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A Importância da Formação Continuada e sua Relação com a Prática Docente

RC: 12060
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CONTEÚDO

CRUZ, Evandro Costa [1]

COSTA, Deuzeli Brandão da [2]

CRUZ, Evandro Costa; COSTA, Deuzeli Brandão da. A Importância da Formação Continuada e sua Relação com a Prática Docente. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 08. Ano 02, Vol. 03. pp 42-58, Novembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente trabalho tem como tema, a importância da formação continuada e sua relação com a prática docente, abordando os processos que influenciam positivamente e negativamente a prática da formação continuada. Esta investigação foi embasada através de referências bibliográficas, artigos e outros materiais de cunho cientifico, esta pesquisa apresenta vários pontos de vista de teóricos que estudaram e falaram sobre a prática pedagógica, formação continuada e sua importância dentro do campo educacional. A finalidade deste trabalho é expor a importância do profissional estudar cada vez mais. Quando se fala em formação continuada, nos remete a qualificação profissional, dar prosseguimento nos estudos e a avaliação das nossas competências. Com a dinâmica do mundo moderno o profissional, nesse caso o professor, que está sempre em busca de uma formação contínua, bem como a busca de melhorar suas competências tende a ampliar o seu campo de trabalho. Partindo desse princípio e de um pensamento reflexivo, esse trabalho visa contribuir com mais esclarecimento e exposição de novas ideias aos novos professores e pesquisadores que buscam cada dia melhorar sua prática pedagógica, colocando-os informados com as dificuldades encontradas, e como solucioná-las ao longo do processo da formação continuada.

Palavras chave: Formação Continuada de Professores, Prática Docente Reflexiva, Capacitação Profissional.

1. INTRODUÇÃO

Desde o início da civilização os modos sociais, as exigências de mercado em geral vêm sofrendo muitas transformações, onde os profissionais necessitam cada vez mais de habilitação específicas e aprimoradas para exercer a função, na área da educação esse processo não é diferente, pois a cada ano surgem novos desafios a serem enfrentados e o professor deve estar apto a resolvê-los.

O presente trabalho foi desenvolvido sobre a ótica dos professores que atuam no município de Cantá Roraima, a motivação inicial se construiu diante das dificuldades dos docentes do referido município em fazer cursos de formação continuada. Por morar próximo, ter amigos que trabalham e moram no local e por ser viável o trabalho de investigação, foi proposto a pesquisar as situações problemas na área da prática educacional e apresentar possíveis soluções.

O tema a importância da formação continuada e sua relação com a prática docente surgiu a partir do acompanhamento e relatos de amigos que moram e trabalham no Cantá, quanto as dificuldades que eles têm em fazerem cursos de formação continuada e como resolverem certas situações que aparecem no dia a dia dentro e fora da sala de aula.

Este artigo tem com objetivo principal Pesquisar e descrever através de analise teórica, a importância da formação continuada no campo educacional.

Partindo desse ponto surgiram os objetivos específicos que são: Descrever a importância da formação continuada para os docentes que atuam no ensino fundamental séries iniciais; mostrar que o professor dever tomar uma postura reflexiva e crítica sobre as práticas educativas; compreender que o profissional docente dever estar pautado nas propostas curriculares de educação.

A problematização se deu em saber qual a concepção que os professores têm sobre a formação continuada e a relação do aperfeiçoamento continuo com a prática pedagógica?

Partindo desse preceito a formação continuada se apresenta como mais uma oportunidade de solucionar, ou pelo menos, amenizar situações que se apresentam para o docente dentro e fora da escola.

Os autores Hengemuhle, Ferreira, Paulo Freire, Christov e Romanowski, foram os principais fornecedores de concepções para esta pesquisa, pois os mesmos têm várias experiências sobre o assunto.

2. UM BREVE HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL

A formação de professores e a educação inicia-se com a chegada dos jesuítas no Brasil, situaram no litoral e a partir daí entraram nas aldeias indígenas e foram fundando conventos e colégios. Nesse primeiro momento primou-se em catequisar os indígenas e oferecer uma educação diferenciada para a elite.

Segundo Saviani (2008, p. 27).

[…] a educação instaurada no âmbito do processo de colonização, trata-se, evidentemente, de aculturação, já que as tradições e os costumes que se busca inculcar decorrem de um dinamismo externo, isto é, que vai do meio cultural do colonizador para a situação de objeto de colonização.

A educação nesse período era voltada para fazer com que os indígenas internalizassem a cultura europeia fazendo dos mesmos um objeto de colonização sob o domínio elitista.

A formação dos professores nesse período já era motivo de preocupação, pois todos deveriam estar preparados para exercer a função de acordo com as situações que surgissem.

Hengemuhle (2008, p. 75) apud Capitán (1984) faz a seguinte colocação:

A ordem dos jesuítas pôs em execução planos para o preparo de professores, “de forma que seus professores receberam a mais perfeita formação possível para habilita-los para sua tarefa”. Os métodos de instrução deveriam ser absolutos uniformes para todos os professores: a variação em relação ao padrão estabelecido arruinaria todo o seu sistema. Com o objetivo de garantir a eficiência neste sistema imutável, os professores deveriam ser treinados com a máxima precisão. A ordem dos jesuítas deve ser atribuída a introdução da prática de formação de professores, e seus métodos de preparação podem ser estudados para aplicação em todas as instituições de formação de professores.

Os Jesuítas sabiam da importância em formar professores, por isso criaram um modelo de formação que servisse a todos e que perdurasse por vários anos. Vale destacar que nesse período os jesuítas possuíam total domínio sobre o currículo escolar, enfatizando o enriquecimento e desenvolvimento de uma minoria mesmo que de maneira implícita, por outro lado havia favorecimento a classe dominante.

Com a expulsão dos jesuítas, começa o período da reforma pombalina marcado pelas ideias iluministas, segundo Zotti (2004, p. 30), “dos Jesuítas a Pombal, a educação foi marcada pelo objetivo básico da formação da elite dirigente da sociedade colonial”.

Como a educação era voltada para elite a formação de professores deveria ser manipulada para atender tais interesses, por isso, percebe que a educação era direcionada de acordo com a identidade e classe social do aluno, assim como o ensino tinha as suas intenções ocultas e diferentes conforme as classes sociais o objetivo da modernização do ensino nos moldes do ensino europeu, visava favorecer a nobreza e atender as necessidades do estado.

Segundo Zotti (2004, p.27) apud (Xavier, 1994) “[…] esse descompasso que se verifica o desenvolvimento colonial e a decadência metropolitana será o principal desencadeador das chamadas reformas pombalinas”. As ideias iluministas eram divergentes das propostas implantadas pelo ensino dos jesuítas, por isso marquês de Pombal trouxe mudanças para a educação da colônia.

A próxima mudança na formação de professores se dá com a chegada da família real ao Brasil, no momento Portugal passava por dificuldades financeiras e sobrecarregava sua colônia cobrando altos impostos, já que a atividade de extração mineral no Brasil estava em alta.

A formação de professores era voltada para o ensino da corte e para as necessidades do estado, de acordo com Zotti (2004, p. 35), “[…] a criação dos cursos superiores, voltados para a máquina estatal foi o marco de referência das mudanças relacionada à educação”.

Nesse período que o ensino já era fragmentado onde cada disciplina era ministrada por um professor. Segundo Zotti (2004, p. 28), “[…] as aulas régias baseadas no enciclopedismo, constituíam-se em unidades de ensino, com professor único, instalada para determinada disciplina, que deveria substituir as disciplinas oferecidas nos colégios jesuítas”.

O ensino entra em decadência no Brasil, pois nessa época não tinha mestres suficientes para atender a demanda, ou seja, criaram vagas para professores, mas era insuficiente para ocupar o espaço que estava vazio.

Com a proclamação da república, surgiu um novo modelo de governo pautado no presidencialismo a primeira proposta de mudança na educação foi a gratuidade do ensino e sem ligação com a religião que já era proposta desde o período colonial. Em 1942, é criado a Lei Orgânica Decreto-Lei nº 4.073, de 20 de janeiro regulamentando o Ensino Industrial, nos artigos 3º, 4º, e 5º expressam as finalidades da educação. “Art. 3º O ensino industrial deverá atender aos interesses do trabalhador, realizando a sua preparação profissional e a sua formação humana”. (Brasil, 1942).

Na lei supracitada percebe-se a objetividade do currículo voltado para formar o cidadão para o trabalho, é fácil ver também a preocupação da formação no sentido humano e valorativo do indivíduo, mas a formação de professores não é vista como prioridade nem expressa no contexto.

3. FORMAÇÃO CONTINUADA NO BRASIL

A formação continuada de professores se mostrou necessária desde início da colonização portuguesa e não foi diferente em outros períodos históricos, como por exemplo, logo após a independência do Brasil, que para ser professor bastava dominar o conteúdo que iria ensinar.

Nagle (1990, p.102) afirma que:

A escolaridade era tratada por homens públicos e por intelectuais que, ao mesmo tempo, eram “educadores”, num tempo em que assuntos educacionais não constituíam, ainda, uma atividade suficientemente profissionalizada. Apenas na década final da primeira república a situação vai ser alterada, com o aparecimento do “técnico” em escolarização, a nova categoria profissional: este é que vai dar por diante tratar, com quase exclusividade, dos assuntos educacionais.

Dentre os intelectuais abordados pelo autor, muitos trabalhavam meio período e ensinavam a noite ou no período oposto, isto nas escolas urbanas enquanto que nas unidades escolares rurais quem as mantinham eram os donos de fazendas e a situação dos docentes eram muito piores.

Romanowski (2010, p. 29-30) assinala que: “os professores da escola primária, na maioria das vezes, eram leigos com pouca escolarização […] a maioria dos professores não possuíam formação adequada”.

Essa realidade foi mudando à medida que a educação passava a ser entendida como função pública, até tornar-se um problema nacional. A partir daí inicia o processo de criação de escolas com a responsabilidade de formar professores.

Segundo Castro (2002, p.11) “[…] de um modo geral, a evolução do Ensino Normal foi lenta e por muitos anos limitada a oferecer ao professor uma formação à curto prazo”.

As escolas normais foram as primeiras a formar professores no país, esses docentes lecionavam apenas no ensino elementar, mas essas escolas não passaram de ensaios primitivos e não foram bem-sucedidas, por isso os professores formados não eram bem preparados para suprir a insuficiência prática dos alunos.

Mas antes desse modelo de ensino naufragar, já se discutia um novo modelo para a formação de professores. Com a criação de um sistema educacional laico e público, o ensino passou a ser de responsabilidade do estado, iniciou-se a expansão das escolas e a elevação do nível de escolarização da população melhorou.

Em 1930 duas escolas foram destaques na formação de professores, uma em São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) e a outra no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, a então capital do país, a Universidade do Distrito Federal (UDF), essas instituições formavam professores para lecionar em nível superior.

Em 1939 foi criado o curso de pedagogia que se organizou de acordo com a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – lei 4.024/1961. O curso de pedagogia foi criado em duas modalidades: bacharelado e licenciatura. O curso de bacharel formava os técnicos em educação e ademais para o bacharel ser licenciado bastava pagar as disciplinas didáticas.  Em contrapartida, o curso de licenciatura formava os professores para o magistério do ensino normal e secundário.

Em 1970 foi criado um currículo mínimo que contemplava a grade curricular do curso de pedagogia e com isso houve vários discursões contrárias relacionadas a essas mudanças.

Segundo Romanowski (2010, p. 33) “a reformulação dos cursos normais de nível médio, a extinção das licenciaturas curtas, uma nova organização dos cursos de nível superior de licenciaturas e de pedagogia”.

Neste sentido, para lecionar nas séries iniciais, o professor teria que ter a formação, ou seja, habilitado exclusivamente pelo curso de pedagogia. Com isso, os professores que não se enquadravam na nova legislação deveriam se adequar fazendo a complementação.

De acordo com Gonçalves e Pimenta (1992, p. 106), “a formação de professores para a docência nas quatro séries do ensino de primeiro grau passou a ser realizada através de uma habilitação profissional, dentre as inúmeras outras que foram regulamentadas”.

Neste sentido, houve a necessidade da educação se tornar profissional e para isso a qualificação dos professores era de suma importância para poder regimentar o exercício da função. Não poderia ser qualquer pessoa, muito menos sem ter os domínios básicos de conhecimentos, seja de conteúdo e metodologias de ensino para estar à frente de uma classe.

Diante do exposto, observa que a formação de professores se torna muito importante no contexto atual, além do mais que os profissionais devem continuar estudando e investindo em sua carreira profissional.

3.1 A Importância da Formação Docente

A formação docente oferecida pelas agências formadoras disponibiliza no mercado centenas de professores, leva-nos a uma educação de muitas incertezas, uma valorização da produção e competição em vários segmentos da vida, e na educação não é diferente.

A função de professor tem sido muitas vezes distorcida da verdadeira função docente, que é ensinar.  Segundo Romanowski (2010, p. 17) “[…] todos sabemos que o professor é aquele que ensina, que educa. Mas outras pessoas que ensinam e educam e que não são professores, como, os pais e os religiosos”.

Pois, o professor é um profissional formado para ensinar e auxiliar na construção do conhecimento, mas quando chega à escola encontra situações que o faz mudar de função, como acalmar, educar e ser psicólogo.

Neste mesmo entendimento, Hengemuhle (2008, p. 85) apud Antunes (1998) faz a seguinte afirmação:

O professor deixa de lado a responsabilidade de ser um ensina dor de coisas para se transformar em algo como um fisioterapeuta mental, animador da aprendizagem, estimulador de inteligências que prega e faz o aluno empregar múltiplas habilidades operatórias.

Vai mais além, diante de tanta indisciplina por parte dos alunos dentro e fora da sala, há também a falta de interesse em não querer estudar, o envolvimento com drogas, dentre outras questões.  São algumas situações que o professor tem que saber lidar todos os dias na escola.

É importante frisar que na faculdade não aprendemos a lidar com todas essas situações, muitas delas surgem levando em consideração ao meio em que se vive.

Nesse contexto é necessário entender que a formação docente no âmbito de desenvolver os saberes, exige qualificação, valorização profissional e políticas adequadas para o trabalho do professor.

Freire (1996, p. 76) aponta que: “outro saber fundamental a experiência educativa é o que diz respeito à natureza […] preciso conhecer as diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática”.

A experiência do professor o ajuda a tomar a decisão correta para cada situação problema, mesmo não sendo função de professor, mas às vezes naquele momento só tem ele, então ele não tem outra opção a não ser tentar ajudar. O conjunto das diversas situações é que proporciona ao professor formação docente somado ao que ele aprendeu no banco da faculdade.

A formação docente é estritamente compreendida como profissionalização e preparação do professor para a carreira do magistério, tomando como preceito o compromisso de formar o cidadão de acordo com a sociedade em que vive.

Nestes mesmos termos, Libâneo (2001, p. 14-14) aponta:

Formar-se é tomar em suas mãos seu próprio desenvolvimento e destino num duplo movimento de ampliação de suas qualidades humanas e profissionais, religiosas e de compromisso com a formação da sociedade em que vive.

A formação docente é um processo de maturação da pessoa, realizada a partir das experiências dos professores da instituição formadora, quanto dos próprios sujeitos (formandos).

Segundo Freire (1996, p. 25), “[…] quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”. Em outras palavras, durante o processo de formação, o docente adquire experiência e conhecimento que o transforma, ou seja, na sua maneira de pensar e agir. Também em vários outros pontos de vista sobre a mesma situação corrente.

O conceito de formação docente é flexível, com múltiplas perspectivas associadas com o desenvolvimento desse profissional que é o professor, com apropriação prática e teórica da função de Magistério.

A formação é um ato complexo que requer tempo e dedicação do profissional, tanto pela exigência da função, como pela concorrência do mercado na hora de selecioná-lo para o trabalho.

Conforme Oliveira e Tonini (2014, p.4) Apud Garcia:

A formação apresenta-se nos como um fenômeno complexo e diverso sobre o qual existem apenas escassas conceptualizações e ainda menos acordo em relação às dimensões e teorias mais relevantes para a sua análise. […] Em primeiro lugar a formação como realidade conceptual, não se identifica nem se dilui dentro de outros conceitos que também se usam, tais como educação, ensino treino, etc. Em segundo lugar, o conceito formação inclui uma dimensão pessoal de desenvolvimento humano global que é preciso ter em conta face a outras concepções eminentemente técnicas. Em terceiro lugar, o conceito formação tem a ver com a capacidade de formação, assim como com a vontade de formação.

O conceito de formação docente está entrelaçado com a importância de ser professor, onde o ponto norteador e a busca da profissionalização é o aprendizado do discente auxiliando-o com aulas dinâmicas facilitando a construção do conhecimento.

Segundo Romanowski (2010, p. 53).

A dinâmica da aula caracteriza –se pela nossa interação com os alunos, sendo mediada pelo conhecimento. Ensinar e aprender são processos direcionados para o mesmo objeto: o conhecimento; ambos envolvem a cognição e a relação entre sujeitos. É nesse processo dinâmico, contraditório e conflituoso que os saberes dessa prática profissional são construídos e reconstruídos.

Daí a importância do professor adquirir os conhecimentos formadores, pois durante a prática pedagógica encontrará situações de conflitos, em que o mesmo necessita está preparado para resolver o que ocorrer no exercício da função.

Romanowski (2010, p. 184), continua dizendo que “reconhecer que a formação pode contribuir para a melhoria da educação significa compreender a importância da profissionalização dos professores ”.

A formação é uma forma de democratizar o conhecimento, é um instrumento para tornar o docente em um profissional, no verdadeiro sentido da palavra, mas muitas vezes não é assim que acontece.

Hengumuhle (2008, p. 11) aprofunda o assunto dizendo que:

A formação de professores pouco se tem exercitado práticas pedagógicas que habilitem os futuros professores a desenvolver aulas tendo como referenciais o acima indicado. Instala-se assim, um círculo vicioso: a formação deficitária dos professores formadores que, em consequência leva a um agir deficitário dos futuros educadores.

O conhecimento adquirido é de suma importância bem como a sua divulgação, neste sentido deve compartilhar o mesmo com outros profissionais de educação, para que seja tomado como referência para novas práticas pedagógicas.

3.2 A Importância da Formação Continuada

A formação continuada tem se tornado um campo com crescente busca pelos profissionais não apenas na educação, mas em todas as áreas do conhecimento, pois quanto mais aprendizado, maiores as chances desse profissional permanecer no mercado de trabalho.

Segundo Ferreira (2006, p. 19-20):

A “formação continuada” é uma realidade no panorama educacional brasileiro e mundial, não só como uma exigência que se faz devido aos avanços da ciência e da tecnologia que se processaram nas últimas décadas, mas como uma nova categoria que passou a existir no “mercado” da formação contínua e que, por isso, necessita ser repensada cotidianamente no sentido de melhor atender a legitima e digna formação humana.

O conhecimento não é algo estático, o mesmo está sempre em transformação e nas últimas décadas esse processo tem ocorrido de maneira ainda mais acelerada e tudo o que envolve o saber é influenciado por essas mudanças. Na área da educação não é diferente, como se pode constatar.

De acordo com Hengumuhle (2008, p. 11):

A sociedade se transforma, os meios de produção exigem novo modelo de formação. As redes de comunicação levam informações, ao mesmo tempo, a lugares nunca antes atingido. As pessoas, em especial as crianças e jovens, não são mais pessoas de um local restrito. Tornam-se pessoas do mundo. O acesso às informações em transformação começa a provocar inquietações nas pessoas, em escala nunca antes vista.

Em outras palavras, mesmo as pessoas que moram afastadas dos grandes centros ou mesmo das cidades, essas pessoas não estão isoladas do conhecimento, a tecnologia tem alcançados as pessoas onde quer que elas estejam. Quando o lugar não tem nenhuma estrutura tecnológica, muitos professores recorrem as cidades mais próximas em busca dessas informações.

Nesse tópico a expressão “formação continuada” e sua importância para melhorar o processo de ensino aprendizagem e consequentemente a educação, estarão sempre aparecendo nesse contexto, mas daí surge a seguinte indagação, o que é formação continuada?  Buscou se teóricos, ou seja, autores especializados no assunto que contribuíram com seus conceitos para a pesquisa.

Formação continuada para Chimentão (2009, p.  ):

A formação continuada de professores tem sido entendida como um processo permanente de aperfeiçoamento dos saberes necessários à atividade profissional, realizado após a formação inicial, com o objetivo de assegurar um ensino de melhor qualidade dos educandos.

A profissionalização começa com a primeira graduação, a partir daí é necessário aprofundar os saberes que não foram alcançados com a formação inicial. Ressaltando que também se aprende com a prática, com seus pares, pois todos os seres humanos necessitam de capacitação para atenderem as exigências do mercado, seja na área da educação ou não, tudo é conhecimento.

De acordo com Christov (1996, 44): “A formação continuada se faz necessário para atualizarmos nossos conhecimentos, principalmente analisarmos as mudanças que ocorrem em nossa prática, bem como para atribuirmos direções esperadas a essas mudanças”.

De forma resumida, mas abrangente Paulo Freire (1996, 44) fez a seguinte colocação “formação permanente é uma maneira que se pode melhorar a próxima prática”.

Acompanhando a ideia dos outros autores, Romanowski (2010, p. 138). Conceituou a formação continuada através da objetividade: “O objetivo da formação continuada é a melhoria do ensino … a continuidade de estudos em cursos, programas e projetos”.

Como se pode observar, as colocações de Chimentão, Christov, Freire e Romanowski foram de maneira diferente, mas nenhuma sobrepujou a outra, ou se contrapôs, pelo contrário todas as informações somadas se completam e formam um novo conceito. Que se define da seguinte maneira:

A formação continuada é um mecanismo permanente de capacitação, atualização e aperfeiçoamento necessário à atividade profissional, para melhorar a prática docente no intuito de assegurar uma educação de qualidade e a transformação social.

A escola tem um papel muito importante diante dessas transformações, pois é o lugar encarregado e cabível para a construção do conhecimento, mas não o único espaço em que se adquire o saber, pois na atualidade o conhecimento está em todos os lugares e sempre disponíveis. Como a escola, é responsável por esse desenvolvimento contínuo, permanece com uma educação reprodutiva e com métodos ultrapassados que não condiz com as necessidades atuais?

Hengumuhle (2008, p. 11) afirma:

[…] que essas teorias não podem ser simplesmente transportadas do contexto onde se formaram, para o contexto onde vivem nossos alunos. As realidades hoje são diferentes. Essas teorias precisam ser ressignificadas para os alunos em sua realidade, pois senão apenas se tornam coisas mecânicas a serem recebidas e repetidas.

Assim, da mesma forma como ocorre com o professor, a escola também precisa estar em consonância com as atualizações, para receber a clientela (os discentes) que a frequenta de forma correspondente com suas necessidades. Daí a importância de despertar para a prática da formação continuada fazendo reflexões do que ocorre cotidianamente.

De acordo com Christov (2003, p. 9): “A educação continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do fazer humano como práticas que se transformam constantemente”.

O professor, como está inserido na escola e com uma responsabilidade fundamental, lhe é atribuído também o peso pelo comprometimento dessas novas mudanças, não pode se embasar e continuar com práticas antigas, ultrapassadas. Ele precisa compreender que a realidade do século XV é diferente da vivenciada no século XXI e que as metodologias usadas em anos anteriores funcionavam bem para aquela época, hoje podem até funcionar, mas precisam ser reorganizadas para os alunos atuais.

Nas descrições acima, percebe que a escola e o professor necessitam de atualização, não adianta apenas uma parte cumprir seu papel, professor e escola estão intrinsecamente interligados, um faz parte do outro, um é complemento do outro, por isso a necessidade de um é também a necessidade do outro e vice-versa.

Entende que o primeiro passo para acontecer o processo de mudança é o professor fazer uma reflexão sobre as indagações levantadas e verificar se suas ações estão dentro do método flexível, atualizado ou mecanizado.

Para Christov (2003, p. 11) apud Kemmis (1985):

A reflexão não é um processo mecânico, nem simplesmente um exercício criativo de construção de novas ideias, antes é uma prática que exprime o nosso poder para construir a vida social, ao participar na comunicação, na tomada de decisões e na ação social.

A prática não pode ser mecanizada, necessita passar pelo processo de reconstrução, para que assim o professor possa sentir-se impulsionado a construir novas ideias, pois para alcançar o “novo” necessita de capacitação, atualização, acompanhado de avaliações críticas sobre a profissionalização.

Como afirma Hengumuhle (2008, p. 84) “a pós-modernidade certamente trouxe aos professores desafios nunca vistos e enfrentados nos momentos históricos anteriores”.

Vale ressaltar que a primeira formação é muito importante, pois o que o professor aprende durante o curso de graduação não é suficiente para toda sua carreira no magistério, por isso, é necessário continuar aprendendo, embora o que se observa não é bem assim.

Segundo Ferreira (2006, p. 28):

No que concerne a formação dos profissionais da educação, percebe-se no conjunto das reformas, o descomprometimento com a formação inicial, a supervalorização de uma política de formação em serviço que se dá, ocorre, de um modo geral de forma aligeirada e a inexistência de políticas de valorização desse profissional.

Ilustrando, um professor que se formou a mais de dez anos e não procura fazer curso de formação continuada, como esse docente vai aprender novos métodos? Será que esse docente conseguirá responder ou resolver os novos desafios que lhe aparecerá no cotidiano?

Christov (2003, p. 37) afirma que “a formação dos professores não tem contemplado esses objetivos”.

Freire (1996, p. 32) aponta que “pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

A pesquisa a qual falou Freire é a busca por conhecimento e essa procura é a formação continuada, pois nem tudo foi alcançado durante a graduação. Quando o professor está se capacitando suas habilidades e competências vão sendo aprimoradas, tornando lhe um bom educador com as novidades que são ofertadas.

Outro ponto a ser levantado para a prática da formação continuada é a criticidade do professor, mas ser crítico se entende que, não é aquele professor que só sabe reclamar, que ver erros em tudo e nada faz para consertar ou melhorar o que está errado.

Refere-se à palavra critica quando algo está errado e incomoda, neste sentido, se percebe o erro e porque não solucionar o problema? Então, faz exposição de sugestões ou busca estratégias de soluções. A prática docente nunca pode ser dada como acabada, não se pode pensar que do jeito que está seria ideal, pois tem sempre o que melhorar.

Hengumuhle (2008, p. 16) diz que “a história da humanidade é marcada por esse constante porvir, onde o acabado é visto como insatisfatório, por que o desejo infinito da pessoa é de investigar e, diante de cada resposta, já vislumbra novas perguntas”.

Muitos professores sabem quando tal metodologia não está surtindo efeito, o aluno não está aprendendo, outros nem se interessam mais pelas aulas que ministra, mas esse educador faz vista grossa ou coloca várias dificuldades para melhorar.

Não basta fazer curso excessivamente, ainda é pouco se o docente não faz um julgamento de cada ação. Na formação contínua o professor é o pesquisador e o objeto de pesquisa e vice-versa.

A formação continuada é muito importante, mas não vai resolver tudo da prática docente, ela é apenas uma ferramenta de trabalho para auxiliar, melhorar e fazer crescer profissionalmente.

3.3 A Reciprocidade da Formação Continuada

Muito se falou sobre a importância da formação continuada para o professor, mas esse processo é reciproco com relação a escola em que o profissional atua e principalmente ao aluno que é ou deveria ser o objetivo principal da prática da formação continuada do professor.

A relação professor/aluno tornou-se um dos temas principais e preocupantes no contexto escolar, muitos pesquisadores buscam desvendar essa relação que as vezes se torna conflituosa, embora poderia se transformar em um trabalho mais rico e significativo.

Há benefícios para os educandos quando um professor é atualizado. Neste contexto Moran (2004, p.3) pergunta e responde ”O que deve ter uma sala de aula para uma educação de qualidade? Precisa fundamentalmente de professores bem preparados, motivados e bem remunerados e com formação pedagógica atualizada. Isto é incontestável”.

Um professor bem preparado, ele sabe vários métodos para atrair a atenção dos alunos, e com isso o educador ganha tempo, aqueles momentos que os despreparados gastam para acalmar os alunos, o mais capacitado já iniciou o assunto do dia e os alunos começam a gostar das aulas.

O benefício da escola está relacionado quanto a formação continuada, o trabalho oferecido pelos professores dentro da escola, pode ser visto através do desenvolvimento dos alunos, se os alunos estão bem a escola está bem, sendo os discentes o termômetro dessa reciprocidade professor-formação continuada-escola.

Christov (2003, p. 13-14)) aponta que:

Sabemos que uma escola organizada por todos que nela atuam tem maiores chances de ser uma escola adequada aos interesses de seus organizadores… afinal, a cooperação e a noção de que “a união faz a força” são ideias contra as quais nada se tem a dizer.

A organização de uma escola depende muito da capacidade dos profissionais em que nela atuam. E a formação continuada é parte desse processo contribuindo para o desenvolvimento e atualização da comunidade escolar. A escola tem as características dos profissionais em que nela trabalham.

Por isso quanto maior o grau de formação de uma instituição melhor conceituada ela será. Os profissionais estão atentos a isso e estão buscando melhorar tanto a prática quanto o conceito da escola.

CONCLUSÃO

Todo profissional para desenvolver um bom trabalho necessita de estímulos, para que o mesmo desenvolva bem suas tarefas, partindo dessa proposição e das concepções dadas pelos teóricos supracitados, a formação continuada deveria ser levada mais a sério pelas pessoas coordenam a educação no Brasil.

A plena efetivação de programas voltados para a formação continuada de professores é notória, mas os incentivos para que o docente realize os cursos e chegue a aqueles que moram mais distantes das capitas, ainda não é realidade, pois os professores que moram em vilas e vicinais distantes não são alcançados com essas formações.

Dessa forma faz-se urgente uma mobilização para que o acesso aos cursos de formação continuada seja para todos, as escolas em que esses profissionais atuam assim como eles e os discentes perdem na qualidade do ensino oferecido.

Vale ressaltar que a avaliação dos alunos que são formados nas instituições em que os professores não possuem formação continuada o resultado aparece no momento em que o aluno vai para series mais avançadas ou até mesmo na hora de prestar um concurso público ou seleção de emprego, pois a qualidade do ensino depende muito da formação do docente e de sua atualização profissional.

Muito são os desafios a serem transpostos, pois como foi abordado ao longo deste trabalho a educação e consequentemente a formação e capacitação dos professores não foram prioridades desde a colonização do Brasil, sempre fica algo pendente, sendo que essa pendencia engloba a maioria dos profissionais.

Na perspectiva da formação continuada, é preciso que o professor aprenda ver a realidade, tendo em vista que é na prática, na troca de conhecimento entre professores e profissionais do mesmo campo, na intrepidez da busca que se dá o aprendizado mútuo. Dessa forma, é possível que o professor se torne um agente capaz de gerenciar sua própria formação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei orgânica DECRETO-LEI No 4.073, DE 30 DE JANEIRO DE 1942. Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del4073.htm>. Acesso em 10 nov. 2016.

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[1] Acadêmico de Pós-Graduação em Ciências da Educação pela Faculdade de Pinheiros; Graduado em Pedagogia pela Universidade Roraimense de Ensino Superior- FARES; Professor da rede pública municipal em Boa Vista-RR.

[2] Graduada em Normal Superior pela Universidade Estadual de Roraima-UERR, Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Roraima-UERR.

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Evandro Costa Cruz

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