer outros espaços, desenvolvendo muitas atividades, desde, uma simples narrativa, livros de gravuras, mural didático, álbum seriado, DVD, teatro, máscaras, histórias sequenciadas, alfabeto móvel etc.

Os recursos diversificados fazem toda a diferença e despertam nas crianças a sede de ler e ouvir as histórias e querer imitar os personagens fictícios em reais, pois é através das histórias que as crianças conhecem e imaginam um mundo de pura magia, onde brincam com as palavras, desenvolvendo a imaginação e a criatividade, expressando sentimentos e deixando por alguns instantes de ser quem são para entrar no mundo dos personagens fictícios. Tendo como referência tal entendimento, o presente trabalho identificou o processo de literatura infantil desde seu inicio e seu objetivo educacional, o processo de alfabetização e letramento sendo dois processos sequenciais, mas diferenciados, o desenvolvimento e a socialização da criança através da literatura infantil. Para explicitar esta abordagem buscou–se expandir os estudos sobre literatura infantil, objetivando analisar tanto os livros literários no processo de alfabetização/ letramento, como também, o papel dos mesmos na vida cotidiana das crianças. As escolas juntamente com a comunidade escolar e principalmente com seus educandos devem obter o saber cultural da leitura, do conhecimento literário, do acesso aos livros. Desta maneira o presente trabalho buscou refletir os diferentes processos e as concepções de ensino-aprendizagem.

2. LITERATURA INFANTIL: O INICÍO E O OBJETIVO EDUCACIONAL

No início do século XVII, a única literatura destinada às crianças eram livros que ensinavam valores, hábitos e ajudavam as mesmas á enfrentar a realidade social. Nesta época, a criança era considerada como um pequeno adulto com as mesmas responsabilidades e valores de um adulto, sendo que, crianças nobres já liam grandes clássicos da literatura infantil, enquanto as crianças de classe baixa liam lendas e contos folclóricos de sua região.

A literatura infantil começa a ganhar espaço no final do século XVII, quando se começou a escrever para o público infantil e isto, toma proposições significativas, aparecendo de fato no século XVIII. No século final do XVIII, com o conceito de criança alterado, a magia da literatura infantil começa a superar as resistências da condição mercadológica do livro, e a ganhar espaço através das traduções e adaptações estrangeiras que inspiram os contos de fada como são conhecidos hoje, “Cinderela”, “Chapeuzinho Vermelho” e “A Bela Adormecida” de Charles Perrault “A Gata Borralheira”, “João e Maria”, “Rapunzel” e “Branca de Neve” dos Irmãos Grimm, e tantos outros como: Cristian Andersen, Lewis Carrol, Collodi, La Fontaine e Frank Baum, que juntos fizeram da literatura infantil um mundo cheio de descobertas, de prazeres, emoções, e o começo de uma longa caminhada até o mundo mágico da leitura.

Na literatura infantil brasileira entre tantos nomes importantes, a literatura tem como marco principal, o nome de José Bento Renato Monteiro Lobato, Lobato foi o primeiro autor que com simplicidade soube escrever histórias literárias de qualidade para as crianças brasileiras.

Monteiro Lobato nasceu em Taubaté Império do Brasil em 18 de abril de 1882, Monteiro Lobato foi criado em um sítio e alfabetizado pela mãe Olímpia Augusta Lobato, e depois por um professor particular. Lobato foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções, Lobato como tradutor conseguiu traduzir mais de cem obras, das quais merecem destaque: Alice no País das Maravilhas, Novos Contos de Andersen e os Contos de Fadas de Perrault.  Monteiro Lobato se destacou na criação de histórias direcionadas especialmente para as crianças de um conhecimento nascido dos livros de literatura com caráter utilitário. Em 1921 Monteiro Lobato, publicou “O Saci” “Narizinho Arrebitado”, seguida por Sítio do “Pica–Pau Amarelo” e “Reinações de Narizinho”, sendo que essas obras apresentaram ao público brasileiro um dos universos mais famosos e encantadores, como o caso da boneca falante Emília. Monteiro Lobato dedicou-se á produção literária brasileira ao público infantil, pois acreditava que para haver mudanças na sociedade, era preciso formar a criança, o futuro desta sociedade, dedicando–se a isso de corpo e alma, dando assim, um novo rumo à literatura infantil brasileira que precisava ser diferenciada do leitor adulto, para que pudesse encantar/ ensinar fazer parte do mundo infantil, tornando-o magico, especial e mais feliz. Coelho 1997, fazendo referência a esse aspecto diz que:

Felizmente, para equilibrar a balança, há uma produção infantil e juvenil de alto ou muito bom nível, que conseguiu com rara felicidade equacionar os dois termos do problema: literatura pode divertir dar prazer, emocionar e que, ao mesmo tempo, ensina modos novos de ver o mundo, de viver, pensar, reagir e criar. (COELHO, 1997, p. 27)

Monteiro Lobato foi responsável por uma literatura infantil legitimamente brasileira, baseada num caráter ético, formativo e educativo, onde o mesmo utilizou–se da emoção e da razão em suas publicações literárias, que, com muito esforço conseguiu romper com os padrões moralistas dos europeus, nos quais as crianças eram vistas como um pequeno adulto, tanto no trabalho, quanto nas responsabilidades. Com o rompimento dos velhos padrões, o novo padrão literário criado por Lobato direcionado ao público infantil foi muito bem aceito e respeitado, o qual proporcionou as crianças o desenvolvimento de sua imaginação e de sua criatividade, beneficiando-as em sua fase do conhecimento. O objetivo de Lobato em relação à literatura infantil era divertir e educar ao mesmo tempo, pois, para ele o livro era um produto cultural e um instrumento indispensável para a formação e construção da criança e da cidadania no País. Em relação aos livros infantis pode – se afirmar que os mesmos servem muito aos propósitos escolares, pois os livros são um recurso fundamental e significativo no processo de ensino – aprendizagem e no desenvolvimento da criança, por isso a escola busca no literário o ensinamento, trabalhando com a literatura e contribuindo na formação integral da criança e na sua inserção no conhecimento dos outros e das diferenças entre pessoas. A literatura traz para a criança um universo de emoções e sentimentos a partir da sua interação com o meio, proporcionando o desenvolvimento da imaginação, do pensamento e dos valores éticos e morais de forma prazerosa. As histórias dos livros infantis são excelentes ferramentas de trabalho na tarefa de educar, pois as mesmas despertam nas crianças sentidos para compreender o mundo em seus diversos contextos sociais.

O trabalho com a literatura infantil possibilita a ligação entre ler e escrever, além do resgate padrão da língua de estruturas linguísticas complexas, desenvolvendo de modo globalizado, o desempenho linguístico dos falantes.

Abromovich (1997) vê a literatura como uma aprendizagem estética, em que as histórias lidas ou contadas explicam o mundo de um jeito que o leitor possa se situar–se em um universo que é dele. É um conhecimento ideal de mundos diferentes, culturas, pessoas ou situações diversas, que se caracterizam nas descobertas das emoções e sentimentos, dos caminhos internos das relações pela busca do conhecer e de se reconhecer. O livro de literatura infantil é um meio pedagógico fundamental e essencial para a formação da criança, pois o ato de ler ou contar história certamente é muito apreciado pelas crianças, ainda mais quando a história é bem detalhada desde o tema, os personagens, as cores e as vestes, a criança é capaz de escutar, fantasiar e entender tudo, pois quando lemos para as mesmas, sejam contos lendas ou fábulas, as crianças são capazes de imaginar completamente a história e montar em sua memória, mesmo não tendo o contato visual direto com os personagens dos livros, e então, com a mediação do professor escrever o que entendeu da história no processo de alfabetização e letramento,

Segundo Faria (2004):

A capacidade de educadores para perceber a riqueza e a estrutura do livro de literatura infantil é uma das alternativas para não reduzir a literatura a uma abordagem meramente pedagógica. Explorar o livro infantil, sua narrativa, suas ilustrações, seu significado é um recurso que deve ser abordado com competência e criatividade. Para isso, o professor também precisa saber ser leitor, o professor precisa estar preparado para formar sujeitos leitores, e isso significa na leitura diária do livro de literatura, na interpretação coletiva, feita com alunos e professor e no registro, que é a construção do sentido do texto, o esforço em escrever algo que se ouve, mediado obviamente pelo professor, leva à compreensão do velho e à possibilidade de criação do novo, o modo de trabalhar a literatura infantil em sala de aula requer identificar a forma como se trabalha, envolvendo a interpretação do texto, a exploração do livro, a coligação do autor e do ilustrador com o que pretendem passar com a história narrada estimulando a curiosidade das crianças e o desejo de dialogar sobre o livro. (FARIA, 2004).

A leitura na escola tem sido objetivo de ensino-aprendizagem, como se trata de uma prática social complexa, para converter a leitura em objeto de ensino aprendizagem deve-se preservar sua natureza e complexidade. A leitura é uma atividade no qual a criança/educando vai assimilar o conhecimento, vai interiorizar refletir e a partir daí elaborar seu próprio texto. Segundo Cantarelli (2006) “O educador que trabalha com a literatura infantil deve ter em mente o seu papel de estimulador, orientador e mediador entre o aluno e a literatura que será o meio de acesso para o conhecimento e o mundo da cultura”. Analisa-se que a escola não é a única responsável pela formação da criança leitora, nem mesmo o professor/ educador, pois o primeiro contato da criança com o livro didático/ literário deve acontecer na sua infância e inicialmente com seus familiares. Mais tarde, seu outro contato será no ambiente escolar com a mediação do professor em função do seu processo de alfabetização e letramento.

A diversidade da leitura favorecerá a escrita e a leitura, e certamente formará leitores competentes. Pois para aprender a ler é preciso interagir com a diversidade de textos escritos e participar de atos de leitura de fato. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a prática de leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes continuamente a formação de escritores, isto é, a produção de textos eficazes com origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade (BRASIL, 1997). A leitura é o meio norteador da escrita oferecendo subsídios de como escrever, pois escrever não se trata da decodificação de letra por letra, palavra por palavra, mas sim, da compreensão na qual os sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita. Formar o leitor competente significa formar alguém de pensamento crítico e ativo que compreenda o que lê. Um leitor competente se constitui naquele que possui uma prática constante de leituras diversificadas. A literatura tem por natureza uma profunda característica social, pois a mesma trata de assuntos e temas humanos, que têm relação com a vida humana (sentimentos, afetos, temores, desejos e vivências), mesmo que apresente personagens sob forma de animais ou objetos, pois eles representam sempre a compreensão do ser humano sobre a realidade, por exemplo, uma história que termina com um final feliz todo ser humano gosta de visualizar, sentir e ouvir, e quando ouvimos uma história triste com um final nada feliz, certamente nossas reações são outras, pois, nossos sentimentos se abalam através dos efeitos causados pela história, causando reflexão e percepção. A literatura envolve sentimentos, valores éticos, morais, e compreensão do mundo em sociedade.

2.1 O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

No processo de alfabetização e letramento a literatura infantil tem função educativa/ formativa, recreativa e pedagógica, a mesma deve ser trabalhada de forma lúdica e criativa, pois dessa forma a aprendizagem ocorrerá mais facilmente, despertando na criança o interesse pela descoberta, pelo mistério, pelo sonho, pela magia, e a interpretação/ reflexão, como também o gosto por criar e imitar personagens fictícios em reais, compreendendo símbolos e linguagens.

No Brasil, o nível de leitura da população sempre foi baixo, a elevada taxa de analfabetismo, o reduzido poder aquisitivo de uma política cultural contínua e a influência da mídia são alguns fatores relacionados ao problema do alfabetizado funcional. Neste sentido, o livro deveria ter a importância de uma televisão dentro do lar, pois de acordo com a UNESCO (2005) somente 14% da população tem o hábito de ler, portanto, pode–se afirmar que a sociedade brasileira não é leitora.

Uma das atividades fundamentais desenvolvidas na escola para a formação dos alunos é a leitura entendida como extensão da escola na vida e na sociedade. A criança que ingressar na escola sem ter o conhecimento básico de literatura, certamente terá á oportunidade de se relacionar com as novas possibilidades de crescimento, pois a escola é o espaço para estabelecer uma relação entre literatura, livro, criança e professor. Kleiman (2005) aponta Paulo Freire como uns dos primeiros a utilizar o termo alfabetização com um sentido mais próximo ao que atualmente se tem chamado de letramento, referindo-se a uma prática sociocultural de uso da língua escrita que vai se transformando ao longo do tempo. O letramento abrange o processo de desenvolvimento e o uso dos sistemas da escrita nas sociedades, ou seja, o desenvolvimento histórico da escrita refletindo outras mudanças sociais e tecnológicas.

O livro de literatura infantil tem papel fundamental no início do processo da alfabetização/ letramento, sua função é formar e educar, e toda criança em processo de alfabetização pode e deve utilizar da literatura infantil para obter uma aprendizagem significativa e rica em conhecimento, pois os livros literários desenvolvem na criança a capacidade cognitiva da imaginação, da reflexão e da criatividade sobre os fatos históricos.

Observa Carvalho (1989, p. 19) que “tirar da criança o encanto da fantasia pela arte, particularmente a arte do desenho, da forma das cores e da literatura (que representa todas), é sufocar e suprimir todas as riquezas do seu mundo interior”.

O processo social da alfabetização acontece por meio da literatura infantil que além de contribuir significativamente no processo de ensino aprendizagem acrescenta elementos necessários para a criança compreender o mundo da fantasia e sua realidade cultural/ social através de bons livros literários, onde a criança adquire conhecimento das histórias, da fala e das primeiras palavras. O professor alfabetizador deve ter conhecimento que a literatura infantil é um recurso excelente em prol ao ensino, e tem que ser aplicada na forma de ensinar, refletir e ao mesmo tempo divertir, pois, dessa maneira facilitará a aquisição dos conhecimentos pelas crianças.

Para Vygotsky a linguagem ajuda a criança direcionar o pensamento, a criança compreende a vida através do imaginário. O livro infantil põe a criança em contato com o mundo e com todos os seus desdobramentos. Deve-se ter em mente que a criança que se encontra em processo de alfabetização/ letramento e em pleno desenvolvimento é com a família seu primeiro contanto alfabetizador, seu segundo contato será no contexto escolar, onde, a criança aprenderá uma linguagem aplicada de forma mais formal do que a ensinada em casa. Porém, a aprendizagem não pode ser apenas instrumental, ela deve ser dialógica com significados sociocultural, por isso o ato de alfabetizar não pode exigir somente as práticas escolares, mas incluir as práticas culturais e sociais nas quais leituras e escritas é extremamente necessário. Conforme (SOARES 2008)

A alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código linguístico, ou seja, é um conjunto de técnicas adquiridas para exercer o uso da leitura e da escrita. Alfabetização faz parte da ação de decodificar o alfabeto e representar o som reconhecendo seu símbolo gráfico. (SOARES, 2008, p. 92).

Freire (1993) pontua que as escolas deveriam estimular o gosto da leitura e da escrita durante todo o tempo de sua escolarização. Que estudar não signifique um fardo e ler uma obrigação, mas uma fonte de alegria e de prazer. Este esforço em buscar a significação dos estudos, deveria começar na pré-escola, intensificando-se no período da alfabetização e continuar sem jamais parar.

De acordo com autores como Freire (2008), Soares (2008), Kleiman (2005), Tfouni (2006) e Abromovich (1997), o processo de alfabetização e letramento compartilhado com a literatura infantil são procedimentos que qualificam o conhecimento e o contextualizam.

O livro de literatura infantil é considerado uma ferramenta valiosa para o professor e para a escola, sendo um meio significativo em prol a aquisição de um excelente ensino literário com qualidade no desenvolvimento da aprendizagem. Isto significa uma formação crítica e ativa, em que a criança explora a sua criatividade, imaginação e a significação em seu meio, sugere e conduz a criança a diferenciar valores atualmente perdidos pela sociedade atual. Devem–se ampliar as experiências com a literatura infantil, buscando igualar a criatividade dos textos com a atividade pedagógica, desenvolvendo a compreensão e a interação das crianças por meio de atividades e temas lúdicos.

Com o objetivo de avaliar o nível de aprendizagem dos alunos, utilizamos Ferreiro (1986), que classifica as etapas de alfabetização em três níveis, partindo do pré–silábico, passando pelo silábico e silábico–alfabético, até alcançar o nível alfabético. No primeiro nível, o alfabetizando acredita que, ao produzir os traços típicos da escrita, ele estará escrevendo de acordo com as convenções existentes na sociedade. Nesta fase, verificamos também diversas hipóteses levantadas pelos alunos como: a quantidade mínima de letras, da variedade de caracteres e a do realismo nominal. O nível silábico, o aluno acredita que a escrita representa a fala, escrevendo apenas uma letra para cada som pronunciado pelas sílabas. No terceiro nível alfabético, verificamos a transição do nível silábico para o alfabético, sendo este o último nível, o momento em que o aluno descobre a relação entre os fonemas e grafemas, além de codificar e decodificar as palavras. É importante destacar que as alterações diante das convenções ortográficas não devem ser levadas em consideração nessa etapa. A literatura e a alfabetização andam junto o tempo todo, as crianças gostam de ouvir história e se encantam com esse mundo de magia que é de grande importância no processo de alfabetização, e dessa forma o processo de ensino aprendizagem é desenvolvido com mais qualidade, porque o professor deixa de desempenhar uma ação mais estática e torna o ensino mais ativo e motivador, onde a criança é estimulada a interagir com o conhecimento posto em questão.

As crianças em fase de alfabetização ficam encantadas com histórias infantis, contos de fadas, lendas e aventuras, esses recursos didáticos são excelentes para atrair nas crianças o hábito e o gosto pela leitura, onde o trabalho em classes de alfabetização, realizado pelo professor, tem que ter o objetivo de incentivar as crianças a ter um bom desenvolvimento social, tanto na leitura, como na escrita, com o educador e colegas de classe, havendo facilidade em aprender os conteúdos trabalhados de forma correta.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DA CRIANÇA

Todo processo educacional inicia–se com a literatura, pois a mesma assume um papel informativo e abre as portas para o saber, propicia o acesso ao conhecimento, traz informações para a vida prática. Há muitas formas e diversos recursos para se trabalhar com literatura como (contos, poemas, lendas, histórias, personagens, fábulas, teatros, imagens ilustrativas, lúdico, livros de gravuras etc.).

Como se refere Coelho (2000), a literatura infantil possibilita que as crianças consigam redigir melhor, desenvolvendo sua criatividade, pois o ato de ler e o ato de escrever estão intimamente ligados. Nesse sentido, “a literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra”. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.

A literatura infantil tem por tarefa transformar os sonhos em realidade, é um excelente recurso em prol ao processo de ensino-aprendizagem, ao crescimento da criança, de sua alegria e sua magia. A literatura infantil na fase inicial da aprendizagem da criança tem função formadora e socializadora. (ZILBERMAN & LAJOLO, 1985, p.25).

A literatura infantil promove a criança em seu processo de desenvolvimento e socialização, sendo que nessa fase os interesses da criança dizem a respeito, sobretudo ao som, ao ritmo, ás cenas individualizadas, os livros com poucos textos, muitas gravuras e rimas, tratando de animais e objetos conhecidos e cenas familiares ao mundo infantil. Sendo que nesse processo literário encontra – se o espaço privilegiado para estimular o sujeito como gerador das hipóteses mágicas, como afirma. (ZILBERMAN & LAJOLO, 1985, p.25).

Para Bamberger (1977, p. 36) afirma que a fase dos 2 a 5 0u 6 anos:

É a fase de mentalidade mágica, em que a criança faz pouca diferença entre o mundo externo e o interno. A literatura vai ajuda – lá a fazer a distinção entre o “eu” e o mundo através dos livros, de gravuras de objetos de seu meio. Entre 4 a 6 anos a criança prefere a leitura do realismo mágico: contos de fadas, lendas, mitos, fábulas, que podem oferecer mudança imaginativa, pois nessa fase do seu desenvolvimento a criança é essencialmente suscetível á fantasia. (BAMBERGER 1977, P. 36)

Os textos literários proporcionam habilidades, conhecimentos e linguagens adequadas às crianças com diferentes níveis de compreensão. A literatura promove a formação integral da criança, estimula as mesmas com diversas metodologias de ensino como: lendas, fábulas e contos que são narrativas curtas mais ricas de conhecimentos.  Observa-se que histórias como: Chapeuzinho Vermelho, A Bela e a Fera, O Patinho Feio, Rapunzel, Cinderela, o Lobo Mau e os Três Porquinhos e todos os seus personagens, mesmo sendo histórias “antigas” continuam sendo uma atração para as crianças, e eficientes métodos contra angústias, sofrimento e temores infantis. Quando essas histórias são apresentadas ás crianças com metodologias concretas na busca de desenvolver o imaginário, certamente essas crianças encontram nos personagens da história o seu “ídolo” ou seu “herói”, sendo que esse fato desenvolve nas crianças sentimentos de curiosidade, interpretação, interesse, afeto, magia e coragem.

Soza (1982) assinala a importância da literatura infantil como etapa criadora dentro do problema geral da imaginação, uma vez que não se sabe bem em que idade, nem em que forma e circunstâncias ela aparece na criança.

No entanto, no desenvolvimento do ensino literário o professor mediador deve utilizar pedagogicamente todos os recursos disponíveis para contribuir no aprendizado dos educandos de maneira adequada, onde cada criança demostre a sua capacidade e facilidade na hora de imaginar, entender, compreender, interpretar, escrever, ler e falar de maneira formal através dos contos de histórias, pois somente uma excelente aula onde a diversidade de recursos pedagógicos está presente juntamente com brincadeiras no ensino-aprendizagem, é que as crianças construíram o seu próprio entendimento do mundo real, da socialização entre as demais de forma gradativa e significativa através de sua criatividade e imaginação.

O processo literário é fascinante em todas as épocas, devemos ter em mente que o hábito da literatura faz bem até mesmo para os adultos. Temos que quebrar as barreiras do preconceito que ainda existe em alguns contextos da sociedade, que se acredita e interpretam o processo literário de forma vazia e sem sentido com a vida humana em sociedade, pois essa análise decorre de questões não observadas e estudadas profundamente sobre os gêneros literários e o desenvolvimento cognitivo das pessoas. Bettelheim, em seu livro: A psicanálise dos contos de fadas diz:

“Só partindo para o mundo é que o herói dos contos de fada (a criança) pode se encontrar, e fazendo – o, encontrará também o outro com quem será capaz de viver feliz para sempre, isto é sem nunca mais ter que experimentar a ansiedade da separação”. (BETTELHEIM 1980, P. 19).

As histórias, lendas, fábulas e os contos de fadas trazem a rotina escolar uma atividade insubstituível repleta de conteúdos e dinâmicas no ensino–aprendizagem, que contribui de maneira positiva no conhecimento da criança, tanto na linguagem oral quanto na linguagem escrita e visual. Nesse instante a criança passa a se socializar na sociedade de forma mais concreta, pois, as histórias são fonte de aprendizagem, inspiração e desenvolvimento. É obvio que a literatura infantil reforça os laços de desenvolvimento da criança através de seu envolvimento, de seu contato com os livros e com a magia existente nos mesmos que certamente desperta a curiosidade das crianças em conhecer e desvendar os mistérios existentes em cada página do livro. Desse modo, a criança cria seu mundo de fantasia/ encantamento e seu mundo real através da sua imaginação/ interpretação sobre os fatos observados e vivenciados na prática.

Os contos de fadas “No espaço sobrenatural não existe tempo real, tudo acontece de repente e justamente, com total arbítrio do acaso, os personagens existem, mas não foram criados por leis humanas, são fenômenos naturais. Por isso são seres encantados”. (MACHADO, 1994, P. 43)

Os contos de fadas cumprem um papel fundamental no desenvolvimento da linguagem da criança, sendo que os mesmos provocam uma intervenção de magia, revelando–se como uma atividade interativa, socializadora e potencializado-rá da leitura e da escrita. Segundo Bettelheim:

Ouvir os contos de fada e incorporar as imagens que ele representa pode ser comparado e espalhar sementes onde só algumas ficarão implantadas na mente da criança. Algumas ficarão trabalhando em sua mente de imediato dependendo do nível de interesse, que os contos causam na criança, e o resultado da absolvição do conteúdo e o processo de compreensão do mesmo. BETTELHEIM (1980, P. 189).

A literatura age como instrumento de mediação para o desenvolvimento da criança de forma participativa e crítica no processo-ensino aprendizagem, seu caráter educativo contribui de forma positiva na socialização e formação da criança, em sua interpretação do mundo, das pessoas, das variedades culturais, linguísticas e da sua própria personalidade. Segundo Morin Filho:

A literatura é uma arte verbal na qual envolve uma representação e uma visão de mundo que estão centralizadas no criador de literatura, onde este retira elementos do mundo para ajudar o leitor a estruturar seu universo cultural. “Uma cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o individuo em sua intimidade estruturam os instintos, orientam as emoções” (MORIN apud FILHO 2007, p. 33).

Em síntese, considerando a leitura como uma conquista que ocorreu gradativamente, observa-se que a mesma é um elemento fundamental na formação e na construção do conhecimento da criança, e que esta muito além da decodificação mecânica das linhas escritas, mas na curiosidade e consequente descoberta desvelada através dela, compreendemos que a vasta descrição em torno das potencialidades extraídas da literatura infantil, como posto nesse trabalho, que possa, sobretudo, contribuir para a formação de leitores ativos e competentes, consequentemente para uma aprendizagem significativa da criança no processo educacional, pois como sabemos o primeiro contato com os livros deve acontecer na infância da criança e preferencialmente com seus familiares.

A família é muito importante no processo educacional, sendo que a mesma deve buscar desenvolver a imaginação, a criatividade, o gosto da criança pela leitura e pela escrita, abrindo espaços na vida da mesma na aquisição de conhecimento e comunicação social em contextos formais e não formais. Assim como a escola é responsável, a família também é responsável pelo ensino-aprendizagem, pois quando a escola e a família decidem colaborar e atuar juntas na busca de estratégias e projetos de conhecimentos, certamente esse processo de ensino-aprendizagem é modificável, benéfico, significativo e prazeroso para todos os membros da comunidade escolar. Lembramos que quando as tarefas são compartilhadas em equipe, as conquistas são mais abrangentes e significativas em todos os contextos sociais.

3. METODOLOGIA

Na procura de analisar o processo de literatura infantil, assim como, o processo de alfabetização e letramento, a realização e a conclusão desde trabalho baseou–se de pesquisa bibliográfica exploratória a respeito da importância da literatura infantil e das histórias que motivam as crianças aprender e a conhecer os personagens que mais se identificam nas historias como “A Bela e a Fera” “Chapeuzinho Vermelho” “Os Três Porquinhos” “Branca de Neve”, “Rapunzel” entre outros.

Na pesquisa identificou-se que, os personagens das histórias são fortes elementos na hora de identificar uma boa história, sendo que é através dos personagens que as crianças criam uma ficção, pois as histórias assistidas em filmes animados muitas vezes são retiradas dos livros de literatura infantil. Como diz Pinto, (2004, pg. 109). Uma criança é capaz de interpretar uma história é capaz de codificar símbolos e significados ligados aos fatos do seu cotidiano, e a afetividade faz parte destes signos, uma vez que o cognitivo e o afetivo estão interligados.

A pesquisa bibliográfica realizada com base em livros, artigos referente assunto literatura infantil, literatura publicada em revista meramente pedagógica sob a visão de vários autores e suas obras literárias, essas pesquisadas na biblioteca pública da Secretaria de Educação do município de Bela Vista da Caroba–PR. Na busca por obter respostas aos questionamentos suscitados pela consecução das metas estabelecidas, optou-se pelo estudo de natureza qualitativa, que para Chizzotti (1991, p. 79) “Parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interpendência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”,

O estudo dessa natureza qualitativa possibilitou-me um aprofundamento significativo sobre o tema proposto em literatura infantil/ alfabetização/letramento e o desenvolvimento social da criança. Onde, analisa-se que a literatura infantil deve estar presente diariamente no contexto formal (escola), e também no contexto não formal, ou seja, no cotidiano da criança, em sua casa com seus familiares, pois os benefícios obtidos no processo literário são os mais benéficos para todas as crianças em processo de alfabetização, letramento, socialização, entre outros.

Conclui-se que, o presente trabalho realizou-se com base em pesquisa, em reflexão e análise pessoal sobre o tema norteador do trabalho literatura infantil.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sabido que o processo de alfabetização e letramento de uma criança nem sempre acontece de um modo fácil e eficaz, já que alguns alunos encontram dificuldades em compreender o sistema de leitura e escrita, mas é possível através do uso de recursos distintos, facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Dentre esses recursos podemos citar os gêneros literários, que permitem à criança acessar o mundo da cultura escrita, aprender a gostar de ler, ouvir e formar-se leitora. A literatura infantil é um recurso pedagógico indispensável no processo ensino aprendizagem e esta, se trabalhada adequadamente pelo docente, favorece a aquisição da leitura e da escrita.

Conforme Soares (2004), o ato de alfabetizar consiste em ensinar a ler e a escrever, ou seja, “(…) alfabetizar significa adquirir habilidades de decodificar a língua oral em língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita em língua oral (ler)”.(SOARES, 2004, p. 15).

A leitura e a escrita é uma conquista pessoal de cada indivíduo, entre tanto as mesmas podem ser estimuladas por todos aqueles que convivemos diariamente, e certamente, deve-se utilizar de uma literatura rica em conhecimento, em diálogo, em ética, em análise, cores, personagens, fantasia e magia, aproveitando os objetivos e a metodologia de ensino contida nos livros de literatura. A literatura infantil é uma aliada no processo de alfabetização e letramento, pois os livros são recursos pedagógicos importantes em todas as etapas da vida.

Trabalhar com a literatura infantil deve ser um momento de entrosamento e de prazer para aluno, à literatura não pode ser apresentada somente com objetivos específicos que fazem parte de uma grade curricular a ser desenvolvida, ou, seja com finalidades pedagógicas. Não podemos esquecer que as historias despertam momentos únicos e mágicos em cada ouvinte ou leitor, é através das histórias que a criança projeta seu próprio mundo, e ao representa–ló, ela encontra maneiras de expressar o que sente o que cria o que inventa e assim por diante. (COSTA, 2008, p. 131).

A criança que houve historia desde cedo, que tem o contato direto com os livros e que é estimulada por amigos, vizinhos e familiares, certamente essa criança terá um desenvolvimento cognitivo favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a leitura por ser estimulada desde pequenina com métodos significativos de ensino-aprendizagem.

Analisa-se que o mundo tecnológico não pode ser a desculpa ou o “culpado” para o empobrecimento do habito da leitura, afinal de contas, existe o livro digital, que de acordo com o MEC (2004), o processo de alfabetização se inicia muito antes do Ensino Fundamental, nesse sentido, faz–se necessário salientar a importância do livro que transita pela residência dos educandos contribui de forma positiva para o processo de alfabetização/ letramento e no desenvolvimento da criança. Na pesquisa analisou-se, que ainda contemporaneamente á uma necessidade das crianças ter um apoio familiar na hora de ouvir historias contadas pelos pais, historias essas que buscam ressaltar conhecimentos, magia e, sobretudo educação.

A literatura entre muitos contextos proporciona não somente aprendizado ao educando, mas para toda a família, um contato com letras, números, realidades diferentes, valores éticos, culturais, religiosos, novas formas de perceber o mundo, e isso influência a vida de todos de forma positiva.

Contudo, fica evidente que a alfabetização e o letramento são processos indissociáveis, por isso é que se faz necessário alfabetizar letrado. Desse modo concordamos com Solé e Teberosky apud Baptista, quando elas afirmam que:

(…) a alfabetização não consiste unicamente em aprender a ler e a escrever para reproduzir o conhecimento que outros elaboram, mas, sim, em capacitados sujeitos a usar, de forma autônoma, essas habilidades como ferramentas capazes de construir conhecimentos. Ou seja, adquirir as habilidades de leitura e escrita é adquirir um importante instrumento de aprendizagem e de construção de novos conhecimentos. (2010, p. 100).

Pode-se concluir nesse trabalho de pesquisa bibliográfica qualitativa que, a leitura assume um papel fundamental na vida e na formação da criança leitora, sendo a leitura um recurso indispensável de caráter ético, educativo, onde a criança se realiza através do conhecimento, do desenvolvimento, do diálogo e da interação com o livro, com amigos, familiares e autoridades. A leitura além de gerar o descobrimento e a reflexão sobre o aprendizado, ela também, rompe com atitudes grosseiras e com a discriminação, e esse é mais um dos motivos que a mesma deve ser aplicada pelos professores e até mesmo pelos pais em casa para seus filhos.

Observa-se que ao invés dos pais assistirem a uma novela talvez sem “cultura e sem ensinamentos algum para a vida em sociedade”, vale a pena os pais refletirem e se apropriarem de livros ricos em conhecimento e fazer destes livros leituras para seus filhos, leituras de contos, lendas, fábulas, poemas, poesia e entre outros, pois, atitudes assim proporcionam momentos de sabedoria, de reflexão, magia, descontração, imaginação, aprendizado, união em família e um sentimento de alegria por parte de quem lê que descreve esse mundo encantador e por parte de quem escuta que desenvolve esse mundo de magia em seu imaginário.

Diante disso, pode-se afirmar que as histórias despertam o interesse e a curiosidade das crianças pelo aprendizado, pois a literatura é uma arte que vem ao encontro com o desenvolvimento e a emoção das crianças, sendo narrada de uma maneira em que as mesmas inconscientemente compreendam trazendo exemplos e oferendo soluções temporárias para suas dificuldades encontradas.

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[1] Graduada em Pedagogia (FACINTER), Graduanda de Licenciatura Plena em História 2° Semestre (FACINTER), Especialização em Educação Especial e Inclusiva (FACINTER), Especialização Docência no Ensino Superior (Faculdade São Luís).

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Rosane Machado de Oliveira

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