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Implementação do aplicativo Percepções Sonoras: Desafios e possibilidades dos Softwares Musicais no Ensino Fundamental I

RC: 60758
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

FERREIRA, Maria Luiza Alves Rocha Cirne [1], TAVARES, Mirian Estela [2]

FERREIRA, Maria Luiza Alves Rocha Cirne. TAVARES, Mirian Estela. Implementação do aplicativo Percepções Sonoras: Desafios e possibilidades dos Softwares Musicais no Ensino Fundamental I. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 07, pp. 05-30. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/percepcoes-sonoras

RESUMO

O presente estudo objetivou-se aferir as vantagens da utilização de diferentes aplicativos musicais. A investigação buscou desenvolver e aplicar o aplicativo musical Percepções Sonoras. O aprendizado ocorreu com a utilização dos dispositivos móveis dos estudantes com conteúdo musical definido pelo Parâmetro Curricular de Arte no componente curricular Música conjuntamente com as propostas pedagógicas da escola para o ensino fundamental 1 da educação básica em uma unidade pública de ensino. Neste cenário, constatamos as particularidades do ensino musical a partir dessa nova prática. A instigação para essa pesquisa ocorreu principalmente devido ao desenvolvimento do aplicativo Percepções Sonoras simultaneamente com a utilização dos tele móveis, que atualmente, vem sendo mais acessíveis e imperioso no que tange as suas possíveis capacidades pedagógicas. O estudo fundamentou na análise de dados e observações do professor e alunos. Nessa temporalidade tecnológica, a utilização do aplicativo Musical Percepções Sonoras opera como um recurso para o conhecimento dos elementos musicais A pesquisa constitui um processo investigativo firmado na aplicação e avaliação do programa musical educacional com análise da evolução dos estudantes na aquisição dos conhecimentos musicais que são preponderantes na sua formação cidadã.

Palavras-chave: Música, educação, escola pública, Softwares Musicais, currículo.

1. INTRODUÇÃO 

As mudanças tecnológicas interferem diretamente no âmbito artístico. A Arte se reconfigura em um novo fazer. Transfigura de criatividade e mudanças. Usar a tecnologia e materiais diversos são formas relevantes na atual esfera da Arte.

Nas recentes formas de exteriorizar essas técnicas recentes do campo artístico surge a criação do artefato Percepções Sonoras que consiste em um software aplicativo para aplicabilidade educacional. Diante da criação do software, dedicação a prática da Educação Musical e a necessidade em produzir materiais para subsidiar o ensino nessa área do conhecimento foi possível dar início ao estudo de pesquisa cujo tema é “Implementação do aplicativo Percepções Sonoras: Desafios e Possibilidades dos Softwares Musicais no Ensino fundamental 1”

O cenário atual de ensino foi também um incentivo para essa produção. Considera a realidade de uma escola pública que carece de uma sala multimídia e recursos para aplicabilidade dos programas e assim surge a indagação: Como desenvolver as aulas de música com apoio de um software educativo musical? Esta é uma das a questões a ser investigada juntamente com a utilização do artefato Percepções Sonoras. A pesquisa tem como princípio a necessidade analisar o auxílio desse software na conquista de habilidades e competências próprias da Educação Musical no ensino fundamental 1 que corresponde aos anos iniciais do acesso escolar.

O artefato Percepções sonoras é um aplicativo educativo – musical que foi desenvolvido com objetivo de contribuir na aquisição dos conhecimentos musicais. O estudo aborda os desafios e as possibilidades da utilização do aplicativo Percepções Sonoras como um recurso na aprendizagem musical na Escola Pública Municipal Martagão Gesteira, localizada na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Com o intuito de promover um ensino atualizado que respeita o contexto e as vivências dos alunos.

2. DESCRIÇÕES DO SOFTWARE APLICATIVO PERCEPÇÕES SONORAS

O Aplicativo Percepções Sonoras aborda assuntos referentes a paisagem sonora e as qualidades do som: altura, intensidade, duração e timbre. A tela inicial do aplicativo Percepções Sonoras é composta por uma imagem que representa um local turístico da cidade do Salvador, Bahia, Brasil. Esse local bastante conhecido e visitado por muitas pessoas em qualquer época do ano é denominado Farol da Barra. Ao clicar na tela ouve-se a canção folclórica Na Bahia Tem, que refere-se a cidade em questão. Na Figura 1 é possível visualizar esse lugar turístico.

Figura 1 – Tela Inicial do aplicativo musical Percepções Sonoras

Fonte: Alves, 2018

Na próxima tela estão dispostos os conteúdos musicais que serão abordados: som, paisagem sonora 1 e 2 e as qualidades do som (altura, duração, intensidade e timbre). Ao clicar no ícone serão disponibilizados materiais pertinentes ao estudo selecionado. A figura 2 mostra os conteúdos.

Figura 2 – Tela correspondente aos conteúdos musicais do aplicativo Percepções Sonoras.

Fonte: Alves, 2018

­­­­­­­­­­­­­­­­­2.1 SOM

“O som é uma energia em movimento, é vibração em deslocamento pelo ar, pelo espaço. É tudo que é captado pela audição”. (UTUARE, KATER E FICHER,2018, p.44). Para Marcia Victório (2011) essa vibração se propaga em formas de ondas que são captadas pela audição e transmitidas ao cérebro que interpreta dando um sentido. Para a autora, as ondas podem apresentar em frequências regulares e irregulares; as regulares são aquelas que produzem um som afinado e as frequências irregulares são as que produzem ruído. Referente ao Som os alunos compreendem o seu conceito e ouvem fontes sonoras.

O estudo do som proporciona uma a escuta sensível, que possibilita perceber o mundo sonoro que o rodeiam. Os autores afirmam que aprender a ouvir é fundamental, pois, desenvolve habilidades e competências em escutar, acolher, conhecer, apreciar e avaliar.

A Figura 3 apresenta fontes sonoras que são expostas para audição. Dentre eles estão as fontes sonoras naturais e as fontes sonoras tecnológicas (artificiais).

Figura 3 –Fontes Sonoras naturais e artificiais do conteúdo Som do aplicativo Percepções Sonoras

Fonte: Aves, 2018

Nessa etapa, é possível entender também, a diferenciação do som e do ruído. Segundo Winisk (1989, p.24) “Um som afinado pulsa através de um período reconhecível, uma circunstância frequência. Um ruído é uma mancha onde não distinguimos frequência constante, oscilação que nos soa desordenada”.  O som e o ruído quando em intenção musical, produzem música.

2.2 PAISAGENS SONORA 1 E 2

Com o acesso a paisagem sonora 1 e 2 os docentes entendem suas definições e percebem sons diversos que fazem parte do seu cotidiano. Ao selecionar o som é possível ouvir; essa percepção auditiva possibilita o início do estudo Paisagem Sonora. São dispostos sons do carro, pessoas conversando, celular, televisão, despertador, ondas do mar, sino, radio, ventilador, entre outros. Nas Figuras 4 e 5 é possível visualizar as imagens referentes a esses sons.

Figura 4 – Imagens dos sons dispostos na Paisagem Sonora 1 do aplicativo

Fonte: Alves, 2018

Figura 5 – Imagens dos sons dispostos na Paisagem Sonora 2 do aplicativo

Fonte: Alves, 2018

Paisagem Sonora corresponde a tradução da palavra soundascape, criada pelo professor Murray Shafer; nas suas concepções musicais interessava pela relação entre o som e o ambiente e conscientizar os alunos da paisagem sonora que os cercam. Fonterraba coaduna com as considerações do educador:

… não basta criarem-se regras, leis e proibições, para que a problemática do excesso do ruído ambiental e poluição sonora, que hoje assumem níveis alarmantes, seja atacada. É preciso aperfeiçoar os modos de apreensão do som pelo homem, valorizar sua importância, e fazer um profundo trabalho de conscientização a respeito de seu impacto no ambiente, por indivíduos e comunidades, tornando-os cumplices do processo de construir campos sonoros adequados a cada uma e a sociedade em que vivem. (FONTERRADA, 2016, p.278)

Essas considerações são relevantes, pois, conscientizam as crianças para sua formação cidadã e o bom convívio em sociedade. Shafer (1991) considera que o fundamental nas aulas de música é sensibilizar os alunos para aprende a ler o mundo sonoro.

O educador buscava a qualidade sonora para melhor desempenho na educação musical. Nas suas experiências o dava ênfase aos sons ambientais, a sua paisagem sonora. Era realizado nas suas atividades musicais um processo de conscientização de sons. A educadora Teresa Mateiro aponta em seu livro Pedagogias em Educação Musical autores que abordam essa prática musical:

Schaeffer, Stockhausen, Boulez, Messiaen, Varése e Cage são apenas alguns exemplos de compositores que rompiam com o passado, inserindo materiais, técnicas, ferramentas e novos métodos à música. Novos valores artísticos estéticos entram em vigor. O som e o silêncio são reestruturados, a tecnologia eletrônica é incorporada como um meio de fazer música, qualquer fenômeno sonoro é considerado fonte de criação musical, impõe-se o aprendizado da pesquisa sonora, surge uma nova atitude frente à capacidade de escuta e cria-se uma nova notação para escrever música. (MATEIRO, 2012, p. 246-247)

O contexto atual sonoro do Brasil é marcado por poluições sonoras e paisagens com ruídos em níveis elevadíssimos que provocam danos na vida social e na saúde da população brasileira.  Shafer, desde finais da década de 1960, já vislumbrava questões referentes ao som e o ambiente com seus impactos na sociedade

2.3 ALTURA

A Altura do som corresponde a uma propriedade que permite ao ouvinte diferenciar o som grave e agudo. O som grave consiste aos sons que possuem uma baixa frequência e o som agudo corresponde ao som de alta frequência. De acordo com as explicações, visualizações e escuta dos sons com o aplicativo os alunos exploram outras fontes sonoras com altura grave e agudo. Na Figura 6 estão os instrumentos musicais para compreensão da altura sonora.

Na Figura 6 –Imagens dos instrumentos musicais disponíveis na altura do som do aplicativo Percepções Sonoras

Fonte: Alves, 2018

2.4 DURAÇÃO

A duração é a propriedade do som que nos permite perceber o som curto e longo; é o tempo em que o som permanece soando. Conectando nesse ícone o estudante pode explorar os sons conforme suas durações. No aplicativo um piano está disponível para realizar a aplicabilidade do estudo. “A exploração sonora, livre e prazerosa se apresenta como parte de um processo ativo que visa a integração do fazer com o sentir e o conhecer, pilares de uma educação comprometida com a construção de um indivíduo autônomo (VICTÓRIO, 2011,)

Referente a duração do som no aplicativo os alunos conhecem as notas musicais; nessa etapa há possibilidade de acompanhar essas notas musicais. O canto um elemento integrante da aprendizagem musical; cantar as notas musicais permite os discentes entender os movimentos ascendentes e descendentes de uma escala musical[3]. O canto oportuniza os educandos compreender a relação da voz como um instrumento natural da atividade musical e para a comunicação destacando os cuidados para ter uma boa saúde vocal.

Deckert (2012) destaca que o educador musical húngaro Zoltan Kodály utilizava o canto nas suas metodologias musicais e afirmava que o canto não era apenas um modo de expressão musical, mas, um auxílio para o desenvolvimento emocional e intelectual do indivíduo. A Figura 7 mostra as notas musicais dispostas em um teclado para o desenvolvimento do estudo referente a duração.

Figura 7 – Imagens das notas musicais referente a duração do som do aplicativo Percepções Sonoras

Fonte: Alves, 2018

A execução das notas musicais possibilita os alunos criarem melodias diversas no aplicativo; como também experimentar a tocar músicas já conhecidas.

2.5 INTENSIDADES DO SOM

Intensidade do som é uma característica que permite escutar o som fraco ou forte. A intensidade está relacionada com amplitude das vibrações. Para Victorio (2011) essa amplitude consiste na energia transportada pela onda sonora, assim, um som forte tem muita energia (grande amplitude) já o som fraco tem pouca energia (pequena amplitude). A Intensidade consiste no volume do som. No aplicativo o aluno acessa um tambor onde pode realizar as devidas sonoridades de acordo com o estudo da intensidade.

O aplicativo disponibiliza o instrumento musical tambor com duas baquetas. Ao clicar em uma, o aluno perceberá o som forte, manusear a outra baqueta o som executado soa fraco. Conforme a figura abaixo é possível visualizar como foi o aprendizado relativo à força sonora.

Figura 8 – Imagem referente a intensidade do som do aplicativo Percepções Sonoras

Fonte: Alves, 2018

2.6 TIMBRE

O timbre corresponde a “identidade” de um determinado som. É através desta propriedade que distingue as sonoridades. Acessando o aplicativo ouvem o som dos instrumentos musicais: pandeiro, berimbau e o acordeão. Importante ressaltar que cada instrumento quando executado é representado por uma manifestação popular onde o instrumento tem representatividade. O pandeiro, por exemplo, é representado em uma roda de samba, o berimbau em uma roda de capoeira, já o acordeão em um grupo de forró. Samba, Capoeira e Forró são danças que representam a cultura popular brasileira.

A Figura 9 demonstra os instrumentos musicais estudados e as manifestações populares relevantes da cidade de Salvador, Bahia, Brasil.

Figura 9– Imagem referente ao timbre e as manifestações populares do aplicativo Percepções Sonoras

Fonte: Alves, 2018

O berimbau é instrumento musical tradicional do estado da Bahia, no Brasil, de origem africana. O instrumento tem na sua composição uma caixa de ressonância feita de cabaça, um arco geralmente feito da madeira chamada biriba e um fio de arame que é colocado na extremidade do instrumento, o músico utiliza-se uma vareta com a qual se percute o arame dando ritmos e ao mesmo tempo segura uma pedra ou uma moeda que pressiona o fio com movimentos variados, causando variação nos tons emitido pelo arco.  O berimbau é um instrumento musical presente da dança popular Capoeira.

A Capoeira é de origem africana e mistura dança, luta e esporte. Acontece com a formação de uma roda, em que as pessoas cantam e dançam com acompanhamentos de palmas e tocando os instrumentos diversos característicos de uma roda de capoeira como o berimbau, o pandeiro e o atabaque; no centro da roda ficam pessoas em duplas, que são os jogadores e realizam a luta com movimentos rápidos. A capoeira é um patrimônio imaterial da cultura brasileira. O seu estudo é fundamental para que os alunos possam explorar e conhecer as práticas e as produções artísticas e culturais do Brasil.

No aplicativo aparece o pandeiro e seu respectivo som. O pandeiro é um instrumento musical de percussão imprescindível no ritmo do estilo musical samba. O samba é um ritmo e uma dança de origem africana e faz parte da cultura brasileira A música no Brasil vem construindo a sua identidade com a mistura de tudo que já existe na sua história como os costumes e o que há de mais contemporâneo. A escola é o local fundamental para aprender as heranças europeias, africanas e indígenas que são responsáveis na formação da cultura brasileira.

A Lei 10.639/03 regulamenta a obrigatoriedade do estudo que traz a história do povo africano que contribui na formação cultural do Brasil considera:

Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na econômica e política pertinentes à História do Brasil. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. (BRASIL, 2013, p. 75).

No aplicativo Percepções Sonoras os estudantes visualizaram e ouviram o som do Acordeão, também popularmente conhecido no estado da Bahia, no Brasil, como sanfona. De imediato associaram com a dança típica da região do Nordeste, o Forró. Uma dança e um ritmo popular que se originou na região do nordeste do Brasil.

O músico e compositor pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento, mas conhecido como Luiz Gonzaga, foi um dos principais propagadores da sanfona no Brasil e compôs músicas que são entoadas nas festas populares de todo território brasileiro. As letras de suas canções traziam temáticas relevantes, pois, abordavam a seca e a história de vida difícil das pessoas que vivem no sertão nordestino. Para Osias (2018, p.4) “O pernambucano Luiz Gonzaga é uma das matrizes da canção popular que os brasileiros produziram ao longo do século XX”. Para o autor, é fundamental levar a sua história para os estudantes, pois, sua obra e vida são exemplos de superação, e os alunos devem conhecer melhor a música regional, valorizando a cultura do país”. Com as explicações e manuseio do aplicativo os alunos cantaram e dançaram a música Asa Branca de Luiz Gonzaga.

A capoeira, o samba e o forró constituem patrimônios imateriais fundamentais para o conhecimento musical. Os autores Utuare et al. (2018) salientam a importância de valorizar esse patrimônio artístico imaterial com suas histórias, pois, possibilita uma identidade cultural no fazer artístico. Afirmam ainda que todos esses conhecimentos contribuem para construção da “bagagem cultural” dos estudantes. “Bagagem cultural é um conjunto de experiências e conhecimentos adquirido por uma pessoa ao longo da vida. É todo o nosso acervo de imagens, sons e gestos”. (UTUARE et al., 2018 p.69)

3. A PESQUISA

A pesquisa aconteceu na turma do 5º ano C que corresponde aos anos iniciais do ensino fundamental; essa turma é constituída de 28 alunos; sendo 1 criança especial e 1 evadida[4]. A faixa etária das crianças são de 10 a 13 anos de idade. A turma 5 ano C é alegre, espontânea, divertida, autônoma e respeitosa, porém, apresenta complicações no comportamento referente a disciplina durante algumas atividades propostas nas aulas. As aulas de música acontecem em 2 horários de 50 minutos semanalmente. A musicalidade da turma é expressiva, eles cantam, dançam e embalam nos ritmos musicais que fazem parte do cotidiano baiano como o pagode e o funk[5]. Constata que durante as aulas há o anseio no uso dos aparelhos celulares para mostrar seus cantores preferidos, os ritmos que gostam, as letras que mais chamam atenção, como também gravar danças e as músicas de sucesso. Imbuídos nesse contexto atual que a tecnologia perpassa no processo educacional foram realizadas aulas de música com a utilização do aparelho móvel na aplicabilidade do Software Percepções Musicais durante todos os dias da pesquisa.

A Educação Musical debruça-se sobre desafios e inovações; a sua prática depende de todo o contexto escolar como infraestrutura e desenvolvimento pedagógico para que transcorra positivamente em uma escola pública no Brasil. A única ferramenta tecnológica para os alunos que adentra os ambientes da escola pública municipal Martagão Gesteira é o aparelho Celular, e faz parte da rotina diária na maioria dos estudantes. Segundo Sá (2016) as crianças que possuem acessibilidade ao computador apresentam um crescimento na aprendizagem, sobretudo no desenvolvimento cognitivo, social, psicológico e físico.  A apropriação deste recurso quando inserido juntamente nas propostas pedagógicas da escola facilita na aquisição do conhecimento. Para o autor, a inserção das TIC no processo de aprendizagem infere uma nova concepção de ensino que não se limita na parte técnica. “O trabalho docente utilizando as TIC pressupõe o conhecimento de um novo paradigma: o digital e seus elementos para além do uso técnico, mas no âmbito da comunicação, da mediação da linguagem, do ensino e aprendizagem e das relações de tempo e espaço”. (SÁ, 2016, p.13)

3.1 RESULTADOS DA PESQUISA

Nesta etapa do estudo serão expostos o resultado da pesquisa referente ao aplicativo Percepções Sonoras. Serão detalhados a repercussão da aplicabilidade dos conteúdos que foram estudados: Som, Paisagem Sonora e as qualidades do som. Serão abordadas respostas de forma quantitativa e qualitativa. A Aprendizagem dos estudantes também serão discorridos nessa fase.

3.1.1 PRIMEIRO DIA DA PESQUISA

O primeiro dia da pesquisa foi para explicação do Software Percepções Sonoras e como seria o percurso das aulas de música. A informação da utilização do celular como uma ferramenta nas aulas de música foi recebida com muita euforia e alegria pelos estudantes. Através de um Datashow os alunos acompanharam a proposta pedagógica e interagiram com bastante entusiasmo. A motivação na nova forma do aprendizado musical foi marcante no primeiro encontro da pesquisa.

As transformações tecnológicas configuram novas formas de aprender e ensina músicas presentes na educação musical contemporânea. As tecnologias possibilitam a vivencia simultânea de sons, imagens e textos. Novas conexões tornam-se possíveis, produzindo diferentes sociabilidades. Para os educadores musicais, tornou-se imperiosa a necessidade de compreender as condições de produção de sentidos que as tecnologias promovem nas experiências pedagógicas musicais dos alunos. (SOUZA, 2009, p.8)

A autora destaca a importância das tecnologias na educação musical na contemporaneidade. Compreende que o cenário tecnológico onde esses alunos estão imersos foi imprescindível para o segmento da pesquisa.

3.1.2 O ALUNO E A TECNOLOGIA

Um questionário com questões relacionadas à tecnologia foi entregue para sondar a ligação dos alunos com as TICs. Os resultados são apresentados nas Figuras 10, 11 e 12

Figura 10 –Aparelhos tecnológicos dos estudantes

Fonte: Alves, 2019

Verifica que o aparelho celular é o recurso que os alunos utilizam diariamente e tem acesso com facilidade. Dos vinte e três educandos presentes dezenove utilizam do aparelho celular e apenas uma criança tem computador em casa; três possuem tablet. Com o resultado é possível compreender que as crianças utilizam alguma ferramenta tecnológica.

Referente ao acesso internet, foi verificado a quantidade dos estudantes que a tinham disponível:

Figura 11 – Acesso a internet

Fonte: Alves, 2019

Na Figura 11 percebe que maioria das crianças acessam a internet o que possibilita uma aproximação com as redes sociais e pesquisas de conteúdos escolares. Vinte educandos acessam à internet e três dizem não ter o acesso devido a questões financeiras. Assim, declaram ter dificuldade para realização de pesquisas quando solicitadas pelo professor. Importante destacar que na unidade de ensino não há oferta da internet para os discentes.

Na Figura 12 é exposto o resultado referente a utilização dos recursos tecnológicos na escola Pública Municipal Martagão Gesteira.

Figura 12–Tecnologia na escola

Fonte: Alves, 2019

A escola não utiliza de forma constante os recursos tecnológicos nas aulas. Dezoito alunos afirmam que os professores usam às vezes o celular no seu processo pedagógico; cinco comunicam que nunca presenciaram aulas utilizando da tecnologia. A unidade escolar carece de recursos tecnológicos, como citado anteriormente, o celular é único recurso que possibilita a aproximação dos estudantes com a tecnologia.

3.1.3 INSTALAÇÃO DO APLICATIVO PERCEPÇÕES SONORAS

No segundo encontro da pesquisa houve a instalação do aplicativo Percepções Sonoras. Devido a indisponibilidade de rede wifi o aplicativo foi enviado via bluetooth nos aparelhos celulares. Alguns dos celulares não foi possível a instalação do aplicativo por causa da incompatibilidade com o sistema Android.

Os alunos que não portavam um celular foram direcionados para sentar em dupla e assim acessar o aplicativo. O Trabalho em dupla ou em equipe é instrumento avaliativo do processo pedagógico que verifica o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes. O trabalho em grupo proporciona cooperação; é um momento de troca no qual os estudantes se deparam com diferentes percepções na aquisição do conhecimento. Com essa estratégia o aluno aprende a respeitar a opinião do outro, argumentar e dividir tarefas. Avaliar em grupo estimula e dinamiza a participação ativa dos estudantes no processo de ensino.

Na tela Inicial do aplicativo os alunos pontuaram uma imagem de um bairro turístico da cidade do Salvador, Bahia, Brasil, que é o Farol da Barra e a música que foi executada inicialmente na tela. Por conhecerem e frequentarem o Farol da Barra os alunos já demonstraram interesse e relevância em manusear o aplicativo. O Farol de Santo Antônio da Barra ou Farol da Barra é um local que reflete a história da cidade de Salvador, pois, no século XVIII foi um local marcado pelas embarcações e comércio. O Farol da Barra é considerado patrimônio histórico da cidade de Salvador e é um dos fortes mais antigo do Brasil e do continente americano. É um dos principais pontos turísticos da cidade de Salvador pela sua historicidade e belas paisagens praianas.

A Canção executada na tela inicial é Na Bahia Tem que é uma canção folclórica de compositor desconhecido, uma música popular que atravessa gerações brasileiras. Muitos dos alunos já diziam conhecer a canção que foi executada com um estilo musical instrumental[6]. Orientados a aprender a letra da canção todos entoaram e acompanharam espontaneamente com as palmas. O corpo é um instrumento imprescindível no processo musical “Através dos movimentos corporais, o aluno passa a experimentar sensações físicas em relação a música, abrindo caminho para criatividade e expressão” (MARIANI, 2012, p.29).

Nesse momento os alunos exploraram também sonoridades de alguns instrumentos de percussão como o caxixi, pandeiro e chocalho disponibilizados para execução da música. Devido à quantidade de alunos em sala e a pouca quantidade de instrumentos musicais, a turma foi dividida em pequenos grupos para cantar e acompanhar a canção popular. Registros em vídeos foram necessários para perceber e verificar a questão rítmica dos estudantes.

 A Rítmica, foi um termo criado pelo educador Jaques Dalcroze e consiste no um sistema de educação musical que objetiva musicalizar o próprio corpo, o estudo da música é compreendido pelo movimento corporal.

Mariani enfatiza a importância dos exercícios rítmicos para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e que a rítmica visa estabelecer as relações entre música e gestos, entre ritmo musical e expressividade do corpo. Dessa forma, foi criada uma banda rítmica em grupo, onde cada, apreciava o outro tecendo comentários e trocando conhecimentos. Durante o processo pedagógico, foi possível detectar os acertos e os erros, como também a dificuldade dos estudantes para realizarem a atividade. Com relação aos erros dos alunos Depresbiteris considera:

O erro pode ser considerado como uma hipótese integrante da construção do conhecimento pelo educando. Trata-se de uma oportunidade desafiadora para que o professor possa criar condições que auxiliem a superar seus erros e apropriar-se do conhecimento. (DEPRESBITERIS, 2011, p.79)

Atitudes de incentivo, interferências do docente para as conquistas dos estudantes nas atividades propostas e o diálogo corroboram no processo a prática musical. Brito (2016) declara o educador musical Koellreutter que destaca a importância do professor de aproveitar o tempo para fazer música, discutir e dialogar juntamente com os alunos. Para o educador, o professor é personagem fundamental na condução das aulas.  Essa atividade musical discorreu conjuntamente com o uso do aplicativo Percepções Sonoras.

Ferraz (2016, p.37) traz considerações do músico e professor brasileiro Heitor Villa-Lobos; aponta que o educador elaborou uma “linguagem “híbrida” que refletia a própria natureza étnica mista do povo brasileiro”, na concepção do músico as heranças culturais estavam imbuídas nos povos europeus, africanos e indígenas que formam a história do povo brasileiro. Ferraz realça que Villa-Lobos utilizou de temáticas folclóricas, ritmos de caráter afro-brasileiros[7] e instrumentos musicais percussivos do Brasil como:  ganzá, reco-reco e o pandeiro. O maestro lutava por uma educação musical genuinamente brasileira e desejava aumentar o nível cultural do “povo”, pois, acreditava que por meio das canções poderia conscientizar sobre os elementos fundamentais da formação cultural do Brasil como as heranças europeias, africanas e indígenas que compõe a história brasileira. O principal objetivo nas aulas de música não era formar músicos talentosos e sim formar um indivíduo com outras competências “. . . indivíduos que soubessem apreciar música e que tivessem no âmago de suas identidades o sentido de cooperação coletiva, patriotismo, civismo e disciplina”. (FERRAZ, 2016, p.29).

Villa-Lobos, através das suas ideias nacionalistas, divulgava a música brasileira. Dessa forma, é importante selecionar um repertório musical adequado, com músicas que fazem parte de sua realidade como a música folclórica para que desenvolva habilidades e competências.

3.1.4 CONTEÚDOS: SOM E PAISAGEM SONORA

Início dos estudos sobre o som foram definidos o seu conceito conjuntamente com as audições disponíveis do aplicativo. Os alunos teceram comentários e sensações referentes aos sons que foram executados. Durante a aula os alunos ouviram os sons de forma repetitiva e perceberam que muitos faziam parte de seus ambientes familiares. Comentaram sobre os sons que interferiam negativamente no seu cotidiano.

Assim, discorreu o conceito de Paisagem Sonora que corresponde a um estudo referente aos sons que fazem parte do cotidiano e sobre como tornar a escuta mais sensível e atenta; a paisagem sonora é composta por diversos sons que compõe um determinado ambiente. Os alunos manusearam do aplicativo para audição da paisagem Sonora 1 e 2 representaram por meio de desenhos os sons do ambiente onde residem.

O conteúdo despertou indagações e questionamentos de um ambiente sonoro saudável e não saudável. Compreenderam que os locais onde residem não são saudáveis e prejudicam a saúde das pessoas. Perceberam que a escola onde estudam também está incluída nesse contexto, pois, conversas e gritos dos alunos em momentos impróprios prejudicam o aprendizado e a saúde dos professores e alunos. Concluíram que pequenas condutas poderiam ser praticadas para um melhor e saudável ambiente sonoro.

3.1.5 CONTEÚDO: QUALIDADES DO SOM

As qualidades sonoras foram trabalhadas primeiramente com a definição do conteúdo e depois os alunos com o uso do aplicativo puderam perceber na prática esse conceito, como também vivenciar musicalmente.

Referente a altura sonora os alunos manusearam o aplicativo e reconheceram através do timbre o som agudo e grave. Foram dispostos os instrumentos de cordas, que muitos dos alunos desconheciam. Utilizando do aplicativo foi possível ouvir os sons e conhecer os instrumentos de cordas como o violino, contrabaixo, violoncelo e viola. Nesse processo a atenção e concentração são determinantes para classificar a altura sonora.

Para Deckert (2012) o povo brasileiro é marcado pela musicalidade e por canções folclóricas que são engrandecidas pelas suas melodias e ritmos, porém, os estudantes adentram aos ambientes escolares com um repertório limitado. Na maioria das vezes, ouvem músicas das mídias. A autora enfatiza que os educadores são responsáveis por mostras novas possibilidades musicais. Penna (2012) coaduna com as afirmações de Deckert e ressalta a função dos professores em ampliar o universo musical dos estudantes evitando o que denomina de “guetização”[8].

O repertório musical e outros conteúdos distante das vivências dos alunos devem ser introduzidos na Educação Musical. Assim, foi estudado os instrumentos: violino, contrabaixo, violoncelo e viola desconhecidos dos discentes.

Os alunos utilizaram do aplicativo para assimilar e compreender a duração sonora. Com a imagem de um teclado executaram o som curto e longo de acordo com toque, pressionando com maior tempo o som demora e pressionar de forma rápida o som soa curto.  Nesse momento ficaram entusiasmados e manusearam de forma constante o aplicativo explorando também as notas musicais.

A intensidade sonora foi trabalhada com a execução do som forte e fraco juntamente com o aplicativo; essa atividade foi um complemento para que pudessem perceber essa energia que é transportada para determinar a intensidade sonora. O conhecimento adquirido com as explicações e o uso do aplicativo eles reproduziram no instrumento musical de percussão.

Com relação ao timbre os estudantes visualizaram, ouviram e vivenciaram a dança de características marcantes juntamente com os instrumentos musicais correspondentes, que foram o berimbau, a sanfona e o pandeiro. A apresentação desses instrumentos foi intencional para o estudo das manifestações culturais onde sua presença é acentuada.  As manifestações artísticas são a capoeira, o samba e o forró que formam a diversidade cultural do Brasil e são fundamentais para formação musical dos estudantes. Com as instruções em sala de aula foi possível vivenciar uma roda de Capoeira.

Nesse contexto, a educação musical auxiliada por uma ferramenta tecnológica atinge seus objetivos fundamentais do processo de ensino. Marta Deckert define a Educação Musical:

Assim, o objetivo da Educação Musical é levar a criança a construir conhecimento musical, interagir com a linguagem musical, bem como os elementos que a formam: ritmo, melodia, timbre, dinâmica e forma, por meio de atividades musicais que proporcionem manipulação direta com tais elementos como a apreciação musical, a execução e a criação musical. (DECKERT, 2012, p.15)

3.1.6 AVALIAÇÃO FINAL DOS DISCENTES

Finalizando a pesquisa foram realizadas entrevistas em forma de vídeo para que os alunos pudessem expor comentários, críticas e sugestões sobre o aplicativo Percepções Sonoras. Com os relatos dos estudantes foi possível compreender o que eles acharam do estudo com o auxílio do aplicativo.  Ressaltaram que o app ajuda a entender melhor o assunto e desperta mais atenção; entendem ser interessante essa pratica e que os docentes da instituição deveriam explorar mais. Evidenciaram a falta da internet para realização de uma pesquisa online. Acentuaram a falta de um jogo no aplicativo Percepções Sonoras para que pudessem ter uma pontuação com relação ao conhecimento adquirido. Os relatos foram fundamentais para a condução futura da aplicabilidade do aplicativo Percepções Sonoras.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do aplicativo Percepções Sonoras trouxe reflexões referentes aos desafios da inserção tecnológica nas escolas públicas brasileiras. A sua aplicabilidade na sala de aula possibilitou considerar alguns fatores que serão deliberados.

A usabilidade do aparelho celular na sala de aula proporcionou alegria e motivação dos alunos. Agregar essa ferramenta para trazer de forma rotineira para escola durante as aulas de música provocou notável entusiasmo. Os estudos musicais com o auxílio do aplicativo desenvolvido para investigação foi positivo, pois, provocou maior participação e foi um incentivador para o processo metodológico.

O Aplicativo Percepções Sonoras que engloba nas suas configurações conteúdos musicais interligados as manifestações da cultura brasileira foram enriquecedoras na ampliação do conhecimento dos alunos. As atividades de percepção com o aplicativo promoveram audições diversas provocando uma escuta sensível. Competências e habilidades foram desenvolvidas na turma como uma audição mais atenta e uma concentração maior durante as aulas.

A descoberta das novas sonoridades referente ao ensinamento da paisagem sonora despertou a turma para o diálogo; a criticidade foi relevante nesse momento onde era discutida as questões referentes ao cenário sonoro brasileiro. No tocante ao assunto das qualidades do som os alunos ficaram surpresos em conhecer novos instrumentos de cordas como o violino, a viola d´ arco, contrabaixo e o violoncelo. Quanto a duração sonora, o acesso as notas musicais foram pertinentes no desenvolvimento da criatividade, improvisação e o gosto em compor ou até mesmo executar canções já conhecidas através de sua percepção auditiva.

A intensidade do som promoveu a execução dos sons fracos e fortes no próprio aplicativo e sua aplicabilidade no instrumento de percussão. Essa atividade foi participativa, prazerosa e animada. O trabalho com a qualidade sonora timbre foi expressivo. Demonstraram intimidade com os instrumentos disponíveis tão quanto as manifestações culturais expostas no aplicativo promovendo a troca de informações. O samba, o forró e a capoeira são manifestações artísticas populares que fazem parte da cultura do Brasil e seu estudo gerou dinamismo no processo de aprendizagem. O pertencimento e a identidade com as questões culturais ampliam o trabalho musical.

Todo esse processo contribui no estimulo da expressão oral dos alunos. Conhecer a história, evolução da cultura brasileira concedeu engrandecer o conhecimento e vivenciar a prática musical. Demonstrar que faziam parte dessas manifestações foi assertivo para o processo de aprendizagem dos alunos. Inventar e improvisar movimentos a partir do repertorio cultural proporcionou um saber significativo e contribui também no melhor aproveitamento do tempo, pois, os conteúdos poderão ser acompanhados e praticados com mais facilidade.

A instalação do aplicativo foi um dos problemas enfrentados na pesquisa. Devido as dificuldades de alguns dos estudantes em enviar pelo Bluetooth e aparelhos incompatíveis o andamento da aula foi prejudicado. A falta da internet, foi uma negativa destacada pelos estudantes. Apesar no atraso da instalação do aplicativo, não era possível fazer buscas dos assuntos que eram abordados. Pontuaram que o aplicativo poderia ter mais conteúdos e trazer jogos com pontuação. O jogo na Educação musical é um recurso eficaz que contribui positivamente para o progresso do trabalho.

A utilização do programa educativo – musical Percepções Sonoras na Escola Municipal Martagão Gesteira, localizada na cidade de Salvador, Bahia, Brasil, com os alunos do ensino fundamental 1 proporcionou um ensino mais eficaz e consistente na aquisição do conhecimento. Possibilitou um novo fazer musical em uma instituição pública de ensino no Brasil.

Os professores de música precisam estar atentos e cuidadosos na escolha das ferramentas computacionais para aplicabilidade nas aulas de música. A função do ensino musical deve estar atrelada à realidade e vivências dos alunos; o educador precisa averiguar se os softwares possuem efetivamente um caráter pedagógico e se os parâmetros da educação musical estão presentes nas funções dos programas.

O docente com suas experiências e práticas musicais deverá escolher, ou até mesmo, criar aplicativos que atendam à realidade educacional dos estudantes brasileiros. Considerar o contexto sociocultural a ser estudado e ser condizente com a realidade dos alunos em sala de aula, como, a utilização de programas nos celulares ou tablets eleva o trabalho da Educação Musical. O discente irá aprender de forma construtiva e aparada pela tecnologia, o que corrobora na sua formação como sujeitos críticos e reflexivos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.

BRITO, Teca. Hans-Joachim Koellreutter: a música e a educação em um novo mundo. In: MATEIRO, Teresa; ILARI Beatriz. (Org.). Pedagogias brasileiras em educação musical. Curitiba: InterSaberes, 2006.

DECKERT, Marta. Educação Musical: da teoria à prática na sala de aula. São Paulo: Moderna, 2012

DEPRESBITERIS, Léa. Avaliação da Aprendizagem. Pinhais, Editora Melo, 2011.

FONTERRABA, Marisa. Raymond Murray Shafer: O educador musical em um mundo em mudança. In: MATEIRO, T; ILARI Beatriz. (Org.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: InterSaberes, 2012.

GABRIEL, Ferraz. Villa- Lobos e o canto orfeônico: o nacionalismo na educação musical. In: MATEIRO, Teresa; ILARI Beatriz. (Org.). Pedagogias brasileiras em educação musical. Curitiba: InterSaberes, 2006.

MARIANI, Silvana. Émile Jaques – Dalcroze: A música e o movimento. IN: MATEIRO, T; ILARI Beatriz. (Org.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: InterSaberes, 2012.

MATEIRO, T; ILARI Beatriz. (Org.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: InterSaberes, 2012.

OSIAS, Silvio. Luiz Gonzaga em Quadrinhos. João Pessoa: Patmos Editora, 2018.

PENNA, Maura. Música (s) e seu ensino. Porto Alegre: Sulina, 2012.

SÁ, Ricardo. Tecnologias e Mídias Digitais na Escola Contemporânea: questões teóricas e práticas. Curitiba: Appris, 2016

SCHAFER, Raymond Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Ed. da Unesp, 1991.

SOUZA, Jussamara. Aprender e ensinar música no cotidiano. Porto Alegre: Sulina, 2009.

UTUARI, Solange. KATER Carlos; FISCHER, Bruno. Conectados- Arte. São Paulo: FTD, 2018.

VICTÓRIO, Marcia. Reflexões e Praticas sobre a Educação Musical nas Escolas de Ensino Básico. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.

WISNIK, José Miguel. O som e o Sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Cia.das Letras,1999.

APÊNDICE – REFERÊNCIAS DE NOTA DE RODAPÉ

3. Escala musical é um segmento das notas musicais que inicia e termina com a mesma nota.

4. Evadido é um termo que confere para o aluno que abandonou a escola. Evasão Escolar.

5. Pagode é um estilo musical que originou do samba; o pagode surgiu na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil no final da década de 1970. Esse estilo, com suas variações rítmicas, adquiriu uma outra roupagem que é executado e apreciado pela população de Salvador, Bahia, Brasil. O Funk é um ritmo musical repetitivo que tem suas origens no Estados Unidos. Adentrou no Brasil em 1980, nas favelas do Rio de Janeiro, e obteve êxito em algumas regiões brasileiras, inclusive na cidade de Salvador, Ba, Brasil.

6. Música instrumental é uma forma de execução musical produzida, apenas, por instrumentos musicais.

7. Afro-brasileiro é uma expressão que traduz o conjunto de manifestações artísticas, religiosas ou costumes de origem africana.

8. Guetização é o ato ou efeito de guetizar; consiste no isolamento em guetos para exclusão do contato social. Guetos são locais que moram uma determinada comunidade que por motivos econômicos, religiosos e étnicos são afastados da sociedade.

[1] Doutoranda pela Universidade Aberta de Lisboa, Mestre em Artes pela Universidade Federal da Bahia, especialização em Metodologia do Ensino pela Universidade Estadual da Bahia e graduação em Licenciatura em Música com habilitação em Piano pela Universidade Católica do Salvador e Licenciatura em pedagogia pela Universidade Salvador.

[2] Orientadora. Doutorado em Comunicação e Cultura Contemporânea. Mestrado em Comunicação e Semiótica. Graduação em Comunicação Social.

Enviado: Setembro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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Maria Luiza Alves Rocha Cirne Ferreira

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