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A Realidade vivida pelos profissionais de Educação Física dentro das Escolas

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CONTEÚDO

MOTA, Amanda Cristina Silva [1], AMARO, Diogo Alves [2]

MOTA, Amanda Cristina Silva; AMARO, Diogo Alves. A Realidade Vivida Pelos Profissionais de Educação Física Dentro das Escolas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo Do Conhecimento. Ano 01, Edição 01, Vol. 10, pp. 281-290, Novembro de 2016. ISSN: 2448-0959

RESUMO

O desafio do professor do século XXI é transmitir cada vez mais saberes necessários ao desenvolvimento das competências do futuro. As principais dificuldades citadas por muitos professores, em muitas literaturas, são a inadequação do espaço, a carência de materiais, a resistência dos alunos às práticas “novas” e o desinteresse pela Educação Física. Este trabalho tem por finalidade analisar a realidade e as dificuldades encontradas na docência do profissional de educação física dentro do ambiente escolar. Este estudo constitui-se de uma revisão de literatura especializada, realizada entre fevereiro e outubro de 2016, na qual realizou-se uma consulta a livros publicados; a artigos científicos e teses, selecionados através de busca no banco de dados do scielo e da bireme. Conclui-se que a educação vem atravessando grandes crises, começando pela baixa qualidade do ensino, o descaso com os professores e a falta de respeito dos políticos para com a população enfatiza uma das piores fases enfrentadas pela educação. Cabe ao professor de Educação Física, o papel de orientar e conduzir esse processo usando de todo seu conhecimento e inteligência, pois quanto mais inteligente o professor, mais ele torna seus alunos capazes de agir com inteligência.

Palavras-chave: Realidade, Dificuldades, Professores, Educação Física.

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que a realidade das aulas de Educação Física, nas Escolas Estaduais e municipais é caracterizada por aspectos desmotivantes à prática da atividade física, as dificuldades que os professores de Educação Física enfrentam no seu cotidiano de sala de aula como: falta de materiais, estrutura física inadequada, número excessivo de alunos, falta de vontade dos alunos e às vezes até do próprio professor por menosprezo a disciplina, e o não conhecimento da importância da Educação Física no desenvolvimento geral dos alunos.

A educação tem sido caracterizada como a área que mais enfrenta conflitos e desafios diante de uma sociedade em constante mudança. Os professores demonstram que não devem selecionar os alunos, optar por apenas uma modalidade esportiva, ter atitudes autoritárias e negligenciar a dimensão Lúdica. No entanto, ainda apresentam dificuldades no sentido de saber quais conteúdos abordar e quais metodologias de ensino utilizar. Em alguns casos, tal fato acaba por transformar as aulas em assistemáticas, nas quais o aluno escolhe o que quer fazer.

Ressalta-se que, mesmo com todas as dificuldades encontradas pelos professores de Educação Física, que é na escola que muitas crianças dos anos iniciais de do ensino fundamental têm seu primeiro contato com atividades físicas planejadas, daí sua importância como promotora de desenvolvimento e aprimoramento “das esferas cognitivas, motoras e auditivas”, este contato planejado faz com que as crianças envolvidas possam compreender e/ou adaptar suas habilidades não somente no ambiente escolar, mas também em todos os outros a que tenha acesso, melhorando a saúde física e mental, propiciando o desenvolvimento de habilidades úteis à vida, criando hábitos culturais de higiene (RODRIGUES, 2013).

Para ocorrer uma revolução positiva na maioria das nações é preciso que o processo tenha início na educação e nesse sentido o professor torna-se um dos principais agentes desse processo. A educação tem sido caracterizada como a área que mais enfrenta conflitos e desafios diante de uma sociedade em constante mudança. O objetivo desta revisão de literatura é analisar a realidade e as dificuldades encontradas na docência do profissional de educação física dentro do ambiente escolar.

Para seleção das fontes, consideraram-se como critérios as bibliografias que abordassem a realidade vivida pelos professores da educação física dentro das escolas. Este estudo constituiu-se de uma revisão da literatura especializada, realizada entre fevereiro e outubro de 2016, na qual se realizou consulta a artigos científicos, teses, selecionados através de busca no banco de dados do SCIELO e da BIREME. Também se utilizou a plataforma de busca do google acadêmico para pesquisas de teses, dissertações, políticas municipais de gerenciamento de resíduos etc. Não foi realizado filtro no que diz respeito a data das publicações utilizadas nessa pesquisa.

A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando às terminologias cadastradas nos bancos de dados, que permite o uso da terminologia comum em português, inglês e espanhol. As frases-chave utilizadas nas buscas foram: Realidade, Dificuldades, Professores, Educação Física.

2. EDUCAÇÃO FÍSICA

2.1. HISTÓRICO

A introdução da Educação Física oficialmente na escola ocorreu no Brasil, em 1851, com a reforma Couto Ferraz, embora a preocupação com a inclusão de exercícios físicos na Europa remonte ao século XVIII, com Guths Muths, J. J. Rosseau, Pestalozzi e outros. Em 1882, Rui Barbosa, recomendou que a ginástica fosse obrigatória, para ambos os sexos e que fosse oferecida para as Escolas Normais. Todavia, a implantação destas leis ocorreu apenas no Rio de Ja­neiro (capital da República, na época) e nas escolas militares. No entanto, somente a partir da década de 1920 que vários Estados da federação começam a realizar as reformas educacionais e incluem a Educação Física, com o nome mais frequente de ginástica. (BETTI, 1991).

A concepção dominante da Educação Física em seu início foi calcada na perspectiva que muitos autores a chamaram de higienismo. Nela, a preocupação central é com os hábitos de hi­giene e saúde, valorizando o desenvolvimento do físico e da moral, a partir do exercício. Em função da necessidade de sistematizar a ginástica na escola, surgem os métodos ginásticos, onde os principais foram propostos pelo sueco Pehr Henrik Ling, pelo francês Francisco Amorós e o alemão Adolph Spiess, os quais apresentaram propostas que procuravam valorizar a imagem da ginástica na escola.

A Educação Física no Brasil, no século XIX, foi desenvolvida pelos militares com o objetivo de formar indivíduos fortes, saudáveis que eram indispensáveis para o processo de desenvolvimento do país. Esta associação ocorrida entre Educação Física, Educação do Físico e Saúde Corporal deve- aos militares e aos médicos. Baseados nos princípios da medicina social de índole higiênica proclamaram-se a mais competente categoria profissional para redefinir os padrões de conduta física, moral e intelectual da fa­mília brasileira. Para cumprir suas atribuições, os higienistas utilizaram a Educação Física, definindo lhe como objetivo a criação do corpo saudável, robusto, em oposição ao corpo relapso, flácido e doentio do indivíduo colonial (CASTELLANI FILHO, 1989; BETTI, 1991).

A Educação Física pautava-se por um lado, em cumprir a função de colaborar na construção de corpos saudáveis, que permitissem uma adequada adaptação ao processo produtivo ou a uma perspectiva política nacionalista; e por outro, pela necessidade e vantagens de uma intervenção, legitimada pelo conhecimento médico-científico do corpo, que referendava essas possibilidades (BRACHT, 2001).

Ambas as concepções higienista e militarista consideravam a Edu­cação Física como disciplina essencialmente prática, não necessitando, portanto, de uma fundamentação teórica que lhe desse suporte. Por isso, não havia distinção evidente entre a Educação Física e a instrução física militar. Para ensinar Educação Física, não era preciso dominar conhecimentos e sim ter sido um ex-praticante.

No Brasil, o período de 1969 a 1979, observa-se a ascensão do esporte devido à inclusão conjunta da Educação Física/Esporte na planificação estratégica do governo, muito embora o esporte de alto nível estivesse presente no interior da sociedade desde os anos 1920 e 1930 (BETTI, 1991).

Os governos militares, que assumiram o poder em março de 1964, passam a investir no esporte na tentativa de fazer da Educação Física um sustentáculo ideológico, na medida em que ela participaria na promoção do país por meio do êxito em competições de alto nível. Nesse período, a ideia central girava em torno do Brasil-Potência, pretendia­-se com isso eliminar as críticas internas e deixar transparecer um clima de prosperidade e desenvolvimento (BETTI, 1991).

De acordo com Soares et al. (1992), a influência do esporte no sistema educacional é tão forte que não se pode dizer o esporte da escola, mas sim o esporte na escola. Isso indica a subordinação da educação física aos códigos/sentido da instituição esportiva: esporte olímpico, sistema desportivo nacional e internacional. Esses códigos podem ser resumidos em princípios de rendimento atlético/desportivo; comparação de rendimento; competição; regulamentação rígida; sucesso no esporte como sinônimo de vitória; racionalização de meios e técnicas etc.

3. O TRABALHO DOCENTE NAS ESCOLAS

O desafio do professor do século XXI é transmitir cada vez mais saberes necessários ao desenvolvimento das competências do futuro. Esses saberes são os quatro pilares que sustentam a educação: aprender a conhecer, aprender a fazer; aprender a viver, aprender a ser. Esse desafio exige do professor o abandono da postura de detentor do conhecimento, uma vez que a aprendizagem é construída no cotidiano escolar com o conhecimento de mundo e as diversas habilidades apresentadas pelos alunos. Exige, ainda que tenha a disposição de aprender, de desenvolver habilidades e de constantemente rever seus métodos de ensino e de adaptá-los conforme a turma em que esteja trabalhando.

A educação vem atravessando grandes crises e dificuldades, começando pela baixa qualidade no ensino o descaso com os professores e a falta de respeito dos políticos para com a população enfatiza uma das piores fases enfrentadas pela educação. Assim sendo estas dificuldades enfrentadas pela educação em geral, dificulta ainda mais a situação da Educação Física nas escolas, por se tratar de uma matéria que não tem “status”, ou seja, não é vista como uma disciplina importante desfavorecendo os professores. Começa aí as dificuldades enfrentadas pela Educação Física que é de tentar se legitimar na escola como uma disciplina importante e necessária no âmbito escolar.

A Educação Física deve ser legitimada na escola, buscar a sua identidade, sua razão de ser no currículo escolar, e, para isso, sua importância deve ser rediscutida nos diversos âmbitos da sociedade (DARIDO, 2006, p.116).

Neste contexto o professor de Educação Física acaba enfrentando muitas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, principalmente em escolas públicas. Dificuldades que muitas vezes acabam desmotivando esse profissional. Uma análise sobre a realidade da Educação Física na escola aponta para a necessidade de um enfrentamento urgente no sentido de programar propostas renovadoras, e novas alternativas que possam suprir as necessidades tanto dos profissionais quanto dos alunos que também precisam ser motivados e entender a importância da educação física para o corpo e a mente.

As principais dificuldades citadas por muitos professores, em muitas literaturas, são a inadequação do espaço, a carência de materiais, a resistência dos alunos às práticas “novas” e o desinteresse pela Educação Física.

  1. A) Falta de espaço: é inegável assumir que o espaço escolar é um fator preponderante no desenvolvimento das aulas de Educação Física, pois ele modula conteúdos e pode eventualmente impedir que determinadas práticas sejam realizadas. Para adaptar as atividades aos espaços disponíveis, os professores, eventualmente, também deslocam as práticas para outros espaços (inclusive em praças públicas próximas à escola), essa é a que menos se utiliza, sendo o recurso de aplicarem aulas “teóricas” ao invés de práticas, desenvolvendo o conteúdo com os alunos em “sala” de aula, a pratica mais comum.
  2. B) Falta de materiais adequados em número e qualidade para as práticas corporais dos alunos: nas escolas públicas, é o mais grave de todas as dificuldades, mas acontece também nas escolas privadas, isso revela, uma certa desvalorização da Educação Física no contexto dessas instituições de ensino. Para adaptar as aulas à falta de material, os professores adquirem o próprio material ou solicitam aos alunos que tragam os materiais necessários para as aulas. Além disso, vários materiais são confeccionados no próprio contexto da aula.
  3. C) A resistência dos alunos para as atividades de Educação Física: nesse âmbito, os professores têm muita dificuldade em construir alternativas para contornar essa situação e, em geral, acabam restringindo suas práticas àquelas atividades que vão ao encontro do “gosto” dos alunos para ministrarem suas aulas, geralmente são aquelas as quais eles estão habituados, ligadas às práticas esportivas.
  4. D) O desinteresse dos alunos pelas aulas de Educação Física: os professores apontam a aplicação de metodologias mais lúdicas, que busquem motivar de forma mais efetiva os alunos a participarem das aulas, e também a avaliação como ferramenta coercitiva, obrigando os alunos a participarem da aula para obterem determinada pontuação, uma vez que a falta de interesse gera indisciplina, contribuindo para o déficit no aprendizado, assim os alunos disciplinados sofrem prejuízo, por conta da indisciplina, e os conteúdos ficam defasados.

Os professores de Educação Física diante de tantas dificuldades ainda carecem de elementos que Ihes permitam refletir e implementar propostas que substituam os modelos exclusivamente “esportivistas”, ou ”recreacionistas’, de tal modo que seja possível que a Educação Física dentro da escola possa cumprir a difícil missão de introduzir e integrar o aluno na esfera da Cultura Corporal de Movimento, formando o cidadão para produzi-la, reproduzi-la e também transformá-la, se necessário for. Nesse sentido, o aluno deverá ser instruído a usufruir das praticas corporais em beneficio do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

Um ponto a ser abordado mostra uma preocupação muito grande, porque na área da Educação Física existe muitos profissionais empenhados e dedicados em fazer de suas aulas momentos especiais e ricos em conhecimento, mas não se pode dizer que todos os profissionais sejam assim, visto que uma parcela de profissionais que não possuem interesses em refletir sobre a importância da Educação Física na Escola, e muitas vezes não tem nem argumento para convencer seus alunos da importância da Educação Física. Estes profissionais sejam por falta de tempo ou de interesse deixam a desejar nas aulas de Educação Física o que corrobora por desqualificar a disciplina perante os demais componentes da escola e ate mesmo da própria sociedade.

O próprio professor de Educação Física pode ou não contribuir para reverter mais este problema e para mostrar a verdadeira importância desta disciplina do currículo escolar na vida e formação de seus alunos. Para que esta situação possa começar a mudar é necessário que o próprio professor encare a realidade e comece a fazer algumas modificações no seu próprio comportamento diante dos outros professores e no planejamento e desenvolvimento das aulas, possibilitando que os próprios alunos estejam cientes do real objetivo das aulas, e da importância que a Educação Física tem para a vida e desenvolvimento dos mesmos na sociedade.

Essas dificuldades acabam afetando o trabalho de muitos professores dentro da escola, pois acabam se vendo de mãos e pés atados ao tentar mudar a situação da Educação Física na escola, pode-se dizer que não só da Educação Física mais da educação em geral (DARIDO 2006).

3.1. DISPENSAS DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Ao longo da trajetória da Educação Física na escola, foram aprovadas leis nas décadas de 1960 e 1970, que permitiam uma série de possibilidades aos alunos que solicitassem dispensas das aulas. Elas autorizavam que alunos com proble­mas de saúde, que servissem no exército, possuíssem filhos (prole), trabalhassem e tivessem mais que trinta anos fossem liberados das aulas de Educação Física escolar.

Na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 4024 de 20 de dezembro de 1961 –, a Educação Física é contemplada no artigo 22, cujo texto é redigido da seguinte forma: “Será obrigatória a prática da educação física nos cursos primário e médio, até a idade de 18 anos” (BRASIL, 1961). O caráter da Educação Física presente nesta legislação estava diretamente relaciona­do à capacitação física do aluno, visando formar o futuro trabalhador com saúde que seria fundamental para o processo de industrialização vivido pelo país naquele período. A própria limitação com relação aos 18 anos de idade, deixava claro que os exercícios físicos poderiam causar desgaste ou exaustão no período em que os indivíduos, supostamente, necessitariam de um maior aporte energéti­co em função de sua inserção no mercado de trabalho.

A LDB é revista, com a reforma educacional proposta 10 anos depois de sua criação, por meio da Lei nº 5692 de 11 de agosto de 1971 (BRASIL, 1971). Castellani Filho (1997) salienta que esta lei deixa de fazer referência ao limite de idade da prática da Educação Físi­ca, optando por regulamentar a questão por outro mecanismo, que é posto em prática naquele mesmo ano, pela promulgação do Decreto nº 69450 de 1º de novembro, que aludia nos quatro incisos de seu artigo 6º às condições que facultavam ao aluno a prática da Educação Física, com base na seguinte redação:

Em qualquer nível de todos os sistemas de ensino, é facultativa a participa­ção nas atividades físicas programadas: a) aos alunos do curso noturno que comprovarem, mediante carteira profissional ou funcional, devidamente assinada, exercer emprego remunerado em jornada igual ou superior a seis horas; b) aos alunos maiores de 30 anos de idade; c) aos alunos que esti­verem prestando serviço militar na tropa; d) aos alunos amparados pelo Decreto-lei 1044 de 21 de outubro de 1969, mediante laudo do médico assistente do estabelecimento (CASTELLANI FILHO, 1997, p. 21).

Assim, ao longo da trajetória da Educação Física na escola foi aberta uma série de possibilidades que permitiram aos alunos solicitarem dispensas das aulas. Essas práticas de dispensa eram ou podiam ser respaldadas pelo fato da Educação Física ser considerada na lei como atividade e não disciplina, como as demais áreas que compõem o currículo escolar. Para alguns autores, essa consideração compreendia a Educação Física como prática pela prática, sem necessidade de uma estruturação dos seus conteúdos.

Em 01 de dezembro de 2003, a facultatividade foi alterada, por meio da Lei nº 10793. Essa Lei alterou a redação do art. 26, § 3º, e o art. 92 da Lei 9294, de 20 de dezembro de 1996. Desse modo, ficou determinado que as aulas de Educação Física fossem facultativas ao aluno que, independente do período em que estudas­se, se enquadrasse em algumas das seguintes condições previstas:

I – Que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; II – maior de trinta anos de idade; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; V – (VETADO) VI – que tenha prole (BRASIL, 2003).

Diante desta lei tem-se uma visão bastante excludente do papel da Educação Fí­sica na escola, não sendo uma disciplina importante assim como as demais. Na verdade, retomam-se os pressupostos de corpo exclusivamente biológico, homogêneo, cansado do trabalho, velho ou doente, que não tem condições para realizar as aulas da escola.

3.2. BENEFÍCIOS DA PRATICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

A disciplina de Educação Física desenvolve no aluno, possibilidades de movimento e educa para a compreensão, relevância, importância e como e onde deve ser utilizada devendo ser considerada como experiência única por tratar de um dos mais preciosos recursos humanos, que é o corpo humano. Assim a Educação Física traz várias contribuições aos alunos, podendo ser citados: O desenvolvimento do aluno como um todo; Se bem aplicada, contribui para interdisciplinaridade com  outras disciplinas; Oportuniza a convivência, o diálogo, o companheirismo e até resolução de problemas; Promove o desenvolvimento integral da criança nos aspectos biológicos, psicológicos e sociocultural para que atinja sua autonomia; A socialização com grupos de pessoas diferentes convivendo com as vitórias e derrotas que a vida impõe ao ser humano.

Para Xavier (1986, p. 33), a prática da Educação Física traz ao aluno o aumento do interesse; concentração e motivação para a prática educativa; facilitação na compreensão e fixação de informações complementares; experimentação concreta de movimentos e objetos relacionados com os conteúdos programáticos; estímulo à observação, imaginação e criatividade; visualização de conhecimentos práticos e concretos a partir de noções teóricas e abstratas; aproximação do aluno com a realidade social em que vive.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a importância da prática de Educação Física, leva em consideração as condições adequadas para sua efetivação como atividade que trabalha o corpo e os movimentos. Por conseguinte, destaca que a Educação Física é entendida como uma área do conhecimento da cultura corporal de movimento. Salienta também que a Educação Física Escolar é uma disciplina que deve introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em beneficio do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida” (RODRIGUES, 2013).

De acordo com Bracht (1992, p.25), “cultura corporal é toda a manifestação cultural ligada à ludo motricidade humana”. A partir das elaborações de Canestraro, Zulai e Kokut (2008, citando XAVIER, 1986, p.33), na área da Educação Física escolar, é possível apontar diversos benefícios para o aluno, dentre os quais a experimentação concreta de movimentos e objetos relacionados com os conteúdos programáticos da Educação Física; o estímulo à observação, imaginação e criatividade; a visualização de conhecimentos práticos e concretos a partir de noções teóricas e abstratas; e a aproximação do aluno com a realidade social em que vive.

Zunino (2008) aborda que a Educação Física é uma das formas mais eficientes pela qual o indivíduo pode interagir e, também é uma ferramenta relevante para a aquisição e aprimoramento de novas habilidades motoras e psicomotoras, pois é uma prática pedagógica capaz de promover a habilidade física, a aquisição de consciência e compreensão da realidade de forma democrática, humanizada e diversificada, pois nesta etapa educacional a Educação Física deve ser vista como meio de informação e formação para as gerações.

Diante dessa perspectiva, destaca-se a importância de mostrar atividades e possibilidades que a criança e o adolescente devem vivenciar na fase escolar, fazendo com que consiga organizar sua imagem corporal, ponto de partida para uma cultura corporal plena. Para a Educação Física, todo movimento corporal pode ser pedagogicamente tematizado e desenvolvido através da aplicação dos conteúdos culturais como a dança, a ginástica, as lutas, os esportes e os jogos (RODRIGUES, 2013).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No estudo realizado mediante as dificuldades encontradas pelos professores de Educação Física na escola observou-se que muitas mudanças devem acontecer, principalmente, partindo deles próprios e de toda a classe dessa área, eles devem possuir uma concepção mais crítica sobre o seu papel na escola.

A prática docente está aberta para o renovar-se, segundo as palavras de Paulo Freire (1992, p. 188): “Para que quem sabe possa ensinar a quem não sabe é preciso que, primeiro, quem sabe saiba que não sabe tudo; segundo, que, quem não sabe, saiba que não ignora tudo”. Deste modo, ao planejar suas atividades o professor deve considerar não apenas o seu conhecimento, mas principalmente, o de seus alunos, levando-os a se perceberem como autores da construção do próprio conhecimento e agentes modificadores do mundo em que vivem. O professor comprometido certamente terá alunos comprometidos e assim o processo ensino-aprendizagem terá seu objetivo atingido. Cabe ao professor de Educação Física, o papel de orientar e conduzir esse processo usando de todo seu conhecimento e inteligência, pois quanto mais inteligente o professor, mais ele torna seus alunos capazes de agir com inteligência.

Na história da Educação Física muitas transformações ocorreram ao longo dos tempos, sempre buscando se adequar as necessidades da sociedade vigente. Essas mudanças ocorreram de forma insatisfatória, e acabaram por ocasionar problemas na sua aplicação ao ambiente escolar. Salienta-se que a Educação Física diante da teoria critica é uma disciplina que busca fazer com que o aluno se torne um cidadão autônomo, crítico e reflexivo. Transformando esse aluno em um ser capaz de se reconhecer em meio à sociedade em que vive.

5. REFERÊNCIAS

BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

BRACHT, V. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da educação física como componente curri­cular. In: CAPARROZ, F.E. (Org.). Educação Física escolar. Vitória: Proteoria, 2001. v. 1.

CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas (SP): Papi­rus, 1989.

CASTELLANI FILHO, Lino. Os impactos da reforma educacional na Educação Física brasileira. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. v. 19, n. 1, p. 20-33, set. 1997.

DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

DARIDO, Suraya Cristina et.al. Realidade dos professores de educação física na escola: suas dificuldades e sugestões – Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 14, n. 1, p. 109-137, 2006.

RODRIGUES, Ingrid Vieira. A Importância da prática da Educação Física no Ensino Fundamental I. Portal Educação. 2013.

SOUZA JR, O. S.; DARIDO, S. C. Dispensas das aulas de Educação Física: apontando caminhos para mini­mizar os efeitos da arcaica legislação brasileira. Revista Pensar a Prática, v. 12, n. 2, 2009.

XAVIER, Telmo Pagana. Métodos de ensino em Educação Física. São Paulo: Manole, 1986.

ZUNINO, Ana Paula. Educação física: ensino fundamental, 6º – 9º. Curitiba: Positivo, 2008.

[1] Aluna do Curso de Graduação em Educação Física da Faculdade Patos de Minas (FPM).

[2] Professor das disciplinas de Recreação e Lazer / Estágio Supervisionado / Basquete / História da Educação Física no curso de Educação Física da Faculdade Patos de Minas. Especialista em Educação Física.

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Amanda Cristina Silva Mota

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