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O lúdico na Educação Infantil: Jogar, brincar, uma forma de educar

RC: 57373
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

COSTA, Maria Cristiane Alves [1], MODESTO, Kezia Maria [2], LOPES, Fabiana Araújo Vanin [3], AMARAL, Nair Delgado do [4], COSTA, Diane Alves [5], LIMA, Lucia Maria de [6]

COSTA, Maria Cristiane Alves. Et al. O lúdico na Educação Infantil: Jogar, brincar, uma forma de educar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 08, Vol. 04, pp. 173-187. Agosto de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/jogar-brincar

RESUMO

A brincadeira é uma forma de aprendizado na educação infantil, como já faz parte do cotidiano das crianças também é uma necessidade dos indivíduos. Este trabalho aborda e ao mesmo tempo defende a ludicidade na educação, principalmente nesse nível de ensino. Tem o objetivo de entender a importância da ludicidade, nos processos de aprendizagem das crianças pequenas. Para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa, se utilizando de estudos teóricos, entre eles Ariès, Vygotsky Kishimoto, Huizinga, Almeida, Fantacholli e outros. Entre os muitos resultados desta pesquisa ficou claro que a ludicidade deve fazer parte do trabalho, dos métodos e recursos dos docentes. É preciso compreender a influência da ludicidade na educação infantil, entender como uma criança aprende através de brincadeiras e jogos, e como isso pode favorecer seu desenvolvimento. O lúdico pode ser um importante recurso na aprendizagem influenciando também o lado afetivo, cognitivo e social da criança. Conclui-se  que a ludicidade é fundamental no ambiente escolar e também para que alunos possam desenvolver um melhor convívio afetivo e social, tanto com colegas de sala como com a família e toda a sociedade. A forma lúdica de ensinar é uma possibilidade nas práticas de aprendizagem, onde podem existir a criação e o respeito às regras, a ação de pensar, a conquista da autonomia e da felicidade.

Palavras chave: Educação infantil, brincar, aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por finalidade colaborar com a discussão e reflexão da importância do brincar no âmbito da educação infantil, tendo como objetivo central analisar de que forma o brincar auxilia a criança no processo de ensino e aprendizagem e como os métodos lúdicos pedagógicos contribuem para o desenvolvimento infantil, e qual a contribuição do lúdico na construção e aquisição do conhecimento, bem como, compreender as concepções de criança e infância, e como esses conceitos foram construídos historicamente, apresentar a contribuição do lúdico para o aprendizado infantil e qual sua importância para o desenvolvimento da criança, enfatizando sua relevância em sala de aula, compreender, conceituar e diferenciar os jogos, brinquedos e brincadeiras, termos frequentemente utilizados como sinônimos, porém possuem conceitos totalmente diferentes e entender o significado do brincar para a criança.

Atualmente muitas  brincadeiras são  utilizadas para o desenvolvimento da aprendizagem na criança e são muitos os estudos, pesquisas e projetos desenvolvidos com o intuito de verificar a importância, a contribuição, a forma de se trabalhar pedagogicamente a lúdico no desenvolvimento infantil.

Neste sentido   o lúdico voltado ao educar pode promover grande eficácia em relação da aprendizagem de conteúdo, sem dúvidas é um método que merece importância e pesquisas a seu respeito na Educação Infantil. (ARANTES, BARBOSA, 2017)

E na infância  que as brincadeiras passam a ter sentido  e que através delas a criança passa a ter satisfação em  seus interesses, necessidades e desejos particulares pois, expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo.  Diante disto o lúdico é uma das  maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades escolares, pois, a brincadeira é essencial para as criança, é a sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca,  as técnicas lúdicas fazem com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento. (DALLABONA E MENDES, 2004)

Do mesmo modo, a escolha do tema em questão justifica-se pelo fato de buscarmos entender de que forma o ato de brincar influência no desenvolvimento e no aprendizado infantil, pois há pouco tempo às crianças não eram vistas como um ser em constante desenvolvimento e aprendizado, mas sim como adultos em miniatura.

O presente trabalho aborda a questão do lúdico na educação infantil e trata-se de uma pesquisa baseada em estudos bibliográficos e qualitativos. Foram estudados alguns autores que descrevem sobre o tema. Os resultados da referida pesquisa se encontram no corpo do trabalho, distribuídos em seus capítulos e na conclusão final. É destacada ainda a importância dos jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem e o papel da ludicidade nos processos ensino.

Entretanto é importante que os profissionais da educação tenham conhecimentos sobre o lúdico e saibam como aplicá-lo pedagogicamente. É o professor quem sabe como é a rotina de uma instituição escolar, que irá oportunizar um ambiente propício à educação e, consequentemente, às brincadeiras em todos os sentidos. Desse modo, o lúdico na Educação Infantil, possibilita nas crianças mais vida, prazer e significado, para continuarem ampliando seu repertório intelectual, mesmo quando estão brincando.

Portanto brincar, divertir-se, significa prazer, alegria, satisfação e se trabalhada pedagogicamente, obter-se-á resultados satisfatórios na sua aprendizagem, pois, a criança se interessará pelo o que está lhe sendo proposto e exposto no processo de ensino-aprendizagem.

2. CONCEITO E HISTÓRICO DE LUDICIDADE

Por muitos séculos, a criança não era vista e respeitada como é hoje, e muito menos se sabia distinguir o período compreendido como infância. Em seu livro, Philippe Ariès, historiador francês, afirma que desde a antiguidade as crianças e os jovens eram marginalizados. O período compreendido como infância não existia, as crianças nasciam e com poucos anos de vida já eram misturadas aos adultos, tornando-se adultos em miniaturas, o amor existia, porém de forma superficial, a passagem desse ser era “breve e insignificante” Ariès (1986), no qual não havia tempo nem razão para se apegar ou demonstrar afeto.

O aprendizado acontecia devido às interações e o relacionamento que tinham com os adultos, era transmitido através da ajuda que as crianças forneciam em seus afazeres. Não se tinha a preocupação de escolarizar essas crianças, não havia importância naquela época, com essa fase, compreendida pelo autor como um sentimento de consciência de que a criança possui necessidades, diferenças e particularidades totalmente diferentes do adulto, elas se expressam e interagem de forma única, para tanto Ariès (1986), afirma que “o sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto”. (ARIÉS, 1986, p.20)

Esse sentimento é sentido e demonstrado em relação à criança, é o cuidado, a atenção e a preocupação com o seu bem-estar e seu desenvolvimento. Desse modo, se a criança por séculos foi marginalizada e considerada um ser sem importância e invisível, nos dias atuais, ela é aceita e respeitada em suas especialidades e peculiaridades, possui identidade tanto pessoal quanto histórica.

E foi a partir da mudança desses princípios que a visão de criança é constatada como sendo historicamente construída. Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI 2012), nos apresenta a criança como um “sujeito histórico e de direitos que, nas interações e prática cotidiana que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva”.

Para tanto, a criança atualmente é vista como um ser atuante que possui cultura e história possui um jeito único e próprio de ser, tem sentimentos, desejos e curiosidades, onde se torna protagonista de suas ações, possui uma natureza singular compreendida e entendida somente por ela mesma.

A criança, como ser gerador do seu próprio conhecimento, não recebe as informações conforme são transmitidas, elas dão novos significados a essas informações a partir das interações que têm com os adultos e somente após ressignificar essas informações é que elas são entendidas e compreendidas por esses sujeitos.

Portanto, a criança possui necessidades, diferenças e particularidades, elas se expressam e interagem de forma única, ou seja, a criança é produtora de sua própria cultura, a cultura infantil. Para Lomenso (2008), visto que, o brincar é inerente à infância e a cultura infantil, pois “brincar é uma atividade aprendida na cultura, que possibilita que elas se constituíam como sujeitos em um ambiente em contínua mudança, onde ocorre constante aquisição de conhecimento e valores.” (LOMENSO, 2008, p.15)

Desse modo, Almeida (2012 apud LOMENSO, 2008) aponta que “dentre as inúmeras possibilidades de produzir cultura, um dos meios mais presentes na vida da criança é o brincar. É brincando que a criança recria o que entende do mundo e transforma em cultura lúdica”. (LOMENSO, 2008, p.16)

Assim, a criança é um sujeito em constante desenvolvimento capaz de pensar e agir de maneira muito particular. Ela consegue dar novos significados ao mundo em sua volta, isso é próprio de sua natureza. É produtora de sua própria cultura, e essa cultura é legitimada através do brincar.

Segundo Gilles Brougère (1998), a cultura lúdica “são todos os elementos da vida e todos os recursos à disposição das crianças, que permitem construir um segundo grau”, ou seja, o faz de conta, onde a criança vive situações imaginárias. Já para Kishimoto (2010),

[…]é o amplo conhecimento adquirido através das brincadeiras, ou seja, é um conhecimento específico das crianças que brincam, e é fundamental que ela adquira essa bagagem de informações lúdicas, pois é isso que a tornará um ser brincante ativo.(KISHIMOTO, 2010, p.30)

Pode-se perceber que o brincar, se ele qual for tem poder de transformar a vida da criança e fazer com ela se sinta feliz, tenha entusiasmo para aprender sempre mais e coragem para enfrentar desafios.

Nesse caso a cultura lúdica Brougère (1998) menciona que pode ser entendida  como um conjunto de regras que tornam o jogo possível , ou seja, são significações ou interpretações imaginárias que as crianças criam para que jogo faça sentido, e quanto mais a criança brinca, mais ela se apropria dessa cultura, pois é somente através do brincar que a criança adquiri referências e interpretações necessárias para poder discernir o que é ou não um jogo.

Contudo, é somente a partir da aquisição dessa cultura que a criança compreende os esquemas e as estruturas do jogo. A cultura lúdica pode diversificar-se, pois ela muda de acordo com o lugar e a cultura onde a criança está inserida, isto é, as culturas lúdicas encontradas no Brasil são completamente diferentes das culturas encontradas em outros países, até mesmo em nosso país dependendo da região, as culturas lúdicas podem diferenciar-se.

Os primeiros anos de vida de uma criança são nitidamente marcados por muitas descobertas, conquistas e transformações e é aos poucos que elas começam a entender o mundo e tudo o que as cercam, onde aprendem a lidar consigo e com os outros. E essas descobertas são legitimadas através do brincar, uma atividade tão normal e natural, inerente à criança e a infância.  O brincar é tão importante que sempre fez parte da vida do ser humano, todos nós brincamos um dia, mesmo que de forma inconsciente o brincar sempre fez e fará parte de nossas vidas. (KISHIMOTO, 2010)

Na ação de brincar três termos são corriqueiramente usados, porém possuem significados opostos, os jogos os brinquedos e as brincadeiras são frequentemente citados como sinônimos, e como dito não são, possuem definições distintas.

3. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL DA CRIANÇA

O jogo, para Kishimoto (1998) “denomina – se jogo, situações como disputar uma partida de xadrez, um gato que empurra uma bola de lã, um tabuleiro, com piões e uma criança que brinca com boneca”, então o jogo pode ser definido como uma ação e as estratégias desempenhadas pelo brincante. Huizinga (1951) descreve o jogo como “elemento da cultura” da criança ou da pessoa que brinca para ele o jogo está relacionado aos aspectos sociais nos quais pertenças. O autor também destaca algumas características presente no jogo, o prazer e a liberdade oferecida por ele, o caráter não sério e a existência de regras.

Já o termo brincadeira para Kishimoto (1998), “como descrição de uma conduta estruturada com regras”, isto é, é a ação de brincar, ideia de movimento estruturado por regras, ela pode ser tanto coletiva quanto individual, há a existência de regras, porém isso não limita a criança de poder modifica-las.

Campagne apud Kishimoto (1998) descreve o brinquedo como “o suporte da brincadeira, quer seja concreto ou ideológico, concebido ou simplesmente utilizado como tal”, ou seja, o brinquedo aqui é definido como um objeto industrializado ou não, servindo como auxilio para que a brincadeira aconteça. O brinquedo é constantemente confundido com o jogo, aquele seria um objeto, um suporte ou auxilio para a brincadeira, já este seria a ação ou o ato de jogar, possuindo regras e estruturas para poder ser executado. Portanto, jogos brincadeiras e brinquedos, possuem conceitos e definições distintas, mesmo que no dicionário as definições sejam iguais, porém os estudiosos defendem teses que provam que esses conceitos não podem e não devem ser usados como sinônimos.

O brincar é uma ação livre da criança, pode acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar, é uma rotina na vida desse sujeito. É através do brincar que a criança se expressa, aprende e se desenvolve. É brincando que ela satisfaz as necessidades que surgem no seu cotidiano, para ela as atividades com brincadeiras, além de serem muito prazerosas, é a forma no qual ela se expressa, como ela ordena seus pensamentos, organiza e desorganiza, constrói e reconstrói seu mundo. (KISHIMOTO, 2010)

Nessa perspectiva, o brincar, de acordo com Wajskop (1994) é “uma forma de atividade social infantil, cujo aspecto imaginativo e diverso do significado cotidiano da vida fornece uma oportunidade educativa única para as crianças”, já que, é nos jogos/brincadeiras que a criança pode criar e viver novas situações, experimentar nova possibilidades, descobrir, inventar, viver o impossível, fazer do irreal tornar-se real.

Já do ponto de vista pedagógico, o brincar efetivado através de brincadeiras segundo Vygotsky (1998) traz “vantagens sociais, cognitivas e afetivas na medida em que, ela se comporta além do comportamento habitual para sua idade”, ou seja, o brincar também é um processo psicológico, pois ele envolve complexos processos de articulação entre o já dado e o novo, entre a experiência, memória, imaginação e entre a realidade e a fantasia.

Portanto, a brincadeira é indispensável para o desenvolvimento infantil, uma vez que a criança pode transformar e produzir novos significados. O brincar não só necessita de muitas aprendizagens, mas também estabelece um espaço de aprendizagem, e para que essa aprendizagem seja legitimada é preciso um ambiente que seja planejado e organizado, atendendo as necessidades e peculiaridades das crianças. (NEIVA, 2005)

Logo, o brincar é essencial para a criança, e pode ser considerada uma forma de linguagem, um modo de expressão, pois é através do ato de brincar que ela revela seus mais profundos anseios e vontades, visto que o brincar não é somente uma distração ou passatempo que é através dos jogos, brinquedos e brincadeiras que a criança se desenvolve e aprende.

Para Neiva (2005), “o brincar é uma forma de linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo, com o outro e com o mundo” é através dos jogos, brinquedos e brincadeiras que a criança vai construindo seu mundo, seu conhecimento sobre a realidade em que vive.

É por meio dos jogos que a criança pode ir percebendo-se como individuo, criando sua própria identidade e construindo seu próprio pensamento, ou seja, Neiva (2005) “a criança vê o mundo através do brinquedo”. Então, o brincar para a criança é bem mais que diversão, é algo sério, que possui significado, elas não brincam somente por brincar, elas necessitam brincar, pois se não existissem os jogos seria muito difícil para a criança se expressar, porque elas utilizam dessa ferramenta não somente para se divertir, mas para também se expressar, tanto que, muitas crianças revelam e se comunicar através de desenhos.

Desse modo, Kishimoto (2010) afirma que “o brincar é a atividade principal do dia a dia da criança”, elas brincam porque gostam de brincar, pois desde muito pequena, logo nos primeiros meses de vida, tudo o que ela aprende ou vive se resume em brincadeira, tanto que a sua primeira experiência como brincante acontece ainda bebê.

Portanto, o brincar para a criança, não é somente diversão, as brincadeiras e os jogos fazem parte de sua vida e de sua infância, negar o direito e a espontaneidade do brincar para a criança, seria como não deixar que ela cresça ou se desenvolva, pois, a vida e a infância de uma criança se resumem em brincar e é brincando que ela vive e aprende.

Para Simon; Alberici; Moraes (2015), “o brincar desempenha um papel importante na socialização e interação da criança, permitindo que a criança aprenda a compartilhar, cooperar, a comunicar-se, desenvolver a noção de respeite um pelo outro”. Tanto que a importância do brincar no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança, vem sendo explorado no campo científico, com o objetivo de estudar e identificar as relações com o desenvolvimento e construção da aprendizagem das crianças. Pois, para Oliveira (2000) apud Fantacholi (2009) “é através do ato de brincar que as crianças desenvolvem o esquema corporal, a coordenação motora fina, e ainda ajuda a desenvolver o equilíbrio mental”, ajudando também a criança ter paciência.

Assim, Kishimoto (2002) salienta que, “o brincar, tem prioridade das crianças que possuem flexibilidade para ensaiar novas combinações de ideias e de comportamentos”. É no brincar, que a criança desenvolve também a consciência das palavras para a leitura e escrita. O brincar estimula ainda, a aquisição e o desenvolvimento léxico, levando a organização do pensamento na elaboração da linguagem oral e o processo cognitivo, aumentando assim o seu vocabulário. Portanto, para Vygotsky (1991) apud Santos (2013) “o brincar é essencial para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois os processos de simbolização as levam ao pensamento abstrato”.

Oliveira (2000) apud Fantacholi (2009, p. 02) destaca que, a “brincadeira é uma forma de divertimento das crianças na infância, ela deve fazer parte do cotidiano da criança desde cedo”, principalmente no ambiente familiar, para que elas possam ter um desenvolvimento motor e social sadio. Através das brincadeiras que as crianças se relacionam com colegas e descobrem o mundo à sua volta, desenvolvendo a capacidade mental e corporal. É muito importante o ambiente escolar estar organizado com mobiliários e profissionais adequados para melhor atender as crianças independente de suas formas e culturas, tratando-as com igualdades e respeito as suas diferenças.

Nesse sentido, Santos (2013) afirma que as instituições de educação infantil precisam  se basear em métodos  lúdicos , para que a criança possa ser motivada, ou seja, para que o ambiente escolar se torne um lugar lúdico, estimulador, rico em variedades de brincadeiras e jogos, onde o aluno possa explorar e ampliar todos os níveis de conhecimentos e também possa satisfazer suas necessidades.

Assim, esse  as instituições infantis deve  proporcionar interações entre alunos e entre alunos-professores, propicie a imaginação, aventuras, segurança, aprendizagem, enfim, que promova o desenvolvimento físico, emocional, intelectual, social e cultural. Como afirma o documento:

[…] visando construir o ambiente físico destinado à Educação Infantil, promotor de aventuras, descobertas, criatividade, desafios, aprendizagem e que facilite a interação criança-criança, criança-adultos e meio ambiente. O espaço lúdico infantil deve ser dinâmico, vivo, “brincável”, explorável, transformável e acessível para todos. (Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil, 2006, p.8).

Portanto, este espaço deve ser acima de tudo, um local em que as crianças podem ser vistas como seres que necessitam de cuidados e um ambiente que promova a aprendizagem. Desse modo, refletir sobre o que priorizar na construção de um ambiente educacional é de grande relevância para a Educação.

4. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O LÚDICO

Então, os professores de educação infantil, precisam promover, dentro de sala de aula, uma aprendizagem que englobe todas as necessidades das crianças. Uma vez que, a brincadeira é uma ferramenta muito importante para a criança aprender estabelecendo relações com o meio, ela necessita dessa atividade diariamente, visto que, ela desenvolve suas habilidades, criatividade e estimula a sua concentração, é enquanto brinca que a criança aprende livremente.

Vygotsky (1991) apud Cordazzo e Vieira (2007), também afirma que a “brincadeira mesmo sendo livre e não estruturada, possui regra. Todo tipo de brincadeira está embutida de regras até mesmo o faz-de-conta”, logo, quando uma criança brinca de ser mamãe com suas bonecas, ela assume comportamentos e posturas pré-estabelecidas pelo seu conhecimento de figura maternal. Portanto, a brincadeira é essencial para o aprendizado e desenvolvimento da criança como individuo com interação social.

Oliveira (2012) destaca que, os jogos servem para as crianças se apropriarem do conhecimento e é importante, além de auxiliar na autonomia na socialização e na interação da criança com o meio. É por meio dos jogos que a criança fantasia, imita os adultos e adquire experiência para a vida adulta. Nesse sentido, Fantacholi (2009) acrescenta que é por meio do  ato que de brincar  a criança reproduz  seu cotidiano e assim  possibilita processo de aprendizagem da criança através da reflexão, da autonomia e da criatividade,  contribuindo para uma relação  direta  entre jogo e aprendizagem.

Assim, o jogar pode ser usado como ferramenta para ensinar e aprender, em qualquer jogo, sempre é utilizado uma situação imaginaria. A imaginação é a primeira manifestação da criança em relação às restrições situacionais.

Os jogos educativos facilitam a aprendizagem das crianças, com o auxilio dos familiares e educadores, o processo se torna viável ao desenvolvimento da criança, é através dos jogos que a criança estimula e tem noção motora, a motricidade, a coordenação viso-motora, controle de força e direção, principalmente estabelecendo o equilíbrio da criança no seu crescimento.

Logo, o brincar e o jogar, são ferramentas de ensino na educação, tornando-se um estimulador da construção do pensamento e da autonomia, por isso o jogo tem um papel pedagógico extremamente importante, por acreditar que ele possibilita o desenvolvimento integral da criança.

5. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO

A ludicidade quando é trabalhada em forma de prática pedagógica se torna um instrumento fundamental para o aprendizado e para a evolução afetiva, cognitiva e social para o aluno. Os educadores precisam adquirir a formação adequada para usar o lúdico como ferramenta no processo de ensino.

O aluno do nível pré-escolar possui um aprendizado intuitivo, reagindo naturalmente nas interações com o meio e o outro. A ludicidade pode envolver o as pessoas integralmente, afetivamente e cognitivamente quando faz uso do corpo nas interações sociais, e os brinquedos desempenham uma função importante. (KISHIMOTO, 1999, p. 36).

Alguns docentes possuem uma visão da prática lúdica como um desafio muito grande, na organização das atividades, divisão dos brinquedos, do tempo, do espaço. O educador deve usar recursos e estratégias para as aulas lúdicas, que precisam ter planejamento, materiais adequados, regras, tudo para que sejam aulas produtivas e prazerosas.

Segundo Szymanski (2006), ao trabalhar com o lúdico no aprendizado são valorizados os brinquedos, jogos, músicas, histórias infantis, e poesias. Para desenvolver uma representação simbólica nas crianças, é fundamental que a ludicidade faça parte dos processos de aprendizagem. As histórias, músicas e poesias infantis são meios que possibilitam utilizar a ludicidade em sala, fazendo assim com que os alunos dancem, interpretem e declamem, expondo suas capacidades que podem não ser vistas pelo educador em outras aulas. Cria-se dessa forma outras práticas que vão favorecer a aprendizagem do aluno.

Quando a aprendizagem se constitui através da ludicidade o aluno pode aprender de uma forma divertida, sendo estimulada a sua criatividade, a autonomia a autoconfiança, e a curiosidade, pois o brincar e jogar faz parte do momento, e isso garante a maturação necessária para adquirir novos conhecimentos.

É de fundamental importância que crianças possam se expressar de forma lúdica explorando sua criatividade, sonhos, frustrações e fantasias, tudo para ter a oportunidade de aprender e saber lidar com os próprios sentimentos e pensamentos espontaneamente. O lúdico não é somente um entretenimento, passatempo ou apenas brincar pelo brincar, mas é algo que deve ser utilizado como conteúdo pelo professor.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A brincadeira para a criança é fundamental para seu desenvolvimento e aprendizado, pois uma criança não vive sem brincar, para ela tudo se resume em brincadeira, porque é no brincar que ela se expressa, se socializa, aprende coisas novas, se liberta e vive situações que na realidade, ela sendo criança, jamais conseguiria experimentar. Portanto, a brincadeira para a criança é o combustível que a mantem ativa e é impossível uma criança viver sem brincar, é uma ação que faz parte de sua vida enquanto criança.

Portanto, os jogos os brinquedos e as brincadeiras são indispensáveis nos dias atuais e na aprendizagem infantil, pois o brincar para as crianças não é encarado somente como divertimento ou distração, mas é algo sério, tal como nosso trabalho, para eles possuem um significado bem mais importante do que podemos observar. Visto que, os jogos brinquedos e brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento infantil, pois o brincar é uma necessidade humana e negar o brincar é impedir a efetivação de uma educação que valorize o ser humano por inteiro.

Conclui-se que uma criança que tem contato com a ludicidade está interagindo com uma forma mais abrangente de linguagem, é sujeito mais ativo nas suas ações e defende isso em interações com adultos. Neste sentido o professor deve possibilitar ao seu aluno que ele possa se sentir capaz de brincar e ao mesmo tempo aprender e a evolução de suas habilidades precisa ter qualidade superando cada desafio.  O docente deve entender como são importantes as tentativas com atividades lúdicas que levam a evolução do raciocínio.

Enfim, o professor deve respeitar o aluno e valorizar descobertas, levando em conta as etapas de desenvolvimento e os saberes que já traz consigo. Cada criança é um sujeito ativo ao construir maneiras e processos de conhecimento, só o indivíduo mais ativo atua nas pressões da sociedade, podendo compreender para transformar.

REFERÊNCIAS

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VYGOTSKY,Lev . Formação Social da Mente. São Paulo: Martins, 4ª edição, 1991.

VYGOTSKY, Lev. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins, 5ª edição, 1998.

WAJSKOP, Gisela. O Brincar na Educação Infantil. Artigo apresentado para o Grupo Gestor do Projeto de Formação de Educadores Infantis da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 1994. p. 62-69.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. 7. ed- São Paulo: Cortez, 2007.

[1] Curso de Letras-Licenciatura Plena, Pós graduada em Educação Especial e Inclusiva, Pós graduada em Literatura Brasileira, Pós graduada em Educação Infantil-Práticas na Sala de Aula, Pós graduanda em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Pós graduanda neuropsicopedagogia.

[2] Curso de Letras-Licenciatura Plena, Pós graduada em Educação Infantil e Séries Iniciais.

[3] Graduação Ciências Biológicas.

[4] Curso de Letras-Licenciatura Plena, Pós graduada em Língua Portuguesa, Pós graduada em Educação Infantil e Séries Iniciais.

[5] Graduada em Pedagogia, Pós graduada em Educação Infantil e Séries Iniciais, Pós graduada em Educação Especial e Inclusiva.

[6] Curso de Letras-Licenciatura Plena, Pós graduada e Língua Portuguesa.

Enviado: Junho, 2020.

Aprovado: Agosto, 2020.

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Maria Cristiane Alves Costa

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