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A importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem na educação infantil

RC: 86056
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/ensino-aprendizagem

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

PUTTON, Gisele Mariotti [1], CRUZ, Pollyanna Santos da [2]

PUTTON, Gisele Mariotti. CRUZ, Pollyanna Santos da. A importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem na educação infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 11, pp. 114-125. Maio de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/ensino-aprendizagem, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/ensino-aprendizagem

RESUMO

O ato de brincar constitui parte da infância e traz a possibilidade de um repertório de desenvolvimentos, seja na esfera cognitiva, social, biológica, motora e afetiva. Além de encontrar prazer e satisfação, brincando a criança sociabiliza e aprende, além de apresentar sua realidade através da imaginação, demonstrando assim, suas angústias e anseios que através das palavras se tornaria difícil. O objetivo deste artigo é reconhecer a importância do uso das atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil. Os objetivos específicos desta pesquisa são: Compreender que a criança expressa na brincadeira suas dificuldades e necessidades; estimular o uso do lúdico na prática docente; apresentar estudos bibliográficos sobre a importância do brincar na infância e como a educação infantil é apresentada na Base Nacional Comum Curricular-BNCC. Esta é uma pesquisa bibliográfica e teve uma metodologia qualitativa para demonstrar as ideias de alguns autores sobre a importância de se utilizar o  lúdico no processo de ensino aprendizagem na fase de educação infantil.

Palavras-Chave: Aprendizagem, Infância, Lúdico.

1. INTRODUÇÃO

Ao pensarmos no dia a dia de uma sala de aula, nos deparamos com uma quantidade de alunos com muitas dificuldades de aprendizagem e que apresentam desmotivação para os estudos.

Para modificar tal visão, torna-se necessário uma ação pedagógica dinâmica e instigadora, no sentido de provocar os alunos a aprender de uma forma prazerosa e significativa.

O educador exerce uma função considerável nesse processo, sendo que é quem vai direcionar o aprendizado, sendo mediador e oferecendo atividades que estimulem o educando em sala de aula instigando o interesse em aprender para que a criança se sinta à vontade para demonstrar o que já sabe e o que deseja aprender.

Os brinquedos, brincadeiras e jogos são reconhecidos por muitos educadores e outros profissionais envolvidos na educação como fator importante no processo de ensino-aprendizagem educação infantil, uma vez que, as atividades lúdicas promovem a oportunidade de desencadear o desenvolvimento da criança. Brincando, a criança inventa, descobre, aprende, experimenta e refina habilidades. As atividades lúdicas proporcionam o desenvolvimento do pensamento, da atenção, da concentração e da linguagem, além de estimular a autoconfiança, a curiosidade e a autonomia.

A ludicidade é considerada, pelos estudiosos, indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança, não só no período de educação infantil, como no decorrer de toda a sua formação, inclusive na formação de sua personalidade.

Partindo do ponto de vista teórico  de que a criança desperta sua curiosidade por meio de brincadeiras, jogos e brinquedos e através deles estabelece relações com o meio social e físico, de modo a expandir seus conhecimentos, desenvolvendo habilidades motoras, linguísticas e cognitivas, a escola deve levar em consideração o lúdico como aliado e utilizá-lo vastamente para atuar no desenvolvimento de cada aluno.

O objetivo deste artigo é reconhecer a importância do uso das atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil, visto que entender que as crianças expressam nas brincadeiras suas dificuldades e necessidades, leva os educadores a trabalhar de forma harmoniosa com crianças de educação infantil, facilitando o aprendizado e conhecendo melhor as crianças para assim poder auxiliá-los nesta fase do desenvolvimento.

Estimular o uso do lúdico na prática docente é muito importante, pois facilita o trabalho do professor com uma prática mais descontraída. Esta pesquisa bibliográfica apresenta a educação infantil segundo a Base Nacional Comum Curricular-BNCC e a visão de vários autores sobre a importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem, uma vez que a criança aprende muito mais brincando, sem se dar conta que está sendo ensinada, e os educadores que desenvolvem atividades lúdicas ensinam sem perceber que estão também aprendendo. Aprendendo a ensinar, a conhecer, a entender, a auxiliar, a identificar problemas, a influenciar atitudes e principalmente a se colocar no lugar das crianças para melhor entendê-las e atendê-las.

2. A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR-BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que normatiza e direciona de forma definida o desenvolvimento e progressos de aprendizagens necessárias e essenciais a  todos os alunos durante todas as etapas e modalidades da Educação Básica, e ainda determina que, “de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação” (BNCC, 2017, p. 5).

A ludicidade é muito importante para o desenvolvimento das crianças principalmente quando se trata da interatividade seja das crianças com os adultos ou com outras crianças, como podemos observar essa observação descrita na BNCC:

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções (BNCC, 2017, p.33).

Na Educação Infantil, as crianças precisam de condições para que aprendam em situações nas quais possam participar ativamente em ambientes que as incentivem a vivenciar desafios e a sentirem-se motivadas a resolvê-los, nas quais consigam construir ideias e significados sobre o mundo social e natural e principalmente sobre si e o outro desenvolvendo autoconfiança para desenvolver aprendizagem significativa. Neste contexto, encontramos propostos na BNCC (2017, p. 34) seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil que são:

        • Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
        • Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
        • Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
        • Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
        • Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
        • Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.

 É imprescindível que os direitos de aprendizagem e desenvolvimento sejam respeitados para que a crianças tenha um crescimento físico e cognitivo completo. O lúdico deve estar sempre presente nessas etapas para que a criança possa aprender brincando, ou seja, sem perceber que está sendo ensinada, não havendo ensinamento forçado. A BNCC considera que na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças, tem como eixos estruturantes as interações e a brincadeira.

Considerando a necessidade de acolher as experiencias de vida das crianças e a bagagem de aprendizagem que já trazem consigo, interrelacionando aos conhecimentos cultural e social que adquirem na convivência escolar, foi estruturado cinco campos de experiência na organização curricular da Educação Infantil na BNCC (2017, p. 36), que são:

O eu, o outros e o nós – É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais, constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais.

Corpo, gestos e movimentos –  Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações expressando-se, brincam e produzem conhecimento sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade.

Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia, etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras.

Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com pessoas com as quais interagem. Progressivamente as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna-que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação.

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.).

A BNCC é um dos direcionamentos para as escolas trabalharem com seriedade a educação infantil, tendo um currículo voltado para o desenvolvimento da criança de  forma integral, buscando  trabalhar sempre de modo prazeroso e agradável, despertando na criança o desejo de aprender algo novo e de aprimorar suas experiências.

3. O LÚDICO: ORIGEM E PRESSUPOSTOS

É de suma importância mencionar que o lúdico teve origem da palavra latina “ludus” que significa “jogo”.  O termo lúdico se estivesse preso somente à sua origem seria mencionado apenas ao jogar, ao movimento espontâneo, ao brincar, porém, constata-se que o lúdico vai além do jogar, dos movimentos, ele é encontrado nas cantigas de roda, mímicas, na arte, na educação física, ou seja, faz parte do cotidiano de adultos e crianças, principalmente nas escolas de educação infantil. Quanto ao surgimento do lúdico, Pereira (2004, p. 8): “O ato de brincar é um legado dos nossos antepassados. Faz parte da vida e sobrevivência de cada criança. Está no alicerce da cultura de um povo. Brinquedos e brincadeiras são um patrimônio que pertencem à humanidade”.

Desde tempos remotos, brincar e jogar são atitudes indispensáveis à saúde, tanto mental, quanto física e intelectual. Por meio deles, a criança passa a desenvolver a linguagem, o a socialização, pensamento, a autoestima e a iniciativa , preparando-se para ser um ser humano com capacidade para de enfrentar obstáculos e participar da construção e organização do espaço em que vive .

É importante ressaltar que uma ação lúdica não é só uma junção de atividades propostas e sim, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem como de relacionar-se com os alunos. É necessário saber interagir com o mundo infantil da criança, com seus sonhos , brincadeiras e jogos e então saber jogar com ela. Quanto mais a criança for envolvida em espaço lúdico, esta será amais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva.

4. A IMPORTANCIA DO LÚDICO PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ao contrário do que muitos pensam o brincar não é simples recreação ou passatempo, mas a forma mais completa que a criança tem de dialogar com si mesma e com o mundo. É brincando que a criança é capaz de ser criativo e de usar toda a sua personalidade, e é apenas sendo criativa que o indivíduo descobre o seu “eu”. Na primeira infância a imaginação é muito forte, e peculiar da faixa etária. A criança, na primeira infância, encontra se no período das representações mentais. As atividades lúdicas podem favorecer o símbolo e auxiliar a criança no seu desenvolvimento” (CEBALOS et al., 2011).

O processo de ensino aprendizagem com lúdico oferece um desenvolvimento saudável e harmonioso. Quando brincam, as crianças se tornam mais independentes,  sua sensibilidade visual e auditiva torna-se mais aguçada, aprendem a valorizar a cultura popular, as ocorrências de agressividade diminuem, aprimoram a imaginação e com isso a criatividade flui, equilibram a sua inteligência emocional e aumentam a capacidade de crescimento mental e a adaptação social.

As crianças conseguem revelar a causa de sua dificuldade ou medo muito mais pelos gestos e pelas criações do que por palavras. O lúdico  basicamente consiste em envolver a criança, dedicando-se com o real, o material, tocando, deslocando, montando e desmontando. Seu objetivo é a própria satisfação do funcionamento da brincadeira que é considerada de grande relevância, pois ajuda na cognição e facilita o aprendizado e a interação entre os colegas. Conforme Dohme:

As atividades lúdicas podem colocar o aluno em diversas situações, onde ele pesquisa e experimenta, fazendo com ele conheça suas habilidades e limitações, que exercite o diálogo, liderança seja solicitada ao exercício de valores ético e muitos outros desafios que permitirão vivências capazes de construir conhecimentos e atitudes. (DOHME, 2003, p. 113 apud SANTOS, 2012).

Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar com regra, desenhar, entre outras atividades constituem meios prazerosos de aprendizagem. Através delas, as crianças externam suas criações e emoções, expõe seus medos e alegrias, desenvolvem características importantes para a vida em sociedade.

5. BRINQUEDOS, BRINCADEIRA E JOGOS

As atividades lúdicas devem estar presentes diariamente nas salas de aula de educação infantil, pois através dos brinquedos das brincadeiras e dos jogos é que os professores passam a conhecer mais profundamente seus alunos, para melhor poder atendê-los. Acampora (2013) nos cita que “os jogos e as brincadeiras permitem que a criança libere a tensão, frustração, insegurança e até mesmo a agressividade, o medo e a confusão, tudo isso sem que ela se dê conta de que tem todos esses sentimentos guardados”.

Os jogos propiciam, ainda, situações concretas que ajudam as crianças a sanar suas próprias dificuldades – quer sejam de memória, atenção, observação, raciocínio etc. – brincando. O jogo estimula sentimentos espontâneos e contribui para a desinibição das crianças, dando-lhes confiança para resolver seus próprios problemas. Faz com que cada criança descubra suas próprias tendências e inclinações frente à sua vocação.

Ainda lembramos que o brinquedo favorece à criança fantasiar, viajar, reproduzir o seu cotidiano, facilitando assim o processo de aprendizagem principalmente na etapa da educação infantil como afirma Piaget apud Leal (2011), “o brinquedo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”.

Brincar sozinho em um cantinho ou somente com um amigo é bom, mas também é muito  bom brincar com muitos colegas no pátio ou em sala de aula. A preferência que a crianças tem acerca dos brinquedos, espaços e amigos é um meio importantíssimo de acesso à sua mentalidade. Suas escolhas demonstram seus medos, capacidades, potencialidades e desejos.  É fundamental que a criança brinque com outras crianças, para que aprenda, mas também possa ensinar. Assim:

A brincadeira é tão importante para o desenvolvimento humano que até mesmo quando ocorrem brigas ela contribui para o crescimento e a aprendizagem. Negociar perspectivas, convencer o opositor, conquistar adesões para uma causa, ceder, abrir mão, lutar por um ponto de vista – tudo isso ensina a viver (OLIVEIRA; BORJA; FORTUNA, 2010 apud FORTUNA, 2011, p. 9).

Na educação infantil pode-se utilizar os  brinquedos, jogos, e as brincadeiras para desenvolver a motricidade, o cognição, a imaginativa, a engenhosidade, a interpretação, as habilidades de pensamento, a autonomia decisória, organização, regras, conflitos pessoais e com os demais, as dúvidas entre outras.  O afeto, o companheirismo, a disciplina, a arrumação dos brinquedos após o uso, logram ser adquiridas por meio das brincadeiras conjuntas entre as crianças. Sendo assim pode-se desenvolver todo o processo de ensino-aprendizagem das crianças na fase de educação infantil por meio de atividades lúdicas.

6. O PAPEL DO PROFESSOR NA MEDIAÇÃO DO LÚDICO NA SALA DE AULA

O professor tem um importante papel na mediação da relação da criança com a ludicidade, do relacionamento da criança com a aprendizagem, bem como na formação da identidade da criança. Ao fazer referência sobre o papel do professor, somos direcionados imediatamente ao termo competência, que dentre estas competências a serem criadas e desenvolvidas por um professor da educação infantil, está a capacidade de promover um bom relacionamento entre aluno e educador, pois desse relacionamento surgirão as possibilidades para o sucesso do  processo ensino-aprendizagem. Portanto,  real papel do professor é desempenhar a função de mediador, que também está diretamente relacionado construção do conhecimento, tanto como orientador do planejamento pedagógico, quanto da escolha e tratamento dos conteúdos curriculares.

Dessa forma o professor é considerado como um ser social dotado de conhecimento cultural. Se pretende-se formar seres críticos, criativos, e preparados para tomar decisões, uma das exigências é o aperfeiçoamento do dia a dia da criança com a introdução de brinquedos, brincadeiras e jogos diversificados. As aulas com os jogos e brincadeiras proporcionam ao professor a observação das atitudes de cada aluno, sozinho ou  interagindo  com os outros da turma ou seu entorno. Nestas situações lúdicas, professor e aluno, devem estar livres para brincar e/ou jogar respeitando seus próprios ritmos, para organizar suas atividades e estarem aptos a receber e aceitar a regras  são impostas. Fortuna (2011) colabora dizendo-nos que:

Assim como a interação criança-criança na brincadeira é fundamental, também é importante a interação da criança com o educador. A presença do educador na brincadeira é agregadora e estimulante. Brincando junto, o educador infantil mostra como se brinca, não só porque assim demonstra as regras, mas também porque sugere modos de resolução de problemas e atitudes alternativas em relação aos momentos de tensão.

O docente da Educação Infantil é um mediador constante no processo de ensino-aprendizagem da criança. Parceiro  ajudará a criança a constituir a sua identidade, ética e noção política. Pois, conforme com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:

E o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar. Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem. (1998, p. 28).

A criança precisa estar estável emocionalmente para se sentir envolvida com o processo de aprendizagem. A afetividade possibilita a aproximação do aluno com o professor e os demais envolvidos  e a ludicidade é uma parceira que colabora para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. Quando o professor dá preferência  às metodologias que utilizam basicamente atividades e situações  lúdicas, pode-se perceber interesse maior por parte do aluno. Pois, brincando também se aprende.

As atividades lúdicas têm alcançado território firme e significante na educação infantil. Brincar é uma vivência fundamental para qualquer faixa etária, principalmente em relação às crianças da Educação Infantil. Desta maneira a brincadeiras deixam de ser atividades utilizadas pelo professor com o único intuito de recrear as crianças, passa a ser uma atividade em si mesma, que esteja incluída no plano de aula da escola.

É através do brinquedo que a criança compreende como agir numa esfera cognitiva. Visto que ela transfere para si a sua imaginação e desenvolve sua imaginação do universo de faz de conta. É dever do educador constituir um local que agrupa elementos de motivação para as crianças, desenvolverem atividades que promovem conceitos que dão base para a leitura, para os números, conceitos lógicos interligados a classificação, ordenação, entre outras coisas. Motivar os alunos a trabalhar coletivamente na solução de problemas, compreendendo assim demonstrar sua própria percepção em relação ao outro.

A sala de aula é um lugar de brincar e o professor consegue conciliar os objetivos pedagógicos com os desejos do aluno.

7. BRINQUEDOTECA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A brinquedoteca é um lugar onde a criança entra em contato com uma variedade de brinquedos juntamente com outras crianças, podendo assim desenvolver a capacidade de convivência, de cooperação, de socialização e colaboração, sempre com a mediação do próprio professor com ajuda de um funcionário ou animador infantil. Para Nez Moreira (2013, p. 135):

A brinquedoteca pode ser compreendida também como um espaço reservado e preparado para que as crianças passem momentos de lazer e aprendizagem e, para os educadores, um ambiente para se desenvolver novas práticas pedagógicas, utilizando-se da ludicidade como ferramenta pedagógica.

A Organização da brinquedoteca é muito importante para o bom desenvolvimento das atividades nela realizadas. Os brinquedos devem estar dispostos como se convidar a brincar. Acessíveis, visíveis e instigantes, podem ser distribuídos pela sala em diferentes cantos e zonas, propondo, assim, diferentes pontos de partida para as brincadeiras. Uma brinquedoteca que garanta um justo lugar à brincadeira não tem brinquedos em excesso. Não é a grande quantidade deles, nem sua sofisticação ou alto valor comercial que tornam a brincadeira mais rica e estimulante. O que torna a brinquedoteca rica é a liberdade de expressão que é oferecida às crianças para ela possam brincar livremente. Porém a ordem é necessária, por ser estruturante.

Os limites devem ser colocados de forma clara e devem sustentar-se em explicações e não apenas na autoridade de quem os coloca, pois, rigor demais atrapalha a brincadeira, inibindo-a. Vale ressaltar também, que embora limite e organização sejam importantes, não é preciso proteger os brinquedos das mãos das crianças, pois estes não são e não estão lá para enfeitar a brinquedoteca e sim para ser util. Quanto a isso, Fortuna (2011) complementa que “Brinquedo bom é brinquedo brincado. Um brinquedo só é brinquedo pela ação de brincar, isto é, porque alguém brinca com ele”.

A própria sala de aula pode-se transformar em um ambiente de brincar, pois a ludicidade não acontece só no espaço da brinquedoteca, mas sim a qualquer momento que o professor, mediador da educação infantil, sentir a necessidade de disponibilizar brinquedos e brincadeiras para observar e conhecer as crianças. Diante disso podemos analisar mais uma contribuição de Fortuna (2011):

Uma sala de aula de educação infantil não é uma caixa que vem pronta, repleta de objetos caros. Par ter um lugar de brincar e, por isso mesmo, um lugar para crescer, aprender, ensinar e no qual se possa viver com alegria e sentido, deve ser um lugar em que as pessoas possam ser elas mesmas. Vai sendo construída aos poucos, por aqueles que partilham esse lugar e que vão colocando nele suas marcas. Como um ninho, uma concha ou uma toca, a sala de aula é lugar de proteção e continência, assim como de desafios e crescimento, no qual as pessoas aprendem a ser e, ali vivendo, aprendem a viver.

Nesse pensamento entendemos que a brinquedoteca é o espaço onde a criança estuda brincando, aprende criando e descobrindo o mundo à sua volta. É um espaço de fantasia e o mesmo tempo um sonho real.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho apresentou uma ideia de como a Educação Infantil está estruturada na Base Nacional Comum Curricular e fundamentações a respeito da importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem infantil, revelando que a ludicidade é muito importante para o desenvolvimento integral da criança, sobretudo dos educadores, pois é através das brincadeiras, dos brinquedos e dos jogos que a criança descobre a si mesmo e o outro.

A ludicidade proporciona uma diversidade de atividades prazerosas que desenvolvem a criança em seus aspectos: cognitivo, afetivo, social e motor. Por meio das atividades lúdicas  a criança experimenta, descobre, cria, adquire habilidades, desenvolve a autoconfiança,  criatividade, pensamento, expande o desenvolvimento da linguagem, a autonomia e a atenção. Através da dinâmica, o lúdico possibilita além de situações satisfatórias, o surgimento de condutas e assimilação de regras sociais, proporciona o desenvolvimento de seu intelecto, tornando claro seu sentimento, suas angústias, ansiedades, ajudando com o reconhecimento suas dificuldades, proporcionando assim soluções e um engrandecimento na vida interior da criança.

Visando todas as informações obtidas nesse estudo é possível concluir que tem grande importância apontar que as brincadeiras e os jogos em sala de aula, podem ser tidas como atividades sociais sobrepostas de interação específica e fundamental que assegura a interação e construção do conhecimento da realidade experienciada pelas crianças e de constituição do sujeito-criança como sujeito agente da história.

REFERÊNCIAS

ACOMPORA, Bianca. Ludoterapia: o brincar terapêutico. Revista Psique Ciencia& Vida, São Paulo, Ed. 97, p.56-63, jan.2013.

Apostila de oficinas de brinquedos pedagógicos. Curso de Pedagogia. Faculdade INET.2014.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.

_____. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasilia: MEC/Secretaria de Educação Básica,Vol. 1. 1998.

CEBALOS, Najara Moreira. et al. Atividade lúdica como meio de desenvolvimento infantil. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd162/atividade-ludica-como-meio-de-desenvolvimento.htm. Acesso em 17/07/2014.

FORTUNA, Tania Ramos. O lugar do brincar na Educação Infantil. Revista Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, nº 27,p. 8-10, junho. 2011.

LEAL, Florência de Lima. A importância do Lúdico na Educação Infantil. 2011. Monografia (Superior em Pedagogia) – Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros – CSHNB, Picos-PI: 2011.

NEZ, Egeslaine de. MOREIRA, Janete Aparecida Nicastro.  Reflexões sobre a utilização da brinquedoteca na educação infantil: um estudo de caso no norte Mato Grosso. Disponível em: http://www2.unemat.br/revistafaed/content/vol/vol_19/artigo_19/129_145.pdf. Acesso em 17/07/2014.

O LUGAR do brincar na educação infantil. Revista Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, nº 27, p.8-10, jun.2011.

PEREIRA, Natividade. Brinquedoteca: jogos, brinquedos e brincadeiras. São Paulo: Paulinas, 2004.

SANTOS, Jossiane Soares. O lúdico na educação Infantil.2012. Fórum internacional de Pedagogia, Parnaíba- PI. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/ludico.pdf. Acesso em 16/07/2013.

[1] Cursando Mestrado em Ciências da Educação (UNADES – PY), Especialista em Psicopedagogia (TAHIRIH-AM) e em Administração Escolar, Supervisão e Orientação pela UNIASSELVI-SC, Graduada em Normal Superior (UEA) e Pedagogia (INET).

[2] Orientadora. Especialização em Gestão e Educação Ambiental.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Maio, 2021.

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Gisele Mariotti Putton

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