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A Literatura De Mãos Dadas Com A Interdisciplinaridade No Processo De Ensino E Aprendizagem No Ensino Fundamental

RC: 83665
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/maos-dadas

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTOS, Alessandra Ferreira dos [1]

SANTOS, Alessandra Ferreira dos. A Literatura De Mãos Dadas Com A Interdisciplinaridade No Processo De Ensino E Aprendizagem No Ensino Fundamental. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 12, pp. 107-120. Abril de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/maos-dadas, DOI:  10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/maos-dadas

RESUMO

Dois elementos fundamentais que podem auxiliar na alfabetização das séries iniciais são a literatura e a interdisciplinaridade. A literatura é um construto interdisciplinar, considerando as diferenças de sentidos suplementares que são atribuídos às obras por parte dos autores, como também do leitor, ao gerar os diálogos com as demais áreas do conhecimento. Diante dessa simbiose, esse trabalho trata-se de resultados de uma intervenção sistemática, por meio de oficina ocorrida na Escola Municipal Vinícius de Moraes utilizando um método alternativo e auxiliando os professores nas práticas pedagógicas. Sendo assim, o objetivo do presente artigo, é uma reflexão sobre os dados colhidos por meio dessa pesquisa de campo. Buscou-se, também, mostrar como a literatura chega à educação infantil e a importância do livro na vida criança, bem como o real papel e importância da interdisciplinaridade na aprendizagem e como ela contribui para novas práticas. Além disso, o presente estudo se justifica ante a necessidade dessa pesquisa para relatar como os professores podem melhorar sua didática, estabelecer ligações entre a prática e a teoria, abrir um novo olhar e tornar o professor como um grande articulador e mediador de uma nova proposta pedagógica. Por fim, o percurso metodológico utilizado foi com as bases de dados: Google Acadêmico e Scielo (Scientific Eletronic Library Online), além de livros, teses e dissertações, entre os anos 2010 a 2020, sendo utilizados como critério os idiomas: Português e Inglês. Ressalta-se, ainda, que o presente estudo se trata de uma pesquisa de cunho qualitativo, que buscou coletar dados sem a intervenção do pesquisador, realizada em uma turma de primeiro ano, do Ensino Fundamental, na Escola de Ensino Fundamental Vinicius de Morais, de Lucas do Rio Verde.

 Palavras- chave: Alfabetização, Literatura, Didática, Interdisciplinaridade.

INTRODUÇÃO

O presente artigo fala sobre a literatura e a interdisciplinaridade, e, como elas juntas podem auxiliar na alfabetização das séries iniciais, no Ensino Fundamental, tratando dos resultados de uma intervenção sistemática, por meio de oficina ocorrida na Escola Municipal Vinícius de Moraes como um método alternativo auxiliando os professores nas práticas pedagógicas.

A pesquisa em questão está dividida em análises dos principais temas quanto a aplicação da literatura na educação infantil, bem como na utilização da interdisciplinaridade visando analisar como esses dois elementos, em conjunto, podem contribuir para a alfabetização, criando um método alternativo incluído na didática do professor.

Nesse sentido, importante destacar que a própria literatura já se torna um construto interdisciplinar por conta das diferenças e sentidos suplementares que são atribuídos às obras por parte do autor, como também do leitor ao gerar os diálogos com as demais áreas do conhecimento.

Diante dessa compreensão, uma maneira eficaz de aprofundamento dos estudos literários é aprender a fazer relações interdisciplinares (NOVO, 2016). Identificar a literatura como linguagem universal para com as crianças e como utilizá-la para conhecimentos novos, desejos, necessidades por meio da leitura e livros, verificar como o professor pode utilizar a interdisciplinaridade como ferramenta nova para desenvolver seus planos de aula e ainda reconhecer o Ensino Fundamental como a chegada da criança na vida regular, onde ela deixa de ser criança passa a ser aluno na sua vida escolar.

Nessa esteira, pela ótica pedagógica, a literatura infantil age como papel fundamental na vida da criança viabilizando as viagens fantásticas, permitindo as mais diversas interpretações e também significações do mundo, assim como o desenvolvimento de pensamento crítico, do imaginativo, do reflexivo e da fruição (DANTAS e MEDEIROS, 2015).

Por isso, a temática escolhida tem a finalidade de mostrar como a interdisciplinaridade e a literatura podem contribuir para uma nova didática, com a finalidade da difusão de aprendizagem e conhecimento, bem como estabelecer uma melhor ligação entre a prática e a teoria, contribuindo para um bom planejamento das aulas.

Ressalta-se, porém, que mesmo que haja a resistência de professores, faz-se necessário que haja novas tentativas com o intuito de transformar e melhorar a educação nas escolas, até mesmo porque essa interdisciplinaridade não possui o intuito de modificar especificidades em cada disciplina, mas de respeitá-las e obter o uso positivo em cada uma delas (DIAS, 2011).

Nesse sentido, Perrenoud (1999) traz a importante lição:

(…) A questão é saber qual concepções das disciplinas escolares adotar. Em toda hipótese, as competências mobilizam conhecimentos dos quais grande parte é e continuará sendo de ordem disciplinar, até que a organização dos conhecimentos eruditos distinga as disciplinas, de modo que cada uma assuma um nível ou um componente da realidade. (PERRENOUD, 1999, p. 40).

Segundo ainda o autor supracitado, o professor deve usar conteúdos de forma simples, capazes de organizar os conhecimentos da realidade da criança. Portanto, é fundamental que educadores saibam fazer uma mediação nesse processo em uma perspectiva interdisciplinar.

Ressalta-se, ainda, que a utilização da literatura infantil na sala de aula busca facilitar o processo de ensino e de aprendizagem, uma vez que conduz o leitor a uma construção do pensamento crítico aprimorando a capacidade do pensar, questionar e de enxergar as novas alternativas para superação dos problemas. Sendo, assim, a criança vai solidificar seus próprios conceitos e opinar com mais convicção (DANTAS e MEDEIROS, 2015). Ainda segundo os autores, a interdisciplinaridade se define como a articulação dos saberes da humanidade visando à superação de uma visão fragmentada do mundo.

Nessa senda, a interdisciplinaridade se constitui em um aspecto de transformação e não só de integração de teorias, de conteúdos, de métodos ou de outros aspectos de conhecimento, estabelecendo ligações de interdependência, de convergência e de complementaridade que acontecem no processo dinâmico da linguagem na existência humana, lugar, esse, onde os sujeitos se constituem (NASCIMENTO; ROUYER e XAVIER, 2011).

Portanto, diante dos fatos apresentados, o objetivo desse artigo é uma reflexão no intuito de compreender e esclarecer como a interdisciplinaridade e a literatura podem contribuir no processo de ensino aprendizagem, em especial das séries iniciais, orientando o professor a uma didática alternativa e mais complexa.

DESENVOLVIMENTO

A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Para falar sobre literatura e interdisciplinaridade na educação infantil é preciso que antes se compreenda quem é a criança e como ela passou a ter seus direitos e valor na história. Esse primeiro contato é fundamental, visto que até apenas na contemporaneidade a criança passou a ser vista com direito próprios e em plena formação, posto que na sociedade antiga ainda era vista como um miniadulto.

Nessa linha, assim vai trazer Dieter; Richter (1977):

Na sociedade antiga não havia infância, nenhum espaço separado do mundo adulto. As crianças trabalhavam e viviam junto dos adultos, testemunhavam os processos naturais da existência (nascimento, doença e morte) participavam junto deles a vida púbica (política), nas festas, guerras, audiências, execuções, etc., tendo seu lugar assegurado nas tradições culturais comuns: na narração de histórias, cantos, nos jogos. (DIETER; RICHTER, 1977, p. 36).

Ressalta-se, que somente no começo do século XVIII acontece a passagem da infância ao centro das famílias burguesas. Com a valorização da família, houve uma real valorização da figura da criança, da mulher e da esposa a uma função social de maior relevo que preteritamente, como destacam Stone e Lawrence (1987):

Não a dúvida de que a criança de que entre 1660 e 1800, aconteceram mudanças significativas na prática de criação das crianças, particularmente entre a alta burguesia e os profissionais liberais. Os cueiros apertados deram lugar a roupas soltas, amas de leite pagas a amamentação materna, a dominação da vontade pela forca a permissividade, a distância formal a empatia, assim que a mãe se tornou a figura dominante na vida da das crianças. (STONE e LAWRENCE, 1987, p.284)

Assim, a trajetória da história da infância foi marcada por várias conquistas na vida da criança, deixando de ser um simples vaso vazio, para uma sua real importância, encontrando, assim, mais valor e recebendo direitos.

Noutra frente, é importante frisar que a literatura recebe propostas e reformas para a melhor interagir na educação desde os anos de 1970 e 1980. Destaca-se, ainda, que a literatura é um resgate da cultura e da história, uma forma de ler o mundo dos homens, interpretá-los e organizá-los, onde o mundo ganha páginas e livros contados pelos mais diversos autores sobre o lhes afeta e afeta a sociedade como um todo. Por isso, é tão fundamental que crianças de todas as idades tenham acesso a esse importante acervo literário, pois será uma forma de compreender não só o mundo atual, mas também o passado e até o futuro.

Apesar dessa importância, a literatura na vida da criança vem com uma competição da modernidade, vez que disputa atenção e espaço com outros itens com maior apelo como televisão, computador e jogos. Por isso, é fundamental o papel da escola, como esse agente de formação, apresentando e concedendo o com convívio com os livro, seja a professora lendo, seja no diálogo, ou produções de textos.

Observa-se que a literatura infantil busca nova mentalidade para esses alunos, mostrando-lhes e respeitando-os como seres ativos e que com a literatura serão capazes de organizar aprendizagens e pensamentos. Vê-se, ainda, que a escola é o espaço mais eficaz para formação do indivíduo, onde os estudos literários contribuem com o desenvolvimento da mente, na construção de relações, na busca de apresentar novas leituras e compreensões de mundo. Por isso, não se pode privá-los e somente com o ato de ler, buscar interagir o livro com outros assunto de seu cotidiano, apresentar que muitas das histórias daqueles livros também são histórias reais e próximas dos alunos pode ajudá-los a encarar o livro e a literatura como um verdadeiro universos e cada vez mais próximo dessas crianças.

Segundo Coelho (2000, p. 81)

A literatura infantil é antes de tudo, literatura; ou melhor, e a arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.

Como destacado esse respeito, interesse e maior atenção são elementos recentes, visto que na anterioridade, as obras literárias eram reduzidas a obras de menor valor ou importância.

A partir do século XX, a literatura passou a ser vista como formadora do novo adulto do amanhã, formando sua personalidade, estruturas mentais e oferecendo mais conhecimento sobre o meio em que vivem. Assim, a literatura infantil tornou-se e um intermédio do autor adulto para o leitor criança, buscando trazer e ensinar novas experiências e conhecimentos, tornando o ato de ler uma aprendizagem. Além disso, ela é uma ferramenta que chega aos corações das crianças de uma forma mais tranquila, afetiva, trazendo a elas como e o mundo real, em forma de contos, fábulas, parlendas, quadrinhos etc. Para esse leitor em evidência das series iniciais do ensino fundamental, deve ser proposto textos breves com desenhos e imagens. A presença do professor é crucial para que juntos possa ajudar essas crianças a interpretar a história, pois eles precisão desse estímulo e guia para ganharem e usufruírem da leitura, interpretação e conhecimentos trazidos por ela.

INTERDISCIPLINARIDADE: UM RECURSO DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA

Destaca-se que apesar de todas as modernidades tecnológicas apresentadas diariamente a essas crianças fora da sala de aula, dentro, o que se observa são metodologias arcaicas e já superadas, contudo, ainda assim continuam sendo aplicadas por professores que não se atualizam ou não aplicam as melhores práticas pedagógicas, assunto apresentados em desconformidade com o conhecimento atual e moderno dessas crianças ou descompasso com usas realidades.

Nessa linda, destaca-se que cabe ao professor estabelecer uma rotina de trabalho e que possa sempre indagar como se aperfeiçoar e apresentar uma didática mais atual e real de seus alunos. Por isso, como já supracitado é fundamental que o Professor conheça seus alunos, seus interesses, medos, sonhos e assim possa apresentar uma litura próxima, adequada e interessante a essas crianças.

Nessa linha, assim vai constituir Ivani Fazenda (2012):

O primeiro passo para aquisição conceitual interdisciplinar seria o abandono das posições acadêmicas prepotentes, unidirecionais e não rigorosas que fatalmente são restritivas, primitivas e tacanhas, impeditivas de aberturas novas, camisas de forca que acabam por restringir alguns olhares, tanchando-os de menores. (FAZENDA, 2012, p. 13).

Como destacado pelo autor, essas indagações são fundamentais em uma vida de magistério, porém, infelizmente, não é a realidade acompanhada nos colégios brasileiros e esposadas pelos mais diversos autores e pesquisa. Segundo, também, Severino, (2012, p. 47), “o saber que internacionaliza a ação pedagógica pressupõe que o conhecimento seja um processo interdisciplinar de construção de seus objetos”.

De acordo, ainda, com Germain (1991, p. 1430), a interdisciplinaridade “pressupõe a existência de ao menos duas disciplinas como referência e a presença de uma ação recíproca”, ou seja, significa a necessidade dessa relação. Contudo, não se deve esquecer como a interdisciplinaridade pode e deve contribuir com sua prática pedagógica sem contaminá-la, sendo a articulação do todo com as partes, dos meios com os fins, e sempre a prática da ação, livre solto, sem amarras, intencional pra novo, a busca pelo conhecimento. “Aprender é, pesquisar para construir, e constrói-se pesquisando”, como bem destaca Severino, (2012, p. 43).

Segundo Fazenda (2012, p. 80), a palavra didática, provem do grego techné didaktiké. Deriva do verbo didasko, que significa ensinar, estruir, expor claramente, demostrar.  Por isso, o professor tem como meta apresentar uma boa didática, pois sem ela se torna impossível desenvolver uma prática escolar e dificulta o ensino e aprendizagem e a vida do aluno. Portanto, a didática possui como finalidade a formação do conhecimento, instruindo o aluno, facilitando o desenvolvimento das faculdades de criação (FAZENDA, 2012)

Por fim, destaca-se que o conhecimento científico, no âmbito da didática, deve ser caracterizado por seu caráter provisório, sua construção e reconstrução permanentes, enquanto o edifício ou corpus didático adquirindo forma (FAZENDA, 2012).

UM NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO FUNDAMENTAL

A implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos justifica-se pela alteração na LDB nº 9394/96, em seus artigos 6º, 32º e 87º com a obrigatoriedade do Ensino Fundamental, aos 06 (seis) anos de idade, com duração de nove anos, cujo objetivo é assegurar a todas as crianças um tempo maior de convívio escolar com mais oportunidades de aprendizagem. Porém, ressalta-se, que a aprendizagem não depende exclusivamente de um aumento do tempo de permanência na escola, mas sim um emprego mais eficaz desse tempo.

Nesse sentido, faz-se necessário administrar uma proposta curricular que assegure as aprendizagens necessárias ao prosseguimento com sucesso nos estudos, para todas as crianças matriculadas. Deve-se, ainda, articular, paralelamente com a adequação dos espaços físicos, materiais didáticos e mobiliários o planejamento da prática pedagógica será crucial para que a aprendizagem das crianças de 06 (seis) anos seja efetivada respeitando suas características, potencialidades e necessidades específicas.

No Ensino fundamental a Proposta Pedagógica da Escola contempla principalmente a construção do conhecimento, desenvolvimento das potencialidades do aluno e sua inclusão no ambiente social, assegurando o desenvolvimento dos conteúdos curriculares da Base Nacional Comum e Temas Transversais, buscando sua contextualização com a realidade do educando.

De acordo, ainda, com o Ministério da Educação – MEC, a justificativa para a implantação do Ensino Fundamental a partir seis anos é “assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de convívio escolar, maiores oportunidades de aprender e, com isso uma aprendizagem mais ampla” (BRASIL, 2004, p. 17).

Noutra frente, quando a criança frequenta a modalidade creche, ela aprende com o brincar, com lúdico, está cercada de conhecimentos novos e aprende a lidar com eles, a conviver com os demais, tem segurança em estar ali, se torna independente. Essa criança consegue desenvolver autonomia, está mais preparada para organizar seus pensamentos.

Segundo Brandão (2009, p. 46) “o trabalho pedagógico na educação das crianças de seis anos deve respeitá-las quanto seus direitos e especificidade, essência lúdica; a constante curiosidade; o desenvolvimento físico cognitivo, afetivo e social.”

Assim, é de imensa responsabilidade alfabetizar uma criança, trazendo enormes ganhos e responsabilidade ao professor que recebe tal incumbência. Nessa linha, vai ressaltar o Ministério da Educação:

A garantia de uma educação de qualidade para criança de seis anos requer planejamento e diretrizes norteadoras para o entendimento integral da criança no aspecto físico, psicológico, intelectual e social, o que implica assegurar um processo educativo respeitoso e construir com base nas múltiplas dimensões e na especificidade do tempo da infância (BRASIL, 2004, p. 97).

Vale também lembrar os pilares que norteiam a Educação, presentes no relatório da Organização das Nações Unidas, para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) segundo, Jaques Delors (2012, p. 114);

Aprender a conhecer, que revela o processo de abertura para o conhecimento em múltiplas.

Aprender a fazer, que pretende despertar para ousadia, coragem de correr riscos e de considerar o erro como parte do conhecimento.

Aprender a conviver, que desperta para necessidade s compreensão do outro, de respeito ao pluralismo e da habilidade para gerir conflitos na realização de projetos comuns;

A aprender a ser visto talvez, como o mais importante, por explicitar aí a necessária autonomia, discernimento e responsabilidade social como cidadão no mundo.

Ressalta-se, por fim, que para favorecer o desenvolvimento da criança, é preciso deixá-la passar por todos os estágios de acordo com o próprio ritmo e não tentar fazê-la “queimar etapas” (MOURA, 2009, p. 71).

DESCRIÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Vinícius de Moraes, localizada no município de Lucas do Rio Verde/ MT. A escola possui uma área construída de 5.097,77 m², distribuídos nesta ordem:

  • Bloco A: parte térrea: 01 Sala dos Professores e de coordenação pedagógica, banheiro; 01 Secretaria, com banheiro; 01 Almoxarifado; 01 Refeitório; 01 Cozinha; Área livre coberta. Na parte superior possui 01 Sala de Leitura; 01 banheiro masculino; 01 banheiro feminino; 05 salas de aula.
  • Bloco B: parte térrea: 01 Laboratório de informática; 01 banheiro masculino; 01 banheiro feminino; 01 sala de aula; 03 salas de aula cedidas à UAB/UFMT – Polo Lucas do Rio Verde. Na parte superior possui 05 salas de aula, 01 sala de multimeios; 01 banheiro masculino; 01 banheiro feminino.
  • Bloco C: parte térrea: 01 Sala de Recursos Multifuncionais; 05 salas de aula; 01 almoxarifado; 01 banheiro masculino; 01 banheiro feminino todos adaptados para alunos da Educação Infantil. Na parte superior 06 salas de aula; 01 banheiro masculino; 01 banheiro feminino; 02 salas para reforço escolar.

O acesso aos pisos superiores da escola é realizado por meio de rampas que são apenas parcialmente acessíveis, considerando as normas de acessibilidade 9050 (ABNT). Diante desse fato, não há o livre acesso de cadeirantes a esses andares, bem como os banheiros.

A Escola tem como filosofia resgatar valores, formar cidadãos participativos, críticos, solidários, inclusivos, responsáveis e que percebam as mudanças em si mesmo e na comunidade.

A partir dessa filosofia, emprega-se como princípios filosóficos, a formação básica para cidadania, os valores em que se fundamenta a sociedade, o desenvolvimento e a capacidade de aprendizagem de cada indivíduo, formação de princípios como: dignidade humana, igualdade de direitos, participação nas decisões, corresponsabilidade pela harmonia em vida social e ambiental.

Além disso, a escola tem como proposta pedagógica compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício desses direitos, adotando no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio as injustiças, incluindo e respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito.

Assim, o aluno se torna sujeito do processo ensino-aprendizagem. Como tal, suas características e necessidades pessoais devem ser conhecidas e respeitadas para a organização do ensino com vistas à qualidade de sua aprendizagem. Definida a sua postura, a Escola Municipal Vinícius de Moraes trabalha no sentido de formar cidadãos conscientes, capazes de compreender e criticar a realidade, atuando na busca da superação das desigualdades e do respeito ao ser humano.

RESULTADO DIAGNOSTICO: PÚBLICO-ALVO DA ESCOLA MUNICIPAL VINÍCIUS DE MORAES

No diagnóstico dos alunos, a pesquisa foi realizada por meio de um questionário que demonstrou que a comunidade se constitui de famílias com baixo poder aquisitivo, em sua maioria, na faixa de até cinco salários-mínimos; constituídas de cinco pessoas; as famílias em sua grande maioria declaram possuir emprego, principalmente o genitor, porém também foi encontrado um significativo número de trabalhadoras.

A escola possui alunos da Educação Especial e alguns são atendidos pela equipe multiprofissional de saúde compreendida com profissionais tais como psicólogas, fonoaudiólogas, nutricionista e assistente social, todos mantidos pela Secretaria Municipal de Educação.

Os relatórios de avaliação de identificação das necessidades educacionais dos alunos são elaborados pelos coordenadores pedagógicos da instituição de ensino e encaminhados aos profissionais de saúde que complementam a avaliação dos alunos, além de proporcionar atendimento clínico, se necessário. Além deste atendimento, as crianças com necessidades educacionais especiais, tem auxílio no seu desenvolvimento com o Atendimento Educacional Especializado na sala de Recursos Multifuncional (SRMs) conforme a Resolução nᵒ 04, de 02 de outubro de 2009 (*) “Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica modalidade Educação Especial”.

ORGANIZAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO FUNDAMENTAL

Os documentos que norteiam os currículos são conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum dos alunos da Escola Municipal Vinícius de Moraes fixadas pelo conselho Nacional de Educação (CNE) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996.

As DCNs consideram a questão da autonomia da escola e da Proposta Pedagógica, incentivando as instituições de ensino a montar seu currículo dentro das áreas de conhecimento, os conteúdos para formação das competências que são explicitadas nas diretrizes curriculares, portanto cada escola deverá considerar o tipo de pessoa que atende: a região em que está inserida, demanda de migração de outras regiões e outros aspectos relevantes.

A escola possui sua organização curricular determinada pela Secretaria Municipal de Educação do Município que constam de uma Proposta Curricular e abaixo seguem em linhas gerais alguns apontamentos das áreas de conhecimento asseguradas no atendimento aos alunos e que correspondem a Base Nacional Comum e Diversificada do Currículo. Conteúdo do Ensino Fundamental são, a Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Geografia, História, Artes, Língua Estrangeira, e Educação Física.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar como a interdisciplinaridade pode contribuir com a literatura, trazendo uma nova prática em sala de aula, percebe-se que ambas podem cooperar para a alfabetização. Notou-se, ainda, que esse método traz para o professor maior flexibilidade nos conteúdos, pois a literatura é como parte dessa nova prática escolar, pois é nos livros que a criança se envolve em um mundo mágico e cheio de imaginação e ludicidade.

Foi também identificado que a literatura, como linguagem universal, é fundamental para contribuir com conhecimentos novos, desejos, necessidades por meio da leitura e que também o professor pode utilizar a interdisciplinaridade como ferramenta nova para desenvolver seus planos de aula e poder transitar entre os conteúdos de forma mais lúdica e espontânea, aplicando-os à medida que se evolui a história.

Observa-se, ainda, que é necessário que o professor domine os conteúdos e possa aplicá-los nas histórias, fábula, contos de fadas, parlendas, quadrinhas, e em um vocabulário ainda mais rebuscado e adequado para desenvolver seus planos de aula. Então, é na literatura que o professor encontra um modo diferente de falar da realidade para as crianças.

Essa criança, assim, passa a ser aluno e essa saída da pré-escola, onde lhe era oferecido cuidados e afetividade, agora é um lugar novo, com conteúdo diferentes, para organizar, codificar e desenvolver, levando mais uma vez a afirmação de que a literatura unida com a interdisciplinaridade faz com que esse aluno não perca essa inocência da infância, utilizando-se dessa prática como um caminho mais agradável, receptivo e acolhedor.

Nesse estudo pode-se verificar que não é difícil o professor usar todo sua intencionalidade para ensinar, e isso não vai lhe custar muito, pelo contrário, vai levá-lo a articular todo seu conhecimento e totalizá-lo em sua prática, propondo algo novo para os alunos. Cabe, assim, ao professor o dever de saber organizar os conhecimentos escolares, também os planos da proposta curricular, didáticos e pedagógicos. Se o professor não traçar objetivos metas e resultado quando abordar sua interdisciplinaridade escolar, ele não terá resultado almejado.

Por fim, a interdisciplinaridade e a literatura procuram juntos sanar o problema de como construir um plano de aula que unifique os conteúdos propostos no plano anual da escola, e simplicidade de se passar o conhecimento.

Destaca-se, que ensinar nada mais é do que desenvolver habilidades. O professor quando realmente entende isso, muda seus conceitos quanto a aplicar seus conteúdos, levando a esse aluno a chance de aprender.

Sendo assim, diante dos fatos relacionados, mais estudos são necessários para fortalecer as evidências positivas entre a interdisciplinaridade e a leitura no âmbito educacional.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação.  Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 e 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências.

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DANTAS, O. M. A. N. A.; MEDEIROS, J. L. O uso interdisciplinar da literatura infantil no processo de ensino e aprendizagem nos anos iniciais. EDUCERE, XII Congresso Nacional de Educação, Paraná, out. de 2015.

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ZILBERMAM, Regina, A Literatura Infantil na Escola. Editora Global,2003.

[1] Pós-graduação.

Enviado: Março, 2021.

Aprovado: Abril, 2021.

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