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Ética na Escola

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CONTEÚDO

BOTELHO, Mateus Luiz [1] , ANDRADE, José Alberto Lechuga [2]

BOTELHO, Mateus Luiz. ANDRADE, José Alberto Lechuga. Ética na Escola. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 03. pp 63-72, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

Os objetivos da educação atual superam os conteúdos e envolvem aspectos morais e éticos. O interesse é um ensino transformador, de sentido e impacto social e coletivo. A ética e a responsabilidade social representam dois eixos centrais dessa personalidade  educacional:  o objetivo deste paper é discutir o papel, os benefícios e os componentes que sustentam o ensino desses dois eixos nas escolas e seus impactos na formação dos alunos. Através de uma revisão narrativa de literatura (levantamento bibliográfico), foi reconfirmado o excelente benefício de uma educação voltada aos valores da solidariedade, democracia e igualdade para a construção de uma sociedade mais justa e menos excludente. Os alunos, por sua vez, encontram nesse modelo educacional uma estrutura capaz de reconhecer o valor individual na diversidade, acolher a diferença e valorizar o potencial e aspectos positivos das diferentes formas de ser, de viver e de atuar no coletivo. A pesquisa permitiu concluir sobre o elevado papel e valor da ética e da responsabilidade social na educação, passíveis de inserção transversal em todas as disciplinas, e eficazes para a sustentação e obtenção de um perfil formativo orientado à transformação social positiva.

Palavras-Chave: Ética, Responsabilidade Social, Educação.

1. INTRODUÇÃO

A Educação brasileira passa por significativas mudanças desde os anos de 1980 do século passado (XX). As alterações foram iniciadas  pelo  marco  da  promulgação  da  Constituição Federativa de 1988, que atribuiu à Educação status de direito e trouxe visão fortalecida para a sua prática, e fortalecidas principalmente pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB,  ou  Lei  n.  9394/1996), que determinou  novos  sentidos  pedagógicos,  hierárquicos  e atitudinais  ao  modelo  educacional  brasileiro. A formação  tradicional,  que  era  baseada  em conteúdos e tinha o professor como detentor do conhecimento, foi substituída por uma postura centralizada  no  aluno,  em  sua  autonomia e criticidade,  mas voltada  para  além  da  escola: o interesse era uma formação de cidadãos, aptos a trabalhar e cooperar, em uma dimensão ideal social de igualdade e justiça.

Para essa finalidade, a ética e a responsabilidade social são pilares imprescindíveis nas escolas. A primeira é a base da segunda: a ética é fundamentada no comportamento moral dos homens na vida em sociedade (Vazquez, 1993), a responsabilidade social envolve a ação baseada em princípios e preceitos éticos e sobre seus possíveis impactos no coletivo (FERREL et al., 2011).

Dentro das escolas, no cotidiano educacional, outras demandas chamam  a  valorização desses pilares na educação. Atualmente, a violência, a segregação social, as práticas contrárias à igualdade e os conflitos hierárquicos entre alunos e professores são problemas recorrentes que podem ser amenizados ou trabalhados na aplicação desses conceitos. Mas, nem sempre é simples ou rápido efetivar na prática uma educação baseada nesses fundamentos, embora a inclusão teórica seja quase sempre ideal.

Justificado nas dificuldades frequentes dos educadores para a inclusão transversal desses conceitos  em  seu  fazer  docente  e na  necessidade  de  seu  estabelecimento  como  objetivo  da educação   presente,   este   paper   tem   por   objetivo  explorar   as   duas   temáticas (ética e responsabilidade social) nas escolas, tendo por finalidade considerar como contribuem para o desempenho do aluno dentro e fora da sala de aula, na sociedade.

A metodologia adotada foi o levantamento bibliográfico, em uma revisão narrativa breve, a fim  de  destacar  como  abordagem  ética  e  sócio-responsável  pode  participar,  impactar  e  ser efetivada na educação atual, obtida por meio de periódicos de revistas educacionais e livros. Os principais autores que sustentaram esta pesquisa foram: Julio Groppa Aquino (Aquino, 1996), Marculino Camargo (Camargo, 2006), José Arimatés Oliveira (Oliveira, 1984) e Adolfo Sanchéz Vazquez (Vazquez, 1993).

2. ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ESCOLAS

A educação atual tem um caráter transformador. As escolas, por consequência, incorporam o perfil atitudinal e de conteúdos que dá suporte a esse objetivo. Mais que educar em conteúdos e práticas, a Educação se volta a estimular no aluno a criticidade e capacidade de avaliar o meio. Como consequência e suporte a esse interesse, estimula e oferece respaldos para que a formação cidadã acompanhada de aspectos de solidariedade e dimensão coletiva (SEVERINO, 2006).

O objetivo é formar indivíduos que possam olhar o seu meio, extrair dele as relações de causa e de consequência que conduziram à realidade e intervir, com suficiência, na alteração dessas condições. Trata-se de uma formação integral, para a qual é impossível a dissociação dos aspectos morais, sociais, éticos e políticos, com a orientação de seus melhores desdobramentos.

O extrapolamento dos conteúdos escolares e a abordagem de assuntos e demandas ligadas à vida e desafios extramuros escolares têm a ver com o reconhecimento da independência e da autonomia  escolar  e  de  seu  papel  em  reconhecer  e  basear  seus conteúdos em  sua  realidade circundante. Quando faz dessa forma, a escola assegura que haja vinculação de aprendizado, e que aquilo que é ofertado em seu interior poderá ter seu benefício imediato constatando na vivência (AQUINO, 1996).

Uma vez que a apresentação das intervenções escolares tem essa vinculação com a vida cotidiana e o universo dos aprendizes, existe uma maior satisfação e senso de pertencimento e as proposições atitudinais que são colocadas ganham maiores chances de serem assimiladas.

Sobre essa natureza de abordagem, Vinha (2000, p. 144) destacou o papel da escola como espaço que idealmente deve promover aos alunos a experiência de “[…] situações que levem a construir seus valores morais, situação de respeito mútuo, de justiça, de cooperação”.

Vazquez (1993, p. 22) definiu a ética como “[…] morada do homem, como abrigo protetor do ser humano; ou seja, como a condição de sobrevivência e de convivência social”. Em continuidade à sua definição, mencionou ainda que conceitualmente, “a ética é a ciência moral, isto é, de uma esfera do comportamento humano” (p. 13). Com isso, permite concluir que cada campo  pode  ter  sua  ética  própria,  os  comportamentos  coletivos que são  esperados. Os atos humanos formam o escopo ético, sejam eles individuais ou de grupo. As suas bases são formadas a partir da observação do convívio e da elaboração das expectativas positivas que dele se esperam.

Por isso, existem aspectos ou orientações éticas educacionais, profissionais, pessoais e de outras esferas. O objetivo é que, dentro desses princípios, se atinja um convívio equilibrado.

Pedro (2014, p. 485) relatou que a origem do termo ética vem do grego ethos, que pode ser entendido principalmente  como hábitos ou caráter de  alguém. A moral, que  é  o campo que envolve a ética, vem do termo latino mos  ou mores (seu plural), relacionado as leis, normas e costumes.

Para Clavo (2008), na recepção de valores e princípios, um comportamento ético seria como o florescimento individual desses elementos. Então, a ética envolve a resposta de uma cultura positivamente responsiva, com diretrizes de comportamento e atitudes, formando uma identidade ideal.

A moral, novamente por Vazquez (1993), é definida como o conjunto de regras ou normas e controla ou regula, de maneira subjetiva, como um grupo social se composta ou atua. Assim, na ética reside a análise do que é bom ou ruim, das opções boas ou más para o coletivo e daquilo que é ajustado ou não. Na moral, está uma espécie de regulação dessas reflexões, de modo subjetivo, para o agir do grupo. São, dessa forma, conceitos gêmeos que muitas vezes são abordados diante da menção apenas da ética.

Em uma analogia ao que Pinedo (2003, p. 13) descreveu para as empresas, é possível aplicar os achados do autor ao que se espera de uma escola ética. Assim, seria um ambiente em que os valores e propósitos humanos ocupariam a centralidade dos interesses e ações, com base na análise dos problemas que a sociedade exige resposta por parte da ação educativa e com o respaldo na atitude educativa modificadora. A responsabilidade social é uma espécie de derivativo atual destes termos, conforme adiante.

Conforme Its Brasil (2009, online), a responsabilidade social pode ser entendida como:

[…] reconhecimento presente  nos  cidadãos, individualmente  e  em  conjunto, dos  seus deveres para coma comunidade em que vivem e a sociedade em geral. Este conceito se fundamenta no princípio de que, em maior ou menor grau, as ações individuais sempre têm algum impacto (positivo ou negativo) na vida de outros cidadãos e da coletividade. Assim, a responsabilidade social concretiza-se por meio da tomada de atitudes, comportamentos e práticas positivas e construtivas, que contribuem, comportamentos e práticas positivas e construtivas, que contribuem para preservar e melhorar o bem-comum e elevar a qualidade de vida de todos.

Oliveira (1984) frisou que esse tipo de responsabilidade é consolidado na adoção de um comportamento em que é possível verificar ética em seus reflexos, destinados à colaboração, igualdade, cuidado coletivo e caridade, por exemplo. Trata-se de um tipo de atitude em que as medidas individuais tomadas são  espelhadas em  retornos sociais positivos. A construção  dos parâmetros comportamentais que formam a responsabilidade social parte, principalmente, do reconhecimento e reflexão sobre os problemas sociais enfrentados pela sociedade. Por exemplo: se existe  uma  situação  agravante  de  exclusão  da diversidade,  um  comportamento  inclusivo  e tolerante será parte das demandas esperadas de um comportamento socialmente responsável.

A responsabilidade social, dessa forma, se apresenta como um reflexo das coletivas no comportamento individual, de um grupo, de uma empresa, de uma escola. Exige a reflexão do meio para que dele sejam extraídas as necessidades e então desenvolvidas atuações de expectativa, a fim de enfrentar os problemas que são apresentados. É também a informação e a ação para essa superação, que consolidam a resposta atitudinal. Frente a isso, o tópico seguinte aborda como a ética e a responsabilidade social, juntas, atuam no ambiente escolar.

Uma escola ou um professor não teriam, por si, a suficiência para formar  a responsabilidade social ou o comportamento ético. Mas, têm a capacidade de oferecer recursos, experiências e informações que levem o indivíduo a construir esse tipo de retorno atitudinais. Isso pode ser exercido com reflexões, códigos, orientações e uma série de outras oportunidades que permitam o contato direto e prático com o ser ético e responsável a partir do contato com o seu meio, em experiências crescentes (CAMARGO, 2006).

A  escola  permite  o  acesso  rico  e  plural  a  oportunidades  de  ação  e  reflexão  ética  e socialmente responsável. Professores, gestores e demais componentes da rede escolar podem estruturar abordagens reflexivas e pautadas na experiência dos alunos para promover essas vivências. Essa a visão tratada no tópico seguinte.

A presença da ética e da responsabilidade social nas escolas é baseada no papel que a instituição educacional tem na vida e na formação dos indivíduos. Uma parte significativa do tempo  dos estudantes é  passada diariamente  no  ambiente  educacional, o que  tem  relevância principalmente  entre  crianças  e  adolescentes.  O grupo  social  formado  tem  a  necessidade  de limites, orientações, normativas e bases tanto para este convívio escolar quanto para constituir os comportamentos de retorno que idealmente devem ser formados a partir de sua experiência educacional (AQUINO, 1996).

Ética e responsabilidade social são, dessa forma, eixos transversais que se enquadram na educação,  a  fim  de  que  não somente  os  modelos  de  convívio e práticas  internas  sejam normatizados, mas também entendidos e trabalhados para a melhoria do desempenho social da formação. A escola que se molda seria, dessa maneira, um simulacro da sociedade que se pretende

A eficácia da escola no repasse de valores, práticas e atitudes depende de sua condição de replicar aquilo que ensina. Ou seja: para que forme alunos éticos e socialmente responsáveis e responsivos, a escola precisa ter essa orientação para oferecer de modelo. É um fundamento que se baseia na orientação sociointeracionista, encabeçada por Lev Seminovitch Vygotsky, que afirma que são as interações com o meio que estruturam as características individuais (AQUINO, 1996).

Assim,  as  regras  e  comportamentos  pretendidos,  se verificados  no  campo  escolar  na realidade, seriam mais facilmente assimilados. Uma escola apenas discursiva nesses valores não atingiria  proficiência em replicar essas práticas quando  não  suportadas de  incorporação real, cotidiana

Na  prática,  isso  se  dá  mediante  o  incentivo  para  que  os  jovens  vivenciem  situações cotidianas de fortalecimento de mudanças atitudinais, combate de diferenças sociais e possam ser preparados ativamente para uma atuação mais proativa frente às questões sociais. Segundo Bauer e Bassi  (s.d.,  p. 4)  as questões que  envolvem  ética  e  responsabilidade  social  revestem  todo  o currículo educacional, como citaram:

Em “História”, as guerras, as diversas formas de poder político, as revoluções industriais e econômicas e as colonizações concernem diretamente às relações entre os homens. Dessa forma,  o  passado  histórico  é  de  extrema  importância  para  se  compreender  o presente,  os  valores  contemporâneos,  as  atuais  formas  de  relacionamento  entre  os homens, entre as comunidades, entre os países;

Em relação à “Língua Portuguesa”, deve-se considerar que a linguagem é o veículo da cultura do país e carrega os valores e a identidade nacional;

Em “Ciências Naturais”, ao se abordar a sexualidade, podem-se discutir várias questões pertinentes, como o respeito ao outro (no caso de AIDS/ DST) e a autopreservação, que não se justifica apenas pela própria saúde e sobrevivência, mas também pelo respeito pela vida alheia, uma vez que o parceiro pode ser contaminado;

Em relação ao “Meio Ambiente”, temas, como a preservação da natureza, dizem respeito diretamente à vida humana, pois poluir rios causa problemas, como por exemplo, enfermidades  em  quem  depende  de  suas  águas.  Desrespeitar  a  natureza  implica desrespeitar as pessoas que dela dependem, o que, por sua vez, implica a discussão de valores éticos (BAUER; BASSI, s.d., p. 4).

Assim, segundo as autoras, a ação educacional deve ser voltada a fortalecer a compreensão do outro e  de  seus espaços;  as relações de  causa  e  de  consequência, os comportamentos de proteção e de melhoria do coletivo e de sua individualidade. Temáticas como ao ambiente, a língua e a compreensão de toda a sua pluralidade, as ações e representações históricas dos povos e das culturas que coexistem em diversidade: tudo, integradamente e com respeito e valorização incorporam uma dimensão de ações éticas.

Iavelberg (2010) destacou algumas das atividades que podem ser implementadas por todos os educadores para inserir o eixo ética e responsabilidade social em suas disciplinas. Permitem que o conteúdo seja aplicado com facilidade, disposição crítica e adequação a todos os contextos, criando a rotina e hábito da discussão crítica. São elas:

– Leitura de textos literários A estratégia favorece a discussão de temas transversais (trabalho, consumo, orientação sexual, meio ambiente, relações de gênero etc.) e aposta na identificação dos alunos com os personagens das narrativas para ampliar a capacidade de reflexão.

– Apresentação e análise de dilemas morais. Por meio da exposição de situações-problema, as crianças e os jovens são convidados a refletir sobre a complexidade das relações e dos afetos e a elaborar estratégias de ação.

– Participação de estudantes na gestão da vida coletiva A proposta estimula o senso de responsabilidade, a autonomia e a organização dos coletivos ao colocar os alunos como membros   de conselhos de classe, assembleias, grêmios ou outras instâncias representativas.

– Leitura crítica de textos que tratam de direitos fundamentais O objetivo não é explicar documentos como a Declaração dos Direitos Humanos ou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas promover a apropriação dos princípios e valores presentes neles para analisar como podem ser utilizados para denunciar situações e exigir modificações na sociedade.

– Atuação em trabalhos voluntários A ação em projetos sociais ou socioambientais leva ao desenvolvimento da capacidade de cooperação e de argumentação com base na realidade (IAVELBERG, 2010, online).

Para a autora, esse tipo de abordagem possibilita que os alunos reflitam sobre a realidade e como as relações humanas se constituem. Assim, podem desenvolver as conexões que suas atividades  e  comportamentos  desenvolvem  com  o  meio.  O professor, como  mediados  dos conteúdos de suas discussões, deve agir na orientação formativa, a fim de direcionar aos caminhos éticos e responsivos pelo diálogo e não pela imposição. Isso deve vir acompanhado principalmente do respeito à diversidade de pensamento e vida dos alunos.

Delors (2004) apud BAUER e BASSI (s.d) afirmou que a escola age em seu papel esperado no momento em que dentro dos preceitos éticos e socialmente responsáveis, permitam aos alunos conhecer as mudanças e necessidades sociais e ter aparelhamento conceitual suficiente para a sua interpretação crítica. Discutir os aspectos éticos e sócio-responsáveis é parte da sua atividade indicando referenciais para que os alunos criem condições próprias para conhecer, fazer, vivenciar coletivamente e ser dentro dessas dimensões.

Dessa colocação, pode-se retirar que não compete à escola exigir do aluno determinados comportamentos por via da autoridade, mas sim apresentar um ambiente de discussão e formação em que os valores e orientações sejam colocados de maneira crítica e autônoma e dessa mesma forma assimilados. O aluno, protagonista do ensino e da aprendizagem, não deve assimilar porque precisa para que seja aprovado ou por determinação do educador. Deve realizar as aquisições conceituais conforme as justificativas críticas e argumentativas que constituir para aceitar ou refutar o que é proposto.

Por fim, é importante abordar a formação de professores para essa atuação ativa pretendida na sociedade. Conforme Bassalobre (2013),  é  um  tipo  de  atuação  embasada  na  orientação freireana, de que os educadores devem ter por ponto de partida a reflexão e a intervenção social. Isso não se efetiva unicamente pelo repasse aos alunos dos eixos de criticidade e abertura ao diálogo e discussão, mas também das habilidades e competências críticas docentes – o que envolve constante  renovação e reflexão  sobre  o  trabalho  pedagógico.  Dessa  forma, a atuação  dos educadores seria um contexto de formação livre, que atuaria “[…] juntamente com a existência da autoridade criativa, onde a ética surgiria como a delimitação para a construção de políticas para a formação docente em sintonia com as necessidades das escolas e das comunidades” (p. 313).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste paper foi explorar as temáticas da ética e da responsabilidade social nas escolas, como funcionam e de que modo se sistematizam os seus resultados. Foi obtido que são eixos que podem ser inseridos em todas as disciplinas e que, conforme a sua construção habitual, podem se tornar padrões na prática pedagógica.

São medidas em que os conteúdos são analisados em sua contextualização social e histórica e desenvolvidas relações de nexo de causalidade, a fim de que os alunos possam adquirir – de modo reflexivo e não impositivo – noções sobre como seus comportamentos afetam a construção da realidade e de que modo as atitudes e decisões pessoais podem impactar e melhorar a vida coletiva.

É uma proposição que tanto se orienta à formação crítica e cidadão do aluno como agente modificador da sociedade, quanto empodera para que possa realizar leituras críticas sobre o seu meio e as relações que o constituem, a fim de maior igualdade, colaboração, senso coletivo e criticidade. Sendo dessa maneira, ética e responsabilidade social são eixos fundamentais de uma escola transformadora, que encontram espaço nas diversas atividades pedagógicas para aplicar os princípios de uma formação cidadã.

REFERÊNCIAS

AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola e alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.

BAUER, Patrícia; BASSI, Tana. Ética e responsabilidade social no ensino fundamental: qual o papel da escola na formação de valores humanos?. [s.d.]. Disponível em: < http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/etica_resp_social_ens_fund_patricia_tana.pdf> Acesso em: 18 out. 2016.

BASSALOBRE, Janete Netto. Ética, responsabilidade social e formação de educadores. Educação em Revista, v. 29, n. 1, p. 311-317, 2013.

CAMARGO, Marculino. Ética na empresa. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.

CLAVO, Luis Carreto. Aristóteles para executivos: como a filosofia ajuda na gestão empresaria. São Paulo: Globo, 2008.

FERREL, Linda; FRAEDRICH, John; FERREL, O. C. Ética empresarial: dilemas, tomadas de decisões e casos. Tradução de Cecília Arruda. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001.

IAVELBERG, Catarina. Formação moral e ética dos alunos cidadãos: ajude os alunos a se tornarem cidadãos propondo ações de caráter reflexivo e não moralizador. 2010. Disponível em: < http://gestaoescolar.org.br/aprendizagem/formacao-moral-etica-alunos-cidadaos-574481.shtml> Acesso em: 20 out. 2016.

ITS BRASIL. Conceito de responsabilidade social. 2009. Disponível em: <http://www.itsbrasil.org.br/conceito-de-responsabilidade-social> Acesso em: 15 out. 2016.

OLIVEIRA, José Arimatés de. Responsabilidade social em pequenas e médias empresas. Revista de Administração de Empresas, v. 24, n. 4, p. 204, 1984.

PEDRO, Ana Paula. Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em torno de um conceito comum. Kriterion, v. 55, n. 130, p. 483-498, 2014.

PINEDO, Victor. Ética e valores nas empresas: em direção às corporações éticas. Reflexão, v. 4, n.10, 2003.

SEVERINO, Antônio Joaquim. A busca do sentido da formação humana: tarefa da filosofia da educação. São Paulo: Educação e Pesquisa, 2006.

VAZQUEZ, Adolfo Sanchéz. Ética. 14 Ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.

VINHA, Telma Pileggi. O educador e moralidade infantil: uma visão construtivista. São Paulo: Mercado de Letras Edições e Livraria, 2000.

[1] Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Curso Educação Física – Prática do Módulo I

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Mateus Luiz Botelho

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