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A Música como Recurso de Ensino e Aprendizagem da Geografia

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CONTEÚDO

MENDONÇA, Cledilson [1]

MENDONÇA, Cledilson. A Música como Recurso de Ensino e Aprendizagem da Geografia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Vol. 01. pp 214-231, Abril de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

Este presente artigo mostra a importância do uso da música para o ensino de conteúdos da Geografia na sala de aula, a música é um dos recursos de apoio didático pedagógico inovador no ambiente escolar muito enriquecedor na aprendizagem dos alunos e ensino do professor, pois ela constitui propriedades de expressões: sonoras, psicológicas e ideológicas na  composição de letras, que aqui é abordada como a propriedade de análise mais importante na contribuição para o ensino e discussão de diferentes temas abordado na geografia,  que podem contribuir na construção do saber geográfico de forma lúdica, compreendendo como utiliza-la como recurso de ensino para o conhecimento do espaço geográfico. Esta compreensão está relacionada que o aprendizado de conceitos está associado à formação de uma consciência espacial através do diálogo, interação e reflexão do aluno com seu cotidiano. Este usara de suportes teóricos dos conceitos da música, quanto da geografia e dos métodos de ensino, buscando conciliares esses saberes da arte, da ciência e da educação, para construção do conhecimento no aprendiz.

Palavras-chave: Música, Geografia, Letra, Aluno, Professor.

INTRODUÇÃO

Música do Grego (musiké), é a arte de expressar os sentimentos através dos sons, possuindo propriedades de harmonia, melodia e ritmo que fazem com que ela seja envolvente e expressiva; é como disse Platão “a música é a janela da alma”, uma das expressões do ser humano, essencialmente uma pratica cultural e humana onde atualmente não se conhece uma civilização ou um grupo de pessoas que não possuem manifestação dessa arte tão primitiva. Como uma manifestação cultural ela desenvolveu-se ao longo da história, assumindo diversas funções na sociedade: como forma de arte, função de educar, como forma terapêutica através da musicoterapia podendo ter função sociocultural como entretenimento da sociedade capitalista pós-moderna. Está presente nas diversas atividades coletivas na sociedade, como rituais religiosos, festas, funerais, danças, teatro, mídia e no campo educacional escolar.

Sobre sua aplicação na geografia, seja de qualquer região do globo, as canções compostas possuem letras que expressam suas vivências e reflexões que podem refletir muito o espaço geográfico e suas transformações em um determinado lugar e tempo. Sejam suas virtudes ou problemáticas sociais de punho político e socioeconômico, no cultural as letras expressam seus costumes, na religião faz propensão ao sagrado, as paisagens da natureza e dos lugares são bastante expressadas nas letras de canções, quanto aos aspectos de exaltação das belezas e de senso crítico sobre a degradação pelas ações antrópicas em fim, letras. É dessa forma que se estabelece uma importância do uso da música como recurso no ensino geográfico, pois a geografia tem como objeto de estudo o espaço produzido pela relação da Sociedade-Natureza, apresentando as dinâmicas e transformações que ocorrem nele. Diz Tavares (2012) A música na Geografia:

Nada melhor do que usar uma canção para ilustrar um conteúdo e fazer a ponte do que um determinado autor quis transmitir dento do contexto histórico daquele momento. As transformações no espaço, mudanças de valores ou de comportamento, relatos de m período. Seja o que for, a música conta e canta a história” (Tavares, 2012, p.1.)

Algumas letras musicais possuem essas características geográfica que expressam esses fatores citados abordando temas como paisagem, território, lugar, região e assuntos políticos, econômicos e sócias. Analisando a letra dessas músicas, o professor pode extrair informações que nelas possuem, e através dos ouvidos e olhar geográfico, terá a importância de transforma-las em conhecimentos cotidiano através do diálogo entre ele e aluno, superando algumas das barreiras de ensino e aprendizagem da disciplina de geografia no ensino básico.

1. CONCEITOS DO ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO BÁSICO

No PCNs do Ensino Fundamental, os conceitos de aprender e ensinar enfatiza:

Abordagens atuais da Geografia têm buscado práticas pedagógicas que permitam colocar aos alunos as diferentes situações de vivência com os lugares, de modo que possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito. Espera-se que, dessa forma, eles desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade/natureza. (Paramento curricular Nacional do Ensino Fundamental 1996, p.31)

Neste sentido, o conceito de ensino da geografia do PCN propõe para que os professores, à escola, assim como a política de educação do Brasil, ofereçam praticas pedagógicas com novos recursos que favorecem a leitura de representações espaciais para a construção do conhecimento do aluno fundamentais para a compreensão e uso da linguagem geográfica no seu cotidiano.

Podemos afirmar também que essas práticas pedagógicas oferecem inda a interação e a colaboração entre os alunos e professor no processo de ensino-aprendizagem, através da observação, descrição, analogia e síntese. Dando exemplo sobre práticas, cita (PACHECO 1991) “Sabe-se, contudo, que os meios de comunicação, tomados como um complemento metodológico, podem constituir-se em um instrumento facilitador na superação de algumas barreiras do processo de ensino-aprendizagem”). Esse exemplo usado pelo autor sobre meios de comunicação, são métodos importantes que podem ser praticados para que os alunos possam aprender a explicar, compreender e representar os processos de construção dos diferentes tipos de conceitos geográfico: paisagens, territórios, Regiões e lugares, assim que possam construir noções espaciais do seu cotidiano para explicar os fenômenos físicos e sociais.

Fortalecendo as ideias, o PCN do ensino médio orienta:

Portanto, para que os objetivos sejam alcançados, o ensino da Geografia deve fundamentar-se em um corpo teórico-metodológico baseado nos conceitos de natureza, paisagem, espaço, território, região, rede, lugar e ambiente, incorporando também dimensões de análise que contemplam tempo, cultura, sociedade, poder e relações econômicas e sociais e tendo como referência os pressupostos da Geografia como ciência que estuda as formas, os processos, as dinâmicas dos fenômenos que se desenvolvem por meio das relações entre a sociedade e a natureza, constituindo o espaço geográfico. (Paramentos curriculares para o ensino médio 2006 p.43)

(SILVIA 2012) cita na abordagem lúdica do semiárido Nordestino no ensino da geografia com a música: “Com a modernização nos meios de comunicação e a consequente expansão da tecnologia, faz-se necessário uma modificação no método de ensino-aprendizagem[…]”. Nesse contexto, é de fundamental importância à renovação do ensino de geografia para que os objetivos sejam alcançados como pede o PCN também, baseado na inovação de materiais didático-pedagógicos que possibilitem aos alunos um novo olhar para disciplina da geografia, despertando o interesse destes pelas aulas estabelecendo a interação com uma grande quantidade de recursos didáticos e informações, que se apresentam de maneira atrativa e curiosa (diferentes notações simbólicas, gráficas, linguísticas, sonoras etc.). As informações são apresentadas por meio de textos informativos, mapas, fotografias, imagens, gráficos, tabelas, utilizando cores, símbolos, diagramação e efeitos sonoros diversos.

2. A MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO

O Recurso mais comum de se ensinar no ensino básico em geral em qualquer categoria de ensino, é o livro conjuntado com o quadro e o pincel, o professor ensina o aluno e apenas recebe o conhecimento de uma forma pronta e acabada, onde suas opiniões e ideias quase não são formuladas. Não que o livro não possui o seu valor didático, mas atendendo as orientações do PCN, hoje o Professor de Geografia deve procurar adequar-se às inovações dos métodos no processo de ensino-aprendizagem e às inovações tecnológicas como foi enfatizado já, que colocam a disposição recursos metodológicos que podem ser utilizados em sala; O vídeo, filmes, jogos e internet e a música que torna suas aulas mais interativas e propiciar uma maior participação dos alunos, tornando, com isso, o conteúdo significativo.

A música como um desses recurso é também um recurso psicopedagógico, age de uma forma mais envolvente e motivadora por suas propriedades de som, melodia, harmonia e ritmo, e a também por sua ideologia das letras composta que a mesma prega agindo no psicológico do aluno influenciando no seu comportamento e pensamento. As letras musicais quando possui temas geográficos; são cantados de forma poética, podendo expressar a beleza natural, as questões ambientais, a cultura, as crenças, as problemáticas sócias, econômica, as causas políticas, e etc., caracterizando toda essa espacialidade, é como cita COSTA e PINHEIRO ( 2004):

Uma das vantagens de se utilizar a música na Geografia se a firma na pluralidade de assuntos “abordados por esta ciência”. Violência, guerras, conflitos raciais, fome, falta de infraestrutura nas cidades, belezas naturais, como também degradação ao meio ambiente, fazem parte dos temas abordados por muitos compositores […] p.104).

Acerca desses assuntos é importante enfatizar que dentre as propriedades da música, a letra é a mais importante no ensino da geografia, serve de análise crítica sobre o conteúdo passado, a letra é o texto poético expressado pelo compositor, é expressado seus sentimentos daquilo que vive e observa. Além do embasamento teórico-metodológico acerca do uso da música em sala de aula, diz MUNIZ. A (2012) “A música e as demais linguagens de ensino se utilizadas adequadamente ajudam na problematização dos conteúdos e instigam a criatividade dos educandos”.

Certo que o som a batida emitida dependendo do estilo musical movimenta o corpo desperta os ânimos fazendo parte da interação e do clima da aula, tornando a aula mais interessante e motivadora, por conta da enorme influência da música sobre os aspectos físicos, mentais, e emocionais, mas independente do gênero musical e da preferência do aluno, a letra é a principal propriedade de analise critica geográfica, que o professor pode explorar o potencial de interpretação e despertar as potencialidades de interpretação e o senso crítico dos estudantes.

3. A SELEÇÃO DAS MUSICAS

O Brasil é um país de uma pluralidade cultural e diversos estilos musicais como Rock, Samba, Sertanejo, Funk, Toada de boi bumba, Bossa Nova, Pagode, Gospel e outros, tornando o mercado da música muito abrangente no Brasil, inclusive músicas revelam a identidade do brasil nos aspectos territoriais, paisagístico e cultural, assim existindo música para todo gosto e interessante para abordagens e analise da geografia. Mas o professor tem de ter uma visão crítica a qualidade de certas músicas brasileiras quando selecionar, pois já foi questionada por diversos personagens do universo artístico. O cantor Victor, da dupla sertaneja Victor e Léo, fez um discurso ácido se referindo ao atual momento de nossa música sertaneja: “Não deixaria meus filhos ouvirem a maioria das músicas sertanejas atuais. Pornografia e sensualidade excessiva em canções que não são para a criança ouvir”, além disso a musicalidade atual ínsita ao preconceito, violência, machismo etc.”

Essa banalização de composições feitas que apresentam conteúdos indecentes e sem função nenhuma de flexão e sem expressão social, possui mudanças de valores culturais da própria música. Por exemplo, até os anos 90 as músicas sertanejas retratavam a vida no sertão, o estilo caipira e a paisagem rural, hoje o valor cultural e sonoro da música sertaneja tem sofrido alterações como o novo “sertanejo universitário” vindo com uma “roupagem nova”. Esse novo estilo, em algumas das letras não retrata mais a paisagem rural e sim o espaço urbano, com letras que falam da cidade como:  baladas, carro, mulher, curtição na noite e apologia ao erotismo com letras de duplo sentido, se no caso o professor abordar o conteúdo sobre o espaço rural, algumas músicas sertanejas atuais não possuirão riquezas desse conteúdo.

É nesse contexto atual da música que o Professor terá algumas dificuldades para selecionar músicas para reproduzir conhecimento, pois quase não se faz mais letras de senso crítico que servem de reflexão, contudo é a realidade musical em que os jovens e adolescente estão inserido atualmente, fazendo parte assim dos seus gostos musicais, e é o que o mercado da música lhes oferecem a ouvir, através da  mídia, Rádio, Televisão, Internet, com isso, a maioria dos professores tem recorrido as músicas mais antigas, não que não exista músicas adequadas hoje, mas como diz Gilmasi Santos (2013) em sua opinião sobre as músicas antigas:

Pois existem músicas tão importantes que se tornaram verdadeiros registros históricos da humanidade, é o caso dos artistas que descreveram os períodos mais duro do regime militar, como, por exemplo, a canção “Deus lhe Pague”, de Chico Buarque, em que o compositor utiliza a ironia para fazer críticas à situação repressiva que os brasileiros viviam: “Por esse pão para comer, por esse chão pra dormir, a certidão para nascer e a concessão pra sorrir. Por me deixar respirar, por me deixar existir. Deus lhe pague”. O rock nacional também já foi mais frutífero, quem não se lembra das letras carregadas de críticas sociais da banda Legião Urbana, a exemplo da música “Geração Coca-Cola”:

Uma observação a ser feita, e que o professor respeite o gosto musical de cada aluno, mas sempre ressaltando a importância de letras que representem o espaço geográfico, independente do ritmo, afinal a música servira de interpretação da sociedade em que os alunos estão inseridos, pois assim como, a música tem um poder de influência maliciosas e de comportamento banalizado na vida dos jovens, ela pode torna-los cidadãos críticos e respeitosos.

4. MÚSICAS PARA ANALISES E INTERPRETAÇÃO

As músicas aqui apresentadas e analisadas, foram selecionadas por serem exemplos como de muitas músicas brasileiras, por terem letras que abordam alguns dos principais temas da geografia física utilizadas para atividades de análise e interpretação acerca do espaço geográfico, musicais essas que desperta o senso crítico para discutir sobre os assuntos que elas abordam. Podendo então ser realizados métodos para atividades elaboradas pelo professor como diálogos, discursões, dissertações, aulas práticas para fins de construção da autonomia de interpretação e aprendizagem do aluno.

4.1 TEMA: SOCIEDADE CAPITALISTA

Geração Coca-Cola (Legião Urbana)

Quando nascemos fomos programados

A receber o que vocês

Nos empurraram com os enlatados

Dos U.S.A., de 9 às 6

Desde pequenos nós comemos lixo

Comercial e industrial

Mas agora chegou nossa vez

Vamos cuspir de volta o lixo

Em cima de vocês

Somos os filhos da revolução

Somos burgueses sem religião

Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola

Depois de 20 anos na escola

Não é difícil aprender

Todas as manhas do seu jogo sujo

Não é assim que tem que ser

Vamos fazer nosso dever de casa

E aí então vocês vão ver

Suas crianças derrubando reis

Fazer comédia no cinema com as suas leis

Vamos fazer nosso dever de casa

E aí então vocês vão ver

Suas crianças derrubando reis

Fazer comédia no cinema com as suas leis

 

A música “geração Coca-Cola” da banda Legião Urbana retrata sociedade não muito percebida, pincipalmente mostra o quanto a nação Brasileira se torna dependente de outros países pelos meios e produção, cultural e social. Isso é evidente quando o compositor Renato Russo coloca: “Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês, empurraram-nos com os enlatados dos USA, de nove as seis, desde pequenos nós comemos lixo, comercial industrial”. Nesse sentido, através desta música o aluno compreenderá de como ele e os indivíduos são inserido numa Sociedade que se estabelece por influência externas, determinará seu comportamento social e biológico.  O compositor cita os Estados Unidos, que tem influenciado socialmente o Brasil e o resto do mundo, essa influência massiva, é percebida principalmente pelas vias dos meios de comunicação onde boa parcela da sociedade brasileira é influenciada pelas marcas de produtos como exemplo: Produtos da C&A, e outros como o refrigerante (Coca-Cola) título da música aqui analisada.

Essas influencias que o EUA gera, está também presente no modo de falar, pensar e agir estabelecendo uma socialização exteriorizada pelos padrões culturais, econômicos e sociais dos EUA.

Então em toda sua estrutura à musica retrata a influência de uma sociedade capitalista imposta a outra, gerando padrões de consumismo, estilo de vida, modas para juventude, enfim, uma geração que se acomoda a exterioridade estabelecida por outra cultura em seu modo de viver, então através desta analise o professor despertara o senso crítico do aluno e de como esses padrões estabelecido e de que forma isso tem influenciado na sua vida no seu cotidiano.

4.2 TEMA: MEIO AMBIENTE

LAMENTO DE RAÇA

(Emerson Maia)

Boi Bumba garantido 1996

O índio chorou, o branco chorou

Todo mundo está chorando

A Amazônia está queimando

Ai, ai que dor

Ai, ai que horror

O meu pé de Sapopema

Minha infância virou lenha

Ai, ai que dor

Ai, ai que horror

La se vai a saracura correndo dessa quentura

E não vai mais voltar

La se vai a onça pintada fugindo dessa queimada

E não vai mais voltar

La se vai a macacada junto com a passarada

Para nunca mais, voltar

Para nunca mais, voltar

Virou deserto o meu torrão

Meu rio secou, pra onde vou?

Eu vou convidar a minha tribo

Pra brinca no garantido

Para o mundo declarar

Nada de queimada e derrubada

A vida agora é respeitada todo mundo

Vai cantar

Vamos brincar de boi, tá garantido

Matar a mata, não é permitido

 

A música Lamento de Raça segue os padrões de composições feitas para descrever a situação ambiental apresentada no festival folclórico de Parintins, es relacionado ao desmatamento e queimada na floresta amazônica, e principalmente, a música apresenta o clamor pela preservação ambiental.

Na primeira estrofe da música o compositor diz “O índio chorou, o branco chorou, todo mundo está chorando a Amazônia está queimando ai, ai que dor ai, ai que horror” aqui mostra o lamento das raças, aqueles que realmente precisam da permanência da floresta para sua sobrevivência de vida e cultural, como principalmente os índios; porque na floresta estão suas origens, costumes e crenças, e de onde tiram sua alimentação. Seguindo a letra, cita “O meu pé de Sapopema minha infância virou lenha” descrevendo como alguém que cresceu presenciando a floresta fazendo parte do seu cotidiano, como os povos ribeirinhos da Amazônia, vendo depois tudo ser destruído pela queima da floresta.

Na segunda estrofe retrata agora os problemas causados pelas queimadas na fauna, quando a música fala de animais que são prejudicados por essa pratica de degradação do meio ambiente: a fuga e a migração da onça pintada, da macacada, os pássaros, animais esses que fazem parte da fauna do bioma amazônico.

Neste trecho da quarta estrofe “Virou deserto o meu torrão, meu rio secou, pra onde vou?

O compositor aqui demostra apego ao lugar, onde alguém tem a sua origem, mas ele se ver sem saída quando diz que o seu único caminho de deslocamento secou, aqui demostra também que a secagem dos rios é devido a retirada da cobertura vegetal em bacias hidrográficas, que armazenam aguas tanto superficiais e subterrâneas. Na última estrofe a música finaliza “eu vou convidar a minha tribo, pra brinca no garantido para o mundo declarar, nada de queimada e derrubada a vida agora é respeitada todo mundo vai cantar. Vamos brincar de boi, tá garantido, matar a mata, não é permitido” aqui é convidado todos a cantar e respeitar a mata, para uma verdadeira conscientização de preservação ambiental.

O objetivo de usar essa música na aplicação do tema meio ambiente, é fazer com que o aluno compreenda os motivos reais que leva a degradação da floresta e dos recursos naturais em que prejudica a fauna e flora como as queimadas e a derrubada de arvores, e assim prejudicando os seres humanos, principalmente aqueles que precisam da floresta para sua sobrevivência. Isso desenvolvera no aluno uma consciência ambiental na análise do espaço geográfico no seu cotidiano em relação ao tema exposto; o meio ambiente.

4.3 TEMA POLÍTICA

Que País é esse?

(Legião Urbana 1978)

Nas Favelas no senado

Sujeira pra todo lado

Ninguém respeita a constituição

Mas todos acreditam no futuro da nação

Que País e esse? (3x)

No Amazonas, no Araguaia iá, ía

Na baixada Fluminense

Mato grosso, Minas gerais

E no Nordeste tudo em paz

Na morte eu descanso

Mas o sangue anda solto

Manchando os papeis

E documentos fiéis

Ao descanso do patrão

Que pais e esse? (4x)

Terceiro mundo, se for

Piada no exterior

Mas o brasil vai ficar rico

Vamos faturar um milhão

Quando vendermos todas as almas

Dos nossos índios no leilão

Que pais e esse? (3x)

 

A música “Que país e esse? “ Retrata o lado negativo da política do brasil de uma forma irônica a respeito dos problemas de corrupção e descaso sócias, econômicos que a má política proporciona ao país. Na primeira estrofe o compositor enfatiza que tanto no senado quanto na favela e na sociedade em geral há corrupção “sujeira pra todo lado” pessoas que não respeitam a constituição e as leis que os próprios políticos fazem e não cumprem demostrando uma grande hipocrisia, e que ainda pregoam uma ideologia de um futuro melhor para a nação, vendendo uma ideia de alivio e iludindo o povo.

No segundo estrofe a letra cita algumas regiões brasileiras como “No Amazonas, no Araguaia, na baixada fluminense, no mato grosso, minais gerais…” que até hoje apresentam elevados índices de pobreza e a violência relacionado ao tráfico de drogas, e quando fala do Araguaia é devido a guerrilha que ocorreu durante o regime militar, onde o regime matou pessoas que protestavam contra o governo. Seguindo a letra o autor diz em forma irônica que está tudo em paz depois de terem derramado tanto sangues, e que a morte tem sido mecanismo de poderosos para calar a voz do povo, como também fazem a queima de arquivos e adulteração de “documentos fiéis” que poderiam incrimina-los por suas corrupções como vemos hoje também.

Na última estrofe cita “terceiro mundo se for piada no exterior” que o brasil é um pais de e que está sujeito a piadas no exterior pelas suas mazelas políticas, pobrezas, violências e etc. e que realmente como no passado só iremos ser uma nação rica de primeiro mundo, só “se vendermos as almas dos nossos índios no leilão” falecendo assim (cultura, raça e as riquezas) em trocas de favores e agregando modos culturais e sociais exteriores ao nosso pais.

O objetivo que o professor pode usar nessa música, é através da pergunta que o refrão faz “ que país e esse? ” Mostrando que a música e tão atual como na época em que foi gravada, o aluno irá perceber que a letra da canção relata o que realmente ele vive e ver ainda no Brasil, nos noticiários de televisão e jornais sobre o cenário político e social hoje; a corrupção na política e na sociedade, também pobreza e violência. O professor fazendo então a conexão da música com o contexto atual, aluno perceberá a sua realidade cotidiana, e de nível nacional com a música, desenvolvendo assim a sua capacidade de interpretação e senso crítico acerca do tema abordado.

4.4 TEMA: CLIMA

Seca do Nordeste (Fagner)

Ô sol! Sol escaldante

Terra poeirenta

Dias e dias, meses e meses sem chover

E o pobre lavrador com a ferramenta rude

Bate forte no solo duro

Em cada pancada parece gemer

Hum, hum, hum, hum, hum, hum, hum

Geme a terra de dor ó ó ó ó

Não adianta o meu lamento senhor Ó ó ó ó

E a chuva não vem Chão continua seco e poeirento

No auge do desespero uns se revoltam contra Deus, Outros rezam com fervor

Nosso gado está sedento meu senhor

Nos livrai dessa desgraça

O céu escurece

As nuvens parecem grandes rolos de fumaça

Chove no coração do Brasil

E o lavrador retira o seu chapéu

E olhando o firmamento

Suas lagrimas se unem

Com as dadivas do céu

O gado muge de alegria

Parece entoar uma linda melodia.

 

O compositor da música começa exclamando que o “sol no sertão é escaldante! ” Em análise, isto é, porque trata-se de uma região de latitudes equatoriais, e por ser do tipo de clima tropical com maior incidência de raios solares, causando, portanto, maiores temperaturas na região. A letra da música segue dizendo que se passa “dias e dias, meses e meses sem chover”, porque além da localização geográfica do Nordeste que causa maior incidência de raios solares, existem outros fatores como por não ter uma grande quantidade de rios que favoreceriam a evaporação que resultariam em chuvas a nível local, e a rasa vegetação seca no sertão, e com o que ainda resta da mata atlântica, o que também proporciona chuvas ao litoral do Nordeste.

A música também retrata além dos problemas físicos na região, os problemas humanos que a seca traz devido ao clima, quando a música diz: “E o pobre lavrador com a ferramenta rude bate forte no solo duro em cada pancada parece geme” devido à falta de agua o solo fica seco, endurece e aparecem poeiras, estes fatores dificultam o trabalho do lavrador para a plantação; isto causa muitos problemas como a falta de alimentos vegetal e animal na região, aumentando assim o índice de pobreza no sertão.

Finalmente a música relata a súplica nordestina por anseio de agua onde as preces são atendidas quando a letra cita “O céu escurece as nuvens parecem grandes rolos de fumaça, chove no coração do Brasil” analisando este trecho, podemos interpretar que é a época que aparecem a estação de chuvas abundantes no Nordeste, durante os meses entre janeiro e julho; claro que a chuva ocorre desigual volumétrica mente nos locais. Mas em destaque a região do semiárido nordestino que tem baixa umidade e precipitação média anual, porque cai menos chuva e torna a agricultura mais difícil como a música demostra.

A letra da música é muito proveitosa para estudos de analise geográfica sobre o clima da região do Nordeste, isso fará com que o aluno compreenda os fatores que condiciona o clima nessa região, além dos problemas físicos que causa na terra e a vegetação, atingindo a população devido à seca no sertão. O maior objetivo a ser alcançado com esta música, e que Independente da região em que o aluno se localiza, é que o professor desperte nele a curiosidade de analisar o clima do nordeste brasileiro em comparação ao clima de sua região, e com a ajuda de outras informações lhe darão conhecimento das características físicas do clima da sua localidade, como também os problemas e os aspectos positivos percebido por ele no seu cotidiano como na análise da música que relata o Nordeste.

4.5 TEMA: PAISAGEM

DEUS E EU NO SERTÃO (Victor e Léo)

Nunca vi ninguém viver tão feliz

Como eu no sertão

Perto de uma mata e de um ribeirão

Deus e eu no sertão

Casa simplesinha, rede pra dormir

De noite o show no céu

Deito pra assistir

Deus e eu no sertão

Das horas eu não sei, mas vejo um clarão

Lá vou eu cuidar do chão

Trabalhando cantando, a terra é a inspiração

Deus e eu no sertão

Não há

Não há solidão, tem festa lá na vila

Depois da missa vou ver minha menina

De volta pra casa, queima lenha no fogão

E junto ao som da mata

Vou e um violão

Deus e eu no sertão (3x)

 

A música entoada pela dupla sertaneja Victor e Léo, possui uma característica do arcadismo com gesto de fé, porque utiliza-se uma espécie de poesia que descreve a qualidade e a paisagem dos costumes rurais e as belezas da natureza da vida no campo.

Em analise a letra da canção, inicia-se falando de como é tão feliz viver no sertão pelo apego ao lugar e a vida simples que o cidadão campestre vive em relação a paisagem que o compositor descreve e caracterizar cada lugar e elementos. O compositor começa a observar a paisagem comum de se ver no sertão quando diz “Perto de uma mata e de um ribeirão…”  Elementos esses citados que compõe a paisagem natural apresentado nesse trecho da música; a vegetação e o recurso hidrológico, a “casa simplesinha” mostra o lugar de habitação, mas que também é um elemento de construção que modifica a paisagem natural intervendo sobre o espaço. A música segue descrevendo   “ Noite o show no céu Deito pra assistir, Deus e eu no sertão Das horas eu não sei, mas vejo um clarão”, certamente é a visão dos elementos celeste da noite como as estrelas e do dia ensolarado.

Finalizando a música cita “Não há solidão, tem festa lá na vila depois da missa vou ver minha menina, e de volta pra casa, queima lenha no fogão e junto ao som da mata Vou e um violão, Deus e eu no sertão” apresenta novamente elementos que compõe a paisagem cultual criada pelo homem como a vila e a casa, construídas pelo homem.

Através dessa música o professor irá fazer com que o auno compreenda que para a geografia a paisagem é tudo aquilo que os sentidos humanos podem capitar, enxerga, ouvir e sentir, como a letra da música descreve com os elementos visto nela. Com isso o aluno terá um olhar geográfico sobre a paisagem do seu lugar onde mora, a visão que ele terá da janela da escola, e do caminho até sua casa, observando os elementos naturais (paisagem natural) que as compõe, como também as edificações que modificam a paisagem natural (paisagem cultural).

CONCLUSÃO

O presente artigo teve por objetivo discutir a aplicação de um novo método de ensino e aprendizagem da geografia, tendo a música como instrumento para essa aplicação dos conteúdos geográficos, demonstrando como a mesma pode ser um recurso renovador e de fácil acesso para o desenvolvimento do aluno no conhecimento da geografia. A música é um instrumento criativo e socialmente culmina com o contexto de entretenimento midiático da sociedade fazendo parte da vida de jovens e adolescentes, e principalmente por terem em suas composições letras que refletem o espaço geográfico como nas músicas aqui apresentadas e analisadas.

Mediante os conteúdos exposto, acredita-se que através da inserção da música no ensino de Geografia enquanto recurso de construção do conhecimento e processo de ensino e aprendizagem, faz com que as aulas sejam prazerosas e eficaz, estimulando e motivando os alunos a aprender os conteúdos de geografia,

Os assuntos problematizados e estudado através das composições em análises das letras, pode considerar a vivência dos alunos a partir em que eles são despertados a possuir um senso crítico da realidade do seu cotidiano através dos debates e atividades feita pelo professor sobre as letras das músicas. Esse trabalho pode radicalmente, auxiliar os professores do ensino básico, que acreditam que podem fazer a diferença na vida de seus alunos e tenham na musicalidade um aliado permanente no processo de ensino tonando as aulas mais dinâmica, interativa, participativa e interessante contribuindo para uma melhor qualidade da educação de forma lúdica, para o ensino da geografia.

REFERENCIAS

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PINTO, O. A. S. Dom Sertão, Dona Seca. João Pessoa: A União, 2002.

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http://almirgeografia.blogspot.com.br/2010/08/exemplos-de-musicas-para-discutir-nas.htmlhttps://www.vagalume.com.br

[1] Graduando de Licenciatura em Geografia pela Universidade do Estado Do Amazonas – Núcleo de Presidente Figueiredo – AM.

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Cledilsom do Carmo Mendonça

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