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Um olhar sensível na prática pedagógica em espaços hospitalares: A andragogia

RC: 62858
714
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/pedagogia/olhar-sensivel

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ALVES, Geania Moreira [1]

ALVES, Geania Moreira. Um olhar sensível na prática pedagógica em espaços hospitalares: A andragogia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 22, pp. 05-34. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/pedagogia/olhar-sensivel, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/pedagogia/olhar-sensivel

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar os benefícios do atendimento andragógico dentro da Pedagogia Hospitalar para auxiliar na promoção da saúde integral do adulto hospitalizado e os reflexos positivos tanto para o aluno-paciente como para o hospital e para a economia da cidade.  Considera o papel importante da Pedagogia Hospitalar  dentro do contexto  histórico da educação e tem por base uma metodologia libertadora e humanitária que atua através de projetos e dialoga de maneira enriquecedora com os componentes curriculares instituídos pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC para o desenvolvimento das competências e habilidades, do pensamento crítico e da afetividade do aluno. As práticas educacionais do século XXI pedem a inclusão  imediata do adulto hospitalizado no atendimento  da Pedagogia Hospitalar.

Palavras-chave: Andragogia, pedagogia hospitalar, adultos hospitalizados.

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. (FREIRE, 2014)

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda a atuação do profissional de pedagogia dentro do ambiente hospitalar, os diversos viés de contribuição e desperta para várias considerações quanto a importância da educação e seus reflexos na prevenção e no tratamento da saúde do adulto.

A tecnologia tem proporcionado grandes avanços para descoberta, prevenção e cura de diversas doenças na área da saúde, no entanto, quanto às relações humanas, ainda atualmente, é possível observar nos ambientes hospitalares uma dicotomia na relação profissional-paciente-patologia.

O formalismo administrativo, a dificuldade de acesso a serviços hospitalares especializados, carência de recursos humanos, e a demanda maior de uma sociedade cada dia mais dependente de suporte emocional e de apoio às diversas patologias, refletem em superlotações, causando, de modo geral, a unilateralidade no atendimento e o distanciamento dos aspectos humanos para um atendimento hospitalar de qualidade.

Sob esse aspecto, incorre-se a despersonalização do paciente, onde ele, muitas vezes é identificado pela patologia, analisado e tratado como um número ou utilizado como instrumento de pesquisa e não como ser biopsicossocioespiritual. Essa situação leva à falta de identidade e autonomia do paciente, criando, muitas vezes, desinteresse e apatia que o colocam em condições de passividade e gera outras patologias mentais diante de um processo em que ele deveria estar ativo para o restabelecimento de seu quadro clínico.

Tornam-se necessárias ações que promovam parcerias voltadas para a qualidade do atendimento no ambiente hospitalar. Diante desse cenário, surge a Pedagogia Hospitalar que extrapola a Classe hospitalar e abarca toda a instituição hospitalar, e propõe uma cultura de educação para atuar como ponte no apoio especializado às equipes multidisciplinares e aos adultos hospitalizados, que necessitam de atendimento contínuo e principalmente de um olhar educador e acolhedor através de estímulos afetivos e cognitivos, contribuindo assim, no processo de desospitalização.

A Pedagogia Hospitalar tem comprovado ao longo do tempo que é um modo de ensino que possibilita a reabilitação em crianças e adolescentes, bem como de adultos, por meio da Andragogia, favorecendo não somente a continuidade dos estudos, quanto proporcionar uma experiência educacional baseada em seus interesses e assim promover o bem-estar a autoestima, a dignidade, a saúde mental e preservação da cidadania.

Esse artigo é fruto de observações realizadas durante atendimento hospitalar. São experiências que apontam para a urgência na ampliação do atendimento pedagógico por meio da Andragogia e tem como finalidade propostas mais atraentes para o processo educativo de adultos hospitalizados. É urgente a inclusão desse público nessa modalidade de educação. É uma questão social de grande impacto humano, sanitário, psíquico, econômico, político e cultural. E suscita algumas reflexões, a saber:

  • Quais os benefícios de estender o acesso à Educação aos adultos hospitalizados?
  • Se a educação é direito de todos, como garantir que esse adulto hospitalizado tenha acesso ao atendimento pedagógico hospitalar?

Paulo Freire, Norman Doidge e Malcolm Knowles: faróis que iluminam e impactam a educação do século XXI.

1.1 BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL NO BRASIL

Educar verdadeiramente não é ensinar fatos novos ou enumerar fórmulas prontas, mas sim preparar a mente para pensar. (EINSTEIN)

Esparta e Atenas deram origem à conflitos educacionais que alimentaram durante séculos o debate pedagógico, no Brasil, com tendências ora para um, ora para outro modelo. Isso fica mais evidente quando analisa-se o documentário Argentino “A Educação Proibida”, produzido em 2012, cuja análise histórica educacional, dos últimos 200 anos, através da participação de profissionais acadêmicos de países Latino Americanos deixa evidente em sua história que, na Prússia, no século 18, quando surgiu a educação pública, gratuita e obrigatória, o despotismo esclarecido se utilizou dos princípios iluministas (Paidéia) para satisfazer o povo, porém, conservando o regime absoluto (Agogé), onde as crianças precisavam desenvolver suas capacidades, dia após dia, tendo os interesses do adulto a conduzir seu desenvolvimento, sempre pautados por repetições, concorrências e um sistema de prêmios e castigos imputados pelos pais e professores. Essa abordagem histórica afere que o sistema “prussiano”, de 1819, ou seja, no séc. XVIII d.C., apresenta reflexos profundos da influência da educação espartana a qual, particularmente, no Brasil, é fortemente identificado através da metodologia tradicional aplicada nas salas de aula ainda atualmente. Essas constatações suscitam reflexões profundas que remetem à Platão (séc. V, a.C), e dialoga com o Mito das Cavernas narrado em seu livro “A República”, de onde, fica a presente analogia:

Se por um lado, o aprendizado é a ferramenta que atrai as pessoas para perto da luz do conhecimento, abrindo novas possibilidades e conexões, como ocorre ao fugitivo que segue para fora da caverna e encontra um mundo novo, desconhecido e inexplorado, cheio de cores, brilho, vida… Por outro lado, o mito das cavernas faz refletir que a ausência de conhecimento é a sombra, o medo do desconhecido, que impede o indivíduo de sair da caverna em direção à luz. Levando em consideração a estrutura econômica do mercado atual de trabalho, a miséria e a fome espalhadas no país, isso representa a falta de estímulo e de preparo tanto do aluno, quanto a negação de emprego pelas empresas e a desvalorização do ser humano através da exploração da mão de obra.

Percebe-se que a educação no Brasil sofre influências do modelo educacional espartano, apresentando, conforme o mito das cavernas, grande parte das escolas como uma caverna escura, desumana, que segrega e forma os alunos com o objetivo de competitividade, obediência e passividade, seguindo um sistema educacional voltado para interesses políticos e industriais. E quando um aluno se depara com uma metodologia que estimula o pensamento crítico e a afetividade, finalmente liberta-se do sistema tradicional para mergulhar em novos conceitos de aprendizagem, descobrindo o sentido e a beleza da aprendizagem que respeita e valoriza o indivíduo. Pensando naqueles que permaneceram na sombra da caverna, ele volta. Mas não encontra espaço para ser ouvido porque o sistema educacional, em sua maioria, permanece uma máquina que não estimula no aluno a manifestação do pensamento.

“É nesse sentido que se afere em que formar é muito   mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas, […]”. (FREIRE 2016, p.16).

A história da educação brasileira mostra que o modelo seguido durante séculos, foi influenciador da formação do povo brasileiro, porém, esse processo histórico-cultural, começou a enfraquecer, a partir de 1932, com  o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que, de acordo com INEP (1944) apresentaram as propostas organizacionais necessárias nos Estados e na área da educação. Esse Manifesto tornou-se base política que alicerçou a educação e a sociedade brasileira até a atualidade, apresentando a primazia da administração escolar estabelecida como fator fundamental para a solução dos problemas educacionais da época.

“A renovação educacional estava alicerçada nas teorias psicológicas de Lourenço Filho, na contribuição sociológica de Fernando de Azevedo e no pensamento filosófico e político de Anísio Teixeira”. (SANDER, 2007, p.28)

Esse Manifesto funcionou como um divisor de águas, trazendo diretrizes para a educação brasileira e, de acordo com Aranha (2012) “reiterou a necessidade de o Estado assumir a responsabilidade da educação, que se achava em defasagem com as exigências do desenvolvimento”.  A proposta visava a renovação das técnicas e a exigência da escola única, obrigatória e gratuita. Surgia uma nova política educacional, pautada na formação do profissional da educação, com o educador mais consciente das capacidades administrativas que deveria desempenhar e, onde os métodos e técnicas científicas serviriam de base para avaliar a situação e os resultados após sua aplicação. Era o início da aplicação do pensamento científico nas ações da escola.

Assim, novas perspectivas se descortinavam ante a esperança de democratizar e transformar a sociedade brasileira por meio da escola e, no final dos anos 50 e início dos anos 60, surgia um novo  modelo educacional  com uma pedagogia libertadora que estimulava a autonomia do estudante para uma aprendizagem integrada, com a participação da família e tem suas origens no movimento da educação popular, porém foi interrompida pelo golpe militar de 1964, que dentro do regime,  instituiu, programas de educação centrados nos interesses econômicos, dentre eles, em 1967 o MOBRAL – Movimento Brasileiro De Alfabetização, cujo objetivo era a alfabetização funcional de jovens e adultos ensinando a ler e escrever para trabalhar nas indústrias (ARANHA, 2012), recordando o modelo espartano  quanto a uma formação desprovida do sentido de assegurar o desenvolvimento do adulto em seus aspectos biopsicossocioculturais e morais. O MOBRAL foi extinto em 1985.

E com a chegada da democracia, surgia a retomada do desenvolvimento no final dos anos 70 e início dos anos 80, trazendo como proposta, a atividade escolar pautadas em discussões de temas sociais e políticos e em ações sobre a realidade social imediata; com objetivo de analisar os problemas, os fatores determinantes para estruturar uma forma de atuação voltada para a transformação da realidade social e política. Surgia uma nova proposta de modelo educacional onde o professor passa a ser visto como um coordenador de atividades que organiza e atua conjuntamente com os alunos.

As políticas públicas educacionais apontavam tendências progressistas com propostas de projetos educacionais integradores e currículos flexíveis para a educação.

É neste contexto que há o surgimento da Pedagogia hospitalar.

2. O PEDAGOGO HOSPITALAR

2.1 HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

De acordo com Matos e Mugiatti (2014), desde a antiguidade, através de evidências encontradas em papiros egípcios, nota-se a preocupação com a saúde. Em que, ao decorrer do tempo esta preocupação foi tomando proporções ainda maiores, na qual as pessoas começaram relacionar os fatores sociais, educacionais e ambientais com a saúde, como se pode observar na idade medieval.

Sendo assim, a Pedagogia Hospitalar, tem como propósito minimizar o sofrimento de pacientes infantis dentro dos hospitais, de modo a complementar o tratamento médico, visando os cuidados psicossocial e cognitivo, além de garantir outros fatores benéficos durante tratamentos de crianças e adolescentes.

De acordo com Esteves (2013), a Pedagogia Hospitalar, surgiu em 1935 na França, através da criação da primeira instituição voltada a crianças inadaptadas. Inaugurada pelo Ministro da Educação, Henri Sellier. Sendo este modelo exemplar, mais tarde implementado em toda a França, na Europa, na Alemanha e nos Estados Unidos, com o propósito de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas.

A Segunda Guerra Mundial pode ser considerada como o marco significativo da introdução das escolas em hospitais. Devido a ocorrência de muitos desastres que afetaram muitas crianças e adolescentes, sendo estes mutilados e impossibilitados de ir à escola, fez com que houvesse um engajamento, especialmente dos médicos, em defesa do envolvimento da escola em seu serviço.

Em 1939 foi criado o C.N.E.F.E.I. – Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptadas, localizada em Suresnes, com intuito de capacitar e formar professores para trabalhos em instituições especiais e hospitais. Ainda neste ano, na França, houve a criação do Cargo de Professor Hospitalar junto ao Ministério da Educação. Desde a sua criação até os dias de hoje, o C.N.E.F.E.I. tem como finalidade mostrar as pessoas que a escola não é um local fechado. Este, oferece estágios para professores e diretores de escolas; médicos de saúde escolar e assistentes sociais em regime de internato.

No Brasil, a legislação constatou em conjunto com o estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado, por meio da Resolução nº. 41 de outubro em 1995, no item 9, o “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”.

Em 1969, foi criado o Decreto Lei nº 1044/69, que diz:

Art.º. 1º São considerados merecedores de tratamento excepcional os alunos de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando distúrbios agudos ou agudizados, caracterizados por:  a) incapacidade física relativa, incompatível com a frequência aos trabalhos escolares; desde que se verifique a conservação das condições intelectuais e emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade escolar em novos moldes.

Atualmente esta lei, mesmo sendo datada em 1969, se faz muito presente, pois garante a continuação dos estudos dos alunos que se encontram em estado convalescente, em que determina em seu art. 2º a atribuição de exercícios domiciliares com acompanhamento da escola, como forma de compensação de ausência, de modo compatível com as suas possibilidades de saúde e estabelecimento.

Em 2002, foi elaborado pelo Ministério da Educação adjunto a Secretaria de Educação Especial um documento de orientações estratégicas voltadas ao atendimento nas classes hospitalares, garantindo o acesso à educação básica.

Em 2006, o CNE/CP Nº 1, apresentou outro avanço importante ao instituir Diretrizes Curriculares Nacionais que incluíram a ampliação do atendimento pedagógico fora dos ambientes escolares, conforme consta em seu Art.º 4, inciso IV: “trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo”. Esse documento reconhece que a educação vai além dos muros da escola e invade todos os espaços e tempos da vida, seja dentro dos lares, empresas, presídios, ruas, Instituições que abrigam crianças, jovens e idosos, estendendo-se também aos hospitais.

Assim, em 2018, a legislação referente a Pedagogia Hospitalar, foi revista e atualizada através da lei nº 13.716, com a inserção do artigo 4º-A na LDB nº 9394/96, assegurando atendimento educacional ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde, em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado.

Matos e Mugiatti (2009) apresenta a Pedagogia Hospitalar como um sublime desafio que difere do ensino tradicional porque sugere uma ação educativa que se adapte às necessidades de cada aluno em diferentes circunstâncias. Nesta área o Pedagogo desenvolve uma assistência pedagógica personalizada, dentro de princípios éticos, bioéticos e estéticos, que respeita a patologia do paciente e  se adapta às estruturas hospitalares, utilizando uma didática e metodologias flexíveis e lúdicas para que os alunos hospitalizados sintam-se estimulados na continuidade do processo do ensino aprendizagem, garantindo assim, o acesso à educação.

A existência de atendimento pedagógico-educacional em hospitais garante que novos conhecimentos e informações possam ser adquiridos contribuindo para o desenvolvimento biopsicossociocultural e espiritual do educando. E nesse sentido Morin (2003, p. 42) reforça que o

objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, onde o saber é acumulado, empilhado, e não dispõe de um princípio de seleção e organização que lhe dê sentido, mas o “de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida.

Dessa forma, a Pedagogia Hospitalar vem se expandindo no atendimento à alunos hospitalizados, na qual destaca-se, em muitos hospitais do Brasil, a ênfase da filosofia humanística.

Cabe destacar que o desenvolvimento do atendimento pedagógico hospitalar dentro de premissas humanizadas irá beneficiar a saúde mental do aluno hospitalizado, refletindo, ainda de acordo com (MATOS e MUGIATTI, 2014), nos aspectos da saúde física e psicológica do indivíduo.

Observa-se que a continuidade dos estudos, paralelamente ao internamento, traz maior vigor às forças […] como estímulo motivacional, induzindo-o a se tornar mais participante e produtivo, com vistas a uma efetiva recuperação. Tal fato, além de gerar uma integração a participação ativa que entusiasmam o escolar hospitalizado, pelo efetivo da continuidade da realidade externa, contribui, ainda de forma subconsciente, para o desencadeamento da vontade premente de necessidade de cura, ou seja, nasce uma predisposição que facilita sua cura e abrevia o seu retorno ao meio a que estava integrado. (MATOS e MUGIATTI, 2014, p. 72).

E Matos e Mugiatti (2014, p. 73), complementam que “o pedagogo hospitalar é uma evolução e agente de mudança”, ou seja, é o intermediário para “a adaptação do ambiente hospitalar para a escola e da escola para o ambiente hospitalar constitui-se uma necessidade” que visa o bem-estar do aluno que, de outra forma, ficaria prejudicado em seus direitos de dar sequência a seus estudos. Trata-se de uma questão ética e de cidadania.

Assim, Humanização é a palavra que define o processo de atendimento pedagógico-hospitalar, uma vez que o Pedagogo deve saber reconhecer a limitação do aluno em contribuir com uma atividade. Envolve o ser integral, atendendo suas necessidades físicas, psíquicas, culturais e sociais.

Sendo assim, Sales; Lima e Souza (2016) destacam que o pedagogo que trabalha em um ambiente hospitalar precisa ser bioético e empático para compreender emocionalmente a situação do aluno hospitalizado. Em um momento de tanta fragilidade emocional e vulnerabilidade física e psíquica, cabe ao pedagogo sensibilidade e empatia para saber o momento de atuar,  seja através da didática pedagógica ou do amparo ao aluno em sua fragilidade usando uma escuta ativa, um olhar atento e o acolhimento, sempre considerando um ambiente onde os sentimentos como medo, incerteza, insegurança e anseio são tão frequentes, como o hospitalar.

E nesse sentido, Freire (2014, p. 70) ressalta que “a alegria e a esperança devem permear o espaço pedagógico”, sendo total responsabilidade do pedagogo a transformação do ambiente hospitalar num ambiente agradável através de práticas educativas que estimulem a participação do aluno como sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem.

Quando existe uma relação horizontal, dialógica entre professor e aluno e aluno e professor, onde não há transferência de conteúdo, mas sim, a compreensão do objeto estudado obtida através dos materiais oferecidos pelo professor ao aluno (FREIRE, 2014 p.116).

O pedagogo que atua em hospitais convive com realidades distintas de pessoas diferentes que tiveram seus sonhos e projetos interrompidos, mesmo que temporariamente, por causa do surgimento de uma doença que os impede de frequentar a escola, o trabalho, o convívio com a família e os amigos estando aptos a desencadear problemas no seu desenvolvimento psicológico, escolar, profissional e social.

Dessa forma, concluem Sales; Lima e Souza (2016), cabe ao pedagogo juntamente com a equipe multidisciplinar hospitalar, proporcionar atividades alegres, lúdicas e multidisciplinares, visando minimizar o sofrimento do paciente. Assim, quando o aluno hospitalizado puder retomar a sua rotina, conseguirá dar continuidade à sua vida e a seus estudos. É sabido que este trabalho é árduo, mas também satisfatório, pois proporcionará ao aluno a possibilidade de continuar seus sonhos e projetos interrompidos ao longo do período de hospitalização. E “não se deve negar o direito de sonhar a quem sonha”. (FREIRE, 2014, p. 141).

Em qualquer caso, o estudo exige sempre está atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos que observamos. Um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado. Não podemos interpretar um texto se o lemos sem atenção, sem curiosidade […]. (FREIRE, 1996, p.59)

Diante do exposto, conclui-se que o atendimento pedagógico é também terapêutico, visto proporcionar inúmeros benefícios ao aluno hospitalizado, uma vez que concilia educação, inclusão, adaptação e socialização promovendo o pensamento crítico, a alegria, a autoestima, a valorização e o bem-estar a todos os envolvidos; e que pode ser estendido ao adulto hospitalizado que,  vulnerável e fragilizado, muitas vezes, “acompanha de longe a atuação do pedagogo, e, esquece até da dor ao sorrir e manifestar o desejo de participar”, segundo relatos de experiências de equipes de enfermagem. Esses relatos despertam para algumas reflexões.

Afinal, como garantir que esse adulto hospitalizado tenha acesso ao atendimento pedagógico hospitalar?

Hipoteticamente, imagine a criança que ontem brincava, sorria, tecia sonhos, se transformando na figura do adulto que hoje encontra-se nos leitos hospitalares: pergunta-se, como ele reagiria se pudesse ter acesso ao atendimento pedagógico hospitalar? Ou ainda, aproximando a situação para o campo da empatia: como o leitor reagiria se, fosse hospitalizado por um período, e não pudesse acessar esse atendimento dando origem e/ou sequência aos estudos acalentados e adiados, às vezes, por tantos anos?

Sem facilidade de acesso à educação, o indivíduo pode se desenvolver, em alguns casos, sem parâmetros culturais e morais e sem o pensamento crítico, e isso pode refletir conceitos e hábitos positivos ou negativos “herdados” do meio. E, talvez pelos reflexos dessa herança cultural, seja comum ouvi-los dizer que educação é feita para as crianças e os jovens, e que o adulto não tem mais idade para aprender.

E Knowles (2011, p. 49) desfaz essa crença ao esclarecer que:

[…] todos os grandes mestres dos tempos antigos – Confúcio e Lao Tsé na China, os profetas hebreus e Jesus nos tempos bíblicos; Aristóteles, Sócrates e Platão na Grécia antiga, e Cícero, Evelídio e Quintiliano na Roma antiga – foram professores de adultos, não de crianças. E que nessas experiências, eles desenvolveram um conceito muito distinto do processo ensino/aprendizagem do que aquele que acabaria por dominar a educação formal. Esses professores notáveis acreditavam que a aprendizagem era um processo de investigação mental, e não a recepção passiva de conteúdos transmitidos, desenvolvendo, assim, técnicas para envolver os alunos com a investigação […]”. E motivar a curiosidade e o pensamento crítico é uma das técnicas usadas pela Pedagogia Hospitalar.

Por outro lado, fica evidente que, sendo os grandes mestres detentores da sabedoria, lecionavam aos adultos porque sabiam que os mais jovens precisavam dos bons exemplos dos mais velhos. Porém, com os avanços e retrocessos da história da educação ao longo dos séculos, percebe-se uma possível dicotomia que justificaria o entendimento de alguns adultos sobre “não ter mais idade para aprender”.

A educação do século XXI pede um olhar mais atento à bagagem repleta de experiências, sentimentos, sensações, histórias, erros e acertos, de vidas que merecem ser respeitadas e valorizadas, juntamente com suas crenças, e valores. Trata-se de uma questão social de grande impacto humano, sanitário, psíquico, econômico, político e cultural.

A Constituição (1988) estabelece a cidadania, a dignidade, a saúde e a educação como direito de todos,  a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9394/96) regulamenta a educação a todos assegurando em seu Artigo 3º, inciso XIII, a garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida  e  no artigo 4º-A, o atendimento educacional ao aluno da educação básica internado em tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar. Além disso, existe a Resolução CNE/CEB nº 1/2000, que regulariza e faz cumprir o direito à educação ao adulto. Assim, considerando-se as especificidades diferenciadas para a educação nos espaços hospitalares, torna-se necessário apenas um complemento quanto às práticas educacionais diferenciadas para o atendimento andragógico na Pedagogia Hospitalar.

A Andragogia é um termo criado como modelo integrado de aprendizagem de adultos para diferenciá-lo da teoria de aprendizagem infanto-juvenil, conforme explica Knowles (2011, p. 78):

Se na pedagogia cabe ao professor total responsabilidade pelas decisões sobre conteúdo da aprendizagem, ficando as crianças em um papel submisso na dinâmica educacional, na Andragogia a educação de adultos se baseia numa educação autodirigida onde o pedagogo atua como facilitador do processo de ensino aprendizagem. Nesse modelo, os adultos precisam saber por que precisam aprender algo e assumem a responsabilidade por suas próprias decisões e por sua vida.

E, na sequência, Knowles explica quais aspectos precisam ser observados e o que diferencia a pedagogia da andragogia em suas práticas,

Ao esclarecer as características e capacidades dos adultos, em que os mesmos são sujeitos autônomos, responsáveis pelas suas decisões e vida; apresentam maior capacidade de compreensão das atividades educacionais e soluções necessárias advindas dos desafios e situações da vida, devido a sua variedade de experiências se comparado as de uma criança; também são centrados na vida para sua orientação e aprendizagem, necessitando saber por que precisam aprender algo; além de responderem melhor aos motivadores internos do que aos externos.

Esses tópicos deixam claro que a Andragogia dialoga com o atendimento pedagógico aos adultos hospitalizados, motivo pelo qual o Pedagogo precisa estar atento e capacitado para atuar nos diferentes níveis de linguagens.

2.2 O QUE SE ESPERA DO PROFISSIONAL PEDAGOGO NA PRÁTICA HOSPITALAR

Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual. (EINSTEIN)

O indivíduo, quando hospitalizado,

É destituído da liberdade que até então ocupava na sociedade e passa a participar de um grupo social específico, de doentes internados, onde desenvolve acentuada dependência a começar pelo espaço físico limitado, suas roupas e objetos pessoais retirados, perda de privacidade, entre outros. (SILVA, 1996).

Nesse contexto, Kamiyama (1984) chama a atenção para o fato de que o estado motivacional do adulto hospitalizado é especial, pois caracteriza-se por insegurança, perda da autonomia, perda da identidade e da autoestima podendo levar a quadros de depressão, estresse, ansiedade ou outras patologias mentais em decorrência da incapacidade psicológica de lidar com os aspectos que acompanham tanto a doença grave como a mudança de ambiente.  E Silva (1996), pontua que o paciente hospitalizado sente falta de atividades, recreação e de relações sociais afetivas. Todos esses aspectos são uma ameaça à sua saúde mental podendo criar reflexos negativos na evolução de sua saúde física refletindo, muitas vezes, em um período maior de internação.

Assim, diante desses quadros, a presença do pedagogo hospitalar tem um impacto importante, visto que o atendimento pedagógico auxilia o paciente adulto hospitalizado a  transformar o ambiente hospitalar num local agradável através de atividades interativas que promovam a curiosidade, a alegria e a socialização junto às equipes multidisciplinares favorecendo a harmonia, integração e o  bem-estar entre o aluno e os diversos ambientes hospitalares. Contribui, inclusive, para transformar toda a sociedade local que transita nesses espaços e no entorno. É a educação que beneficia a todos.

Isso comprova a teoria do neurocientista Doidge (2012, p. 9) que esclarece que “o cérebro produz neuro gênese a vida inteira e isso lhe dá a capacidade de aprender e organizar conteúdos, independentemente da idade”. E apresenta diversas experiências científicas que comprovam que, de acordo com o pensamento, aprender ou agir podem ativar ou desativar os genes, moldando a anatomia cerebral e o comportamento humano. Informa ainda, que a neuroplasticidade* permite ao cérebro modificar sua própria estrutura e seu funcionamento em resposta às atividades e experiências mentais. Em outras palavras, o ser humano aprende e se sente estimulado com aquilo que mexe com as emoções, com os sentidos, que gera curiosidade, alegria, prazer. Sempre irá aprender algo novo. Essa capacidade só cessa quando o indivíduo morre. Assim, quanto mais estímulos cognitivos permeados de afeto o pedagogo hospitalar apresentar, maior a capacidade do cérebro do aluno hospitalizado se modificar, contribuindo para sua cura e aprendizagem.

E dentro dessa perspectiva, Mora (2017) esclarece que o atendimento pedagógico-andragógico apresenta pressupostos que ressaltam a importância de “romper o esquema e sair da monotonia” pois “os elementos desconhecidos, que nos surpreendem, são aqueles que abrem a janela da atenção, imprescindível para a aprendizagem”. Ou seja, enfatiza a necessidade do pedagogo hospitalar criar práticas pedagógicas potentes, permeadas de afeto e respeito para que atuem como estímulos ao cérebro e influenciem mudanças nos pensamentos, que por sua vez influenciarão as emoções e as atitudes, contribuindo como auxiliar no processo de cura e até  da desospitalização, vez que, de acordo com o filósofo Hipócrates de Cós, que entre os séculos IV a.C. e V a.C., já apresentava estudos profundos e algumas bases científicas sobre os aspectos do humor e suas influências na cura ou na complicação da doença no indivíduo, complementa (FERNANDES, 2020).

E quais os benefícios de estender o acesso à Educação aos adultos hospitalizados?

Sendo a educação direito de todos, o pedagogo hospitalar do século XXI precisa de competências e habilidades diferenciadas para trabalhar as competências e habilidades do aluno hospitalizado com qualidades éticas e bioéticas que o habilitem para práticas educacionais versáteis e inovadoras voltadas ao atendimento andragógico e pedagógico, vez que dentro o ambiente hospitalar se situam crianças e adultos de contextos diversos. Assim, uma vez impossibilitados de ir até a escola, a escola deve ir até eles, visto que a doença não pode ser vista como um fator de descontinuidade no processo de ensino-aprendizagem seja da criança ou do adulto e, é nesse aspecto que a pedagogia e a andragogia hospitalar, tem impactos profundos, afinal não é qualquer tipo de ensino que promove o interesse e o desenvolvimento do aluno enfermo: é preciso uma mediação especial para suscitar o desejo de participação no processo educativo dentro do contexto hospitalar, ao que Paulo Freire (2016, p. 12) reforça a questão da ética  quando diz que “Ensinar não é transferir conhecimento”, é respeitar a autonomia e a identidade do educando. Assim, para se obter resultados diferentes, o pedagogo hospitalar desenvolve práticas pedagógicas diferenciadas e projetos multidisciplinares que envolvem todos os colaboradores do hospital promovendo educação e bem-estar para o aluno, o acompanhante e toda a equipe multidisciplinar que o acompanha. O resultado é o bem-estar do paciente que, estimulado se recupera mais rápido, gerando maior rotatividade. Assim, o Pedagogo torna-se uma ferramenta importante também para o processo de crescimento e aprovação hospitalar no mercado. É o profissional que chega para revolucionar a educação do século XXI.

E dentro desse mecanismo, de acordo com Matos e Mugiatti (2009) está o reflexo da pedagogia hospitalar em favorecer a comunicação e a parceria entre as diversas equipes e setores  nos mais variados ambientes do hospital através da inter e transdisciplinaridade porque o pedagogo traz um olhar atento também ao ambiente e leva em consideração o perfil dos colaboradores que irá apoiar e receber apoio, contribuindo para o bem-estar de todos, inclusive considerando seus diferenciados turnos de trabalho. Dessa forma, auxilia na garantia, ainda, de maior rentabilidade, porque a educação é promovida a todos os envolvidos, logo, desde o paciente até os funcionários, todos sentem-se mais estimulados e engajados, aumentando a produtividade e a hospitalidade, e gerando bem estar não só nos colaboradores mas em todos os clientes internos e externos.

O papel do pedagogo no ambiente empresarial, mais especificamente na área da saúde, desenvolve-se por meio de técnicas pedagógicas com o propósito de oferecer recursos de aprendizagem mais eficientes e eficazes, objetivando a formação continuada de equipes. (O QUE É EXPERIÊNCIA DO COLABORADOR? 2020)

O profissional pedagogo contribui para o desenvolvimento de competências (conhecimento, habilidades, atitudes, valores, entorno e sustentabilidade) em um mundo que está cada vez mais complexo (MU-V.UC.A[2]) e faz uso de metodologias pedagógicas para oferecer e aplicar projetos educacionais para os colaboradores do hospital e até para o entorno, ou seja, a sociedade local, com promoção de parcerias de palestras sobre saúde do homem, saúde da mulher, saúde infantil, entre outros (WUNDERLICH, 2020), gerando reflexos positivos na saúde  e na economia do país.

De acordo com Prado (2018), o capital intelectual humano, ou seja, o conhecimento das pessoas torna-se cada vez um bem precioso a ser preservado no mundo dos negócios. A Pedagogia na área da saúde pode promover mudanças consideráveis no aperfeiçoamento dos colaboradores, concretizar a humanização  por meio da educação  e provocar transformações positivas no ambiente para um melhor desempenho das equipes trazendo, consequentemente, melhores resultados na experiência do cliente hospitalizado, visto que, dentro do ambiente hospitalar, o pedagogo trabalha em parceria com as áreas assistenciais (equipes médicas, enfermagem, centro cirúrgico) e de suporte, necessárias para o funcionamento da instituição como nutrição, hotelaria, manutenção, setor de qualidade, recursos humanos, entre outros, que apoiam as ações educativas para os colaboradores, conforme propósitos e objetivos da instituição hospitalar auxiliando na comunicação entre os diversos setores para garantir o bem-estar  do cliente central: o paciente.

Dessa forma, o pedagogo hospitalar do século XXI precisa estar revestido de sensibilidade e humanização para o fazer psicopedagógico, com o olhar ético, estético e bioético mais sensível e estratégico para construir pontes entre o desenvolvimento do aluno e o ambiente hospitalar.

Diante dos quadros apresentados, infere-se que o Pedagogo, além de humilde e humanizado, precisa ter uma postura reflexiva, aberta às novas concepções no ato de planejar, aplicar e autoavaliar-se, mantendo o olhar bioético para  um planejamento estruturado e flexível às práticas pedagógicas que abrangem todos os setores, vez que torna-se o eixo central, conectando todos os departamentos e aproximando as equipes multidisciplinares ao paciente e esse à todas as equipes,  proporcionando integração e aprendizagem e transformando o hospital num ambiente “acolhedor, um espaço pedagógico alegre e aconchegante contribuindo com que o aluno enfermo melhore emocionalmente, mentalmente e fisicamente, garantindo assim o processo de aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, psíquico e afetivo, orientam (CECCIM e FONSECA 1999).

Outrossim, cabe destacar que, requer também uma especial sensibilidade para trabalhar com a diversidade, já que dentro de um ambiente hospitalar poderá encontrar educandos com diferentes bagagens culturais, atuando inclusive, muitas vezes, como escriba, visto que haverá alunos impossibilitados de escrever.

Conclui-se por todos os aspectos observados, que, o pedagogo hospitalar atuará como facilitador na aprendizagem precisando desenvolver um bom relacionamento pessoal com o aluno, embasado, de acordo com Knowles (2011) em três qualidades atitudinais:  sinceridade, estima, confiança e respeito; ter compreensão empática, ser sensível e um bom ouvinte.

2.3 AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO COTIDIANO HOSPITALAR

São os humildes que se tornam bons professores de adultos. Em uma turma de adultos, a experiência do aluno conta tanto quanto o conhecimento do professor. (KNOWLES, 2011, p.52)

Considerando os aspectos inovadores necessários para a educação do século XXI, que solicita do profissional da educação a humanização nas metodologias para uma aprendizagem mais significativa e contextualizada, visando a formação do ser integral, o pedagogo hospitalar, precisa dialogar com as necessidades desse novo tempo através das pesquisas e da educação continuada buscando a aquisição de novos saberes que contribuam para práticas pedagógicas coerentes, potentes e inovadoras capazes de promover reflexões e mudanças positivas na vida do  aluno hospitalizado e do meio em que ele se encontra.

Assim, antes de pensar quais recursos e quais práticas pedagógicas são as mais indicadas, cabe ao pedagogo hospitalar observar algumas etapas fundamentais ao bom andamento de seu trabalho:

É importante salientar, conforme apresentado no item anterior, que em primeiro lugar está o bem-estar do aluno, e, portanto, cabe ao pedagogo hospitalar um olhar atento e empático para perceber as necessidades e o estado emocional dele, onde muitas vezes, o pedagogo se torna o ombro amigo e confidente desse ser humano fragilizado e vulnerável às dores e ao ambiente em que se encontra.

Nesse sentido, as práticas  pedagógicas devem ser baseadas nos princípios éticos, estéticos e humanísticos, preconizados por Freire e Knowles para o atendimento pedagógico ao adulto em geral, visando neste artigo, atenção especial, de acordo com Knowles (2011) ao aluno hospitalizado, para a organização e planejamento dos projetos educacionais humanísticos, levando em consideração que todo ser humano carrega em si uma bagagem histórica, cultural e social, e que novos  saberes se constroem a partir do conhecimento prévio do educando, o que exige do pedagogo hospitalar  uma postura sensível, humilde e aberta,  reforça  Freire (2016), onde o respeito às individualidades que ali se encontram com suas diversidades culturais, étnicas e sociais sejam preservadas.

E Knowles (2011), esclarece que as práticas devem ser direcionadas para uma educação empreendedora e autônoma, com conteúdos personalizados onde o adulto hospitalizado sinta-se valorizado, acolhido e estimulado na curiosidade, no interesse, na independência, na criatividade e na autonomia compartilhando suas experiências e proporcionando uma educação mais emotiva, criativa e transformadora.

“O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”. (FREIRE, 2014, p. 58).

E sob esse aspecto, o atendimento andragógico dentro da Pedagogia Hospitalar apresenta uma proposta de educação integrada do ser baseada numa metodologia que concilia diferentes práticas pedagógicas como estratégias na educação e na motivação do aluno hospitalizado. É preciso reforçar que, por se tratar de um ambiente hospitalar, o educando vive em realidades diferentes e dolorosas, e é o pedagogo que, em parceria com as equipes multidisciplinares, utiliza recursos metodológicos que permitem a familiarização e aceitação do tratamento, auxiliando o aluno na compreensão dos procedimentos. E, nessa ponte de comunicação, as equipes multidisciplinares são importantíssimas pois proporcionam informações relevantes quanto ao estado clínico e emocional do paciente em prol de um atendimento pedagógico que tenha efeitos salutares. Devido a superlotação nos hospitais, essa parceria junto às equipes multidisciplinares são fundamentais às práticas pedagógicas e humanitárias que o pedagogo promove, pois estabelece a calma e a confiança ao aluno que passa a cooperar para sua melhora clínica.

É comum, por exemplo, o adulto hospitalizado acordar triste, ansioso, cansado ou com medo do ambiente em que se encontra, recusando-se a acompanhar um dos funcionários a outro setor para procedimentos. Estabelecido o vínculo de empatia, confiança e amizade entre o aluno e o pedagogo hospitalar, o quadro se altera após sua chegada, momento em que, muitas vezes, o aluno solicita ao pedagogo o acompanhamento até o local dos procedimentos. No percurso e até mesmo na espera do exame ou cirurgia, o pedagogo trabalha as habilidades cognitivas e socioemocionais desse aluno com práticas inclusivas e interativas propiciando um clima leve, tranquilo e ao mesmo tempo educativo e lúdico, utilizando-se elementos presentes como estetoscópio, nebulizadores e outros para fazer jograis, rimas e outras produções de textos intermodais verbais ou não verbais que, ao mesmo tempo em que familiariza, e envolve não somente o aluno hospitalizado como também  a todos os presentes que se encontram naquele ambiente, numa vivência que transforma esse momento numa atividade coletiva. É o atendimento pedagógico do século XXI ocorrendo em diversos setores do hospital e promovendo ao aluno integração com o meio, com as pessoas direta ou indiretamente associadas ao seu tratamento, além do conhecimento e da finalidade dos procedimentos e instrumentos que o rodeia e que o conecta não apenas com todas as situações vivenciadas mas também com os componentes curriculares BNCC proporcionando, ao mesmo tempo, a cooperação com seu tratamento que flui de maneira tranquila e a promoção do processo de ensino aprendizagem.

Outro aspecto importante para a prática pedagógica é a escuta ativa, assim, a partir dos fatos narrados pelo aluno, o pedagogo estabelece com ele um projeto onde compartilha a responsabilidade e se coloca como facilitador do processo. A partir daí um vínculo se estabelece, pois o aluno sente-se motivado e valorizado na sua autonomia.

O facilitador se baseia no desejo de cada aluno implementar os propósitos que têm significado para ele como força motivacional por trás da aprendizagem significativa. Assim, o facilitador procura “organizar e deixar à disposição o maior número possível de recursos para a aprendizagem, sejam materiais escritos, materiais de apoio psicológico, pessoas, equipamentos, recursos audiovisuais – todos os recursos possíveis que seus alunos desejem usar para o próprio aperfeiçoamento e para atender a seus propósitos”. Nesse processo, “o facilitador se vê como um recurso flexível a ser usado” pelo aluno hospitalizado, visto ser a ponte entre o ambiente hospitalar e o ambiente externo. “Ele está disponível como conselheiro, palestrante, orientador, uma pessoa com experiência na área. Ao responder às manifestações do aluno, o facilitador aceita o conteúdo intelectual e as atitudes emocionais, buscando dar a cada aspecto o grau aproximado de ênfase que ele tem para o indivíduo ou para o grupo. (KNOWLES, 2011, p. 89)

Sabe-se que todas as áreas de conhecimento comunicam-se naturalmente, assim como os diversos setores dentro de uma instituição hospitalar e, nesse sentido, em Brasil (2017) encontra-se a Base Nacional Curricular Comum – BNCC com as diretrizes para as competências e habilidades voltadas ao desenvolvimento sócio emocional do aluno, cabendo ao Pedagogo Hospitalar ser o “elo”, ou seja,  estar atento e presente para  mediar essas pontes de aprendizagem que conectam o aluno com os componentes curriculares.

Através da Resolução CNE/CEB nº 4/2010, esclarece que o pedagogo hospitalar traz em sua formação o diferencial que o capacita para o exercício dessas práticas educacionais enriquecedoras, visto que, o profissional desenvolve projetos onde o aluno é o protagonista, ele é o facilitador do saber e as diversas áreas que constitui o ambiente hospitalar tornam-se o laboratório de aprendizados e, dentro desse processo, o pedagogo é o eixo que promove a interação entre o aluno, as equipes multidisciplinares responsável pelo seu tratamento e demais funcionários do hospital,  além das vivências interativas que ampliam o saber e geram bem-estar a todos os ambientes envolvidos, auxiliando, consequentemente, na desospitalização mais rápida do aluno hospitalizado.

Desse modo, ao pensar práticas educacionais, o pedagogo hospitalar usa recursos simples, porém permeados de amor e baseados nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser, com métodos orientados por Paulo Freire e Knowles (apresentados anteriormente neste artigo) para conhecer como o aluno adulto, inclusive, o aluno hospitalizado, pensa sua realidade e qual a leitura que faz do mundo e de suas experiências, para a partir daí propor um projeto com tema gerador de várias questões que fomentem a curiosidade, debates e vivências para mapear novas possibilidades e ampliar o saber. No percurso desse saber,  as atividades são autodirigidas e focadas no interesse do aluno, assim, enquanto este recebe estímulos para desenvolver o pensamento crítico e criar propostas de soluções que façam sentido para si e para sua realidade, o pedagogo hospitalar, usando metodologia dialógica, segue o disposto pela BNCC e conecta elementos de linguagens, raciocínio lógico, artes, geografia e história, tecnologia e outros) às habilidades práticas, cognitivas e socioemo­cionais, organizando esses elementos nas práticas de aprendizagem dos projetos interativos.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. (FREIRE, 1968, p.44).

As práticas pedagógicas da educação do século XXI tem por finalidade o desenvolvimento do ser integral e, para atingir os objetivos, os recursos mais utilizados no atendimento pedagógico hospitalar são as ferramentas das artes como Storytelling, habilidades manuais, teatralização, jogos, músicas, poesias, além de estudos de casos,  gamificação,  recursos tecnológicos, e outros, onde o pedagogo torna-se facilitador do aprendizado e o aluno o sujeito ativo na construção prática do fazer pedagógico inovador e transformador.

Ressalta-se ainda, que o uso das tecnologias modernas tem grande destaque no planejamento para uma prática pedagógica coerente através de projetos e currículos multidisciplinares sendo o meio de comunicação mais acessível e rápido, ao alcance de quase todos os pacientes, seja tv, celular, tablet, notebook, entre outros. E nesse sentido, Aranha (2012) alerta para o fato que o problema educacional não está, apenas em utilizar a tecnologia como instrumento avançado no ensino, ou acompanhar a sua evolução no mundo do trabalho, mas questionar como deve ser daqui em diante uma pedagogia que realmente orienta o cidadão para compreender o mundo transformado pela tecnologia e atuar sobre ele de maneira crítica.

Na educação do século XXI não basta conhecer, é preciso saber “como” usar a tecnologia dentro da educação e assim contribuir no aprendizado dos alunos de maneira integrada para a sua formação.

A título de exemplo, segue uma situação rotineira nos ambientes hospitalares: ao entrar na enfermaria e encontrar o aluno fazendo uso de uma das tecnologias sugeridas, eis uma excelente oportunidade para o pedagogo hospitalar iniciar as práticas pedagógicas e “entrar“ na realidade do aluno para estabelecer um diálogo cordial e uma metodologia pedagógica coerente à necessidade do aluno, personalizando o atendimento a partir do primeiro encontro. Para isso, utiliza-se dos personagens que esse aluno hospitalizado estiver movimentando (jogo, game, filme, novela etc.), onde qualquer elemento de interesse é o agente para a promoção do aprendizado. Usando essa técnica pode-se abordar a história, a geografia, os hábitos, características e costumes relacionados à época que o evento ocorre enquanto estimula o aluno a fazer associações com a realidade em que ele se encontra. Dessa forma, o pedagogo hospitalar habilmente mapeia e insere os componentes BNCC (ex.: a fonética, a escrita verbal ou não verbal, produção de textos intermodais, a argumentação, o raciocínio lógico), e as competências sócio emocionais, visando o pensamento crítico e as habilidades. Através da anamnese e desse mapeamento, no próximo encontro, o pedagogo hospitalar poderá apresentar o tema gerador para um projeto onde atuará como facilitador da aprendizagem. Essa prática pedagógica leva em consideração os aspectos sociais, humanos e culturais de cada aluno.

É a educação do século XXI integrando todas a áreas de conhecimento dispostas na BNCC para favorecer uma educação integral ao aluno hospitalizado.

A técnica de abordagem pedagógica com a criança segue a mesma prática, porém, diferencia na linguagem e nos recursos ludo pedagógicos, visto levar em consideração o grau de desenvolvimento, conforme preconiza Piaget (1999). Assim, pode-se usar a mesma abordagem e o mesmo projeto, desde que esteja atento para respeitar a diferença na aplicação: a pedagogia hospitalar requer recursos diferenciados e adaptados ao nível de entendimento seja da criança ou do adulto hospitalizado.

E concluindo, é valido salientar que o pedagogo hospitalar deve ter em mente que o foco é a qualidade do aprendizado e não a quantidade de informações que o cérebro armazena. Dessa forma, as práticas pedagógicas para o atendimento hospitalar iniciam-se na empatia e, focam a participação e a cooperação do aluno para o desenvolvimento integrado do ser, sendo importante criar metodologias que estimulem e dialoguem com essas práticas de maneira ativa, lúdica, espontânea, criativa. A motivação ao raciocínio lógico deverá estar presente em todos os temas reflexivos, para, segundo Doidge (2012) estimular a curiosidade do aluno.

Portanto, as práticas pedagógicas para a educação do século XXI são excelentes ferramentas dentro e fora do ambiente hospitalar, visto se adequar ao processo de aprendizagem nos diferentes níveis e estágios de aprendizados, proporcionando o desenvolvimento do pensamento crítico, ético, estético, afetivo e criativo de maneira leve, agradável e lúdica.

3. RELATOS DE EXPERIÊNCIA DENTRO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

Segue alguns relatos de experiências pedagógicas como pequena amostra dos impactos salutares que o atendimento pedagógico promove aos adultos hospitalizados.

Relato nº 1:

A Professora R.G., conta-nos um pouco de sua vasta experiência no atendimento pedagógico Hospitalar e a necessidade de ampliar oficialmente esse atendimento aos adultos internados.

Em um hospital de doença crônica, temos pacientes de todas as possíveis idades. Porém, a Classe Hospitalar, só atua em um recorte cronológico que vai da Educação Infantil até aproximadamente 21 anos.

Porém muitos dos adolescentes em tratamento acabam evadindo dos processos regulares escolares. E a opção de organizar grupos de EJA é uma forma de acessá-los, novamente à escola.

Além disso, temos os pais que oriundos de diferentes regiões do país chegam muitas vezes na Cidade de SP, sem terem tido acesso aos estudos e se beneficiam dos grupos de EJA, organizados na Classe Hospitalar.

Nossas Classes de EJA sempre tiveram adolescentes e pais de pacientes internados em tratamento de doenças crônicas.

Os benefícios eram enormes, muitos se alfabetizaram, concluíram o Ensino Fundamental I e II; foram para o Ensino Médio e chegaram à Universidade.

Pensar a EJA nestes espaços educacionais é muito importante, como um resgate de possibilidades de aprendizagens para os estudantes e seus familiares.

Relato nº 2:

É a linda história de Lucas, paciente residente na Santa Casa que comemora a conquista do diploma no ensino fundamental

SÃO PAULO – Era junho de 2001. Lucas Gabriel Barbosa Santos tinha 2 anos e 8 meses e sintomas de pneumonia. A família o levou à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na região central da capital paulista, certa de que ele se recuperaria. Mas o quadro se agravou e, com ele, veio o diagnóstico: Lucas tinha Doença de Pompe, uma anomalia genética rara que paralisa os músculos. A dificuldade para respirar era apenas um dos sintomas da enfermidade que acometeu o garoto. Lucas nunca teve alta. Comemora todos os aniversários no hospital, onde aprendeu a ler, fazer contas de cabeça e ciências e história. Aos 20 anos, Lucas vive se superando. No fim de 2018, conquistou o diploma do ensino fundamental, após ter alcançado, com a ajuda de estudantes e de voluntários, nota 7,75 no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). (ESTADÃO, online)

Relato 3: Apresenta a comovente história de dona Maria, que, embora vítima do isolamento compulsório causado pela Hanseníase em 1940, nunca desistiu de estudar e é considerada a aluna mais velha de uma classe hospitalar:

Rio — Maria Trindade contornava a casa dos 87 anos quando arriscou as primeiras letras do seu nome sobre um pedaço de papel. Analfabeta, a ex-empregada doméstica cultivava o sonho de aprender a escrever sua assinatura quando o Abrigo João Paulo II, onde vive em Marituba, no Pará, decidiu implementar aulas no local. Matriculada desde então na classe de alfabetização da unidade, hoje, prestes a completar 92 anos, Maria é a estudante mais velha do Brasil a ter aulas em uma classe hospitalar, segundo o Censo Escolar 2017.

— Tudo que eu queria era ter feito uma faculdade, infelizmente não deu certo. Mas hoje depois de tantos anos, estou estudante. Nunca é tarde para aprender, basta a gente querer — contou em entrevista ao GLOBO

Se as chances de estudar já eram restritas para sua classe social, com o isolamento forçado, ficou ainda mais difícil. E, por muito tempo, Maria deixou adormecida a vontade de aprender. (O GLOBO, online)

Esses relatos colhidos em diferentes hospitais, dentro de diversos contextos, refletem o quanto a educação do século XXI impacta de maneira positiva na vida do adulto hospitalizado contribuindo para a cidadania e dignidade porque é feita de práticas inovadoras que transformam a sociedade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se na História da Educação, encontram-se por um lado, as rupturas de valores que ora versam para um modelo de educação e ora para outro; por outro lado, deixam claro que somente uma educação integral é capaz de promover e libertar consciências em qualquer época e local. A educação desse novo século oferece práticas pedagógicas potentes para atender esse objetivo e reconhece que a assimilação do saber envolve os sentidos e às percepções, o que significa que não está relacionada à idade do indivíduo e, sim, aos estímulos que ele recebe, e que ao receber esses estímulos, esse indivíduo abre-se para novos conhecimentos que o conduzem a novos conceitos e, desse movimento novas conexões vão se formando num movimento contínuo, reflexivo e renovador.

Paulo Freire, Norman Doidge e Malcolm Knowles representam alguns dos precursores modernos com propostas para o desenvolvimento de uma educação integral e produziram um legado profundo descortinando novas perspectivas para a arte sublime de aprender a aprender na qual o adulto hospitalizado pode e deve ser incluído.

A educação do século XXI pede a ampliação do olhar sensível e humanizado no atendimento pedagógico em todas as modalidades da educação, e, em especial, ao adulto que se encontra hospitalizado.

Dentro dessa perspectiva, o pedagogo hospitalar desse novo século assume o papel de facilitador do aprendizado e se depara com um novo desafio: incluir o aluno andragógico no atendimento pedagógico hospitalar.

Sabe-se que há muito a se fazer, em matéria de educação e formação continuada, mas, para que essas transformações aconteçam, basta por ora, que se dê o primeiro passo rumo a uma educação libertadora e de qualidade.

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APÊNDICE – REFERÊNCIA DE NOTA DE RODAPÉ

2. MU-V.UC. A: o termo VUCA surgiu na década 90, sendo introduzida no vocabulário militar americano, a fim de explicar a ocorrência dos acontecimentos do mundo atual, caracterizado por um espaço instável, agressivo e desafiador. Dado o seguinte questionamento, de que maneira podemos nos mover neste mundo? O VUCA também tem sido utilizado em várias organizações, por conta das exigências sobrepostas ao lidar com cenários de mudanças complexas e dinâmicas.

[1] Graduada em Pedagogia.

Enviado: Setembro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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