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Educação e meio ambiente: algumas diretrizes para os anos iniciais

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

CORREA, Geuza Soares de Freitas [1]

CORREA, Geuza Soares de Freitas. Educação e meio ambiente: algumas diretrizes para os anos iniciais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 12, Vol. 11, pp. 167-180. Dezembro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/algumas-diretrizes

RESUMO

A questão ambiental é um assunto importante na agenda de debates mundiais, devido a seus impactos sobre a vida humana. A educação ambiental tem importância fundamental para construção de um desenvolvimento sustentável e, nos anos iniciais, se pode avançar nesta construção devido à grande facilidade que as crianças têm de assimilar valores e ideias nessa fase da vida. Neste contexto, o presente artigo, visa responder: quais as principais diretrizes político-pedagógicas para a concretização de uma educação ambiental na educação infantil? Tendo como objetivo central apresentar algumas diretrizes político-pedagógicas que as escolas podem tomar para promover melhor a educação ambiental nos anos iniciais. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e descritiva. Dentre os programas pedagógicos e práticas educacionais abordados, tais como: construção de projetos políticos educacionais em escolas de educação infantil, incorporar a educação ambiental ao currículo escolar, desenvolver projetos de aprendizagem, implementar nas escolas palestras, seminários e outros eventos acadêmicos, entre outras, percebe-se que todas possuem um núcleo comum: a promoção de uma experiência prática onde as ideias e valores são assimilados pela vivência educativa do concreto, haja vista que nos anos iniciais as crianças não estão prontas para discutir os assuntos de forma muito abstrata e teórica.

Palavras-chave: educação, pedagogia, meio ambiente, sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO

A escola permite mudar a realidade não apenas da sociedade, mas também de todo o planeta, na medida em que pode educar crianças e adolescentes preparando-as para ajudar na construção de um meio ambiente sustentável (MOLINA, 2016). Considerando que a educação ambiental no ambiente escolar, é um espaço necessário no mundo de hoje, esta deve estar inserida no processo de aprendizagem educacional dos anos iniciais, fornecendo bases para a manutenção de um tipo de conduta educativa no cotidiano de todos os educadores, gestores e alunos. A educação ambiental pode e deve operar para realização de mudanças de paradigmas na relação entre escolas e sociedade.

A escola desempenha um papel fundamental neste contexto, uma vez que diferentes culturas formam espaços onde diferentes pensamentos e atitudes interagem podendo ser instrumentalizada para aquisição de um tipo de perspectiva cultural ambientalmente adequada. O posicionamento educacional por parte do Estado é um fator que determina o sucesso nas ações de sustentabilidade ambiental, a partir do qual se pode promover a concretização de uma educação ambiental, por isso, diretrizes político-pedagógicas devem estar incluídas no currículo escolar e nas políticas públicas para educação ambiental desde a educação infantil.

Segundo Dias (2002), a educação ambiental facilita o desenvolvimento de um conjunto de objetivos, conhecimentos interdisciplinares, conceitos, procedimentos e valores que atuam como um eixo de integração, enquanto os conceitos disciplinares intervêm de forma consistente ao longo do processo, não apenas em um momento específico. Os professores, que entendem os fundamentos que sustentam esses comportamentos, podem ser promotores de uma cultura ambientalista entre os alunos, possibilitando mudanças a longo prazo na medida em que ajudam a promover a cidadania alinhada ao meio ambiente sustentável. Para isto, o ensino deve possuir dialética, com dinâmica de conhecimento, sendo necessário transpor os desafios inerentes ao processo construtivo do conhecimento, que deve ser sempre crítico e politicamente plural, onde os alunos têm acesso a perspectivas alternativas para poder no futuro montar a sua própria. Assim, as atividades de educação ambiental no ambiente escolar infantil devem ser vistas como facilitadoras do desenvolvimento global dos alunos, o que induz a sua atividade mental construtiva.

É fundamental a educação ambiental desde os anos iniciais, pois é nesta fase que a criança tem maior facilidade no que se refere a absorção de valores. Logo, trabalhar este assunto desde os anos iniciais, com auxílio de ações coletivas e individuais, para práticas que acompanhem a vida toda e garantam vida saudável para estas e as próximas gerações, é de relevância fundamental (MOLINA, 2016).

Neste contexto, o presente artigo tem como questão norteadora: quais as principais diretrizes político-pedagógicas para a concretização de uma educação ambiental na educação infantil? Objetivando apresentar algumas diretrizes político-pedagógicas que as escolas podem tomar para promover melhor a educação ambiental nos anos iniciais. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e descritiva.

2. A QUESTÃO AMBIENTAL

Segundo Neder (1995), a observação da dinâmica de modernização e industrialização da economia brasileira na década de 1980 foi ditada por um paradigma desenvolvimentista voltado para o crescimento econômico, ignorando os custos sociais e ambientais dele decorrentes. O resultado desse processo foi um cenário de pobreza e agravamento do ambiente social. Como exemplo, o caso brasileiro mostra a dificuldade de conciliar objetivos socioeconômicos, culturais, políticos, institucionais e ambientais com a distância entre progresso e qualidade de vida adequada para todos.

Definitivamente, o desenvolvimento sustentável é um grande desafio, e alguns autores discutem esse tópico ao analisar referências relacionadas a temas ambientais. Por exemplo, Sachs (1993), Veiga (2009), Leff (1999, 2002, 2006, 2009), Neder (1995) discutiram um modelo de desenvolvimento cujo objetivo é conciliar valores ambientais e sociais com os do desenvolvimento econômico. Comum a esses autores é a ênfase na necessidade de urgência em repensar o modelo de desenvolvimento tradicional empregado, tendo em vista que a qualidade de vida humana está diretamente relacionada a questões ambientais.

Embora seja notável o surgimento da sociedade civil participativa nesse debate nas décadas de 1970 e 1980, é difícil institucionalizar uma democracia verdadeiramente participativa nos níveis regional, nacional e global. Em termos socioeconômicos, Sachs (1993) diz que os obstáculos que impedem a visão de longo prazo precisam ser removidos na tentativa de tirar a maioria da população da linha de pobreza e inseri-la na cultura ambientalmente sustentável (AVRITZER, 2012).

O processo de democratização e organização de muitas formas de ação coletiva que teve lugar entre 1974 e 1985 levou a mudanças impressionantes no padrão de associação do país. A democratização produziu um aumento significativo na propensão para criar formas voluntárias e independentes de associação. […] Mais associações voluntárias foram criadas no Rio de Janeiro entre 1978 e 1980 do que durante todo o período democrático anterior. (AVRITZER, 2012, p. 387)

Esses obstáculos são principalmente de natureza política e institucional. Eles incluem a propriedade da terra e sua má distribuição devido à falta de reforma agrária adequada, privatização da terra, marginalização dos índios ou exploração predatória dos recursos naturais para maximizar os lucros. Frequentemente relacionado a um desenvolvimento de curto prazo (SACHS, 1993).

Para alcançar resultados satisfatórios na estratégia de meio ambiente no espaço urbano, um dos requisitos básicos é a construção de uma política ambiental formulada com a participação ativa dos moradores locais e a iniciativa e criatividade da comunidade local. É mais importante uma política de conscientização eficaz no longo prazo do que uma política orientada para a ajuda assistencial (SACHS, 1993). De fato, o autor não nega o valor da política assistencialista, mas pede um desenho inovador e positivo, implementado junto à própria população, com a ajuda da política de capacitação, em oposição à política que parte sempre de cima.

Além disso, olhando os escritos de Van Bellen (2006), pode-se dizer que alguns desastres ambientais ocorreram na Europa entre 1960 e 1980 e podiam ser evitados se houvesse uma perspectiva ambiental focada a longo prazo. O autor menciona apenas desastres na Europa, mas é preciso lembrar que, no Brasil, também, houve desastres ambientais durante esse período. Uma das maiores tragédias foi o incêndio no oleoduto da Petrobras, relacionada a uma favela conhecida como Vila Socó, no município de Cubatão/SP. O acidente ocorreu em 1984, matando cerca de 100 pessoas. Devido a esse acidente, a sociedade mundial chamou o lugar de “vale da morte”, devido a poluição existente na década de 1970 (FERNANDES, 2006).

Esses desastres aumentaram a conscientização global sobre a questão ambiental e, muitas perguntas foram feitas sobre como o desenvolvimento econômico deveria ser realizado, pois esta é uma área (impacto da economia sobre meio ambiente) que raramente era investigada na época. Foi nesse contexto que surgiu o “conceito” de ecodesenvolvimento, lançado por Maurice Strong e mais tarde desenvolvido por Ignacy Sachs (1993). Autores como Layrargues (1997) lembra que, com relação ao ecodesenvolvimento, Maurice Strong argumentou que os países do sul poderiam se desenvolver sem perder sua singularidade e desfrutar, desta forma, de sua própria modernidade que não precisa ser na mesma linha de outros países mais ricos e desenvolvidos economicamente, a fim de não comprometer o esgotamento da natureza.

3. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Conferência de Estocolmo estimulou a consciência ambiental do Brasil ao ajudar a promulgar legislação interna. Essas novas preocupações estão consagradas no Artigo 225 da Constituição do Brasil e na Lei 9.795 de 1997. Após a conferência de Estocolmo em 1972, isso se refletiu no ordenamento jurídico brasileiro. Obteve decreto do governo federal, que instituiu a Secretaria Especial do Meio Ambiente, que iniciou suas ações em prol do meio ambiente no ano de 1974 (SMANEOTO, 2012).

Segundo Dennis Schmidt Garcia (apud BORTOLON e MENDES 2014), é oportuno enfatizar que a Conferência de Estocolmo de 1972 trouxe um foco muito importante. Foi o reconhecimento de que a maioria dos problemas ambientais foram motivados pelo subdesenvolvimento. Portanto, os países desenvolvidos devem se esforçar para melhorar essa realidade.

Para Sirvinskas (apud BORTOLON e MENDES, 2014), pessoas em todo o mundo recentemente voltaram suas atenções para o meio ambiente. Existem várias organizações não governamentais que protegem o meio ambiente em que vivemos de atos nocivos cometidos por todos. A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Ambiental, que se reuniu no Rio de Janeiro em junho de 1992, reafirmou a declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, adotada em Estocolmo em 1972, e está avançando a partir daí ao implementar uma nova justiça, criando novos níveis de cooperação entre as nações, setores-chave da sociedade e indivíduos, respeitando os interesses de todos e trabalhando para a conclusão de acordos internacionais que protejam o meio ambiente global e a integridade do desenvolvimento (BOR TOLON e MENDES, 2014)

Na década de 1960, uma manifestação popular no Brasil e em todo o mundo surgiu sobre a exposição até então desconhecida aos danos ambientais, e os brasileiros começaram a se organizar e a lutar para proteger o meio ambiente. Principalmente pelo lançamento de “Silent Spring”, da americana Rachel Carson (MEDEIROS et al, 2011). Segundo Medeiros et al (2011), o Ministério do Meio Ambiente instituiu o PRONEA em 1992. E o IBAMA foi o responsável pela implementação dessa decisão e, como implementador da política ambiental nacional, desenvolveu as diretrizes para a implementação do PRONEA.

Assim, se envolve a educação ambiental no processo de gestão ambiental, o que a torna presente em quase todas as áreas (IBAMA, 1998). O Ministério da Educação em 1997 criou uma nova proposta curricular denominada Parâmetros Curriculares Nacionais, que enfoca o currículo básico do ensino fundamental, o ambiente das séries 1 a 8, em todas as disciplinas (MEDEIROS et al 2011). De fato, a Lei nº 9.795 de 1999 reconheceu a importância da educação ambiental, reconheceu-a como um campo essencial e duradouro em todo o processo educacional e a oficializou. Essa lei foi criada nos termos do artigo 225 da Constituição. De acordo com essa lei, a Educação Ambiental deve atuar dentro e fora da escola, mas não deve ser mera disciplina, pois assim perderia seu caráter interdisciplinar (MEDEIROS et al., 2011).

De acordo com a UNESCO (2005), a educação ambiental é um campo estabelecido, enfatizando a relação do homem com o meio ambiente, como preservá-lo, administrar adequadamente seus recursos. Alves (1999) afirma que existem milhares de crianças que não veem o planeta como deve ser visto, ou seja, nunca viram uma galinha, um pato, nunca foram a um riacho, lago, florestas.

A maior parte dos desequilíbrios ecológicos estão associados a comportamentos humanos impróprios, à utilização descontrolada de produtos naturais. A atividade educativa é um elemento essencial, necessário e urgente (CARVALHO, 2006). Só assim podemos acreditar no potencial de mudança de comportamentos e valores e, portanto, por meio da disseminação de valores e ideias, formar aqueles que trabalharão para novos caminhos relacionados ao mundo e seus recursos naturais (SCHIKE, 1986).

O constrangimento de um discurso apontando soluções para os problemas ambientais na perspectiva do pensamento cartesiano é demonstrado por Matsushima na obra “Implementação da Educação Ambiental no Brasil”, do MEC. Existe uma lacuna entre o que é dito e o que é feito. Sem integração acadêmica, a educação ambiental não pode ser considerada (MATSUSHIMA, 1998). Há necessidade de muito mais que novas ideias, indicando a necessidade de construção de um novo paradigma (MATSUSHIMA, 1998; CAPRA, 1998). Portanto, estamos diante de um momento de mudança de paradigma quanto ao conceito de utilização dos recursos naturais e convivência com o meio ambiente. A crise que vivemos pode ser entendida como a crise de valores que está causando as mais diversas proporções de problemas sociais e ambientais (SANTOS e FARIA, 2004).

Na perspectiva de Chalita (apud CUBA, 2010), a educação é a mais poderosa de todas as ferramentas de intervenção no mundo para a construção de novos conceitos e as consequentes mudanças de hábitos. É também um meio de construção do conhecimento, uma forma em que todo o desenvolvimento intelectual alcançado é transmitido de geração em geração e, portanto, um passo à frente no campo do conhecimento científico em relação às gerações anteriores. É comum possibilitar máximas comprovadas. A apresentação de temas ambientais na educação primária concentra-se em perspectivas educacionais gerais, por exemplo, no âmbito das atividades de iniciação, juntamente com atividades dedicadas à língua nativa, matemática ou expressão física e artística. Os estudos ambientais precisam apelar aos sentidos das crianças (espaço, forma, distância, percepção de cores) e fazer parte das brincadeiras. Estudar o contexto local dos alunos é muito importante (DIAS, 1992).

Por fim, a educação ambiental na primeira infância desperta a proteção das crianças e a conscientização para a cidadania. Desde cedo, as crianças vão entender que o futuro depende do equilíbrio entre o ser humano e a natureza e do uso racional dos recursos naturais e que precisam ser protegidos todos os recursos naturais existentes, pois são em sua grande maioria escassos (MEDEIROS et al., 2011).

4. ALGUMAS DIRETRIZES PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS

A escola pode criar condições e alternativas que estimulem os alunos a terem o conceito e a atitude de cidadania, a reconhecerem as suas responsabilidades e a se reconhecerem primordialmente em sua relação com o meio ambiente. A escola deve ser um espaço privilegiado para o estabelecimento de ligações entre diversos conhecimentos e informações. A educação escolar continua a ser um espaço importante para o desenvolvimento de valores e atitudes que abordem a sustentabilidade ecológica e social (LIMA, 2004).

Medeiros et al. (2011) afirmam que incluir a educação ambiental na formação de crianças pode ser uma forma de tornar as pessoas educadas mais sensíveis e interativas de maneira mais saudáveis ​​com a natureza. Afirma ainda que este tema deve ser abordado com frequência na escola, pois é de onde saem os futuros cidadãos, e é fácil de aprender quando se é criança. Portanto, é responsabilidade de todos os educadores ensinar e reconhecer que proteger a natureza é fácil e necessário porque ela é parte integrante do mundo e existe em nosso dia a dia. Fazendo isso, se ensina as crianças que elas precisam valorizar o “verde” que existe na terra por meio da convivência diária e da prática para construção de um mundo sustentável.

Segundo Segura (2001), a escola foi um dos primeiros locais a absorver o processo de “ambientalização”, responsável por melhorar a qualidade de vida das pessoas por meio da informação e da consciência. Mas isso precisa ser muito mais investido pela sociedade para que seus efeitos possam de fato fazer uma grande diferença e promover uma sociedade ambientalmente sustentável.

De acordo com Medeiros et al. (2011), se a escola quiser trabalhar de forma integral a educação ambiental, terá que enfrentar grandes dificuldades. Como defende Dias (1992), a maioria dos problemas ambientais tem suas raízes em fatores socioeconômicos, políticos e culturais e são conhecidos como imprevisíveis ou insolúveis por meios puramente técnicos. Portanto, é muito importante incluir a educação ambiental nas escolas para conscientizar os alunos e ajudá-los a se ter uma atitude face a sociedade como ecologicamente certa.

No caso de Segura (2001), o autor afirma também que o problema dos buracos da camada de ozônio só tem sentido se houverem valores ambientais incorporados nos alunos, ou seja, a importância desse problema não se revela explícita no imaginário social: é preciso valores ambientais para orientar paradigmas ambientais. A moralidade é muito importante e tem a ver com a educação no sentido mais amplo da palavra. Conhecimento da perspectiva da consciência auxiliada por valores ambientais.

No processo pedagógico, há um intermediário entre o conhecimento e os alunos (sujeitos da aprendizagem), e há uma relação entre ideias e valores que são comprovados durante o processo pedagógico. E, dessa forma, contribui também para a aprendizagem dos educadores que aprendem enquanto ensinam. Ao vincular o conteúdo científico aos problemas cotidianos, os educadores também tornam o aprendizado mais significativo. As oficinas pedagógicas realizadas durante as aulas são desenvolvidas a partir da experiência do aluno e dos fenômenos que ocorrem ao seu redor, e buscam investigá-los com o auxílio de conceitos científicos relevantes. É por meio da educação exploratória e provocativa que os alunos começam a pensar acerca da construção do conhecimento (MEDEIROS et al 2011).

Com base nas premissas anteriores, é possível listar algumas diretrizes político-pedagógicas para o desenvolvimento da educação ambiental nas escolas de educação infantil, a fim de tentar minimizar o problema da desvalorização dos recursos naturais, são elas:

Construção de Projetos Políticos Educacionais em escolas de educação infantil que atendam às expectativas da comunidade escolar e ofereçam soluções para problemas ambientais específicos assim como sugestão de condutas de educação continuada relacionadas à educação ambiental, pois os professores precisam discutir e investigar as questões para que possam desenvolver um trabalho mais sistemático em sala de aula. Outra solução é a implementação do projeto para que a criança aprenda sobre as questões ambientais e possam propor estratégias para minimizá-las. Por exemplo, a realização de uma conferência ambiental infantil para crianças promovida pelo Ministério da Educação Ambiental (SILVA e GRZEBIELUKA, 2015).

Outra diretriz é incorporar a educação ambiental ao currículo escolar e incorporar comportamentos de mobilização que consistam em um processo de aprendizagem permanente. O ato de conscientizar os alunos a necessidade de proteção ambiental é um dos potenciais mobilizadores desse público dentro e fora da escola. Disseminar o conceito de educação ambiental que possibilite o esclarecimento do binômio teoria e prática por meio da prática educativa e trabalhar com projetos coletivos envolvendo comunidades internas e externas na conservação do meio ambiente ajuda a promover mudanças de hábitos e atitudes (SILVA e GRZEBIELUKA, 2015).

Também é possível e aconselhável mobilizar a comunidade escolar e agir pela punição governamental para aqueles que não estão agindo em observação aos grandes perigos que ameaçam a nós e às gerações futuras. Desenvolver projetos de aprendizagem que valorizem os tipos de resíduos orgânicos e inorgânicos e mostrem aos alunos qual é o tratamento adequado é radicalmente relevante. Isso ocorre porque os projetos de ambiente educacional que são realizados em conjunto são de suma importância para desenvolver o pensamento crítico sobre as questões ambientais entre os alunos. Eles são nossos fatores ambientais futuros (SILVA e GRZEBIELUKA, 2015).

Implementar nas escolas palestras, seminários e outros eventos acadêmicos. E um dos principais agentes de comunicação e formação de opinião é espalhar folders. Criar medidas para economizar água e reduzir o desperdício na escola, construindo uma caixa d’água para coletar a água da chuva. Essa água pode ser usada para limpar a escola. Criar organizações que mobilizem a educação ambiental nas escolas, como grupos de apoio ambiental, para criar oportunidades para que os alunos desenvolvam projetos e ações que beneficiem o meio ambiente sustentável. Viabilizar o desenvolvimento pleno de uma percepção crítica duradoura dos desafios que se colocam no futuro do aluno, possibilitando ao aluno a convivência em sociedade e a resolução de problemas que surjam na trajetória da vida civil. Isto porque, segundo Paro (1997),

Cabe aos profissionais da educação fazerem valer o seu papel de educador, dando ênfase a um ensino mais democrático, com diálogos abertos, com informações que provoquem reflexões a respeito dos fatos sociais existentes. É importante que se trabalhe sempre com o concreto, assim o educando se sentirá estimulado a criar situações como todo o processo democrático, que é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação. (PARO, 1997, p. 17)

Deve-se implementar essa educação ambiental desde os primeiros dias do ensino fundamental e encontrar a melhor forma de envolver os alunos nesse processo, assim como também se deve oferecer estruturas para que os professores desenvolvam comportamentos, projetos e atividades em prol de uma educação ambiental sustentável e esclareçam a importância do meio ambiente, da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável com promoção de encontros informativos para pais e comunidade em geral.

É um desafio para a humanidade reverter essa situação (ZULAUF, 2000), mas a escola tem um papel único na formação de uma nova geração que cuida melhor do planeta. É preciso trabalhar para que a sociedade reverta a situação de negligência e deterioração desse meio ambiente, e isso demanda posicionamento ético que pressupõe, dentre outras coisas, acreditar que as sociedades têm capacidade de criar e gerenciar oportunidades para transformar seu ambiente físico e social por meio da educação. Partindo desse princípio, a escola pode dar aos alunos um bom direcionamento para ampliar seus conhecimentos sobre meio ambiente, a fim de realizar uma escola sustentável e conscientizar sobre o meio ambiente. O resultado é uma educação de qualidade em um ambiente equilibrado e que respeita a biodiversidade.

Para mitigar os impasses que são apresentados em relação a importância da educação ambiental nos anos iniciais, é possível listar alguns pontos de vistas a partir de nossa experiência como professores.  Esses pontos de vista podem ser apreciados em projeto educacional para a escola, para ajudar a repensar a educação ambiental no espaço escolar.

  1. Inicialmente, deve-se dar oportunidade aos professores em seu trabalho coletivo para que todos possam escutar e ser escutados, assim como apreciar práticas que foram pelo grupo decididas.
  2. Aliado a isso, é preciso disponibilizar materiais didáticos que sejam de fato suficientes para executar as ações propostas no projeto.
  3. Integrar alunos em projetos através da formação de comissões de alunos. Estes se comprometerão com divulgação de atividades.
  4. Proporcionar ações fora da escola que operem sobre o resgate de recursos naturais e patrimônios da região onde os alunos vivem.
  5. Arrolar no projeto plano anual da escola algumas ações que estejam relacionadas com o grupo de apoio ao meio ambiente, da escola para que exista melhor divulgação aos demais alunos.
  6. Fazer conferências para enfatizar a radical relevância da sustentabilidade ambiental em nível planetário.
  7. Criar projetos de coleta seletiva de lixo fora da escola.

Partindo a escola dos pressupostos supracitados, é possível saber que tipo de alunos uma sociedade ambientalmente sustentável precisa formar, que valores e competências precisam ser fomentados nesses alunos pela escola. A escola fará, com isso, seu papel nobre de função social radical para cidadania em um sentido pleno: formar desde tenra idade, o que é importante, alunos conscientes e valorativamente orientados para uma atitude face a realidade que seja ambientalmente sustentável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão ambiental precisa ser discutida cada vez mais no Brasil e no mundo, na medida em que os impactos ambientas das ações econômicas se tornam cada vez mais claros. Os governos têm encarado essa questão a partir de políticas ambientais e legislação para proteção do meio ambiente. Entretanto, deve-se ocorrer uma mudança valorativa em toda a população para que se possa assegurar um desenvolvimento sustentável. A educação é fundamental porque é uma das instâncias fundamentais de assimilação de valores.

O objetivo da discussão foi apresentar algumas diretrizes político-pedagógicas para as escolas terem educação ambiental adequada nos anos iniciais, justificando a necessidade de ocorrer já nesta fase porque é nela que a assimilação de valores e ideias ocorre de forma mais eficaz. Portanto, retomando a questão norteadora: quais as principais diretrizes político-pedagógicas para a concretização de uma educação ambiental na educação infantil? Concluiu-se que principais diretrizes político-pedagógicas envolvem a construção de projetos políticos educacionais em escolas de educação infantil, incorporar a educação ambiental ao currículo escolar, desenvolver projetos de aprendizagem, implementar nas escolas palestras, seminários e outros eventos acadêmicos, entre outras.

Diversas diretrizes foram descritas, mas cabe aqui uma síntese do sentido de todas elas, haja vista que as diretrizes são teóricas, mas suas práticas necessitam de adaptações em cada contexto social e regional. O sentido delas é promover nos anos inicias um conjunto de práticas que ajudem as crianças a incorporarem valores, pois nessa fase existe o problema da dificuldade inerente ao estágio de desenvolvimento infantil, de lidar com conceitos e ideias muito abstratas, necessitando que as escolas operem pedagogicamente orientadas para o concreto e para a prática cotidiana de cuidados com o meio ambiente dentro e fora da escola para que com essas práticas haja a supracitada assimilação de valores ambientais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BORTOLON, B.; MENDES, M. S. S. A Importância da Educação Ambiental para o Alcance da Sustentabilidade. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, 2014.

CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2006.

CAPRA, F. O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1993.

CUBA, M. A. Educação Ambiental nas Escolas. Revista ECCOM, v. 1, n. 2, jul./dez., 2010.

DA VEIGA, JOSÉ ELI. Indicadores socioambientais: evolução e perspectivas. Disponível em <www.zeeli.pro.br>. São Paulo, 2009. Acesso em: 12/06/2009.

IBAMA. Educação ambiental: as grandes orientações na Conferência de Tbilisi. Brasília: IBAMA. 1998.

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MOLINA, Hélio Victor. A importância da ambiental na escola municipal de ensino básico no Distrito de Bonsucesso. Instituto Federal De Educação Ciência E Tecnologia De Mato Grosso, Cuiabá, 2016.

UNESCO. Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do esquema internacional de implementação. Brasília, 2005.

PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Ed. Ática, 1997.

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SMANEOTO, Cecilia et al. A educação ambiental como direito fundamental do homem. Monografias Ambientais, Vol (5), n°5, p. 922 – 933, 2012.

ZULAUF, Werner E. O meio ambiente e o futuro. Estudos Avançados [online]. 2000, v. 14, n. 39

[1] Pós-graduada em psicopedagogia, licenciada em pedagogia e sociologia. ORCID: 0000-0003-23940805

Enviado: Outubro, 2021.

Aprovado: Dezembro, 2021.

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Geuza Soares de Freitas Correa

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