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Leitura na Educação Infantil: Fatores que dificultam a aprendizagem no espaço escolar

RC: 51941
2.059
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

MERCEDES, Eva Leal Araújo [1]

MERCEDES, Eva Leal Araújo. Leitura na Educação Infantil: Fatores que dificultam a aprendizagem no espaço escolar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 03, pp. 167-186. Junho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dificultam-a-aprendizagem

RESUMO

Esta investigação traz como temática a leitura na Educação Infantil, destacando os fatores que dificultam a aprendizagem no espaço escolar. O objetivo da análise apontada é demonstrar resultados a partir dos levantamentos com foco na análise dos aspectos que interferem na aprendizagem, sobretudo no que tange a leitura. A proposta quanto à escolha da temática enfatizada se deu em razão da pouca relevância que vem sendo dada à Educação Infantil em razão da hipótese que por ser tratar de uma etapa de ensino que lida com crianças, o que tem quer ser priorizado é somente vínculos de interação e socialização, algo raro no ambiente familiar. A fim de confrontar as argumentações superficiais apresentadas, uma pesquisa bibliográfica fundamentará as discussões que justificarão a importância da leitura e da aprendizagem na Educação Infantil. Os levantamentos desenvolvidos deixaram claro que embora a criança se socialize, o foco específico em todas as atividades trabalhadas é contribuir com seu aprendizado, também por meio da leitura. Nesse contexto, a negligência familiar, falta de planejamento pedagógico e a insuficiência de métodos de ensino tornam difícil o acesso da criança à aprendizagem de qualidade. Diante disto, conclui-se que a Educação Infantil não é omissa aos desafios enfrentados, uma vez que a aprendizagem para ser exercitada corretamente precisa priorizar métodos de ensino que superem as dificuldades identificadas neste estudo.

Palavras-chave: Aprendizagem, Educação Infantil, leitura.

1. INTRODUÇÃO

A leitura é uma realidade e necessidade em todos os níveis e etapas de ensino, indispensável, especialmente na Educação Infantil, por nela ser dado os primeiros passos para que o educando passe a se familiarizar com esta prática, usufruindo da aprendizagem de qualidade. Entretanto, nem toda escola tem preocupação específica com atividades que harmonizam leitura e aprendizagem nas relações educativas. Diante da relevância da leitura envolvendo crianças na Educação Infantil, esta temática enfatiza o que dificulta o processo de aprendizagem quando a leitura é executada, entendendo que ela, quando não levada à sério, faz com que o educando passe a série seguinte sem a noção adequada do que deve aprender a partir da leitura.

O objetivo consoante à temática delimitada é demonstrar os resultados das discussões realizadas, destacando, nesse processo, a importância de se ter foco da leitura, pois a falta dela dificulta a aprendizagem. Tem-se o propósito de especificar os fatores que interferem negativamente na aprendizagem na Educação Infantil, destacando conceitos científicos e pedagógicos para refletir acerca dos enunciados abordados. A justificativa para a elaboração da pesquisa se deu em razão da presença de alguns argumentos discriminatórios que entendem a leitura simplesmente como atividade destinada à interação e socialização de crianças que precisam resgatar os vínculos de afeto, deixado de lado, principalmente, por famílias que passam a maior parte do cotidiano no trabalho.

A metodologia aplicada como alternativa para embasar a natureza cientifica dos debates acerca da temática considerada tem respaldo nas discussões prévias levantadas à respeito do que dificulta o processo de aprendizagem na leitura, subsidiadas por um levantamento bibliográfico, que, por sua vez, é resultado da contribuição de autores como Aguiar (1986), Antunes (2012), Barros (2009) e Parolin (2009) que versam sobre a leitura na educação infantil, agregando-se a posição dos demais que compõem estra obra não citados neste apontamento. O fundamento teórico investigará, por exemplo, a alegação superficial que a aprendizagem na leitura é imprópria às crianças da Educação Infantil em função da baixa idade.

A princípio, sabe-se que isto não é desculpa para efetuação de trabalho sem compromisso, de qualquer jeito, por que na concepção de Fonseca, Araújo e Nogueira (2012), é peculiar à Educação Infantil o dever de se preocupar com a aprendizagem, compreendendo o espaço da escola como um ambiente educativo e social adequado a faixa etária que atende, superando os desafios identificados. Não é possível ignorar os aspectos mencionados que caracterizam a relação social, educativa e familiar do educando na Educação Infantil, compreendendo que o teor deste estudo gira em torno da busca pela superação das dificuldades que interferem negativamente na leitura no âmbito infantil.

Parafraseando Queiroz (2011), as noções quanto à aprendizagem não se configuram por meios de reproduções isoladas de realidades, mas por questionamentos de assuntos estudados com especificação de objetivos a serem conhecidos. Por isto, para as hipóteses sobre a temática investigada serem refutadas, é indispensável uma dedicação crítica e reflexiva das ideias apontadas por meio de uma pesquisa bibliografia que fundamentará as discussões envolvendo a leitura na Educação Infantil e suas respectivas dificuldades no campo da aprendizagem. Seguindo o itinerário das descobertas intencionadas, a evidência das questões levantadas segue uma organização sistemática de cada delimitação proposta, enfatizando, inicialmente, a importância da leitura no contexto da aprendizagem, entendendo os desafios apresentados no decorrer desta atividade.

A continuidade das abordagens, por sua vez, deve-se em virtude da presença da negligência familiar quanto à leitura, pois a literatura aponta um distanciamento entre família e escola, exemplificada no tópico que destaca esta questão. No decorrer dos debates traçados, é também significante reconhecer a falta e a insuficiência de planejamento de ensino como realidades que precisam ser discutidas numa perspectiva científica e pedagógica nesta reflexão. Deve-se apontar, também, a necessidade da compreensão dos pressupostos apontados anteriormente. Parte-se do pressuposto de que a insuficiência de métodos de ensino é outro assunto a ser destacado, porque os desenvolvidos, muitas vezes, não correspondem às estratégias pedagógicas que a Educação Infantil requer.

Após a constatação dos assuntos indicados como objetos de estudos, os resultados dos questionamentos levantados serão recapitulados nas considerações finais, as quais mostrarão a relevância desta pesquisa no campo da investigação científica. Neste itinerário, o desenvolvimento das descobertas a respeito do que foi anunciando inicia-se mostrando os esclarecimentos referentes à importância da leitura na Educação Infantil.

2. LEITURA EM FOCO

Anunciados os pressupostos que conduzirão a abordagem dos enunciados indicados como objetos de estudo, torna-se necessária a menção contundente da Educação Infantil no contexto da aprendizagem escolar. O foco na questão destacada traz, à princípio, a demanda da noção do que é a etapa de ensino relacionada à leitura. Para tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/96, em seu Art. 29, mostra que:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996, p. 19).

Entender o que é Educação Infantil bem como sua finalidade no espaço escolar, tornou os assuntos abordados uma preocupação no contexto do aprendizado do aluno por meio da leitura. Esta prática, independente da atenção que é dada a ela ou não, apresenta desafios quando se trata de inseri-la na aprendizagem. Neste foco, Matta (2009) explica que:

[…], a leitura tem demonstrado ser uma complexa tarefa no contexto escolar. Inúmeras vezes nos sentidos intimidados pelas críticas dos professores de outras disciplinas sobre a dificuldade dos alunos em entenderem os textos apresentados em sala, passando a ideia de que a origem desse problema seja culpa exclusiva dos professores de português (MATTA, 2009, p. 69).

A aprendizagem, visando o desenvolvimento do aluno, além de ser uma necessidade do educando, é um direito a partir do qual ele torna-se capaz de conhecer e assimilar corretamente as variadas formas de acesso ao conhecimento por meio da leitura na Educação Infantil.  Em Paulo Freire (2013), o conhecimento oriundo da aprendizagem não se configura na leitura por decoração de palavras, sequenciadas de repetições. Em conexão com Micotti (2009), a produção do conhecimento é fruto das diferentes formas de entender a leitura na medida que oportuniza relação com o leitor.

O destaque dado à leitura enquanto assunto inerente à aprendizagem na Educação Infantil é indispensável e, também, relaciona-se o conhecimento ao proveito do espaço escolar desta etapa de ensino. Essa realidade educativa faz parte da Educação Infantil porque, nesta instância educativa, a criança dá os primeiros passos na sua jornada estudantil: que envolve a aprendizagem, inclusive lendo na escola. A leitura é uma atividade que compromete o aprendizado do aluno a partir do ato de ler, que, por sua vez, caminha para além da decodificação de símbolos. Conforme Naspolini (2009):

O ato de ler ultrapassa o procedimento de decodificar símbolos. Compreender o que é lê dependente de características do leitor, além das particularidades do próprio texto e do autor. O leitor e sua totalidade interferem na compreensão da leitura (NASPOLINI, 2009, p. 18).

A ideia de Naspolini conduz a leitura a uma realização que implica na observação de gravuras que estejam relacionadas, inicialmente, com formas como pontilhados, a partir dos quais a criança passa a ser orientada sob a concepção de cada letra pela ligação de pontos que as constituem. O exercício da leitura remete a criança à possibilidade de desenvolver uma postura que a torna capaz de despertar senso crítico, conforme Aguiar (1986), desfrutando da liberdade de gostar ou não com o que se depara no momento que executa a atividade trabalhada em sala de aula. Assim, o educando questiona o saber verbalmente, buscando compreender o que cada traço significa quando concluído, formando determinadas letras do alfabeto ou ao ler sílabas ou frases.

Uma atividade harmonizada com a situação colocada anteriormente se faz presente na leitura, também, com a apresentação de letras, e, para tanto, é necessário que a ilustração esteja ao lado, para que, dessa forma, o educando possa estabelecer vínculos de aprendizagem entre a figura observada e a letra inicial do nome de cada gravura: mas não sozinho. A leitura inicial do que o aluno precisa identificar e pronunciar, fundamentada no auxílio do educador, deve tomar forma, inclusive, na interação com colegas no espaço escolar e com a própria aprendizagem durante essa atividade em sala de aula. Neste contexto, Aguiar (1986) comenta que:

A aprendizagem da leitura é fundamental, portanto, para a integração do indivíduo no seu contexto socioeconômico e cultural. O ato de ler abre novas perspectivas à criança, permitindo-lhe posicionar-se criticamente diante da realidade (AGUIAR, 1986, p. 24).

A contribuição de Aguiar permite notar que a leitura flui no aluno da Educação Infantil aprendizagem em razão do que é trabalhado, adaptando-se, didaticamente, as atividades concretizada as situações sociais, econômicas e culturais do seu cotidiano. Do modo elucidado, a pronúncia de letras pelo educador, tendo ilustrações como referenciais familiares, facilita a aprendizagem escolar. Desse modo: “a leitura forma, assim, a criança que aprende com o que lê, com o que escuta” (PARREIRAS, 2009, p.30). A leitura, vista do ponto de vista da concepção pedagógica aqui enfatizada, repercute um efeito importante no aprendizado do aluno, mediante a demonstração por ele, inclusive durante a cobertura de letras do alfabeto, sequenciada de pronúncia quando possível nesta fase da alfabetização.

É assim que a atenção destina a leitura nunca pode ser tida como uma atividade restrita unicamente as questões burocráticas que atendam somente o ato de ler em si como critério educativo da escola, pois ela está além de uma simples perspectiva superficial de preencher o tempo do aluno em sala de aula na presença do professor. Contando mais uma vez com a participação de Parreiras (2009), a leitura se configura especificamente na prática pelo envolvimento de todos os envolvidos neste processo, priorizando-se a aprendizagem. Como foco da aprendizagem entre crianças, a leitura pode enfrentar dificuldades no contexto escolar. Realmente, quando isto acontece, é preciso aprofundar as discussões a fim de conhecê-las de forma mais abrangente nos enunciados a seguir.

3. O QUE DIFICULTA A APRENDIZAGEM NA LEITURA

A Educação Infantil é uma das etapas da Educação Básica que se volta à preocupação em relação às dificuldades referentes à aprendizagem numa visão pedagógica. A razão disso tem sido a atenção dada a descrição do conceito de Educação Infantil, posicionamento que tornou fácil a noção quanto a sua finalidade em ralação a aprendizagem de crianças que lidam com dificuldades na leitura. Certamente, a aprendizagem pode ser identificada, nesta abordagem, como um componente indispensável na Educação Infantil, por ser claro o que ela representa, quando exercitada corretamente. No entanto, o ato de aprender acarreta dificuldades que desafiam as estratégias de ensino e leitura trabalhadas no espaço escolar. Com isso, Tedeschi (2007) especifica que:

A dificuldade de aprendizagem centra-se toda na criança, seja por imaturidade; hiperatividade; desatenção; problemas emocionais relacionados à família ou até por distúrbios mais complexos. Por falta de esforço, de dedicação ou, talvez, até mesmo pela formação recebida, uma reflexão do professor sobre sua prática de ensino ou uma possível mudança de postura provocada por esta reflexão pode acabar ficando em segundo plano. (TEDESCHI, 2007, p. 18).

A certeza de que existem diversas situações educacionais que dificultam o aprendizado por meio da leitura leva às descobertas assimiladas ao fortalecimento dos enunciados referentes a esse caso, destacando sua interferência na leitura. A fim de esclarecer melhor a natureza das discussões no foco do tópico em questão, elencando-se o que prejudica a aprendizagem do aluno enquanto criança, é necessário apontar a negligência familiar como um dos fatores que, diretamente, influenciam na aprendizagem. Além do que foi apontado, é útil, para a compreensão do tema delimitado, enfatizar que a negligência familiar é um fatores que atrapalha o aprendizado das crianças da Educação Infantil, visto que realizam a leitura sem acompanhamento em casa no que tange o conteúdo trabalhado na escola.

Outro caso a ser considerado como componente deste estudo digno de preocupação é a falta de métodos de ensino que atendam às demandas de aprendizagem dos educandos, isto é, que ultrapassem os limites estabelecidos pelo sistema de ensino tradicional. Com ênfase nas dificuldades de aprendizagem enfrentadas durante a leitura, Nunes, Buarque e Bryant (1997) aludem que:

[…], os resultados observados na análise de erros de crianças com dificuldade de aprendizagem indicam que os estágios pelos quais passam essas crianças no processo de aquisição de leitura e escrita assemelham-se aqueles observados em crianças sem dificuldade (NUNES; BUARQUE; BRYANT, 1997, p. 72).

É por esta razão que as dificuldades inerentes à leitura tem sido uma preocupação. Por isso, não é somente a inexistência de métodos de ensino que precisa ser problematizada. Há outros fatores que comprometem o rendimento do aluno no momento que participa de leitura descontextualizada da sua realidade, de modo que a insuficiência de planejamento destinado ao ensino em sala de aula é outro elemento que prejudica o aprendizado na esfera da Educação Infantil. As três realidades que causam problemas à aprendizagem na Educação Infantil, citadas anteriormente, precisam ser tratadas de forma mais detalhada, visando a melhor compreensão das ideias que seguem a abrangência dos debates. Após os pressupostos indicados, discutir-se-á sobre a falta de apoio familiar às relações de aprendizagem tangentes à leitura na Educação Infantil.

4. NEGLIGÊNCIA FAMILIAR

Quanto à questão da aprendizagem na leitura na Educação Infantil, sabe-se que as delimitações frisadas especificam a família como uma instituição humana responsável pela formação do indivíduo desde os primeiros anos de vida, o que acarreta a educação sistematizada fora deste ambiente. Embora esta seja a função da família nos anos iniciais de estudo de crianças ligadas à Educação Infantil, lamentavelmente, essa organização social tem sido uma das responsáveis pela presença de dificuldades de aprendizagem escolar na proporção que se coloca alheia à leitura na escola. A ênfase a situação enunciada se concretiza por ser o espaço familiar o primeiro grupo social que o aluno faz parte enquanto criança e quando inicia sua jornada estudantil. No entendimento das palavras de Antunes (2012), percebe-se que a instituição de ensino infantil sabe:

[…], como conscientizar a família da necessidade de compartilhar responsabilidades com a escola na formação ou na conquista de leitores. As estratégias são muitas: uma feira do livro e um encontro com um escritor na escola poderão se transformar em momentos importantíssimos de um processo de colaboração entre professores e pais, […] (ANTUNES, 2012, p. 24).

A escola age dessa forma porque compreende que o sucesso do educando nos primeiros anos de estudo depende, também, do apoio familiar, sobretudo no que tange a leitura. Ela recebe cada educando de acordo sua faixa etária e, assim, há a necessidade de fazer parte da Educação Infantil, visando exercitar a aprendizagem pedagogicamente. Em qualquer dificuldade manifestada no decorrer das aulas, até mesmo na área da leitura, busca-se superar as dificuldades, recorrendo à família. Não significa dizer que a escola não tenha preocupação com o aluno no que diz respeito à outras situações de caráter educacional que não faça parte dos interesses desta abordagem, mas a natureza da temática desta pesquisa direciona as colocações em maior abrangência ao que vem sendo enfatizado.

No momento que a família ingressa a criança na Educação Infantil, por lei, ela tem o dever de acompanhá-la em toda a sua trajetória que envolve a vida escolar, acompanhando a relação com o aprendizado decorrente da leitura, contudo, como enfatizamos, a ausência dessa família nos processos que englobam a leitura é uma realidade com a qual lidamos. A responsabilidade educacional no bojo do que vem sendo detalhado compromete a necessidade da família se posicionar no apoio à jornada estudantil de crianças que, ao serem colocadas na escola, dependem do acompanhamento de seus familiares para se sobressaírem com sucesso diante das dificuldades enfrentadas. A propósito, a posição de Salles e Silva (2011) é relevante porque:

Um dos fatores que marca essa relação é, então, o distanciamento existente entre escola e família, acentuado por perspectivasse sentidos diferentes que ambas se atribuem mutuamente. Para os docentes e os gestores, a função primordial da escola − ensinar, propiciar condições para que os alunos se desenvolvam como ser humano − é desse modo transformada e reduzida para as funções de caráter assistencial e de cuidado das crianças: (SALLES; SILVA, 2011, p. 74).

De fato, envolver a ajuda da família na educação de crianças é uma realidade e demanda educativa porque muitos pais não querem colaborar com a escola alegando falta de tempo. O descaso, nesse sentido, acontece, também, porque muitos pais alegam que as dificuldades de aprendizagem na leitura é de responsabilidade exclusiva dos educadores que são pagos para trabalhar com o aluno, e, assim, devem lidar sozinhos com situações que comprometem o ato de aprender. A negligência familiar toma forma a partir do momento que as famílias lançam toda a responsabilidade educativa, social e moral de seus filhos à escola, especialmente para os educadores da Educação Infantil. É por esta razão que a contribuição de Santos (2011) esclarece que a escola tem que repensar diariamente suas práticas educativas.

Por mais que algumas instituições de ensino tentem estabelecer relação mútua entre escola e família, na maioria das vezes, esta não cumpre seu papel, alegando direito apenas à responsabilidade moral e social extra escolar. Tal postura não condiz com o verdadeiro papel da família em relação à aprendizagem escolar de crianças que enfrentam dificuldades na leitura. Ela tem a obrigação de procurar saber qual a realidade estudantil do educando, inclusive acompanhando o que acontece durante os trabalhos docentes, visando sua a aprendizagem em parceria com a instituição escolar que o atende. Em contra partida, diversos pais pensam que acompanhar os filhos na escola é simplesmente deixá-los no início da aula e pegá-los no término.

Somente isso não é suficiente para caracterizar esta atitude como acompanhamento condizente com a responsabilidade familiar na escola, porque apenas à medida que a família passa a conhecer com clareza os avanços e as dificuldades, sobretudo o que tange a leitura, é que se pode pensar em acompanhamento escolar. O cuidado com este assunto oportuniza a participação de Rios (2009) alertando que:

Não podemos restringir a participação dos familiares apenas nas reuniões escolares, festas comemorativas, mas abrir uma interlocução dinâmica e constante no cotidiano do educando entre esses dois espaços de produção de conhecimento (RIOS, 2009, p. 43).

Na advertência acima, subtende-se que a escola tem a obrigação de criar situações que estimulem a família a ir além da participação em reuniões escolares que são realizadas unicamente para entrega de avaliações bimestrais, deixando aberta a carência de estratégias que oportuniza a atuação contínua da família no processo de aprendizagem. A falta de atenção contínua à vida escolar dos filhos por parte de diversos pais se fortalece entre eles alegando que trabalham fora de casa e chegam tarde em casa. Afirmam estarem cansados da jornada trabalhista, sem a mínima condição de verificar se os filhos têm tarefa para casa ou não. Se identificam que foi passada alguma, a alegação é a mesma, mesmo sabendo a forma correta de ajudá-los.

Os problemas relacionados à leitura no âmbito da Educação Infantil é consequente, considerando o contexto apresentado, da falta de planejamento familiar, e, dessa forma, é preciso que se priorize tais atividades de leitura, pois esse é um modo de o educando, a partir do diálogo, conseguir discernir o que já sabe, e, ainda, o que precisa aprender. Quando acontece atitude familiar neste sentido, os pais podem ter algumas noções no que envolve as dificuldades de aprendizagem, identificando, inclusive, aspectos que precisam ser melhorados na leitura. Compreendemos que a rotina, em muitas das vezes, impossibilita tais práticas, mas o incentivo à leitura, apontando os progressos, é essencial. A escola não ignora a participação da família no processo educativo porque, na interpretação de Kramer (2001):

O trabalho pedagógico é sempre construído e reconstruído, avança e recua, sofre influências da escola e de fora da escola, de nós mesmos, das crianças, não caminha monótono, em linha reta, mas traz conflitos, dá saltos, tem contradições e por isso mesmo pode ser rico, […] (KRAMER (2001, p. 144).

A instituição escolar, ao perceber as dificuldades que a criança enfrenta, em contato com a família, terá facilidade de trabalhar a superação de qualquer situação vivenciada pelo educando, tanto na escola quanto na família. A leitura deve sofrer influência tanto de uma quanto de outra durante a aprendizagem na Educação Infantil. A família que manifesta intenção de trabalhar a superação de problemas detectados a partir da leitura estará, também, contribuindo com a escola no momento que se dispõe a cumprir sua responsabilidade educativa no que diz respeito ao desenvolvimento do aprendizado do aluno. Considerando as discussões traçadas, é preciso sequenciar as abordagens citando, agora, a ausência do planejamento de ensino como outro determinante das dificuldades enfrentadas na Educação Infantil no que concerne à leitura.

5. FALTA DE PLANEJAMENTO DE ENSINO

As dificuldades de aprendizagem mediante a efetuação da leitura na Educação Infantil, consequentes de posturas educativas erradas, denunciam, também, a ausência de planejamento de ensino em sua totalidade, e, nesse sentido, cabe destacar que tal situação torna indispensável seu conceito no que tange a falta de planejamento aqui elencada. Acerca disto, o pensamento de Haydt (2006) ajuda a compreender inicialmente que “o planejamento de ensino é previsão das ações e procedimentos que o professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atitudes discentes e das experiências de aprendizagem, […]”. Se não é feito ou não é completo, a falta é nítida, porque sua totalidade é deixada de lado e o aprendizado prejudicado.

O planejamento, no que tange a realidade pedagógica, prevê que educandos que estão inseridos na Educação Infantil precisam ser compreendidos com cuidado, pois as suas demandas de aprendizagem tomam forma, também, na leitura, valorizando noções conceituais adquiridas pelo educador. Contrário disto, ele tem se tornado insuficiente na medida que não é levado a sério entre crianças que dependem categoricamente dele para se sobressaírem frente às dificuldades do cotidiano referentes a leitura no espaço escolar. Um dos determinantes que situa a ausência de planejamento entre os elementos que prejudicam a aprendizagem do aluno enquanto exercita a leitura é a falta de preparação dos assuntos a serem trabalhados em sala de aula. Retomando o pensamento de Haydt (2006) é conveniente saber que:

No entanto ele planeja mentalmente as etapas de sua atuação na sala de aula, prevendo as suas atividades e as de seus alunos. Quando ele não anota as suas previsões, pode correr o risco de se perder ao executar o que planejou, pois a memória pode falhar fazendo-o esquecer os procedimentos previstos (HAYDT, 2006, p. 99).

Não se quer assegurar que não se deve idealizar mentalmente o planejamento de ensino no que se refere à leitura, mas que em muitos casos não existe uma definição sistemática do que é aplicado em sala de aula com crianças da Educação Infantil, devido ao fato de que diversos professores não planejarem o que o educando precisa aprender. Tudo leva a crer que, segundo Haydt (2006), que o educando é um ser ativo subordinado a elaboração do que deve conhecer, porque a aprendizagem é algo que se configura a partir do uso do raciocínio que o conduz a pensar de forma crítica sobre o aprender.

A ausência desse entendimento compromete o planejamento e isso torna mais evidente a presença de dificuldades de aprendizagem, ficando o educando sujeito até mesmo ao improviso e circunstâncias proporcionadas por professores que não planejam suas aulas. Às vezes, por meio da leitura, a aprendizagem não é conseguida porque depende não somente do planejamento feito e fixado em um caderno apresentado à coordenação pedagógica num determinado momento escolar, isto é, seu conteúdo precisa ser aplicado seguindo a uma sequência de conteúdos relacionados à realidade dos alunos.

Além do mais, vale recapitular que se o professor não planeja, acaba se tornando escravo do improviso e de circunstâncias. Entretanto, Barros (2009) garante que:

O professor que planeja a cada aula os objetivos a serem alcançados, as intervenções necessárias e a forma de acompanhamento de todo este processo não o faz a partir do “nada”, mas realiza o seu plano de aula baseado nas amplas discussões entre os membros de determinada escola, de onde se avaliam o contexto, emanam as prioridades e se estabelecem os caminhos a serem percorridos ao longo de um ano letivo (BARROS, 2009, p. 238).

Sem planejamento, fica difícil para o professor saber o que e como trabalhar com os alunos na aula, deixando, também, o educando limitado a atividades momentâneas que não condizem com sua realidade e necessidade de aprendizagem. Assim, é evidente que a escola envolvida na situação anterior depende da elaboração de estratégias pedagógicas, abrindo espaço para o planejamento ser articulado antes do educador chegar à sala de aula, devendo ele ter organizado o que, como e por que aplicar determinado conteúdo. O problema também envolve a ignorância da presença de métodos de ensino que determinem o que o aluno precisa alcançar.

Não basta traçar ação, é indispensável envolver no processo de planejamento os objetivos a serem alcançados no momento de sua elaboração. Outra vez é percebido o quanto a aprendizagem é prejudicada na leitura porque, sem planejamento, a criança simplesmente participa de pequenas leituras descontextualizadas, sem que se abranja aquilo que ela precisa desfrutar pedagogicamente na Educação Infantil. Embora isto ocorra, Carvalho e Mendonça (2006) esclarecem que:

O planejamento é o instrumento, por excelência, capaz de assegurar o diagnóstico das capacidades e dos conhecimentos prévios dos alunos, das metas e meios para a sistematização de aprendizagens e práticas de ensino, dos instrumentos de avaliação do processo e da elaboração de novas estratégias para a solução de problemas detectados. Exige não só esforço docente individual, como também trabalho coletivo e compartilhado. Assim, o planejamento estabelece princípios de reciprocidade de cada profissional com seus pares, possibilitando a consolidação da autonomia dos professores e a progressiva reconstrução do projeto pedagógico da própria escola. (CARVALHO; MENDONÇA, 2006, p. 32).

A inexistência de planejamento a altura das necessidades do educando impede ele e o educador de desfrutarem de um trabalho sistemático aplicado em sala de aula. Se a escola não tem um momento específico destinado ao aprendizado do aluno em função da preparação do professor, é impossível ele ter uma noção significante em relação às demandas pedagógicas necessárias à Educação Infantil. Sem planejamento adequado na escola, é impossível o aluno assimilar o que precisa ser interpretado em sala de aula pelo professor: torna-se, portanto, vítima de mecanismos rotineiros e tradicionais de leitura e escrita que causam somente enfado e canseira.

Assim, “leitura e escrita precisam ser planejadas, como atividades cotidianas, em diferentes situações da rotina escolar” (ARAÚJO, 2009, p. 268). Enfim, o planejamento não deve se limitar unicamente a determinados momentos, precisa realmente envolver atitude diária paralela à definição do que será efetuado em sala de aula, principalmente se tratando do trabalho com educandos da Educação Infantil. Um professor em momento algum é capaz de orientar uma criança sobre a sequência de um trabalho intentando resolver dificuldades na área da leitura se não tem como prioridade um planejamento que abrange a totalidade do que é indispensável à aprendizagem.

Contudo, é cabível anotar outro assunto que interfere negativamente na aprendizagem na Educação Infantil: a ausência de métodos adequados de ensino responsáveis por amparar o trabalho docente.

6. INSUFICIÊNCIA DE MÉTODOS DE ENSINO

Dando continuidade as afirmações que apontam as dificuldades de aprendizagem decorrentes da prática da leitura na educação Infantil, seria incoerente concluir essa discussão sem apontar o quanto a ausência de métodos adequados de ensino afetam diretamente o acesso do aluno ao conhecimento inerente à aprendizagem. Porte este motivo, a superação de dificuldades relativas ao ensino na leitura não pode se limitar simplesmente aos resultados obtidos com o planejamento de ensino. Até porque na interação entre educador e educando, como alude Baldi (2009), a demanda por métodos que desencadeiam a preocupação individual com o educando por parte do educador não desconsidera participação coletiva.

Nesse sentido, cabe auferir, considerando o contexto apresentado, que tudo o que se encontra contido nos métodos de ensino que, por sua vez, são empregados nas diversas disciplinas na Educação Infantil requer uma preocupação destinada as atividades que respeitam o educando em seus aspectos individuais e coletivos, desde que o propósito seja a aprendizagem transparente. Os métodos de ensino tem que ser trabalhados de forma a valorizar as estratégias de aprendizagem que facilitam o avanço do educando com o que pode ser projetado e executado também na leitura. Nesse aspecto, Beauchamp, Pagel e Nascimento (2007) advertem que:

Na busca de sermos justos e eficientes como educadores, precisamos garantir a coerência entre as metas que planejamos, o que ensinamos e o que avaliamos. A clareza sobre o que vamos ensinar permitirá, em cada etapa ou nível de ensino, delimitar as experiências de aprendizagem, das quais dependem tanto nossos critérios de avaliação quanto o nível de exigência. (BEAUCHAMP; PAGEL; NASCIMENTO, 2007, p. 102).

É preciso haver uma interação didática entre o que é planejado e o que é ensinado no trabalho com a aprendizagem. Um dilema que merece atenção na Educação Infantil é o fato desta estar sujeita à métodos de ensino que não condizem com a necessidade de aprendizagem do aluno no que tange a leitura na escola. Existem situações que condicionam o educando a problemas de aprendizado no momento que se depara com atividades voltadas à prática da leitura. Nesse sentido, se o planejamento é bem elaborado, abre-se oportunidade para o educador fazer um paralelo entre o que é planejado e os métodos de leitura Assim, ele pode se deparar com atividades baseadas em metodologias compatíveis com sua realidade e necessidade de aprendizagem. As palavras de Parolin (2009) ajudam a compreender que:

O professor é um grande colaborador na formação do educando, por essa razão precisa assumir sua posição de formador e trabalhar qualitativamente para a práxis. Formar esses alunos advindos da sociedade do conhecimento necessita de uma metodologia que esteja interligada com os quatro pilares da educação: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; aprender a ser que, talvez, seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver (PAROLIN, 2009, p. 107).

Por esta razão, o processo de leitura na Educação Infantil depende do rompimento exclusivamente com métodos tradicionais de ensino que não valorizam o planejamento e tampouco as demandas de aprendizagem vigentes. O método de ensino define o que será efetuado durante uma determinada aula, apontando qual caminho a ser seguido pelo educador na condução do educando à aprendizagem. A adequação do método à uma atividade de leitura no trabalho docente contendo a participação de crianças rompe as barreiras do tradicionalismo e enfoca uma outra concepção de aprendizagem em razão dos resultados obtidos. Sem métodos de ensino corretos, a possibilidade de leitura se torna limitada a uma única forma de atuação docente em sala de aula, causando insatisfação nas crianças que precisam de variação metodológica para aprender melhor. Andrade (2010) enfatiza que:

[…], cada método tem suas características, adequando‑se às especificidades do problema, dos objetivos e dos propósitos de investigação. O problema não está em como usar determinado método e sim em ter claro o limite que cada método pode determinar no processo de investigação de uma dada realidade (ANDRADE, 2010, p. 31).

O método de ensino e aprendizagem na leitura deve respeitar as limitações do aluno, considerando as peculiaridades articuladas necessárias ao trabalho com crianças. Por mais que sejam métodos a serem empregados em um determinado momento educativo, é preciso aderir à atitudes pedagógicas específicas para que a aprendizagem seja significativa. Nem todas as crianças quando leem conseguem se adaptar a um único método de leitura na Educação Infantil, ficando carente de inovações nesse aspecto, principalmente advindas do educador. O aluno sabe que o ato de ler adequado a aprendizagem representa não somente um desafio no ensino, mas adaptação dos métodos de ensino compatíveis com suas carências de aprendizagem escolar. Com base na perspectiva de Berbel (2001):

Compreende-se que o trabalho do professor com seus alunos passa necessariamente por uma organização que inclui objetivos a atingir, conteúdos a trabalhar, uma metodologia para desenvolver esse trabalho e um processo de avaliação de resultados (BERBEL, 2001, p. 21).

No entanto, a ausência de métodos de ensino que atendam a busca da aprendizagem faz com que o aluno perca o foco na leitura. Tal concepção infantil é evidente, porque o educando sabe e sente o quanto os métodos de ensino na leitura podem chamar sua atenção para a participação em atividades pedagogicamente bem elaboradas. A configuração das descobertas das dificuldades de aprendizagem na leitura, recorrendo a Trevisan e Santos (2003), evidenciam, também, a demanda por uma visão crítica e consciente no entendimento das questões ligadas à aprendizagem nos debates que se seguem.

7. DEBATES NO TEMA PROPOSTO

Os três conteúdos delineados anteriormente justificaram que a aprendizagem jamais acontece restrita somente as relações de socialização e interação social na escola, pois depende exclusivamente do acompanhamento do educador no que corresponde as atividades aplicadas. A participação de crianças em atividades auxiliadas por educadores gira em torno da sua atuação definição de tarefas padronizadas com a realidade dos conteúdos a serem trabalhados em sala de aula. Lakomy (2003) contribui com essa perspectiva ao afirmar que as crianças:

[…], aprendem através de sua interação com os adultos e com crianças mais experientes. Através dessas interações, elas vão construindo, gradativamente, significados para as suas ações, suas experiências e objetos ao seu redor. Essa construção de significados pressupõe identificação de características, propriedades e finalidades (LAKOMY, 2003, p. 18-19).

A respeito disto, quando uma criança observa gravuras de animais como, por exemplo, de um cachorro em uma atividade, fica mais atenta, verificando o que é pedido pelo educador em razão da harmonia entre o que conhece no cotidiano e o que precisa fazer na tarefa proposta na escola. Assim, o educador, ao aplicar a tática de aprendizagem na Educação Infantil, deve valorizar o que é atraente ao educando, e, desse modo, é importante ratificar a noção de aprendizagem subsidiada por planejamento de atividades trabalhadas pelo aluno em sala de aula e fora dela. A relevância dada ao planejamento de atividades a serem executadas pelo educando são percebidas na manifestação de necessidade de aprendizagem do aluno quando consegue vincular o que estuda com o meio em que habita. Lopes, Mendes e Faria (2005) asseguram que:

A aprendizagem é um recurso de que todos os seres humanos se utilizam para se adaptar ao ambiente em que vivem e para conquistar o que almejam e desejam. Este ambiente é composto de espaço, tempo, objetos e pessoas. Todos muito influenciados pela organização social (histórica e geográfica), que determina muitas de nossas práticas, crenças, valores e organização da vida (LOPES; MENDES; FARIA, 2005, p.43).

A aprendizagem só é possível no universo infantil se considerar no cotidiano do aluno a elaboração de estratégias de ensino que contribuem diretamente para seu acesso de forma sistemática ao saber escolar de qualidade, valorizando-se, nesse processo, o ambiente que ele faz parte. Por isso, tem sido reconhecido que a aprendizagem na Educação Infantil não se concretiza de forma aleatória, visto que depende de uma conjuntura de elementos que vão além da realidade do aluno e do próprio planejamento das aulas. É preciso verificar as condições espaciais e pedagógicas para o desenvolvimento de atitudes de caráter educativo que despertam interesse na criança pela leitura. Ao debater sobre a leitura entre crianças, Solé (1998) alude que:

Considero que o problema do ensino da leitura na escola não se situa no nível do método, mas na própria conceitualização do que é leitura da forma em que é avaliada do que é leitura da forma em que é avaliada pelas equipes de professores, […], das propostas metodológicas que se adotam para ensiná-la (SOLÉ, 1998, p. 33).

A ideia apresentada pela autora Solé deixa notório que a dificuldade com o aprendizado não se localiza inicialmente no método de leitura propriamente, mas no modo como é passado o conceito de leitura, bem como aponta a compreensão acerca do que é avaliado no contexto escolar. Alguns problemas que têm sido verificados à respeito da leitura dizem respeito ao modo pelo qual o ato de ler tem sido avaliado no trabalho que envolve crianças da Educação Infantil. A leitura não pode, em hipótese alguma, ser tratada como uma atividade que é realizada no universo infantil simplesmente para cumprimento de determinada tarefa proposta, e, assim sendo, em razão da tal característica, é preciso saber o que se pretende alcançar ao executá-la.

Nesse contexto, o pensamento mais adequado à esta afirmação é que o educador depende de pretensões, que, por sua vez, precisam caminhar para além da aplicação de atividades prontas. Assim sendo, de acordo com Cury (2003), aufere-se que mudanças ocorrem diariamente no campo do conhecimento. A inovação e a originalidade que se manifestam na aprendizagem podem estimular o envolvimento infantil em atividades educativas que exigem concentração durante a participação em tarefas que valorizam a proposta como uma possibilidade de aprendizagem. Portanto, todos os debates traçados chamam a atenção para algumas considerações à respeito da Educação Infantil, tendo como foco a aprendizagem no espaço escolar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obra em destaque tomou forma a partir de uma investigação que teve como temática a leitura na Educação Infantil, e, desse modo, teve-se como escopo principal, por meio dos levantamentos aqui propostos, enfatizar e discutir acerca da importância de caminhar para além das contribuições das investigações já desenvolvidas. Assim, o aprofundamento do assunto tratado se deu por meio da delimitação proposta, a qual especificou os fatores que dificultam a aprendizagem na etapa de ensino informada. A busca por uma compreensão sucinta acerca do que foi investigado possibilitou entender a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica indispensável para aprendizagem do educando, mesmo se tratando de uma criança.

Ficou claro que embora outros conteúdos podem e devem ser trabalhados no contexto da aprendizagem, a leitura não pode ficar alheia ao desenvolvimento do educando, porque este acontece de forma diversificada, conforme apontam os aspectos elencados. É uma prática amparada, inclusive, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), isto é, pela Lei 9.394/96. Na continuidade das descobertas, notou-se que a leitura é realmente algo complexo e não depende somente do que o educador realiza, mas também do tipo de leitor que é preparado e direcionado à aprendizagem.  O foco na leitura não ignora as atividades que levam em consideração o contexto cotidiano do aluno, contudo, elas priorizam a participação coletiva tanto em sala de aula quanto fora dela.

Nesse sentido, a pesquisa teve como intuito enfatizar a importância da identificação das dificuldades de aprendizagem mediante a prática da leitura, apoiando-se, para tanto, em uma concepção teórica que alude que a leitura deve ser estimulada em toda criança. Ela fixa-se no aluno como necessidade e não como responsabilidade somente dele. A pesquisa permitiu detectar que no trabalho docente estão presentes interesses de todas as ordens — sociais, políticos, econômicos, culturais — que precisam ser compreendidos pelo professor. (LIBÂNEO, 1994). Na ótica do afunilamento da temática focada, notou-se que a negligência familiar interfere negativamente na leitura das crianças na proporção que os pais jogam a responsabilidade educativa deles para a escola.

Soube-se que eles têm o dever não somente de deixá-las na escola, mas também de efetuar acompanhamento no que diz respeito às necessidades de aprendizagem, seja na escola ou em casa, em parceria com os educadores. A respeito das posições envolvendo o planejamento de ensino, a pesquisa em momento algum ignorou esta questão, compactuando com a ideia que não basta simplesmente planejar, é crucial que esta tarefa seja fluida de conteúdo e composta por objetivos a serem alcançados, sendo a aprendizagem do educando sua finalidade. Deve ser valorizado o componente curricular adotado pela Educação Infantil em razão da conjuntura de possibilidades que apresenta, oportunizando um planejamento compatível com as demandas de aprendizagem da crianças no contexto da idade e série que estudam.

Nas últimas discussões, os detalhes da pesquisa enfatizaram que o planejamento é uma das etapas vinculadas ao ensino e aprendizagem na leitura, sendo a metodologia uma ferramenta indispensável ao trabalho docente e à aprendizagem na Educação Infantil. Diante desta situação, mesmo na leitura, a variação de métodos de ensino, quando necessária, ajuda a atender a realidade específica de cada criança por meio de estratégias que coadunam com a maneira ideal de ensinar. Por tudo pesquisado, conclui-se que os enunciados questionados deixaram nítido que a leitura na Educação Infantil enfrenta dificuldades, mas as que foram identificadas podem ser superadas não como problemas, mas sim enquanto desafios a serem superados também por meio de outros estudos nesta mesma delimitação.

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[1] Mestrando em Educação, Licenciada em Geografia, Especialista em Geografia.

Enviado: Abril, 2020.

Aprovado: Junho, 2020.

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Eva Leal Araújo Mercedes

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