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A Indisciplina Discente e suas consequências na Educação Básica

RC: 71325
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/indisciplina-discente

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BASTOS, Manoel de Jesus [1]

BASTOS, Manoel de Jesus. A Indisciplina Discente e suas consequências na Educação Básica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 16, pp. 132-143. Dezembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/indisciplina-discente, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/indisciplina-discente

RESUMO

O presente artigo aborda um assunto que vem gerando grande preocupação aos profissionais da área educacional e à sociedade, de modo geral. Trata-se de atos indisciplinares, considerados empecilhos do ensino-aprendizagem e responsáveis pelo baixo rendimento dos alunos, sobretudo, na educação básica. A indisciplina escolar é considerada um fenômeno crônico e perturbador que vai ao desencontro das normativas educacionais, causando transtornos que vão desde o desrespeito, à violência, física e psicológica, deixando marcas profundas e inapagáveis. Ademais, o currículo pedagógico está distante de ser cumprido, uma vez que, sobrecarrega-se os professores com uma tarefa que não é, exclusivamente, sua. Priorizou-se a pesquisa bibliográfica fundamentada nas concepções de alguns teóricos, além de algumas fontes oficiais. Os resultados obtidos, despertaram a inquietação pela busca de alternativas que venham atenuar o problema e nortear o processo educativo, uma vez que, a indisciplina escolar vem proporcionando resultados anoréxicos à educação. O objetivo do respectivo trabalho é mencionar as principais causas do fenômeno e apresentar algumas estratégias que, certamente, influenciarão na minimização do referido problema.

Palavras-chave: Educação, ensino-aprendizagem, indisciplina, pedagógico.

1. INTRODUÇÃO

Habitualmente, em qualquer reunião de cunho pedagógico a palavra “indisciplina” sempre aparece como componente de pauta. Certamente, por ser um dos empecilhos no processo de ensino-aprendizagem, torna-se sendo a palavra cogitativa e, portanto, inesquecível por aqueles que a vivenciam, ao longo de suas atividades escolares. A indisciplina discente, tem sido a verdadeira propiciadora das constantes reuniões de pais e mestres nas instituições de educação básica, tendo em vista ser considerada, pelos profissionais da educação, um dos principais obstáculos no processo de ensino-aprendizagem.

Com efeito, a indisciplina discente está diretamente associada à falta de comportamento do aluno, desde sua entrada à saída da unidade educacional, sendo, notadamente, mais crítica e mais intolerável no recinto onde acontece o fazer pedagógico. Sua definição é uma complexidade de comportamentos inadequados, desde a ausência de respeito e descumprimento às normas regimentais da instituição.

A indisciplina pode estar presente em vários ambientes, mas é na escola que se evidencia a sua gravidade, pois em outros lugares pode haver à tolerância, já na escola há regras à serem cumpridas. Como menciona TIBA (2006),

É na sala de aula, no relacionamento com os professores, que surge a indisciplina que a família sempre tolerou, fez vistas grossas e deixou passar. E a escola tem por função, intermediar à família e a sociedade para atenuar esses desencontros, pois indisciplina a família pode tolerar, a escola não admite e a sociedade poderá punir (TIBA, 2006, p. 126).

Acredita-se que um dos principais motivos da indisciplina discente seja provinda da desestrutura familiar, tendo em vista ser esta o primeiro espaço social que o indivíduo participa, passando a maior parte da vida. Costumeiramente, as escolas vêm recebendo alunos advindos de famílias desestruturadas, sem formação e que, certamente, não valorizam à educação. Nesse ínterim, há uma variedade de pais: tradicionais, separados ou com outros cônjuges, alcoólatras, drogados e, de certa forma, descompromissados com a missão “educar”.

O fenômeno “indisciplina escolar” é tudo aquilo que vai na contramão das normativas pré-estabelecidas pelas leis educacionais. São práticas depreciativas e que ferem às diretrizes regimentais da instituição escolar. Logo, quando ouvimos a palavra “indisciplina”, nos vem à mente uma enxurrada de expressões incomodativas e carentes de intervenções. A indisciplina escolar pode ser representada por vários (des)comportamentos, físicos e verbais no seio do recinto educacional.

Fig. – 01  Atos Indisciplinares Frequentes

Fonte: Informação elaborada pelo autor

A evidência desses (des)comportamentos vem se intensificando ao longo dos anos, no interior das escolas brasileiras. Uma pesquisa sobre o ensino-aprendizagem realizada com professores de 34 países, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico-OCDE (2013), revelou que os professores do Brasil estão entre os que mais perdem tempo com atividades não pedagógicas, por causa da indisciplina. O estudo aponta que os professores brasileiros perdem 20% do tempo para colocar a classe em ordem e acabar com a bagunça, 13% do tempo resolvendo problemas burocráticos e 67% dando conteúdo. Ou seja, o Brasil é o país onde o professor perde mais tempo de aula. A média dos países da OCDE é de 13% para apaziguar a indisciplina.

Enquanto a indisciplina escolar é aludida por apenas 13% dos professores do Japão, em nosso país mais de 60% dos docentes lidam, constantemente, com esse fenômeno, ou seja, atividades disciplinares e/ou administrativas. Esse episódio, empecilhador do ensino-aprendizagem, nas escolas brasileiras, pode chegar até 10%, semanalmente, e vem causando intimidação e todas as formas de abusos contra professores, lhes proporcionando os mais variados tipos de estresse.

Não é incomum, em reuniões com professores ou através dos meios de comunicação, tomar conhecimento das mais sinistras agressões que eles têm sofrido, por alunos ao longo de suas carreiras pedagógicas. São agressões que vão desde as expressões verbais às físicas, chegando, algumas vezes, à culminância catastrófica. A OCDE ressalta, em seu relatório que,

O efeito cumulativo do desperdício de tempo no aprendizado do estudante – poucos minutos durante as aulas, representam dias perdidos no fim do ano. O Brasil é o terceiro país com o pior aproveitamento de tempo em sala de aula, à frente apenas da África do Sul e da Arábia Saudita. Na média, nos países que integram a OCDE, os professores aproveitam apenas 70% da aula com as atividades de ensino (OCDE, 2013).

Ademais, as atividades do ramo pedagógico nos dias hodiernos não estão conseguindo surtir os efeitos previstos nas diretrizes curriculares educacionais e almejados pelos profissionais da educação e pela sociedade. Diante dos (des)comportamentos catastróficos dos alunos, surge a impressão de que os professores estão perdendo suas autoridades em seus lócus de trabalho.

2. AS ANOREXIAS DA INDISCIPLINA ESCOLAR

A indisciplina escolar vem proporcionando resultados anoréxicos à educação brasileira, uma vez que esta tem superado em quantidade, mas a sua qualidade está distante do que as normativas preveem e a sociedade precisa. A escassez da ética, do respeito e da obediência dos alunos parecem esvair-se com o passar do tempo. Muitos professores, inundados de problemas indisciplinares, passaram a recorrer à psiquiatria. Diante dessa situação, cada vez que se conclui o ano letivo surgem as seguintes reflexões: “Será que cumprimos com as nossas obrigações pedagógicas? E os nossos alunos, estão realmente preparados para a próxima etapa?

A escola, considerada o principal lócus da formação cidadã e o ideal espaço dialógico entre professores, alunos e comunidade vendo sendo, muitas vezes, palco de acontecimentos desagradáveis e opositores às normativas educacionais. Os discentes indisciplinados apresentam atitudes, que além de poluir o ambiente educativo, deixam o professor, psicologicamente, desequilibrado.

A indisciplina discente é caracterizada pelo desinteresse, pela desvalorização e pela falta de compromisso curricular, e apresenta, como consequências, uma série de problemas, desde o baixo rendimento, à má formação chegando, muitas vezes, à evasão. O aluno indisciplinado não considera o espaço escolar como lócus que lhe proporcione confortabilidade. Obviamente, por ser a sala de aula um lugar que possui regras à serem cumpridas, termina sendo um espaço desagradável para ele.

Contudo, em meio toda essa enxurrada de problemas indisciplinares que vem desencadeando estresse aos profissionais da educação e o desnorteamento da formação cidadã, a escola, ombreada à família, é o único e exclusivo lugar recomendável para alunos desestruturados e proporcionadores da indisciplina. A escola está incumbida em adotar medidas cabíveis, de acordo às normativas regimentares para atenuar atos indisciplinares que ferem os princípios pedagógicos no âmbito escolar. É inadmissível que em pleno século XXI, em incontestável globalização e de admiráveis avanços tecnológicos, ainda haja o desperdício de mais de 20% do tempo pedagógico com apaziguamento indisciplinar. E o professor ainda tem de ouvir de alguns engraçadinhos a seguinte expressão: “Lá vem o novo discurso!” Aliás, não é apenas o conteúdo programático que deve ser explicitado em sala de aula, pelo professor, mas tudo o que for necessário para o norteamento de uma boa formação. Uma classe indisciplinada propicia desvios e retardamentos no processo de ensino-aprendizagem, sobretudo daqueles que apresentam interesse e lutam por uma causa.

Originada por diversos fatores, a indisciplina escolar apresenta a luz vermelha e o retrocesso do processo educacional. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2018), mais de 8 mil professores do último ano da rede escolar pública do Brasil sofreram tentativa de assassinato dentro de sala de aula no ano de 2018. Essas evidências subtraem dos professores os estímulos e o amor pela profissão, gerando o medo e o pessimismo.

A pesquisa da OCDE forneceu os seguintes dados:

Fig. – 02 Tipos De Indisciplinas Discentes No Brasil

Fonte: OCDE

Diante desses resultados, torna-se mais preocupante ainda, uma vez que, a indisciplina escolar vem crescendo, desenfreadamente, provocando sobrecarga nas responsabilidades dos docentes e proporcionando, a anorexia educacional. O aluno que apresenta indisciplina escolar, pode estar, supostamente, eximindo os seus sonhos e anulando os seus projetos de vida. O sucesso do processo educacional depende do esforço coletivo assim como a máquina depende do esforço mútuo de suas engrenagens para a efetivação de um produto de qualidade.

Cabe ressaltar que a indisciplina escolar vem proporcionando a construção de uma educação depauperada e que, obviamente, resultará numa cidadania alienada e desprovida de qualquer suporte erudito. Segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA (2018), 68% dos estudantes brasileiros não souberam o básico de matemática; 50,1% apresentaram baixo desempenho em leitura e 55,3%, em ciência. Enquanto a média da OCDE, em proficiência de leitura, é de 9%, os estudantes brasileiros atingiram apenas 2% nos níveis 5 e 6. Ou seja, nosso país está abaixo da média da OCDE em leitura: a média nacional é de 413 pontos e a da OCDE é de 487.

3. PRINCIPAIS CAUSAS DA INDISCIPLINA ESCOLAR

Há uma série de fatores que podem gerar a indisciplina escolar e empecilhar o processo ensino-aprendizagem. São práticas que ferem as normativas educacionais, abalam o psicológico dos professores e desnorteiam os objetivos propostos, além de gerar um constrangimento imensurável no âmbito educacional. Dentre eles, destaca-se alguns:

  • Aulas monótonas, tradicionais e isentas de material didático e tecnológico, que possa oferecer algo inovador e a atração da atenção dos alunos, uma vez que a juventude atual tem um tempo de atenção limitado, está mergulhada no mundo digital, que traz coisas boas e outras ruins. Isso faz com que o tempo de atenção seja limitado;
  • Excessivo número de alunos em classe, impossibilitando a comodidade entre os eles, a ludicidade, o trabalho em grupo e a formação de círculo das carteiras, quando necessário;
  • A falta de preparo dos professores, o que envolve desde inexperiência em sala de aula até profissionais alocados em disciplinas fora de sua área de formação;
  • Espaço inadequado, com ausência de refrigeração, de iluminação e/ou de ordem disciplinar;
  • Fraqueza ou inexistência de parceria recíproca entre escola e família, uma vez que o currículo pedagógico exige um conjunto de preocupações, tendo em vista que nenhum processo funcionará bem se os seus componentes não trabalharem de forma homogênea;
  • Inércia do professor, com ausência de autoridade, de diálogo convincente, de estratégias atenuadoras e de profissionalismo;
  • A praxe de convivência em um meio social poluído, ladeado à más companhias e com influências às drogas, roubos, bullyings, além de outras práticas que vão ao encontro da violência;
  • Família desestruturada, afetiva, moral e socialmente, alheia à importância da escolarização e, consequentemente, descompromissada com o currículo pedagógico;
  • Falta de motivação dos alunos, por não terem sido, anteriormente, instruídos pela família sobre a importância da formação para a vida;
  • Alunos provindos de famílias com problemas, com registros de separações, mortes, brigas, más criações, supostamente, oriundas do analfabetismo;
  • Ausência ou falta de praxes do regimento interno escolar para todos os segmentos da instituição, sobretudo, para os alunos, com explicidade dos seus direitos, deveres e, principalmente, das vedações de atos infracionais com a implicação de medidas educativas previstas nos artigos vigentes;

Todavia, a indisciplina escolar é um fenômeno oriundo de muitas causas e uma das principais vilãs responsável pelo baixo rendimento escolar. Trata-se de um problema crônico e inescrupuloso que vem, ao longo dos anos, proporcionando acentuada preocupação aos profissionais da educação e a sociedade, e contribuindo para a uma formação fragilizada. A cidadania prevista na Constituição Federal (1988), não pode ser construída de qualquer jeito ou em desarmonia com os que a constrói. Por isso, há a necessidade de ajustamento e equilíbrio entre todos os segmentos do currículo escolar para a sua efetivação. Para Carvalho (2017),

Os conflitos ocasionados por alunos indisciplinados dentro da sala de aula, ocasiona desgastes emocional do professor, perda de autoridade, perdem até mesmo estimulo pela profissão, com isso, teria uma perda de tempo que deveria ser utilizado para a produção de conhecimento, e muitas vezes os educadores por mais que sejam grandes mestres, ainda são enxergados como mandões, autoritário e carrascos (CARVALHO, 2013, p. 04).

Com efeito, a construção do processo educacional postula por um ambiente sadio e dialógico entre os que o fazem. Por se tratar de um trabalho delicado, sobretudo, psicológico, onde a mente precisa manifestar-se de maneira racional, a presença de apenas um aluno indisciplinado em sala é o suficiente para desnortear o processo. Analogicamente, falando, é como a engrenagem de uma máquina, que apresentando funcionamento anormal, propiciará o problema para o todo, gerando, como consequências, um resultado insatisfatório.

A indisciplina escolar resulta, como consequências, no baixo rendimento, numa aprendizagem fragilizada e, muitas vezas, na evasão escolar. Além de transformar a sala de aula em um ambiente desconfortável, as conversas paralelas e desconexas ao contexto curricular, causam tormentos e desequilíbrio no processo de ensino-aprendizagem.

4. O QUE FAZER PARA ATENUAR A INDISCIPLINA ESCOLAR?

É evidente que se trata de um fenômeno realmente complexo inserido em uma arte altamente melindrosa e que não há receitas para a sua reparação, mas possibilidades. São comportamentos, ou a falta deles, que estão necessitando de ajustes e que não dependem de marretas ou algo equivalente para o norteamento do processo responsável pela formação da cidadania.

No entanto, é preciso que se busque alternativas para a atenuação da indisciplina em sala de aula, começando pela família, tendo em vista, ser esta o primeiro grupo social em que o indivíduo participa. É a família que tem o dever de oferecer as primeiras instruções educativas. Instruções que iniciam com a afetividade e estendem-se desde a proibição de poluir o ambiente (casa), às palavras inadequadas ou indecentes entre outras. Se sujou, limpe, pois lixo joga-se no lixo. Se falou algo que não devia, peça desculpas. A família está incumbida em disponibilizar tempo para algumas orientações educativas, sobretudo, sobre a importância da escola na vida do ser humano, para a complementação educativa, a formação do indivíduo e sua preparação para os mais diversos desafios do mundo.

Defende-se que família e escola devem estreitar os laços cooperativos e unir esforços para combater ou, pelo menos, atenuar esses transtornos, muitas vezes, perversos e que vem causando irreparáveis prejuízos no âmbito da mais importante arte humana. O dever de educar não se restringe apenas a esse ou aquele, mas a sociedade como um todo. A escola é, realmente, uma grande transformadora, para tanto, necessita do apoio da família e da sociedade, uma vez que, os esforços coletivos produzem mais e melhor.

Ademais, sendo a família uma grande e importante aliada à escola, carece ser instruída sobre a grandiosidade da escolarização para seus filhos. Para tanto, a escola deve, em acordo com o seu Projeto Político Pedagógico e o Regimento Interno, desenvolver miniprojetos que ofertem ações educativas, através de palestras incentivadoras e depoimentos de profissionais, de áreas distintas, que se ascenderam socialmente, mediante a escolarização, além de outras. Essas ações, uma vez colocadas em prática, tendem a ampliar os sentimentos de justiça, o fortalecimento do convívio harmonioso e cooperativo entre escola/família, a atenuação dos conflitos em classe.

O professor deve sair das aulas rotineiras e enfadonhas (chatas = assim consideradas pelos alunos) e preocupar-se em ministrar aulas com metodologias inovadoras, recheadas de recursos didáticos que possam atrair à atenção dos alunos. Obviamente, o professor que se preocupa com a modernização de seu trabalho sofrerá menos com a indisciplina escolar. Os alunos podem demonstrar enjoamento com a oferta da mesma coisa no dia a dia. Eles estão precisando de algo que propicie apetite pelo ensino-aprendizagem. Um bom planejamento, com pesquisas recentes e assuntos inéditos vai favorecer a fomentação pelo assunto e o desenvolvimento do processo. É inadmissível que no século da globalização e das Tecnologias da Informação e Comunicação –TIC, haja, ainda, a prática docente da improvisação.

Nos momentos de transtornos em sala de aula, o professor deve manter o equilíbrio emocional, sobretudo, sua postura profissional, sem perder o controle das rédeas de sua missão. Elevar a voz, em forma de trovões, não seria a alternativa apaziguadora, mas falar com um timbre que denote autoridade e utilizar expressões persuasivas amparadas em lei. Enveredar-se numa discussão informalizada só aumentaria o combustível na fogueira além de comprometer a autoridade do professor. Numa situação dessas o professor precisa ser ético e reconhecer a diferença do nível de conhecimento científico, existente, entre ele e o aluno. Recorrendo a TIBA (2003), ele adverte,

Diante de qualquer atrito, ofensa ou crise entre os alunos ou dos alunos com o professor, a melhor resposta é não dar resposta alguma. Nos primeiros trinta segundos em   que estamos tensos, cometemos nossos piores erros, nossas piores atrocidades. No calor da tensão, seja amigo do silêncio, respire fundo (CURY, 2003, p. 76).

Notadamente, é na escola onde surge as primeiras exigências de cumprimento de normas e a orientação de práticas sociais. Contudo, grande parte dos alunos estão alheios aos seus direitos, deveres e, principalmente, suas proibições contidas no Regimento Interno de sua escola. A maioria desconhece que a escola possui normas que os protege, mas também que os pune. Essas normativas teriam que ser explicitadas sempre no início do ano letivo e aplicadas ao longo do curso. Leis não são elaboradas para serem apresentadas, tampouco para serem ignoradas, mas cumpridas.

Diminuir o excessivo número de alunos por sala, melhorar a iluminação e refrigeração em muitas escolas, oferecer e exigir a formação do professor para áreas específicas, adequar o fazer pedagógico, em consonância com o crescimento tecnológico, são fatores que precisam ser revistos pelo sistema educacional brasileiro. O espaço da construção educativa exige uma série de mecanismos que possam oferecer a comodidade e a efetivação da aprendizagem dos nossos alunos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é considerada o lócus onde deve ocorrer a formação do indivíduo, a articulação política, sociocultural e a instrução científica, como um todo. No entanto, esse mesmo espaço tem servido, em alguns momentos, de palco para o triste cenário de atos indisciplinares com uma diversidade de casos que vão desde o desrespeito à violência, evoluindo a mortes. Esses transtornos no espaço educativo têm gerado grandes preocupações aos profissionais da área, às autoridades e à sociedade de modo geral.

A indisciplina escolar é um fenômeno crônico que vem, ao longo dos anos, empecilhando o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, ferindo princípios normativos, atordoando profissionais e autoridades, e evidenciando outros fenômenos como o baixo rendimento e uma formação fragilizada. Obviamente, nenhum sistema terá condição de produzir com qualidade, quando há problemas no seu organismo, sobretudo quando se trata de uma das mais delicadas tarefas humanas. Como realizar uma boa tarefa e colher um excelente resultado, em um espaço poluído, onde predominam atos que vão na contramão das normativas educacionais?

Diante disso, surge as inquietações de todos aqueles que fazem parte do currículo pedagógico/andragógico e que conduzem visões embasadas nas leis educacionais. Por ser a escola uma grande e exclusiva contribuidora na construção da cidadania, requer atenção diferenciada do sistema educacional brasileiro. Ou se muda a prática educacional, com a criação de métodos inovadores, normativas mais rígidas e a seriedade que ela merece, ou continuaremos assistindo a esses filmes perversos e a construção de uma formação alienada.

Todavia, acredita-se que a limitação da flexibilização de normativas educacionais, contribuirá com o disciplinamento em sala de aula. Os heróis que tanto contribuem para a formação do indivíduo, que acendem as luzes para a escuridade psicológica e que possibilitam a criação de todas as profissões, já não suportam mais conviver com tantas cenas deturpadoras da educação no recinto de trabalho. A formação só terá sentido quando o indivíduo se sente preparado para o exercício da cidadania, conduzindo nas próprias veias os princípios da ética, da moral e da responsabilidade.

Os profissionais da educação, ombreados à sociedade, clamam por olhares mais generosos das autoridades, pela revisão das normativas educacionais e, principalmente, pelos seus cumprimentos. Os professores já não suportam mais ser interrompidos, em suas tarefas, por alunos que não demonstram nenhum compromisso com o currículo, tampouco, consigo mesmos.

O sistema educacional brasileiro vem apresentando indícios de problemas, ao longo do seu processo, e que precisam ser reparados. E estes reparos não são exclusivos dos professores, mas responsabilidades de cada indivíduo que compõe a sociedade, uma vez que, a máquina para funcionar bem, depende do trabalho cooperativo de suas partes. Trata-se de um processo de cunho formador e que, portanto, não dá mais para continuar assistindo atos indisciplinares e desnorteadores da construção plena da cidadania.

Reitera-se que a escola é o único e exclusivo caminho de acesso à civilidade, à formação, ao profissionalismo e a libertação para a expressão de pensamento do indivíduo. No entanto, esse acesso vem sendo obstruído com atos indisciplinares por pessoas que, ainda, não reconheceram a grandeza da escolarização para a vida.

Não dá mais para esperar pelo outrem; cada um deve cumprir com o que lhe é devido e, certamente, a mudança acontecerá!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Anuário Brasileiro de Segurança Pública – ABSP/2018.

BRASIL, Constituição 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

BRASIL ESCOLA. Disponível em: https:///monografias.brasilescola.uol.com.br/educação/a-indisciplina-na-escola.htm

CARVALHO, Luana Patrícia. A Indisciplina na Escola: Causas e Diferentes Manifestações. Revista Científica Semana Acadêmica. Fortaleza. Ano 2013.

CURY, Augusto Jorge, 1958 – Pais brilhantes, professores fascinantes / Augusto Cury – Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2003.

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE/2015.

TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo:  novos paradigmas na educação/Içami Tiba. 18. ed. rev. e atual. São Paulo: Integrare Editora, 2006.

[1] Mestre em Ciências da Educação pela Absoulute Christian University, Pós- graduado em Supervisão Escolar pela Faculdade de Teologia Hokemãh – FATEH e Graduado em Normal Superior pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

Enviado: Julho, 2020.

Aprovado: Dezembro, 2020.

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Manoel de Jesus Bastos

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