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Instrutor Militar: A prática docente na formação de soldados da Força Aérea

RC: 57473
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/instrutor-militar

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

LIMA, Willis Correia de [1]

LIMA, Willis Correia de. Instrutor Militar: A prática docente na formação de soldados da Força Aérea. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 08, Vol. 06, pp. 65-79. Agosto de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/instrutor-militar, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/instrutor-militar

RESUMO

Neste artigo propõe-se identificar a relevância do Instrutor Militar na formação dos soldados da Força Aérea Brasileira. Mesmo que se tenha a informação empírica dessa importância, mas cabe a sua identificação e mensuração. Tal relevância se deu ao constatar que a maioria dos instruendos tem esse pensamento do quanto se faz ímpar o instrutor em suas formações. Para tanto, foi utilizado uma pesquisa, onde se utilizou de um formulário para coletar e ratificar o pensamento inicial da relevância do Instrutor Militar e a necessidade de uma capacitação continuada aos mesmos. Sendo assim, a formação dos soldados está intimamente associada ao padrão de excelência de seus Instrutores Militares.

Palavras Chave: Instrutor Militar, formação, soldados, relevância, capacitação.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo visualiza no campo militar um ambiente de formação da prática docente ainda não tão estudado, sendo importante a exposição das formas e maneiras (processos) de ensinarem o que esse meio proporciona.

Harari (1976, p. 15) nos aponta que as

Revoluções Cognitiva, Agrícola e Científica foram as mais importantes no transcorrer da história humana. A cognitiva deu início há cerca de 70 mil anos e foi nesse marco que se deu o conhecimento. […] Muito antes de haver história, já havia seres humanos […] (HARARI, 1976, p. 16).

Ou seja, desde os primórdios das civilizações que o homem luta, briga, guerreia e combate e os maiores e mais fortes humanos tinham vantagens, o porte físico avantajado inibia e a força reprimia!

Porém as ações de lutar, brigar, guerrear e combater geraram conhecimentos necessários ao saber manusear as armas, planejar as estratégias e implementar as táticas e demais saberes que se fizeram indispensáveis aos combatentes que necessitavam e deveriam ser repassados as mais jovens gerações, com o intuito de manutenir a longevidade de citados conheceres (operacionais), bem dramatizado pelos espartanos no filme “300 (2006)”.

De acordo com o site Brasil Escola (2020)

O governo, a sociedade e a educação de Esparta tinham caráter militarista, ou seja, a formação do indivíduo era obrigatoriamente responsabilidade do Estado. Meninos a partir dos sete anos eram retirados do seio da família e enviados a centros de treinamento operacional para serem lapidados nos moldes militares para favorecerem a aquisição da força e coragem.

Aos 17 anos deveriam passar pelo Kriptia – espécie de teste final, e a quem sobrevivesse estaria apto à incorporação no exército, como também receberia um lote de terras. Esses meninos guerreiros eram treinados, adestrados e levados ao extremo das condições físicas e psicológicas na busca pela superação de seus limites.

Porém, “o homem almeja a competência, esta constituída do conhecimento (saber o quê, o porquê), as habilidades (saber fazer, como) e atitudes (saber agir/querer fazer)”, conforme o sítio do RH Portal (2020).

Logo, essa competência de quem proporcionara tudo isso era muito importante e tinha que sobreviver aos desafios do tempo e do esquecimento para que se perpetuem através dos instrutores, preceptores, professores e mestres.

Perante o exposto, contextualiza-se um cenário que provavelmente contribuiu para o surgimento do instrutor operacional (militar) ao longo dos tempos, a sua importância como preceptor na prática docente operacional, bem como evidencia-se nesse artigo o papel do Instrutor Militar, onde se dará ênfase aos Sargentos e Suboficiais, na formação dos soldados integrantes da Força Aérea Brasileira, um dos constituintes das Forças Armadas (FFAA) do Brasil.

E para tanto, homenageia-se esse importante profissional responsável pela prática pedagógica docente no âmbito dos quartéis, destacando-se sua escrita através das iniciais em maiúsculas – Instrutor Militar.

1.1 JUSTIFICATIVA

O processo ensino-aprendizagem se faz necessário na aquisição da competência (conhecimentos, habilidades e atitudes) para a execução de uma atividade-fim. Aquisição essa que se busca na escola, na universidade e também na formação do profissional da guerra – o militar.

Para isso, necessita-se do modelador na formação dos novos militares, o Instrutor Militar, que é o profissional responsável pela prática docente nos cursos de formação da Força Aérea – em tela a dos soldados.

1.2 PROBLEMA

Qual a importância do instrutor militar na formação dos soldados da Força Aérea?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Evidenciar a importância do papel do Instrutor Militar durante sua prática docente na formação de seus pares, os soldados.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar a partir de instrutores entrevistados qual suporte docente foi proporcionado em relação a prática pedagógica.

Identificar a partir da entrevista com soldados formados a importância que o Instrutor Militar teve (ou tem) em suas vidas.

Propor a partir dos dados coletados a implementação de um programa pedagógico docente.

2. CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS (CFSD)

A Lei do Serviço Militar prevê aos brasileiros do sexo masculino a obrigatoriedade a realizar o alistamento militar no ano em que completarem 18 anos. Segundo o Ministério da Defesa (MD) anualmente, cerca de 1,8 milhão de cidadãos se apresentam e 100 mil são incorporados às Forças Armadas. A Força Aérea Brasileira cumpre um de seus deveres legais que é garantir a participação dos jovens na defesa nacional. (BRASIL, 2020)

O artigo 83 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, apresenta importante dispositivo que estabelece o Ensino Militar como sendo regulado em legislação específica – Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 37-73/2013 e o Manual do Comando da Aeronáutica (MCA) 37-143/2013. (BRASIL, 1996, 2013, 2013)

Para a ICA 37-73/2013 que tem por finalidade estabelecer o Currículo Mínimo a ser adotado no Curso de Formação de Soldados (CFSD), documento que estabelece o conteúdo programático mínimo a ser desenvolvido para determinado curso ou estágio, fixando as bases para a elaboração do Plano de Unidades Didáticas (PUD). (BRASIL, 2013)

E para o MCA 37-143/2013 que é o Plano de Unidades Didáticas e vem complementar o Currículo Mínimo do Curso de Formação de Soldados (ICA 37-73/2013) contendo a previsão de todas as atividades que o instruendo realizará sob a orientação da Organização Militar Formadora – aquela responsável em ministrar as instruções – para atingir os objetivos do curso e formarem os soldados de 2ª classe, comumente conhecidos por S2.  (BRASIL, 2013; 2013)

O Curso de Formação de Soldados é realizado por um período de quatro meses e está dividido em dois módulos, o Módulo Adaptação que destina-se ao conhecimento da conduta militar e do ambiente da caserna, e o Módulo Especialização destinado à instrução básica, constituída de instruções cívicas, bélicas e de infantaria sob responsabilidade do ESD da GUARNAE-NT,   onde o pensamento do General Sun Tzu, que viveu meio século antes de Cristo, se faz importante na reflexão do autoconhecimento pelos soldados, quando é apresentado

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória obtida sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas. (SUN TZU, 2007)

Para que se alcance esse conhecimento de si, o recruta – aquele que está participando do CFSD, um importante elo faz-se mister na formação desses jovens, é aquele que será responsável em facilitar os conhecimentos, lapidar as habilidades, incentivar as atitudes e doutrinar – o Instrutor Militar.

3. INSTRUTOR MILITAR – QUEM É ESSE?

Segundo o dicionário digital Infopédia (2020), nos informa que

Instrutor vem do latim instructōre; preparador, é aquele que instrui ou ensina; professor; monitor. É o responsável por instruir uma pessoa durante um curso, é quem ensina e compartilha seus conhecimentos de maneira prática e dinâmica, e deve ser respeitado como um professor.

Sendo que, o Instrutor Militar é aquele específico ao mundo dos quartéis. O Exército Brasileiro (EB) contribui nos apresentando como sendo “Aquele especialista em assuntos militares, possuidor dos conhecimentos específicos de sua profissão e capacitado a ajudar na aprendizagem desses conhecimentos aos seus alunos”. (BRASIL, 1997)

Na Força Aérea Brasileira, esse instrutor, também, é desempenhado pelo Oficial, Suboficial e Sargento – que começa pelo 3º, passa pelo 2º e chega ao 1º, voluntário ou indicado entre aqueles militares que possuem um perfil ético, moral, cívico e social. Deve ser exemplo em comportamento, disciplina e hierarquia, possuir elevado conhecimento técnico e doutrinário. Assim como, o professor é referência aos seus discentes, o Instrutor Militar é o militar referência que o instruendo (formando, aprendiz) espelha-se em ser durante sua carreira militar.

Geralmente esse militar e instrutor é membro efetivo do ESD e de outros setores da GUARNAE-NT para algumas disciplinas de conhecimento aeronáutico, que exercerá a função docente (mesmo sem ter a formação pedagógica) durante o período de formação dos futuros soldados da FAB.

Os graduados formados pela Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) possuem em seus currículos o conhecimento da disciplina Comunicação Oral e Escrita (COES) que visa proporcionar uma capacitação mínima necessária no planejar e ministrar instruções, realizando os procedimentos recomendados pelos fundamentos da educação e didática.

Pimenta (2012, p. 180) identifica que “A prática educativa na profundidade técnica de ensino, que apresenta a didática instrumental e envolve técnicas, materiais didáticos, controle de aula, inovações curriculares, competências e habilidades do professor/instrutor” (destaque nosso).

Sendo assim, os militares de reconhecida proficiência militar e técnica serão convidados ou indicados ao cumprimento da nobre missão de compartilhar as competências (de conhecimentos, habilidades e atitudes) na formação dos novos soldados da Força Aérea.

4. COMO SE DÁ A CAPACITAÇÃO DO INSTRUTOR MILITAR

A frase motivacional “é melhor possuir uma habilidade e nunca a utilizar, do que não ter, caso precise!” (TEES BRAZIL, 2020), alinha-se com o texto redigido no Estatuto dos Militares, onde o militar apresenta um valor essencial na busca pelo aprimoramento profissional que deve ser buscado constantemente (BRASIL, 1980) e os cursos de capacitação para aquisição dos saberes (didático e pedagógico) docentes proporcionam uma maior interação com os discentes transmitindo segurança e domínio pedagógico, bem como, prepará-los para interagirem diante das demandas que a carreira militar requer.

Severino (2007, p. 27), corrobora apresentando que “o conhecimento é a grande estratégia que diferencia o agir humano sobre de outras espécies.”

É sabido que o Instrutor Militar nem sempre apresentará a formação em pedagogia ou em outra licenciatura que poderá ajudá-lo na prática docente. Bem é sabido, que para alguns será um “impacto” terem que ministrar uma instrução (aula) com apenas os conheceres da área de conhecimento específico (referindo-se aos conhecimentos de sua especialidade), por mais que tenham vivenciado a disciplina de Comunicação Oral e Escrita durante um período dos dois anos do Curso de Formação de Sargentos (CFS) na Escola de Especialistas de Aeronáutica – Guaratinguetá/SP.

Para enfrentar outras possíveis e futuras situações – de prática docente, faz-se necessário que o instrutor receba ou se proporcione treinamento e capacitação de maneira a torná-lo e garanti-lo acesso as habilidades necessárias ao desenvolvimento do profissional docente.

Conforme nos alerta Senac (2011, p. 52),

O treinamento visa proporcionar a melhoria daquilo que já se sabe e objetivamente  aperfeiçoar suas habilidades, que para um treinamento ser efetivo, ele deve estar em consonância com os objetivos da empresa (FAB) e considerar não apenas o conhecimento e a habilidade do profissional, mas também o comportamento necessário para o desempenho das atividades (o perfil de docente).

Já a capacitação segue com o intuito de preparar e desenvolver uma atividade, ser capacitado nos remete ao nome daquele com competência para (exercer), como nos apresenta Geringher (2008, p. 17)  “[…] um profissional tem que estar preocupado, desde o primeiro dia em que começa a trabalhar, em consolidar o seu nome. Nosso nome é nossa primeira marca registrada.”

Para tanto, o Comando da Aeronáutica apresenta nas Tabelas do Comando da Aeronáutica (TCA 37-14/2018, TCA 37-11/2019 e TCA 37-4/2019) cursos que proporcionarão expertises pedagógicos, tais como: (BRASIL, 2018, 2019, 2019)

  1. CPI – Curso de Preparação de Instrutores – TCA 37-14/2018 (Semipresencial)
  2. PCPD – Programa de Capacitação Pedagógico Docente – TCA 37-11/2019 (EaD)
  3. CBIC – Curso Básico de Instrutor do Comprep – TCA 37-4/2019 (EaD)

O CPI tem por finalidade a preparação de instrutores para o Comando da Aeronáutica, habilitando-os para o exercício de funções docentes. É ideal que todos os instrutores realizem o CPI, pois consta de uma considerável carga horária de 194 horas, é realizado na modalidade semipresencial – uma parte a distância (EaD) e um período presencial de três semanas (99 horas) – favorecendo à prática docente e proporcionando ao participante conhecimentos primordiais de emprego pelo Instrutor Militar. (BRASIL, 2018)

O Programa de Capacitação Pedagógica Docente é realizado na modalidade a distância e visa capacitar profissionais na composição do corpo docente dos cursos e estágios com foco no ensino presencial através de 198 horas e contemplando: Didática geral e métodos e técnicas de ensino; Recursos educacionais e tecnologias aplicadas à educação; Planejamento e prática de ensino; e Avaliação da aprendizagem. (BRASIL, 2019)

E o Curso Básico de Instrutor do Comprep objetiva a capacitação do militar para o planejamento e a execução de atividades de ensino e aprendizagem presenciais no âmbito do Comando de Preparo (COMPREP) na qual está subordinada a GUARNAE-NT. O curso apresenta o seguinte conteúdo programático: Documentação de ensino; Práticas de ensino; e Avaliação de aprendizagem. É realizado EaD e possui uma carga horária de 91 horas. (BRASIL, 2019)

Destaca-se que a falta de capacitação em um desses cursos não impossibilita o militar para o exercício da prática docente, pois o objetivo maior será o cumprimento da nobre missão de formar novos militares.

5. E A SUA IMPORTÂNCIA

O interesse da Pátria priorizado sobre qualquer outro interesse e o orgulho exteriorizado de ser brasileiro, o culto ao patriotismo e ao civismo são exemplos de dedicação e fidelidade à Pátria, e o ápice encontra-se no juramento solene que é realizado ao “dedicar-se inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições será defendido, com o sacrifício da própria vida”, conforme descreve o Estatuto dos Militares. (BRASIL, 1980)

Para a interiorização dessas ações necessita-se de alguém que ensine e proporcione a aprendizagem, e acima de tudo, acredite e pratique fielmente para a formação e fortalecimento de uma sociedade cidadã através dos jovens soldados.

A ordem até convence, mas o exemplo arrasta! Essa é a grandiosa missão do docente militar, arrastar pelo exemplo (convencê-lo), logo, o Instrutor Militar tem a incumbência de refletir sua imagem no espelho da vida do instruendo (aluno, aprendiz) quanto as manifestações essenciais dos valores militares representados pelo Patriotismo, Civismo, Fé na missão, Espírito de corpo, Amor à Pátria, e Aprimoramento técnico-profissional durante sua convivência, em consonância com os valores apresentados na Lei Federal nº 6.880/80. (BRASIL, 1980)

Os seres humanos apresentam o comportamento de imitação e incorporação de tudo que se admira em outro “ser referência”, isso começa desde muito cedo quando ainda criança imita tudo que seus pais e professores realizam! Assim, se dá no relacionamento aluno/instrutor, fidelizando os bons exemplos e as boas influências doutrinárias.

6. METODOLOGIA

Tratou-se de uma pesquisa-ação que se baseia em “compreender, visa intervir na situação, com vistas a modificá-la. […] ao mesmo tempo que realiza um diagnóstico e a análise de uma determinada situação[…]” (SEVERINO, 2007, p. 120)

Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um formulário com oito (8) questões, sendo sete (7) fechadas e uma (1) aberta para os instrutores. Para os soldados utilizou-se de um outro formulário contendo cinco (5) questões, sendo quatro (4) fechadas e uma (1) aberta. Participaram da amostra 12 militares que foram divididos em dois grupos de seis (6) participantes cada – Instrutores Militares e soldados, na cidade de Parnamirim/RN, buscando identificar a partir dos mesmos a importância da prática docente na instituição militar desse estudo.

De acordo com os resultados obtidos nas entrevistas percebe-se as percepções de cada grupo cujas respostas foram analisadas e discutidas posteriormente.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir têm-se os resultados apresentados pelas entrevistas:

a) quanto aos Instrutores Militares:

Observar-se que 50% (3) dos instrutores são formados por 3º sargentos, 16,7% (1) por 2º sargento e 33,3% (2) por 1º sargentos e que suas faixas etárias estão entre 26 e 55 anos e todos homens. Metade dos entrevistados possuem formação acadêmica e todos cursaram a COES. O tempo de experiência apresentado foi de até 5 anos para um terço dos instrutores, mais um terço para até 10 anos de experiência e um terço restante com mais de 15 anos de vivência.

Metade dos instrutores não possuem algum dos cursos de capacitação (CBIC, PCPD ou CPI) e metade consideram a importância da capacitação “muito acima do normal – 9 a 10”.

E para a questão em aberta foi solicitado que externassem o quanto se faz necessário a participação nas capacitações pedagógicas docentes através dos cursos (CBIC, PCPD, CPI e outros), onde transcreve-se suas falas:

“Se faz necessário para a real postura e desenvoltura nas plataformas dos referidos cursos” [sic] – Participante A

“É de grande importância a realização dos cursos citados, pois os mesmos instruem de forma mais específica e aprofundada a forma de lecionar.” [sic] – Participante B

“É de extrema importância a realização frequente desses cursos para os instrutores, tendo em vista que as técnicas de ensino vão se aperfeiçoando com o passar do tempo.” [sic] – Participante C

“Aprender a transmitir o conhecimento torna-se essencial em um mundo cada vez mais globalizado, onde as informações estão a apenas um ‘click de distância’. Em um contexto onde os alunos estão precipuamente ativos em seu aprendizado, entender os mecanismos de docência e aplicá-los adequadamente é o que, de fato, poderá fazer com que o neófito se torne o melhor de si em qualquer disciplina.” [sic] – Participante D

“Não davam tanta atenção quanto agora. Davam o curso àquela que nunca iriam usá-lo. Com o advento de profissionais pedagogos no nosso convívio passaram a notar a importância da especialização no nosso meio, principalmente para os que desempenham a função de instruir. Há de se ter atualizações constantemente. Mas lembro que ser especializado também depende do instrutor. É isso.” [sic] – Participante E

“É de extrema importância essa capacitação pedagógica, principalmente para os recém formados da EEAR. Haja vista atualmente esses cursos são dado como “prêmio” para a maioria dos docentes (geralmente militares com mais de 15 anos de serviço). E, esses militares agraciados, não estão mais na linha de frente da formação militar.” [sic] – Participante F

b) quanto aos soldados:

Dos participantes 83,3% (5) são Soldados de 2ª classe – S2 e 16,7% (1) de Soldado de 1ª classe – S1. São jovens homens na faixa etária de 18 a 24 anos e que 100% dos participantes elencaram que o Instrutor Militar teve uma importância de “muito acima do normal – 9 a 10” em suas formações e mais de 80% identificaram como “muito acima do normal – 9 a 10” a relevância do Instrutor Militar na formação cidadã.

Deixou-se em aberto para os entrevistados que declarassem o quanto se fez importante o papel do Instrutor Militar em suas formações militar e civil, eis as declarações dos participantes:

“Aprender a encarar com mais maturidade as adversidades da vida” [sic] – Participante 1

“o instrutor militar, me fez pensar muito nas minhas atitudes, ações erradas têm consequências, as certas possuem gratificações.” [sic] – Participante 2

“Através do instrutor é que aprendemos mais, ele é indispensável na formação do valor do militar.” [sic] – Participante 3

“muito importante, pois com eles aprendemos o que é ter espírito de corpo e saber o quão importante é honrar e espeitar nossos irmãos de armas e isso é algo que também levamos para a vida fora da caserna” [sic] – Participante 4

“Essencial” [sic] – Participante 5

“Essencial, pois as coisas que aprendemos na caserna levaremos para a vida toda” [sic] – Participante 6

Entretanto, o instrutor formado (capacitado e habilitado) em áreas do conhecimento pedagógico possuirá condições de atuar nas aulas e instruções (práticas) que exijam a ação docente na atividade militar exercida com responsabilidade e excelência na formação final de homens e mulheres que servem à Pátria.

Bem como, se faz necessário o incentivo e a facilitação ao programa de capacitação continuada, já existente em legislações do Comando, para que todos os Instrutores Militares realizem as capacitações pedagógicas.

E verifica-se o quanto se faz imprescindível o papel do Instrutor Militar, não só na vida dos militares durante seu período de formação castrense, mas principalmente no início da carreira, destacando-se também sua relevância aos seus pares e demais subordinados, no fortalecimento e formação do jovem cidadão brasileiro por intermédio da disciplina e hierarquia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste momento associa-se as práticas instrucionais do Instrutor Militar durante a realização do CFSD, evidenciando a sua importância durante o exercício docente na formação do soldado-cidadão e propondo o incentivo e facilitação na continuada capacitação pedagógica conforme diretrizes do Comando da Aeronáutica, visando assim, despertar o interesse e relevância do graduado-instrutor na grandiosa missão de instruir!

Dessa maneira, evidencia-se o papel do Instrutor Militar na formação dos soldados que é de reconhecida importância e que se dá à prática docente pelos graduados (sargentos e suboficiais) em compartilhar seus conhecimentos, habilidades e atitudes durante a formação dos novos soldados da Força Aérea Brasileira.

Semper instruère! (instruir-se sempre, tradução nossa) Com esse pensamento e acima de tudo investir no primordial recurso de uma instituição, o ser humano, através dos cursos de capacitação pedagógico-docente proporcionando aos Instrutores Militares ferramentas imprescindíveis na ação ensino-aprendizagem.

Sendo assim, por meio desse artigo, é enaltecido a importância do Instrutor Militar na formação dos soldados, bem como, reitera-se a constante capacitação docente esclarecendo que o estudo por aqui não se encerra pois se trata de um campo de conhecimento preenchido de desafios e constante mutação.

REFERÊNCIAS

BERINGHER, Max. Clássicos do mundo corporativo. 1.ed. 3 reimp. São Paulo: Globo, 2008, p. 17.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Departamento de Ensino e Instrução. Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 37-73, de 2013. Currículo Mínimo do Curso de Formação de Soldados. Boletim do Comando da Aeronáutica nº 089, de 10 de maio de 2013.

______. Comando da Aeronáutica. Departamento de Ensino e Instrução. Manual do Comando da Aeronáutica (MCA) 37-143, de 2013. Plano de Unidades Didáticas do Curso de Formação de Soldados. Boletim do Comando da Aeronáutica nº 154, de 13 de agosto de 2013.

______. Lei nº 4.375 de 17 de agosto de 1964. Lei do Serviço Militar. Diário Oficial da União, D.O.U. de 03 de setembro de 1964.

______. Lei nº 6.880 de 09 de dezembro 1980. Estatuto dos Militares. Diário Oficial da União, D.O.U. de 11 de dezembro de 1980.

______. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, D.O.U. de 23 de dezembro de 1996.

______. Ministério da Defesa. Alistamento militar. Disponível em: <https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2020/01/alistamento-militar-2020-pode-ser-feito-pela-internet>. Acesso em: 10/06/2020.

______. Ministério do Exército. Manual do instrutor. Brasil, 1997. 3. ed. Disponível em: <https://portaldeeducacao.eb.mil.br>. Acesso em: 10/06/2020.

______. Comando da Aeronáutica. Comando Geral de Apoio. Tabela do Comando da Aeronáutica (TCA) 37-11, de 2019. Cursos da área do COMGAP. Boletim do Comando da Aeronáutica nº 220, de 18 de dezembro de 2018.

______. Comando da Aeronáutica. Comando de Preparo. Tabela do Comando da Aeronáutica (TCA) 37-4, de 2019. Cursos e Estágios do COMPREP. Boletim do Comando da Aeronáutica nº 004, de 8 de janeiro de 2018.

______. Comando da Aeronáutica. Comando Geral de Pessoal. Tabela do Comando da Aeronáutica (TCA) 37-14, de 2018. Cursos e Estágios do COMGEP. Boletim do Comando da Aeronáutica nº 224, de 27 de janeiro de 2018.

BRASIL ESCOLA. A educação espartana. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historia/a-educação-espartana.htm>. Acesso em: 10/06/2020.

“Esparta e Atenas – História da Educação” em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Disponível na Internet em <http://www.pedagogia.com.br/historia/grego2.php>. Acesso em: 08/06/2020.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve história da humanidade. Tradução: Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2018. 592 p.:il.; 18 cm, p. 15-16.

INSTRUTOR in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-06-11 02:23:34]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/instrutor.

RH PORTAL. Competência: A Habilidade de saber fazer. Disponível em: https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/competncia-a-habilidade-de-saber-fazer/. Acesso em: 11/06/2020.

SENAC. Qualidade em prestação de serviços. Rio de Janeiro: 2011, 112 p., p. 52.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. E atual. São Paulo: Cortez, 2007, p. 27, 120.

SUN TZU. A arte da guerra: por uma estratégia perfeita. Tradução: Heloisa Sarzana Publiesi e Márcio Publiesi. São Paulo: Madras, 2007. Referência: p. 36. ISBN 978-85-370-0194-3.

TEES BRAZIL. É melhor possuir uma habilidade e nunca utilizá-la, do que não tê-la, caso precise!. Disponível em: <https://www.teesbrazil.com.br/>. Acesso em: 16/07/2020.

APÊNDICES

1. Formulário da entrevista com o instrutor

 

2. Formulário da entrevista com o instrutor


3. Formulário da entrevista com o soldado

 

4. Resultado da entrevista com o soldado

[1] Mestrando em Ciências da Educação pela FACSIDRO (Faculdade de Sidrolândia/MS); Especialista em Docência no Ensino Superior pela UnP (Universidade Potiguar); Tecnólogo em Gerência de Segurança de Empreendimentos pela UnP; Suboficial da Força Aérea Brasileira e Instrutor Militar.

Enviado: Julho, 2020.

Aprovado: Agosto, 2020.

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Willis Correia De Lima

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