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Relação família escola: possíveis influências da ausência dos pais no processo de ensino-aprendizagem de crianças

RC: 29427
576
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/relacao-familia-escola

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BITENCOURT, kelly bitencourt [1], JUSTI, Jadson [2], JUSTI, Jamson [3], JUSTI, Edrilene Barbosa Lima [4], VASCONCELOS, Corina Fátima Costa [5]

BITENCOURT, kelly bitencourt. Et al. Relação família escola: possíveis influências da ausência dos pais no processo de ensino-aprendizagem de crianças. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 01, pp. 157-181 Maio de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa com abordagem qualitativa que objetivou discutir as possíveis influências da ausência dos pais para o desenvolvimento educacional de crianças no Ensino Fundamental sob o olhar dos responsáveis legais. O lócus da pesquisa foi uma escola da rede pública de Parintins, AM, cujos participantes foram cinco pais de alunos do quinto ano. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário semiestruturado elaborado pelos proponentes desta pesquisa. Os resultados evidenciaram que a participação dos pais é fundamental no processo de ensino-aprendizagem do aluno e essa tomada de atitude influencia, inclusive, na construção da própria cidadania da criança. Nesse sentido, conclui-se que a presença dos pais no processo de ensino-aprendizagem ultrapassa os limites do aprendizado escolar, incidindo na formação do educando em sua totalidade. Desse modo, fica evidente ao olhar dos responsáveis dos alunos que a falta de participação deles resulta negativamente no desenvolvimento educativo do aluno, seja essa ausência em casa ou no ambiente escolar. Nota-se, também, a necessidade de estreiteza da relação família-escola no intuito de fazer com que a educação aconteça em sua total plenitude.

Palavras-chave: Escola, Ausência dos pais, Família, Ensino-aprendizagem, Construção da cidadania.

INTRODUÇÃO

As origens deste estudo encontram-se na experiência de seus proponentes adquirida ao longo dos anos a partir do contato direto com o ambiente escolar, especificamente a sala de aula. Tal experiência proporcionou a observação de muitos encontros e desencontros na relação família-escola, principalmente a ausência dos pais no percurso educacional dos alunos. A partir dessas observações, eis a necessidade de estudo voltado para o olhar dos responsáveis legais em relação a possíveis influências da ausência dos pais para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública situada no município de Parintins, AM.

Na família é que as crianças constroem seus primeiros vínculos com a aprendizagem e forma seu estilo de aprender (PAROLIN, 2010a). A educação da criança deve começar no âmbito familiar para que possa facilitar o trabalho educativo no contexto escolar. A escola e a família, conforme os avanços do tempo e da sociedade, passam por profundas transformações. Essas mudanças acabam por interferir na estrutura familiar e na dinâmica escolar de forma que, em vista das circunstâncias, é necessário compreender o fato de os pais terem que trabalhar para ajudar no sustento da casa; desta forma, ocorre uma transferência para a escola de algumas tarefas educativas que deveriam ser da família (SOUZA, 2009). A partir disso, percebe-se que em muitas escolas não há essa parceria da família com as instituições de ensino, dificultando o desenvolvimento do trabalho docente e institucional em geral. Considerando tudo isto, questiona-se: Quais as possíveis influências da ausência dos pais no processo de desenvolvimento da criança no Ensino Fundamental? Tal questionamento constitui a razão motivadora (problemática) da lógica do estudo em questão.

Partindo do que fora mencionado anteriormente, é relevante que se conheça como tem se articulado a relação família-escola. Parte-se da premissa que somente a partir do conhecimento e tomada de consciência de seus aspectos que é possível repensar uma tangível mudança em prol de melhorias no aprendizado da criança (FERNANDES, 2006). Justifica-se este estudo na necessidade de se explorar sobre o que os pais pensam a respeito da sua participação e, principalmente, a reflexão quanto ao papel que desempenham na vida escolar de seu filho.

Para tanto, o seu objetivo geral primou pela discussão das possíveis influências da ausência dos pais para o desenvolvimento educacional de crianças no Ensino Fundamental sob o olhar dos responsáveis legais. Além disso, também se consideram os seguintes objetivos específicos: a) descrever a efetiva participação dos responsáveis legais no acompanhamento educacional dos alunos de Ensino Fundamental; b) sugerir caminhos para que os responsáveis legais se aproximem cada vez mais do ambiente escolar a fim de valorizar o percurso educacional do aluno de Ensino Fundamental; e c) levantar o perfil sociodemográfico dos responsáveis legais dos alunos.

CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITO E FUNÇÃO DE FAMÍLIA E SUAS RELAÇÕES COM A CRIANÇA

O século XXI dimensionou significativas mudanças na instituição familiar, visto que desde os tempos greco-romanos a concepção que se tinha era de que o pater familias, conhecido como poder familiar, era de exclusividade do homem e a função da mulher restringia-se ao desempenho das obrigações de casa, ações domésticas. Dessa maneira, a relação dos pais e filhos valia-se de violências no tratamento com estes (SANTANA, 2015).

Fundamentados em Philippe Ariès (1914-1984), em História Social da Criança e da Família (1981), Santos e Toniosso (2014, p. 125) destacam:

A família passou a ter um papel mais afetivo na formação da criança, enfatizando também a educação como fator importante nas relações estabelecidas. A partir do momento que a infância era reduzida, a criança se via atrelada ao universo adulto, no qual aprendiam as tarefas cotidianas por pessoas mais velhas na condição de aprendizes. Nesse período não havia escolas, as crianças recebiam o conhecimento de forma direta e informal, por meio dos familiares. Dessa forma, a família se torna a primeira instituição responsável pela formação do indivíduo.

Com o decorrer da história, essa instituição familiar passou a receber proteção especial do Estado, fazendo surgir a igualdade de condições entre os cônjuges para exercer o poder familiar de forma equilibrada (SANTANA, 2015). Conforme Leite (2015, p. 54), “Diante de algumas transformações históricas da família, mudanças ocorreram na sociedade brasileira, destacando o século XXI com a família pós-moderna ou pluralista, como tem sido denominada, pelos tipos de convivência que apresenta […]”.

A partir disso, apareceram novas conjunturas de família, de modo que, atualmente, a aludida instituição pode ser constituída por pessoas que moram no mesmo lugar a fim de construir um lar, baseado apenas nos vínculos afetivos, independente de matrimônio – já que foi reconhecida pela Constituição Federal brasileira de 1988 a união estável como forma de entidade familiar –, porém, importante salientar que, com essas inovações na sociedade atual, aumentou também o número de separações, divórcios, assim como crianças concebidas fora do casamento ou união estável, dentre outros, de modo a interferir diretamente na estrutura familiar de cada pessoa (SANTANA, 2015).

Conforme Oliveira, N. (2009, p. 23), fundamentada em Claude Lévi-Strauss (1908-2009), em A Família (1956):

[…] é, de acordo com o contexto social, em cada sociedade e em cada época histórica, que a vida doméstica passa a assumir determinadas formas específicas, evidenciando que a família não é instituição natural, mas reforçando a compreensão de que ela é socialmente construída de acordo com as normas culturais.

A história diz que a instituição familiar sempre esteve em contínuas modificações, pois se verifica que, na era romana, ela era organizada sob a autoridade do pai, que tinha o poder de vida e de morte sobre os filhos, assim como vendê-los e até mesmo castigá-los com penas corporais. Já a mulher era submissa à autoridade do pai e, consequentemente, do marido, visto que servia para os afazeres domésticos e a criação dos filhos, pois a legislação da época não lhe concedia os mesmos direitos que o homem tinha (SANTANA, 2015).

Essas transformações sociais alteram as atuais relações familiares, que, por sua vez, também se transformaram e influenciaram as futuras gerações. Essas transformações ocorrem por um processo de influências entre os membros de uma família e distintos ambientes presentes na sociedade em que vivem, sendo o ambiente escolar um dos principais influenciadores, e a instituição familiar acaba por absorver essa influência externa. Nesse contexto é que a pessoa tem a sua personalidade construída e moldada. Esses novos modelos familiares procedentes das transformações na sociedade influenciam e causam mudanças nas relações familiares (ALMEIDA, 2014).

A mulher conquista sua independência do homem indo para o mercado de trabalho e, até mesmo, optando por permanecer solteira. A mãe não é mais a única a cuidar do bem-estar da criança e o pai não é mais o único a prover o sustento para o lar, pois aquela vai para o mercado de trabalho no intuito de ajudar financeiramente a família. Com uma jornada dupla de trabalho, dentro e fora de casa, a estrutura familiar precisa ser repensada para que a criança tenha os cuidados de que necessita, e a mãe consiga realizar todas as suas outras tarefas domésticas. Assim, enquanto a mãe trabalha, a criança é deixada em alguma creche ou com algum parente, e, quando o pai está em casa, os cuidados básicos com a criança também se tornam sua responsabilidade (ALMEIDA, 2014).

Tais fatores foram primordiais para a mudança ocorrida nas formações familiares e atualmente estas estruturas familiares que possuem a mãe e o pai inseridos no mercado de trabalho, com tantas atividades extras para realizar, e com pouco tempo para dedicar exclusivamente aos filhos se tornam cada vez mais comuns. Desta forma a escola procura se adaptar a este contexto, para que todas as famílias consigam se engajar nas atividades propostas pela escola, e tendo participação na vida escolar do seu filho. (ALMEIDA, 2014, p. 17).

Na esteira dessa compreensão, a escola apresenta um papel primordial na construção da educação da criança, assim como a família tem sua parcela de contribuição.

A ideia da estrutura familiar com pai, mãe e filhos nem sempre abrangeu cuidados e um olhar para a criança respeitando sua faixa etária. A figura da mãe, até a Idade Média, por exemplo, era bem diferente do que se conhece hoje. A mãe dedicada aos filhos é uma construção que apareceu com a organização da família moderna. Antes, as relações afetivas com a criança eram superficiais, atribuídas, entre outros fatores, ao índice de mortalidade que era muito alto, sendo a morte das crianças vista como algo esperado para a maioria das famílias (FERNANDES, 2006).

As diversas transformações pelas quais a família passa é influenciada por fatores externos à vida. Diante disso, nota-se que, ao mudar as formas como as relações conjugais são estabelecidas, se muda também a maneira como pais se relacionam com os filhos; ou seja, alteram-se as relações intrafamiliares. Ainda assim, a família mantém-se no lugar privilegiado como instituição de acolhimento e socialização das novas gerações (REIS, 2013).

Para Sousa, M. (2014, p. 24),

A historiografia brasileira no que se refere a família nos permite observar que não existe apenas um modelo de família, mais existe uma variedade, porém, com características comuns e próprias, na verdade não deixam de ser um agrupamento humano em constante evolução, onde os mais diversos sentimentos assolam no cotidiano […].

A sociedade passou por grandes mudanças socioeconômica e culturais que se refletem diretamente nas relações familiares. Os pais, contemporaneamente, trabalham mais e ficam menos tempo com os filhos, e principalmente a mãe, que era somente a responsável em transmitir seus valores e cuidar exclusivamente das crianças, passa a sair para trabalhar, como exigência da modernidade, da evolução da mulher na sociedade e, principalmente para muitas, pela necessidade de sobrevivência (SOUSA, M., 2014).

Nesse sentido, as relações familiares estão ligadas a uma infinidade de fatores que podem influenciar de acordo com o contexto social que cada família está inserida.

Nesse contexto, podemos afirmar que a família passa por profundas transformações, tanto internamente, no que diz respeito a sua composição e as relações estabelecidas entre seus componentes, quanto às normas de sociabilidade externas existentes, fato este que tende a demonstrar seu caráter dinâmico. (OLIVEIRA, N., 2009, p. 23).

Cada família cria um modo particular de se relacionar, indica uma forma própria para se comunicar e interpretar comunicações entre si, ou seja, tudo isso demonstra uma dinâmica social existente nas relações estabelecidas entre um grupo familiar.

No processo de socialização do ser humano é que a família aprende a se colocar diante das diversidades que o mundo oferece. Assim como a família transmite a primeira identidade cultural contribuindo para a formação social da pessoa, dessa forma ela assume também um papel fundamental na formação e na educação de seus filhos.

CONCEITO E FUNÇÃO DE ESCOLA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DO EDUCANDO E AS RELAÇÕES FAMILIARES

A escola é uma instituição caracterizada como local destinado para ser realizada uma educação formal. Steigenberg (2008) enfatiza que “Por ser local de conhecimentos científicos a escola pode contribuir com a família para essa prática educacional mais abrangente […]”. Parolin (2010a) afirma que a escola era entendida como o lugar onde se adquiria grande parte do saber. E hoje se vê a escola que, além de ser responsável pelo desenvolvimento do ensino sistematizado, também deve propiciar espaço para que os alunos tragam e compartilhem seus conhecimentos visando ao favorecimento da construção de norma de convivência social.

O papel da escola e seus atores é de suma importância ao processo de formação intelectual do educando, apesar de a escola primária não sistemática iniciar dentro da família. Por meio do docente, e seu apoio educacional, é que o aluno desenvolve suas habilidades para o ambiente social. Steigenberg (2008) afirma que “[…] a escola, além de ter a função de ensinar o conhecimento sistematizado, passa a ser responsabilizada por desenvolver habilidades sociais que tradicionalmente eram consideradas apenas das famílias […]”.

Em relação ao ambiente escolar, o papel do professor em conjunto com a família passa ser importante, pois todo o conteúdo trabalhado na escola o educando transparece no ambiente familiar. “O que muitas escolas não percebem é que as pessoas se desgastam muito mais numa relação de isolamento e/ou tensão com as famílias do que desenvolvendo parcerias […]”; pois, a educação não é somente responsabilidade da escola e sim necessita da parceria no anseio familiar (SZYMANSKI, 2010, p. 96). Dessa maneira, o processo de formação do aluno constitui responsabilidade conjunta com a família.

Uma característica familiar que deve ser mencionada é a contribuição dos pais como mera responsabilidade no processo educacional do educando, porque a tarefa educacional não somente pertence à escola, mas, também às famílias. A escola, por sua vez, tem de colaborar de forma espontânea na formação desse futuro cidadão (SOUSA, M., 2014).

A responsabilidade primeira do ato de educar é da família porque a escola não tem obrigação de educar sozinha; esta não é sua função. “A escola é parceira da família na construção do cidadão, é ela a instituição que tem a peculiaridade de ser fortemente socializadora tanto do conhecimento quanto das experiências e entre pessoas […]” (PAROLIN, 2010a, p. 55).

A escola deve oferecer e oportunizar uma educação articulada às práticas educativas formalizadas que possam enriquecer as experiências adquiridas dentro e fora do ambiente escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece que:

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I – elaborar e executar sua proposta pedagógica;

II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;

III– assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;

[…]

V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;

VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;

VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;

VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei. (BRASIL, 1996).

Percebe-se que as instituições de ensino tomam responsabilidade e missão de respeitar as normas do sistema de ensino cumprindo seu papel fundamental de assegurar a integração e articulação com as famílias. “[…] Ambas desempenham um papel muito importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão […]” (SZYMANSKI, 2010, p. 98).

Supostamente, existem muitos fatores que distanciam o papel da família e da escola diante de suas responsabilidades, visto que tanto aquela quanto esta precisa de parcerias diante das adversidades do processo de formação educacional e social das crianças e dos jovens.

Parolin (2010b, p. 15) ressalta que “[…] as possibilidades de aprendizagem de crianças e jovens dependem da qualidade das mediações dos adultos a que ela seja exposta em seus vários momentos de vida.” Muitas famílias afirmam não ter tempo para atender as necessidades de seus filhos, logo, uma falha na administração do tempo delas, pois esse tempo acaba, na maioria das vezes, sendo perdido.

Existem muitas visões sobre o papel fundamental de escola, em destaque tem-se a questão do qual as famílias esperam que a escola alivie muitas tarefas que elas não têm condições e nem tempo para atender. Porém, existem ações como reuniões, lições de casa, entre outras responsabilidades, que a escola não pode fazer pelo aluno e isso só compete à família cumprir com sua função.

RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

A relação família-escola é uma questão na qual se dá ao longo do percurso educacional do aluno, cabe esta construir um diálogo com aquela, ou seja, criar uma relação na qual contemple os interesses em benefício do educando. Uma vez que a família e a escola apresentam tarefas distintas, porém, devem ser complementares (PAROLIN, 2010b).

Por outro lado, existem muitos fatores que devem ser levados em conta na relação família-escola. Szymanski (2010) diz que o primeiro deles é a ação educativa dos pais que se difere da escola, em consequência das circunstâncias em que ocorrem; o segundo refere-se ao comportamento das famílias das diferentes camadas sociais em relação à escola; e o terceiro, tanto quanto fundamental, são as estratégias de socialização familiar. Ou seja, depende muito de uma família para outra, das práticas que cada uma desenvolve para facilitar a aprendizagem escolar de seu filho.

Parolin (2009, p. 50), na tentativa de contribuir com os pais e professores, apresenta uma reflexão por meio dos dez mandamentos para que os pais e responsáveis lembrem na hora de fazer a lição de casa:

1. Jamais faça a lição de casa por seu filho ou permita que outros o façam […].

2. Organize um espaço e um horário apropriado para ele fazer as tarefas longe do som, da televisão, do telefone e da circulação da casa.

3. Troque ideias ou promova perguntas para ajudar no raciocínio, […]. Não dê respostas […].

4. Não corrija e não aponte erros. Corrigir é tarefa do professor. Como o professor saberá a dificuldade de seu filho se você se adiantar a ele e corrigir a tarefa? Importante: Não vale apagar o erro de seu filho! Se alguém tiver que apagar algo que seja ele.

5. Diga “tente novamente “diante da queixa. “Refaça. Recomece” caso seu filho perceba que errou, incentive-o a buscar o acerto ou uma nova resposta. Demonstre como exemplos que você costuma fazer isso. Neste caso valem os itens anteriores para reforçar esse.

6. Torne o erro construtivo. Errar faz parte do processo de aprender (e de viver). Converse, enfatizando a importância de reconhecermos os nossos erros e de aprendermos com eles […].

7. Lembre-se que fazem parte das tarefas escolares duas etapas: as lições e o estudo para rever os conteúdos. As responsabilidades escolares não findam quando o aluno termina as lições de casa. Aprofundar e fixar os conteúdos são fundamentais.

8. Não misture as coisas. Lição e estudar são tarefas relacionadas à escola lavar a louça, arrumar o quarto, guardar os brinquedos são tarefas domesticas. Os dois são trabalhos, no entanto, de naturezas diferentes. Não vincule um trabalho ao outro e só avalie as obrigações domesticas.

9. Não julgue a natureza, a dificuldade ou a relevância da tarefa de casa. A lição de casa faz parte de um processo que começou em sala de aula e deve terminar lã. Se você não entendeu. Ou não concordou, procure a escola e informe-se. Seu julgamento pode desmotivar seu filho e até mesmo despotencializar o professor e consequentemente, a tarefa de casa e seus objetivos.

10. Demonstre que você confia em seu filho e respeite suas iniciativas, seus limites e conhece suas possibilidades. Crie um clima de camaradagem e de consciência na família. Mas não deixe de dar limites e ser rigoroso com os relapsos e as irresponsabilidades.

A escola deve ser parceira da família e vice-versa, contribuindo com o percurso educacional da criança, logo, cada uma cumprindo com seu papel de acordo com suas atribuições. Fernandes (2006, p. 31) reforça que

Os pais são os responsáveis legais e morais pela educação de seus filhos. A educação escolar não os exime desta responsabilidade, sendo inegável a importância da participação dos mesmos. Porém é difícil definir o papel que cabe aos pais assim como distinguir os temas que envolvem seu papel complementar, mas, sociologicamente são os primeiros a iniciar a socialização da criança.

Os genitores carregam a obrigação de serem responsáveis pelos seus filhos. A escola e a família têm o papel complementar em uma educação que contemple as exigências de ambas as instituições ao que tange ao crescimento intelectual e afetivo da criança ou do adolescente.

A comunicação entre escola e família é fundamental para promover processos evolutivos referentes ao desenvolvimento de crianças e jovens, proporcionando uma educação baseada em princípios e critérios estabelecidos por aquelas, em uma mesma direção para que sejam criadas condições necessárias ao alcance do sucesso educacional e social que todos as pessoas almejam.

Zagury (2008) faz algumas considerações a respeito da forma como um pai pode colaborar com os objetivos da escola, e uma delas é fazer isso, isto é, não confundir proteção com superproteção – verificar sempre se o filho está precisando da interferência na escola. Nesse sentido, é muito raro uma escola cometer loucuras, tais como: perseguir um aluno que tem atitudes corretas, reprovar o aluno que sempre obtém boas notas ou aplicar alguma sanção sem que nada tenha acontecido. Os pais sempre devem analisar muito bem para que não interfiram nos objetivos da escola, pois todos são falíveis, ninguém é perfeito, errar é humano; assim, não se deve evitar que o filho enfrente os problemas normais da vida e da convivência, permitindo que ele lute pelos seus direitos e só haja interferência quando houver algo de fato muito sério e de difícil resolução.

Pais ou mães que escolhem a instituição escolar, e para isso é necessária uma análise de aspectos relevantes, então não lhe parece que tudo que serviu de base para tomar decisão de matricular seu filho possa ter sumido de uma hora para outra, portanto, estar atento é necessário, não se pode ficar mobilizado emocionalmente por tudo que o filho relata, pois isso pode conduzi-los a atitudes não pensadas e que, ao contrário de ajudar, leva a criança ao fracasso escolar. Sem ter intenção podem dar exemplo de arbitrariedade, individualismo e egocentrismo.

É importante que a relação família-escola se estabeleça em um clima de respeito mútuo, favorecendo sentimentos de confiança e competência, tendo delimitados os âmbitos de atuação de cada uma. Uma vez que a parceria entre elas torna mais fácil a troca de saberes, substituindo a imposição; e que o respeito mútuo possa emergir novos modelos educativos, abertos à contínua mudança (SZYMANSKI, 2010). Para tanto, é evidente que a escola é importante promotora de relações e de aprendizagem em seu espaço múltiplo de possibilidades. Quando uma criança deixa seu lar e vai à escola, passa a desenvolver um papel que se potencializa na instituição, que é o de aprendiz, nela o aluno tem a possibilidade de inteirar-se com o mundo e suas articulações (PAROLIN, 2010a, 2010b).

Diante disso, Polonia e Dessen (2005, p. 304) destacam:

[…] A escola deve reconhecer a importância da colaboração dos pais na história e no projeto escolar dos alunos e auxiliar as famílias a exercerem o seu papel na educação, na evolução e no sucesso profissional dos filhos e, concomitantemente, na transformação da sociedade.

Portanto, compreende-se que a família e a escola são instituições que devem ser parceiras durante o processo de escolarização, nas quais exercem papel essencial na formação pessoal, profissional e social das pessoas. Como bem é assegurado pelo artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/1996), no qual dispõe a educação como dever da família e do Estado – inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana –, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).

METODOLOGIA

A investigação realizada engendrou-se como descritiva com abordagem qualitativa. A escolha metodológica deu-se pelo fato de os pesquisadores acreditarem que seus objetivos pudessem ser alcançados em sua íntegra, por meio do controle científico favorecido em conjunto às técnicas utilizadas para a condução do estudo. A pesquisa descritiva procura desvelar com clareza a frequência com que um fato ocorre, e sua relação e vínculo com outros, natureza e característica (CERVO; BERVIAN, 1996).

Nessa compreensão, o método descritivo foi o mais pertinente para a realização desta pesquisa pelo fato de haver uma considerável descrição da realidade dos pais de alunos de uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental. Descreve-se ainda ao que tange à abordagem caracterizada neste texto, que a pesquisa qualitativa é o “[…] processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação […]” (OLIVEIRA, M., 2012, p. 37).

Justifica-se a escolha do método anteriormente descrito pelo fato de o trilhar técnico-metodológico ser condizente ao que foi executado neste manuscrito, ao longo de todo seu percurso técnico-cientificista.

O local escolhido para a realização deste estudo foi uma escola da rede municipal de Parintins, AM. A pesquisa passou por três fases de desenvolvimento para coleta de dados: na primeira fase foi necessário encaminhar um pedido de autorização à direção escolar visando à realização da pesquisa; a segunda caracterizou-se pela realização de uma reunião com os pais a fim de esclarecer o objetivo da pesquisa e seus passos procedimentais (durante a reunião somente dez pais mostraram interesse em colaborar com o estudo) e, em seguida, foi agendado dia e horário para entrevista; a terceira fase ocorreu a entrevista por meio de um protocolo de questões semiestruturadas elaboradas pelos pesquisadores deste manuscrito.

Antes de qualquer procedimento por parte dos pesquisadores, fora entregue aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após assinatura, estando de acordo em participar de forma voluntária, o participante ficou com uma via em seu poder e os pesquisadores com outra. Durante o percurso da pesquisa somente cinco pais compareceram ao local agendado. Para tanto, as questões direcionadas aos pais foram divididas em dois momentos: o primeiro, com questões pessoais, tais quais: a) idade, b) naturalidade, c) sexo, d) estado civil, e) religião, f) quantidade de tutorados, g) grau de parentesco com o estudante, h) grau de escolaridade, i) condição de moradia, j) perfil profissional e k) participação em programas do Governo Federal. Já o segundo momento, fora direcionado aos participantes questões específicas: a) Qual a relevância da presença dos responsáveis legais no processo ensino-aprendizagem do aluno? b) Dê sua opinião com relação à ausência dos responsáveis legais do aluno e aponte pontos positivos e/ou negativos com relação a isso, c) Com que frequência você acompanha o percurso educacional de seu filho?

Para manter o sigilo da identidade dos participantes, estes foram identificados neste estudo como E1, E2, E3, E4 e E5 equivalentes aos entrevistados 1, 2, 3, 4 e 5, respectivamente. Todos os procedimentos adotados para a condução do estudo ocorreram sob uma lógica controlada cientificamente. O controle foi necessário para que se analisassem e discutissem os dados (que serão apresentados a seguir) em um molde metodológico descritivo e qualitativo por meio da fala dos pais dos alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A investigação tratou sob a visão dos pais sobre a ausência dos responsáveis legais no processo de ensino-aprendizagem. As entrevistas com os participantes envolvidos neste estudo possibilitaram a conquista de resultados por meio de um questionário semiestruturado aplicado a cinco responsáveis legais de alunos do quinto ano de ensino fundamental.

Na Tabela 1 observam-se os dados sociodemográficos dos participantes, como: idade, naturalidade, sexo, estado civil, religião, quantidade de tutorados, grau de parentesco com o estudante, grau de escolaridade, condição de moradia, perfil profissional e participação de programas do Governo Federal.

Tabela 1 – Dados sociodemográficos dos responsáveis legais de alunos de uma escola da rede municipal de Parintins, AM, 2019

Variáveis n %
Idade:
42 anos 2 40
43 anos 1 20
44 anos 1 20
46 anos 1 20
Naturalidade:
Parintinense 4 80
Nhamundaense 1 20
Sexo:
Feminino 4 80
Masculino 1 20
Estado civil:
Solteiro
Casado 3 60
Divorciado
União estável 2 40
Viúvo
Religião:
Evangélica 2 40
Católica 3 60
Quantidade de tutorados:
E1 4
E2 3
E3 1
E4 2
E5 2
Grau de parentesco com o estudante:
Mãe 4 80
Pai 1 20
Tio
Avô(ó)
Outros
Grau de escolaridade:
Ensino fundamental completo 1 20
Ensino fundamental incompleto 3 60
Ensino médio completo 1 20
Ensino médio incompleto
Ensino superior completo
Ensino superior incompleto
Condição de moradia:
Própria 5 100
Alugada
Cedida
Outras
Perfil profissional:
Celetista
Autônomo 2 40
Desempregado
Prestador de serviço 2 40
Outros 1 20
Participação em programas sociais do governo federal
Sim (Bolsa Família) 5 100
Não

Fonte: Autores, 2019.

Nota-se que a idade dos participantes entrevistados varia entre 42 e 46 anos. Quanto aos dados referentes ao sexo dos participantes, o número de mulheres foi superior, sendo de 80% em relação ao sexo masculino. Com relação ao estado civil dos participantes, a porcentagem maior é de casados (60%), seguida de união estável (40%). Observa-se também a naturalidade dos participantes, na qual a maior presença é de moradores do município de Parintins e, por conseguinte, de Nhamundá. O número de famílias católicas é superior (60%), seguido da vertente evangélica (40%). Já a quantidade de tutorados varia entre os entrevistados.

Referente ao grau de parentesco, percebe-se que o número de mãe é superior (80%), seguido de pai (20%). Observa-se também que o grau de escolaridade entre os participantes é variável. Quanto à situação de moradia, os dados indicam que 100% dos pais têm casa própria. Em relação ao perfil profissional, o número de autônomos e prestador de serviço é de 40% cada, seguido de outros com 20%. Além disso, os dados afirmam que 100% dos entrevistados participam de programas do governo federal, como o Bolsa Família.

Ao que tange à questão sobre qual importância na presença do responsável legal (tutor) no processo ensino-aprendizagem do aluno, é necessário, para que um aprendizado escolar aconteça em sua totalidade, o acompanhamento não unicamente da instituição educadora, mas também da família do educando. Para tanto, buscou-se saber dos participantes entrevistados o quão importante é, sob sua ótica, a presença do responsável legal desse aluno no decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Os participantes assim se expressaram:

É muito válido, porque acompanhando os filhos, eles vão ver que os pais se interessam com eles e eles vão se interessar na escola e aprendizagem se tornará mais fácil. (E1)

É muito fundamental o acompanhamento dos pais para saber como o filho está indo na escola, temos que ser pais presentes com filho todos os dias não só na escola, mas também em casa e todo tempo. (E2)

É a responsabilidade dos pais, porque se a gente não tiver presente na vida dos filhos, eles com certeza não serão bons cidadãos no futuro. (E3)

Temos que estar presentes na educação de nossos filhos porque daqui a mais alguns tempos podemos cobrar deles. Nossa participação é fundamental, se não tiver participação, não ajudar nos estudos, não colocar ele numa escola nada vale. (E4)

Para acompanhar, para saber como ele está indo na escola, se ele faz os deveres, como ele se comporta. (E5)

Conforme observado, é unânime para os entrevistados que a participação do responsável é fundamental no processo de ensino-aprendizagem do aluno para obtenção de uma educação de qualidade. Concordando, inclusive, que essa participação na vida escolar da pessoa funciona como estimulante do interesse desse aluno nas atividades escolares e facilitadora da aprendizagem.

A fala de E2 reitera ainda que a participação na aprendizagem do aluno deve acontecer não apenas em âmbito escolar como também fora dela, em casa e a todo momento, seja no auxílio para o desenvolvimento de atividades ou mesmo para acompanhar o que está sendo trabalhado em sala de aula. Essa tomada de atitude influencia, também, na construção da própria cidadania da pessoa, como afirmado pelo participante E3. Nesse sentido, percebe-se que a presença do responsável no processo de ensino-aprendizagem ultrapassa os limites do aprendizado escolar, influenciando na formação do educando em sua totalidade.

Sousa, J. (2012, p. 6) diz que a participação da família no ambiente escolar é:

Fundamental no processo ensino-aprendizagem. Família e escola são os principais suportes com que a criança pode contar para enfrentar desafios, visto que, integradas e atentas podem detectar dificuldades de aprendizagem que ela possa apresentar, podendo contribuir de maneira eficiente em benefício da mesma.

Quanto à questão de quais seriam os pontos positivos e negativos com relação à ausência de um responsável na vida educacional do aluno, revela-se que no processo de ensino-aprendizagem do aluno existe a não participação de um responsável que acompanhe e supervisione seu processo educativo, o que de certo resultará em consequências que serão notadas no aprendizado do educando:

A ausência dos pais é muito grande e para criança é muito difícil, o pai não participa da educação do filho, não comparece nas reuniões, não aparece no evento que tem na escola, então a criança não vai se desenvolver o suficiente a sua própria educação. (E1)

Eu acredito que estando presente nas reuniões, fazendo os trabalhos, ajudando nos deveres escolar, dando uma boa educação e na escola principalmente tem que estar presente, então a ausência é um ponto negativo. (E2)

O ponto negativo é não participar das reuniões, não procurar saber como o filho está na escola, então temos que ser mais presentes, participando principalmente na escola para poder o filho ter um futuro melhor. (E3)

É muito difícil uma criança conseguir a aprendizagem se não tiver a participação dos pais. A criança não se interessa, se não tiver aquela pessoa ajudando, incentivando. (E4)

Negativo, muitas vezes os professores chamam e os pais não comparecem, não sabem nem o que está acontecendo. Eu acho que a presença dos pais é muito importante para saber ele está se desenvolvendo. (E5)

De acordo com os colaboradores da pesquisa, a possível ausência do responsável legal do aluno em sua vida escolar torna difícil o processo para o desenvolvimento da aprendizagem. Essa ausência envolve não participação em reuniões, eventos escolares, visitas regulares à instituição de ensino do aluno com vistas a saber do seu desenvolvimento escolar, ajuda em deveres escolares, dentre outros.

Os participantes discorrem a ausência do responsável dos alunos no processo de ensino-aprendizagem ao que tange às consequências como falta de interesse para com o aprendizado deles, uma vez que não disponibilizam de motivação e incentivo suficiente que os direcione para tal. Desse modo, fica evidente que a não participação dos responsáveis influencia negativamente para o desenvolvimento educativo do aluno, seja essa ausência em casa ou na escola. Sendo necessário que a relação família-escola se torne cada vez mais estreita, no intuito de fazer com que a educação aconteça em sua total plenitude.

Conforme afirma Sousa, J. (2012, p. 5):

A família e a escola são parceiros fundamentais no desenvolvimento de ações que favoreceram o sucesso escolar e social das crianças, formando uma equipe. É fundamental que ambas sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. A educação perpassa tanto o ambiente escolar quanto o familiar. A interação entre ambos é muito importante para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.

Quanto ao questionamento sobre a frequência que acompanha o percurso educacional de seu filho, muitos participantes apresentam certa consciência no que tange à primordialidade do acompanhamento para o sucesso educacional. Tal realidade auxilia na atenuação das dificuldades no processo de ensino-aprendizagem:

Assim que eu posso, eu venho sempre venho aqui na escola perguntar como é que ele está, só quando não posso mesmo por conta do trabalho eu mando a irmã dele. (E1)

Educando, porque a gente tem que estar ali acompanhando, conversando, ensinando, quando eu não venho meu marido vem e a gente se ajuda. (E2)

É vendo as atividades dele, a gente procura saber da participação, dos livros dele, quais foram as coisas que a professora fez, incentivando. A mãe dele estava trabalhando para ajudar nas despesas da casa, mas ela decidiu abandonar o trabalho para dar mais atenção para ele. Então a presença é muito positiva para o futuro do nosso filho. (E3)

Eu sempre procuro estar presente, acompanhando, sempre participo de tudo na vida dos meus filhos, antes quando trabalhava que não tinha tempo, mas agora que parei estou mais presente e senti que eles melhoraram muito. (E4)

Mais quando mandam me chamar, porque não tenho tempo porque trabalho. Mas, em casa eu sempre acompanho, vejo caderno dele, coloco ele para estudar tabuada, fazer leitura. (E5)

As informações ressaltam que a maioria dos pais assegura participar do percurso educacional de seus filhos, e alguns afirmam o trabalho (E1, E3, E4) como um empecilho na participação no processo de ensino-aprendizagem do aluno. Além disso, as respostas evidenciam que os tutores acreditam que o acompanhamento dos pais é de suma importância para o crescimento educacional de seus filhos. Saraiva e Wagner (p. 766-767) dizem que:

A comunicação família-escola, assim, é ponto fundamental de discussão, na medida em que o discurso da escola parece ser sempre o de chamar a atenção dos pais para que deixem seus filhos crescer, mas não há proposição de estratégias que possam informá-los no intuito de ajudá-los a entender os procedimentos e processos escolares (como a avaliação, por exemplo) e, também, a saberem como podem ajudar seus filhos em casa […].

Portanto, os dados comprovam que na visão dos pais a ausência é um fator que prejudica o processo de ensino-aprendizagem de uma criança, e isto fica comprovado a partir das atividades cotidianas que cada família desempenha, tendo como fator principal o trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa revela a forma como se direciona a referida temática em estudo, pois muito se discute a relação família-escola, porém muito pouco se faz para minimizar os desencontros que existem entre uma e outra. O que se enfatiza neste estudo é a questão dos problemas que a escola enfrenta com relação à questão de como trazer a família para o ambiente escolar já que situações sociais influenciam diretamente os pais a não comparecerem à escola. Considera-se haver a necessidade de a escola ir ao encontro da família. Amenizar as dificuldades de relação entre as duas instituições (escola e família) é realmente muito instigador quando se trata de seres humanos que apresentam disparidades socioeconômicas.

Acredita-se que a questão da relação família-escola seja uma abordagem na qual necessite de estudos que procurem intervir sobre os sujeitos que ali estão, considerando os fatores sociais. Outra questão é desenvolver projetos que possam aproximar a família da escola, como forma de unir as duas instituições em um único objetivo que é o processo de escolarização dos educandos. É necessário buscar parcerias de outras instituições (psicologia, assistência social, fonoaudiologia, entre outras) a fim de traçar estratégias que minimizem a falta de diálogo entre as duas instituições.

Com relação à visão dos pais nesse processo foi possível entender que os tutores reconhecem a relevância da relação família-escola no percurso educacional de seus filhos, afirmando a ausência como um fator que contribui negativamente para o desenvolvimento educacional, visto que se consideram presentes na vida escolar de seus filhos tanto na escola como em casa, porém, de forma não muito frequente, justificando o trabalho como empecilho dessa trajetória.

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[1] Pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas.

[2] Professor da Universidade Federal do Amazonas.

[3] Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

[4] Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

[5] Professora da Universidade Federal do Amazonas.

Enviado: Março, 2019

Aprovado: Maio, 2019

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Jadson Justi

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