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Avaliação psicopedagógica de uma criança autista

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BARBOSA, Maria Jose de Sousa [1]

BARBOSA, Maria Jose de Sousa. Avaliação psicopedagógica de uma criança autista. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 03, Vol. 03, pp. 53-68. Março de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/avaliacao-psicopedagogica

RESUMO

O presente artigo retrata uma pesquisa-ação em que se pretende mostrar o relatório de uma observação clínica realizada na Clínica Psicopedagógica Fatech, em agosto de 2018. Tendo como principal objetivo analisar a avaliação do psicopedagogo da criança autista no atendimento pedagógico e seu desenvolvimento no ensino aprendizado a partir deste atendimento. Tendo como problemática averiguar se a intervenção Psicopedagógica a criança com Transtorno do Espectro Autista tem um retorno positivo no desenvolvimento intelectual, social, afetivo e corporal. O relatório está organizado, inicialmente, com um levantamento teórico, histórico e documental sobre diagnóstico do autismo. No segundo momento, apresentaremos o papel do psicopedagogo no atendimento ao aluno autista e os métodos, técnicas, recursos e avaliação da criança. Como resultados, observamos que o atendimento ao aluno autista constitui uma ferramenta pedagógica importante para avanço e desenvolvimento no ensino aprendizagem, bem como, intelectual, social, afetivo e corporal dessas crianças.

Palavras-chaves: Autismo, aprendizagem, ensino, desenvolvimento.

1. INTRODUÇÃO

O artigo a seguir é uma síntese de uma observação clínica realizada na Clínica Psicopedagógica Fatech, nos dia 20 a 24 de agosto de 2018, visando contribuir para aprendizagem e obtenção do certificado de especialista em Psicopedagogia pela Faculdade de Teologia e Ciência Humanas Centro de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão- FATECH, o qual teve como foco principal a observação de uma criança (A.P.M.D) autista de seis anos de idade com ênfase ao aprendizado escolar, através de atividades de desenhos, escrita, pintura, oralidade e etc. Foi realizado a anamnésia, questionário com família da menor, com intuito de melhor compreender as dificuldades enfrentadas tanto pela menor autista, como também pela família e do profissional Psicopedagogo que faz o atendimento desta criança.

Como se sabe o aluno/a que apresenta Transtorno do Espectro Autista faz parte da Educação inclusiva é uma das modalidade de educação escolar, conforme as políticas nacionais de inclusão escolar estão baseadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil (LDB, Lei 9394/1996). A lei supra citada define Educação Especial e garante o atendimento aos alunos que apresentam alguma deficiência, dentre as quais se destacam altas habilidades/super dotação, deficiências (mental, visual, surdez, física dentre outras) e condutas típicas que são os Transtorno de Déficit de Atenção- TDAH e que também têm transtornos de aprendizagem, dentro da subdivisão TDAH está o autista. Portanto, o mesmo tem direito legal ao atendimento educacional especializado.

Neste sentido, é um desafio para o psicopedagogo que trabalha no atendimento especializado com crianças que apresentam algum tipo de deficiência. Assim é preciso conhecer, entender e atender a diversidade presente em cada educando que compõe o ambiente escolar independentemente de cor, raça, o direito é de todos. Diante disso o objetivo e atuação do psicopedagogo é fundamental, pois para este profissional, é exigido amplo conhecimento sobre a neurociência cognitiva e o comportamento humano, a modularidade da mente e o processamento da informação, além de um amplo conhecimento dos diferentes planos, programas, mapas curriculares na educação.

Da mesma forma, o Psicopedagogo deve ter amplo conhecimento do grau específico de profissionalização neuropsicológica e didática dos diferentes processos de ensino-aprendizagem. Assim, a Psicopedagogia é a implementação da interdisciplinaridade, que inclui a educação, psicologia, pedagogia, neurociência cognitiva e comportamento humano, a fim de realizar um avanço qualitativo da infância a idade adulta.

A metodologia adotada na pesquisa foi qualitativa, com entrevista estruturada, história de vida e observação dos participante, além de uma pesquisa bibliográfica pautada em estudiosos que abordam a temática em tela como (SILVA, 2014), (SANTOS, 2017), (RODRIGUES, 2010) dentre outros, sustentando a investigação teórica em livros, artigos, dissertações e teses, tanto em meio impresso quanto eletrônico. Nesse intuito possibilitará a análise aprofundada acerca do tema já descrito.

Os objetivos da pesquisa são: Incentivar a igualdade de oportunidades para a criança autista, proporcionar educação personalizada de cada alunado, incentivar a participação, a solidariedade e a cooperação entre estudantes, melhorar a qualidade da educação e a eficácia do sistema educacional a partir da educação inclusiva e a acessibilidade a todos os envolvidos no processo de educação que vai do porteiro ao professor em sala de aula.

O trabalho tem como justificativa sob a premissa da necessidade de desenvolver um trabalho mais centrado no atendimento da criança autista que é atendida pelo psicopedagogo em escolas regulares de ensino e em clínicas especializadas que é o caso, onde foi desenvolvido a pesquisa em tela.

Em linhas gerais, o presente relatório está estruturado em subtopicos, sendo que no primeiro, foi destacado o desenvolvimento e Aspecto Cognitivo, Aspectos Pedagógicos, Aspectos Afetivos Sócias e Motores, Habilidades Sociais e Controle Emocional, Habilidades na comunicação, Habilidades de compreensão com ênfase ao autista que foi o foco da pesquisa.

2. SÍNTESE DIAGNOSTICA

Conforme a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 destaca o autismo sendo:

§ 1o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:

I – deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II – padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos

Como bem destacado na lei supra citada, o Autismo é uma condição neuro comportamental complexa que inclui prejuízos na interação social e na linguagem do desenvolvimento, e habilidades de comunicação combinadas com comportamentos rígidos e repetitivos. Por causa da variedade de sintomas, essa condição é chamada de transtorno do espectro do autismo.

A maioria das crianças com autismo têm dificuldade para se comunicar. Eles têm dificuldade em entender o que as outras pessoas pensam e sentem. Isso torna muito difícil para eles se expressarem com palavras ou através de gestos, expressões faciais e toques. A seguir será descrito o relatório feito na Clínica Psicopedagógica Fatech com a  aluna A.P.M.D que se encontra no 2º período do Educação Infantil conforme alguns aspectos do desenvolvimento.

2.1 ASPECTOS COGNITIVOS

A aluna A.P.M.D conforme a observação e constatado através das atividades encontra-se no nível pré-silábico, neste nível, a criança não estabelece semelhanças entre a escrita e a pronúncia e demonstra sua escrita através de desenhos, rabiscos e letras usadas aleatoriamente. A aluna identifica as letras do alfabeto com ajuda da professora e na ordem alfabética, se não estiver na ordem ela não consegue identificar nenhuma letra. Segundo Piaget um dos psicólogos e pesquisadores mais importantes da história, a qual se deve uma grande parte do que foi descoberto através da psicologia do desenvolvimento. Ele dedicou uma grande parte de sua vida a pesquisar a maneira pela qual o conhecimento desenvolve no meio ambiente, bem como os padrões de pensamento dependendo do estágio de crescimento em que se encontra, e é especialmente conhecido por ter proposto vários estágios de desenvolvimento cognitivo ao qual todos os seres humanos passam enquanto crescem.

A ideia apresentada por Jean Piaget é que, assim como o corpo evolui rapidamente durante os primeiros anos de vida, as capacidades mentais também evoluem através de uma série de fases qualitativamente diferenciadas. No entanto na criança autista é diferente, pois alguns apresentam um retardo no aprendizado e que as fases não se desenvolvem proporcionalmente conforme a idade certa, descrita por Piaget, os estágios não serão de forma padronizada, vai depender de cada criança autista e os estímulos que recebem para que possam se desenvolver.

Apresentou dificuldade com raciocínio lógico. Desta forma Silva (2014, p. 18) destaca que:

Em grande parte dos casos de autismo, os sintomas aparecem nos primeiros cinco anos de vida, mas é exatamente no final do segundo ano que se observa um desvio no nível de desenvolvimento esperado para essa idade, onde julga-se que pode estar associado a algum grau de retardo mental.

Possui habilidades na pintura, consegue diferenciar as cores primarias e domina os recortes. Consegue identificar as formas geométricas, além do mais sabe identificar o sistema de números em sua sequência e desordenados de 0 a 9. Consegue realizar atividade de encaixe com total domínio.  Em relação a expressão oral, a aluna A.P.M.D só consegue expor seus pensamentos mediante a estímulo da professora que já tem conhecimento da menina, como age e como fazer com que a mesma interage sem restrição. No entanto, com as pessoas que não conhece apresentou um pouco de receio de aproximação.

2.2 ASPECTOS PEDAGÓGICO

A aluna A.P.M.D apresentou acentuada dificuldade em lidar com situações de frustração, como por exemplo quando não conseguia fazer as atividades que a professora lhe passava, ela simplesmente desistia de tentar fazer de novo. Pessoas com Transtorno do Espectro Autista tendem a ter problemas com interação social e comunicação e não gostam do barulho.  Conforme a observação clínica a aluna  A.P.M.D não demonstrou problema em interagir com os colegas. No entanto demonstrou desinteresse nas tarefas que não conseguia fazer ou que tinha mais barreiras, além de apresentar algumas dificuldades em concentrar-se e atenção em algumas tarefas, também  teve dificuldade em obedecer as regras estabelecida pela professora que estava fazendo o atendimento da menor.

Em relação ao desenvolvimento da leitura e escrita, a menina identifica o alfabeto com ajuda da professora, como é possível observar no relatório feito pela professora. A menina também tenta fazer seu nome com tentativa frustrada. No conhecimento lógico-matemático percebeu-se que a A.P.M.D realizava a contagem oral, reconhecia e registrava todos os números de 0 até o 9 e também consegue identificar as figuras geométricas como triângulo, quadrado, retângulo. Desta forma (LORENA E CARALHO apud SANTOS, 2017, p. 111)

Na tarefa de auxiliar o aluno com TEA a compreender sua rotina, recursos visuais como cartões, ilustrações e fotos são sempre interessantes e o ideal é que sejam colocados na ordem em que vão acontecer. O uso desses recursos também é pertinente para fins comunicativos, afinal, nem sempre o aluno consegue externar suas vontades e necessidades, tampouco é capaz de compreender comandas e orientações que geralmente se mostram um pouco mais complexas exigindo certo grau de abstração.

Foi observado também que a aluna A.P.M.D apresenta uma série de problemas cognitivos (pensamento), raciocínio lógico, dificuldade em obedecer comandos e dificuldades comportamentais. Por exemplo, a aluna apresentou um déficit de hiperatividade (TDAH), ansiedade principalmente quando as atividade que lhe eram passadas e que lhe traziam prazer e que lhe proporcionava satisfação. Desta forma Rodrigues (2010, p. 80):

A criança autista exprime melhor a percepção visual do que a percepção auditiva durante as estimulações, responde a ela positivamente quando estimulada em ambientes organizados, ou seja, o funcionamento comportamental adaptativo do autista é consideravelmente melhor em condições estruturadas.

Vale ressaltar que, os alunos com Transtorno do Espectro do Autismo são alunos com necessidades educativas especiais e que apresentam um conjunto ou grupo de dificuldades, principalmente relacionados com o neurodesenvolvimento, cuja expressão mais frequente é dada no domínio cognitivo e aprendizagem da pessoa, e produz importante limitações na autonomia pessoal do sujeito afetado.

A pintura desenvolvida pela menor é limitada, consegue fazer desenhos simples, apesar de desenvolver a coordenação motora fina em diversas atividades.

2.3 ASPECTOS AFETIVOS SÓCIAS E MOTORES

A existência e manifestação de afetos qualitativos em torno da interação social, o aspecto comunicativo e a restrição e estereotipagem de uma série de atividades, interesses e comportamentos. Desta forma  (MOLLICA & SANTOS 2017 apud MONTE e PINTO, 2015, p.1) relatam da importância do afeto na vida da criança autista:

Quando a família verifica que possui um filho acometido pelo transtorno autista, essas expectativas de como será a criança, sua genética, personalidade, futuro, amor, medo e carinho, tornam-se mais intensa e confusa. Podem ocasionar comprometimento e mudanças em relação aos aspectos afetivos-emocionais dos pais e como consequência ocorrem prejuízos na psicodinâmica familiar.

Em observação na Clínica Psicopedagógico da FATECH, a aluna A.P.M.D apresentou aversão ao toque, afeto e carinho, não houve vinculação em relatos por parte materna da aluna com a figura da mãe. Não permitiu nenhuma interação com o grupo apesar das tentativas inúteis dos observadores em aproximar dela. Assim os autores (MOLLICA & SANTOS 2017 apud TEIXEIRA, 2016, p.36):

Por certo tempo acreditou-se que o autismo poderia ser ocasionado pela falta de afeto, negligência e até violência por parte da mãe. Esta teoria não é mais aceita visto que após muitas pesquisas científicas concluiu-se que a afetividade é importante para o desenvolvimento, mas nunca consequência da sua condição. “Antigamente, acreditava-se que as chamadas “mães geladeiras” seriam as causadoras do autismo infantil. O termo refere-se a mães que demonstravam pouco ou nenhum afeto em relação aos filhos, são negligentes e violentas”.

É fundamental que a família seja a primeira a desenvolver uma rotina de afeto, carinho e toques na criança autista, para que a mesma não crie aversão ao toque dos que estão ao redor ou até mesmo dos que convivem com ela, inclusive será mais fácil ter contato com outras crianças. Por isso é fundamental o diagnóstica o mais cedo que puder, para ser trabalhado todas essas deficiências na criança e para a mesma ter uma vida  mais normal possível.

Outro ponto analisado na clínica em relação a aluna A.P.M.D é que a mesma se encontra no processo de alfabetização I, não conhece o alfabeto de forma consistente, consegue repetir o mesmo com a ajuda de uma outra pessoa e precisa que o alfabeto esteja na ordem para não ter embaraço ao repetir, se não ela não consegue. Também tenta fazer seu nome, apesar de não conhecer as letras.

A menina apresentou dificuldade em manter a atenção, foco nas atividades, se não tem interesse na atividade pedagógica, ela simplesmente não fazia, desistia rápido. Mesmo com evidente dificuldade de comunicação, A.P.M.D não se isolou foi bem interativa nas atividades propostas, participando das atividades lúdicas (jogos, desenho e pintura, dentre outras). Apresentou em diversas vezes comportamento motor estereotipado e bastante repetitivo, movimentando dedos e/ou mãos, rindo sozinha e evitando contato visual.  Esse comportamento é descrito pelos autores (PAPIM & SANCHES, 2013 apud SILVA, 2012, p. 39- 40) que definem sendo:

Os comportamentos motores estereotipados e repetitivos, como pular, balançar o corpo e/ou as mãos, bater palmas, agitar ou torcer os dedos e fazer caretas, são sempre realizados da mesma maneira e alguns pais até relatam que observam algumas manias na criança que desenvolve tais comportamentos. […] os comportamentos disruptivos cognitivos, tais como compulsões, rituais e rotinas, insistência, mesmice e interesses circunscritos que são caracterizados por uma aderência rígida a alguma regra ou necessidade de ter as coisas somente por tê-las.

Os movimentos repetitivos dos autistas é uma forma de controlar sua ansiedade e estresse por estar em ambientes desconhecidos com pessoas desconhecidas ou por estar irritado com alguma coisa.

2.3.1 HABILIDADES SOCIAIS E CONTROLE EMOCIONAL

A frustração é o sentimento de tristeza, decepção e desapontamento diante da impossibilidade de satisfazer uma necessidade ou desejo. Todos as pessoas ao longa da vida experimentam esse sentimento, mas normalmente tem ferramentas motivacionais e emocionais que ajuda a administrá-l, sim deve ser também na vida dos autistas, a frustração não deve ser uma parada mas um recomeço. Outro ponto é a questão do esterótipo apresentado nas pessoas que tem autismo, alguns são intensos. Assim na habilidade social fazem movimentos repetitivos e sem nexo e conforme o autor (CASTRO 2012 apud SCHUWARTZMAN, 2003, p. 25)  descreve a respeito desse comportamento e característica da maioria dos autistas:

Podem ficar brincando por horas com uma das rodas de um carrinho, sem, contudo, brincar com o carrinho como seria de se esperar. Podem ficar imersos em movimentos corporais repetitivos tais como ficar girando, dando pulinhos, abanando as mãos, passando as mãos com os dedos entre abertos entre os olhos etc.,

Em relação as habilidades sociais a aluna A.P.M.D demonstrou sentimento de raiva, desânimo, frustrações diante de atividades que não conseguiu realizar na clínica. Mas conformes relatos da professora a menina não tem problemas de relacionamento, que interage muito bem aos estímulos proporcionado a ela. Conforme (LÔ E GOERL apud BARBOSA, 2002, p. 14):

Nos descreve que: As reações fisiológicas produzidas pelos sentimentos são causadas pelo sistema nervoso central e autônomo, e pelas glândulas endócrinas. O sistema nervoso central desperta, regula e integra respostas de emoção, sendo que o córtex cerebral está envolvido na identificação, avaliação e tomada de decisão e ainda é responsável pela resposta que seguirá o sentimento […].

Existe um mito de que crianças com autismo têm pouca ou nenhuma emoção. Nada poderia estar mais longe da verdade. As crianças com autismo podem se tornar emocionais por diferentes razões ou expressar suas emoções de maneira diferente, mas têm tantos sentimentos quanto qualquer outra pessoa. Em alguns casos, as crianças com autismo podem ser ainda mais emocionais do que alguns de seus pares típicos.

2.3.2 HABILIDADES NA COMUNICAÇÃO

Nem todas as crianças com transtorno do espectro autista terá problema de linguagem. A habilidade da criança para se comunicar varia, dependendo da seu desenvolvimento intelectual e social. Algumas crianças não podem falar. Outros têm um vocabulário mais amplo e pode falar sobre tópicos específicos com muito detalhe. Na maior parte, as crianças que têm um transtorno do espectro autista não tem problemas com a pronúncia das palavras, ou se as tiverem, é pequena. conforme a autora (FRAGA, 2009, p.6,) esclarece que:

Na área da linguagem e comunicação, as dificuldades mais comuns são: a comunicação verbal precoce limitada; dificuldade para compreender mímica, gestualidade e fala; ausência ou falha no jogo de faz- de conta e imitação social; atraso ou ausência do desenvolvimento da linguagem verbal; linguagem ecolálica; uso restrito e estereotipado da linguagem e inversão pronominal.

No entanto, a maioria tem dificuldade com o uso linguagem eficaz, especialmente quando se fala com as outras pessoas. Muitos têm problemas com o significado e o ritmo de palavras e frases quando muito complexo e com conceitos abstratos. Além disso, é possível que não consigo entender a linguagem corporal e as nuances de tom de voz.

Em relação a aluna A.P.M.D apresentou  dificuldade na fala, o tom de sua fala é baixo e dificuldade na emissão de pronunciar algumas palavras e compreensão das mesmas. Assim, (MELLO, 2007, p.20-21) declara que:

Caracterizada pela dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal. Portanto, dentro da grande variação possível na severidade do autismo, poderemos encontrar uma criança sem linguagem verbal e com dificuldade na comunicação por qualquer outra via – isto inclui ausência de uso de gestos ou um uso muito precário dos mesmos; ausência de expressão facial ou expressão facial incompreensível para os outros e assim por diante – como podemos, igualmente, encontrar crianças que apresentam linguagem verbal, porém esta é repetitiva e não comunicativa.

Em crianças com esses distúrbios, a capacidade de comunicação varia, e o uso da linguagem depende do seu desenvolvimento intelectual e social. Algumas crianças com esses distúrbios não conseguem se comunicar usando a fala ou a linguagem, e algumas podem ter habilidades linguísticas muito limitadas que é o caso da A.P.M.D . Outros têm um amplo vocabulário e podem falar sobre tópicos específicos em grande detalhe. Muitos têm problemas com o significado e ritmo das palavras e frases. Além disso, eles podem não conseguir entender a linguagem corporal e o significado de diferentes tons de voz.

Desta forma (FAVERO & SANTOS p.5, 2005)

A comunicação é um aspecto especialmente afetado no quadro do autismo e que, com frequência, apresenta-se severamente prejudicada. O desenvolvimento inicial da linguagem nas crianças autistas é caracterizado pela demora no início da fala ou pela falta de progresso (com possibilidade de regressão) após a aquisição inicial da linguagem.

O Autismo tem gravidade de uma deficiência que limita a vida normal a uma incapacidade devastadora que pode exigir cuidados institucionais. Para entender o desenvolvimento da criança autista, primeiramente deve-se entender as fases de desenvolvimento da criança, principalmente na primeira infância que é a fase que a criança está conhecendo e interagindo com o mundo.

Linguagem repetitiva ou rígida. É comum ver que crianças com um transtorno do espectro do autismo falam e dizem coisas sem sentido ou sem relação com a conversa que estão tendo. Por exemplo, a criança conta de um a cinco repetidamente em uma conversa que não é sobre números.

2.3.3 HABILIDADES DE COMPREENSÃO

Conforme pesquisas e constatado cientificamente, algumas crianças com autismo gostam de manter a mesma rotina e pequenas mudanças podem desencadear birras. No entanto, conforme a observação a pequena A.P.M.D não demonstrou dificuldade em mudar a rotina, fazia as diferentes atividades que a ela eram proporcionadas e isso não causava desconfortos.

Pessoas com autismo sem deficiência intelectual têm maior dificuldade em compreender e aprender normas por imitação e no generalização destes para diferentes contextos ou com pessoas diferentes. As dificuldades “aparentes” em seu comportamento social respondem, na maioria das vezes, à sua incompreensão das expectativas que têm tanto o contexto como o comportamento das pessoas. De acordo com o autor (BARACK, 1992, p 324) descreve a respeito da deficiência intelectual  que também refere a habilidade de compreensão que acompanha as pessoas autista:

[…] o autismo tem sido, nos últimos anos, enfocado sob a ótica desenvolvimentista, sendo relacionado à deficiência mental uma vez que cerca de 70 a 80% das pessoas com autismo o são. No entanto, pela penetração e abrangência dos conceitos, somos obrigados a nos reter ao autismo a partir de sua constelação comportamental, para que possa ser explorado minuciosamente e para que possam ser estabelecidas conexões causais dentro das possibilidades atuais.

No caso da aluna A.P.M.D apresenta grande dificuldade em aprender normas por imitação e no generalização destes para diferentes contextos ou com pessoas diferentes .

3. PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO ATENDIMENTO A ALUNO AUTISTA E OS MÉTODOS, TÉCNICAS, RECURSOS E AVALIAÇÃO DA CRIANÇA AUTISTA

Uma das tarefas fundamentais dos especialistas e professores responsáveis ​​pela educação de crianças com Transtornos do Espectro do Autismo é a realização do diagnóstico psicopedagógico; este é um desafio para os profissionais a ser necessário encontrar formas de reunir tanta informação quanto possível sobre cada criança, e é o ponto de partida para a concepção e implementação de estratégias de intervenção psicoeducacional. Conforme o Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 1o, traz a definição do que é o Psicopedagogia como:

 (…) Um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio, família, escola e sociedade no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.

A Psicopedagogia tem como premissa em atender a uma demanda específica e auxiliar na superação e dificuldades encontradas não ensino aprendizagem, atuando de forma preventiva e terapêutica. Os objetivos gerais das estratégias do atendimento em crianças autistas devem ser destinados a atingir os seguintes objetivos:

Maximize a autonomia e a independência pessoal da criança autista, desenvolva o autocontrole de seu comportamento e sua adaptação ao meio ambiente, melhorar as habilidades sociais dos alunos, promovendo sua capacidade de desenvolver-se no ambiente e compreender e seguir as normas, chaves e convenções sociais e emocionais., desenvolver estratégias de comunicação funcional, espontânea e generalizada, incentivar a intenção comunicativa e a reciprocidade na comunicação, desenvolver processos cognitivos básicos, como pensamento abstrato, atenção e memória.

Alem disso, deve – se fazer uma adaptação Curricular,  com base nesses objetivos, a equipe de atendimento dessas crianças deve fazer uma adaptação personalizada do currículo com base em vários aspectos dentre os quais estão:   O grau e tipo de autismo do aluno e suas características e potencialidades, as possibilidades de desenvolvimento funcional de cada criança, a evolução do aluno dentre outros.

Desta forma atividades voltadas para crianças autistas devem ser muito funcionais, bem organizadas e estruturadas, destacando-se por sua clareza e simplicidade. Com relação aos materiais, deve-se tomar cuidado para que eles, individualmente, mostrem à criança as tarefas que deve executar. Os suportes visuais (desenhos, fotos, cartazes) são muito úteis em crianças autistas como um guia e elemento não apenas lembrete, mas também reforço motivacional de ações e tarefas diárias.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desenvolvida com requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Psicopedagogo, tem como tema “Avaliação Psicopedagógico de uma Criança Autista” serviu de suporte para minha especialização, bem como analisar as práticas metodológicas desenvolvidas na referida instituição de ensino, mais especificamente na sala de atendimento especializado.

Enfim, chegou ao último ponto deste trabalho, é hora de tirar conclusões e refletir sobre o que é expresso sobre o autismo. Em primeiro lugar deve-se notar a extensão da doença, e que em muito diferentes casos quase poderia passar despercebida e alguns nem são diagnosticados.

Outro aspecto que deve ser destacado pela dependência do sucesso ou fracasso do processo, a necessidade de um elevado nível de especialização dos profissionais envolvidos e a importância de estabelecer diagnósticos e intervenções de um nível interdisciplinar, dada a complexidade do processo. Além disso, o diagnóstico precoce e inovações em relação a terapias e técnicas estão levando a melhores resultados na intervenção com esses alunos, especialmente quando se trabalha em conjunto com a família e formá-los e se preparar para o tratamento adequado de seus filhos, e o uso de alguns tratamentos de droga em alguns casos, não como uma única intervenção, mas como um complemento, melhorar determinados comportamentos presentes em alguns autistas, tais como ansiedade, agressividade, depressão dentre outros e, portanto, para colaborar estabilidade emocional do sujeito.

Centrando-se no caso proposto sobre o qual é projetado intervenção especificamente, a sua realização ou o sucesso seria baseada em alcançar os objetivos uma vez aplicado intervenção para a realidade, para que o processo de ternos de aprendizagem e características e necessidades do aluno, que atividades, ambientes, estratégias eficazes e metodologias tendo em conta seu estilo de aprendizagem, que funciona por meio da interdisciplinaridade, coordenação, comunicação e formação adequada no modelo são planejadas, intervenção abrangente dos diferentes atores envolvidos na educação do aluno, incluindo como parte do processo para a família, e estabelecer um monitoramento e avaliação periódica do processo, adaptando-o às características da criança em cada momento da sua escolaridade, seriam os indicadores principal que a intervenção proposta foi adequada e eficaz, e se realizada como proposto neste trabalho, os objetivos provavelmente seria alcançado, uma vez que cada um deles foi tomado em consideração no desenvolvimento a intervenção, sendo intencionalmente planejado todo o processo e sem deixar espaço, para intervenções aleatórias ou não pensadas anteriormente.

Durante o contato com a aluna A.P.M.D clínica os envolvidos na pesquisa, observou-se que ela sentia mais atrativa e motivada para fazer as atividades quando o professor interagia com ela. Neste sentido, a escola precisa ter professores bem preparados, que tenham noções acerca de como a aprendizagem do aluno com necessidades especiais se dá, para que sabiamente ensinem os alunos de forma prazerosa. Neste enfoque, o professor sempre deve inteirar-se de informações e recursos que venham a subsidiar seu trabalho para que seus alunos se sintam atraídos pelo mundo escolar.

Verificou-se também, que o cotidiano com a prática em relação ao atendimento com aluno autista é desafiador e complexo, porém quando existe uma equipe empenhada em trabalhar em harmonia, os objetivos ocorrem de maneira satisfatória. Dessa forma, ressalta-se a importância desta pesquisa para que através da educação especial e do atendimento psicopedagógico sejam conhecidos e que possam minimizados ao máximo as barreiras encontradas pelo autista na sociedade.

5. REFERÊNCIAS

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[1] Especialista em Educação Especial e Inclusiva pela IBEPEX. Pedagoga formada pela Universidade do Estado do Amapá – UEAP, Advogada Formada pela Faculdade de Macapá- FAMA.

Enviado: Fevereiro, 2020.

Aprovado: Março, 2020.

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Maria Jose de Sousa Barbosa

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