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A Leitura de Imagens como Processo de Desenvolvimento da Criatividade

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CONTEÚDO

CORREA, Maria Eliane de Oliveira [1], BECKER, Rosana [2]

CORREA, Maria Eliane de Oliveira; BECKER, Rosana. A Leitura de Imagens como Processo de Desenvolvimento da Criatividade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2, Vol. 13. pp 250-260., janeiro de 2017. ISSN: 2448-0959

RESUMO

Neste artigo se pretende apresentar uma reflexão à cerca da leitura de imagens e benefícios da mesma para com o leitor; também se objetiva percorrer um caminho para interagir e mediar o acesso ao conhecimento, analisando o processo de ensinar e aprender as Artes Visuais. Com este estudo fortaleceu-se e intensificou-se a ideia de que realizar uma verdadeira leitura imagem, desfrutar de uma experiência visual e compreende-la, envolve o pensamento, a percepção e o discernimento, levando o indivíduo ao desenvolvimento da habilidade crítica e reflexiva. Através de material bibliográfico a pesquisa pode ser realizada, e através desta, a orientação básica referente ao assunto.

Palavras – chave: Imagem. Reflexão. Arte Educação.

1. INTRODUÇÃO

Cada vez mais o mundo é percebido por meio de imagens, uma realidade que faz parte do cotidiano desde o início da história da humanidade; o homem pré-histórico, segundo historiadores, utilizou-se das imagens para registrar suas ideias e os acontecimentos marcantes da sua comunidade. A expressão de seus sentimentos, expostos em forma de desenhos, são hoje textos lidos e decodificados. As imagens refletem várias ideias e conceitos, transmitem informações, estão carregadas de intenções e também podem ensinar.

As reflexões contidas neste artigo são produtos de pesquisa desenvolvida com o intuito de colaborar no processo de ensino e aprendizagem. Desenvolveu-se a partir da análise de livros e periódicos, conceituados como documentos oficiais. O estudo ora apresentado enfoca a Leitura de Imagem e a relevância da mesma para o entendimento da arte, bem como a participação desta no desenvolvimento do conhecimento próprio e de mundo.

A proposta deste é que, a arte educador em sua ação docente, utilize a leitura de imagens como ferramenta no processo de construção e desenvolvimento da criatividade, incentivando o aluno não apenas a ver, mas a ler e compreender as imagens, propiciando interação entre texto e contexto, acrescentando novos saberes e promovendo um olhar curioso, sensível e crítico no educando

Buscando apresentar um diálogo para interagir com colegas da área e a outros a quem possa interessar, este trabalho procura trazer à tona alguns aspectos relacionados à mediação do conhecimento bem como a ação docente de Arte Educadores. Apresenta também assuntos relacionados ao processo de ensino e aprendizagem em Artes Visuais com ênfase à Leitura de Imagem. Inicialmente se abordará a Leitura de Imagem, a seguir Arte Educação e a Mediação da Leitura de Imagem.

2. LEITURA DE IMAGEM

A imagem está presente em nossa vida desde os primórdios, e em toda imagem encontra-se uma estrutura com cores e formas, equilíbrio, harmonia, luz. Direcionar um olhar, analisar e buscar identificar os símbolos são o mesmo que ler e perceber uma imagem como texto escrito.

Para alguns estudiosos do tema,

Nascemos leitores de imagens muito competentes. A expressão do rosto de nossa mãe, o desenho do livro de histórias, o logotipo do caminhão, tudo é texto para nós. Até que nos ensinam que textos são feitos somente de letras que formam palavras que formam frases que formam parágrafos… diante do poder da palavra escrita, é preciso estimular o olhar para as imagens, todas elas: do anuncio ao grafite, do desenho animado ao álbum de família…isso precisa acontecer para o bem da própria palavra escrita, que se renova e se reinventa quando dialoga com a imagem. (BUORO, KOK, ATIHÉ, 2008, p.01).

Interpretar uma imagem é permitir uma reflexão sobre o próprio conteúdo, mas para isto, é necessário ser alfabetizado visualmente, do mesmo modo em que se foi alfabetizado para a escrita, pois é preciso que se entenda as imagens, que decifre seus códigos, que apontam o conhecimento cultural de si mesmo, que levam a lembrança de outras informações adquiridas em experiências de leitura, antes realizadas.

Conforme reflexões de pesquisadores:

Observamos que os alunos: fazem leituras descritivas, […] funcionam também como um recurso de memória, onde através de outras imagens podem se recordar; comparam imagens distintas. Foram atribuídos novos significados às imagens a partir de exercícios de comparação; realizam uma leitura seletiva. Destacaram apenas um aspecto presente na imagem; utilizam-se de diversos modos semióticos para identificar ou acompanhar a leitura. Apontar e acompanhar com o dedo das mãos ajuda na leitura e detalhamento da imagem; nem sempre fazem uma leitura da imagem no contexto do texto ao redor. O texto ao redor da imagem é ignorado. Em alguns momentos os alunos atribuem facilidade à leitura da imagem e acreditam que o texto não é necessário para o entendimento da mesma; leem o texto ao redor. Atribuem dificuldade de compreensão da imagem, sem a leitura dos textos anexos. Atribuem importância e papel pedagógico à legenda. Realizam uma leitura situada das imagens na página, em relação ao texto ao redor dão atenção aos aspectos composicionais das imagens. Imagens mais nítidas favorecem o entendimento. (GOUVÊA; MARTINS; PICCININI, 2005, p. 39).

Quando uma criança inicia seu aprendizado no mundo escolar, geralmente é ensinada a decifrar apenas letras e números, mas falta-lhe algo que a identifique com o mundo a sua volta, um mundo que vai além dessas linguagens, que lhe traga diferentes maneiras de comunicar-se com o outro e de identificar-se com ela mesma. A criança cresce cercada de imagens, utilizadas em propagandas e comerciais, que seduzem e se impõem em sua vida, com a pretensão de fazê-la crer que são o ideal para todos, ditam a moda, o comportamento, a marca, levando-a a fazer parte de uma cultura de massa, de consumismo.

Diante deste universo, é imprescindível que seja mostrado à criança, além dos livros didáticos de alfabetização, é importante que aprenda que a leitura também envolve ler imagens. Sobre isso Freire (2001, p. 260) salienta para a importância de “[…] ler o mundo. ” Portanto, ler imagens. Pois assim como se aprende a ler, é importante aprender a ver, sendo necessário entender, interpretar e operar com os códigos visuais.

Conforme Tibure (2004, p.08)

Ver está implicado ao sentido físico da visão. Costumamos, todavia, usar a expressão olhar para afirmar uma outra complexidade do ver. Quando chamo alguém para olhar algo espero dele uma atenção estética, demorada e contemplativa, enquanto ao esperar que alguém veja algo, a expectativa se dirige à visualização, ainda que curiosa, sem que se espere dele o aspecto contemplativo. Ver é reto, olhar é sinuoso. Ver é sintético, olhar é analítico. Ver é imediato, olhar é mediado. A imediaticidade do ver torna-o um evento objetivo. Vê-se um fantasma, mas não se olha um fantasma. Vemos televisão, enquanto olhamos uma paisagem, uma pintura.

O ser humano possui enorme cultura visual, mas por vezes não entende e nem compreende o que está olhando. Neste ponto pode-se dizer que vê, mas não enxerga; olha, mas não percebe.  Ver no mundo das artes é essencial, e exercitar o olhar para interpretar, se torna cada vez mais importante para o entendimento de uma imagem, pois esta abriga inúmeras possibilidades de significados que nem sempre aparecem à mostra, muitos estão ocultos, é preciso procura-los para desvendá-los, é preciso pensar.

Percebe-se então a importância do estímulo de uma leitura agregada de concentração, que para Tibure, (2004, p. 08) é a “diferença entre ver e olhar é tanto uma distinção semântica que se toma importante em nossos sofisticados jogos de linguagem tomada da tarefa de compreender a condição humana e, nela, especialmente as artes, quanto um lugar comum da nossa experiência”.

Assim, para Buoro, Kok, Atihé (2008 p. 2), “Existem muitas maneiras de ler imagens […]” a comunicação entre objeto artístico e a sociedade; os símbolos, os signos e os sinais presentes na imagem, as características do estilo, o estudo dos conteúdos e significados da obra; o entender a obra dentro de um contexto ou cultura; a estética e a estrutura formal, sendo esses elementos considerados separadamente e no todo da forma.

Barbosa (2010, p. 100), afirma que:

[…] é possível desenvolver a percepção e a imaginação para apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a capacidade criadora de maneira a mudar a realidade que foi analisada.

Ler imagens é uma proposta metodológica interessante e importante em sala de aula; poder-se-á perceber certa inclusão de detalhes e novas combinações, bem com uma intensa exploração da linha, da cor e do espaço.

Segundo Bueno (2011, p.151),

[…] a leitura que se faz do mundo vem por meio dos nossos sentidos, da percepção, da imaginação, da intuição e do intelecto. Portanto, não somos passíveis às informações que nos chegam, apenas selecionamos o que nos sensibiliza e então é feito um recorte da realidade, através do modo como olhamos e encaramos o mundo.

Desta forma, é preciso conhecer para reproduzir e, a partir do momento em que o educando entra em contato com uma nova maneira de expressão ou novas formas, naturalmente vai usá-las em suas produções, e será capaz de alterar suas representações.

Para Iavelberg (2003, p.12)

Ensina-se a gostar de aprender arte com a própria arte, em uma orientação que visa à melhoria das condições de vida humana, em uma perspectiva de promoção de direitos na esfera das culturas (criação e preservação), sem barreiras de classe social, sexo, raça, religião e origem geográfica.

A leitura de imagem, então, se torna real quando se estabelece relações com a realidade e o contexto presente ou oculto na imagem, na tentativa de compreendê-la e resolve-la. É um momento criativo e imaginário de transformação e criação; criar autentica o ser, altera o seu cotidiano.

Para finalizar este primeiro momento, recorre-se a Barbosa (2010, p. 149), que alerta:

As novas gerações precisam conhecer o que aconteceu no mundo, e no mundo da arte, para que possam se conhecer melhor culturalmente. Um povo precisa ter domínio de sua cultura. Também precisam saber expressar-se, não com um grito da alma e sim um expressar embasado, pensado. Um expressar que junte o conhecimento com os sentidos.

2.1 ARTE EDUCAÇÃO E A MEDIAÇÃO DA LEITURA DE IMAGEM

A arte colabora e faz parte do desenvolvimento humano, sendo utilizada pelo homem desde os primórdios dos tempos, quando este descreveu seu mundo através de desenhos, quando usou a imagem como meio de comunicação e expressão.

Para Barbosa (2010, p. 99) “A arte na educação, como expressão pessoal e como cultura, é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual”.

Deste ponto de vista, atribui-se ao estudo da Arte em sala de aula grande significação: “[…] a Arte possibilita contato com o mundo e consigo mesmo. Permite que por meio dela, […] conheça e compreenda o contexto em que está inserida, bem como desenvolva conhecimentos artísticos, culturais e históricos. ” (SILVEIRA, 2011, p. 13).

Ainda que não tenha recebido o merecido reconhecimento como meio de processo de aquisição de informações, como área de construção de conhecimento em sala de aula, o ensino da arte se torna fundamental. “O reconhecimento […] começou no final da 2ª Guerra Mundial, quando professores se deram conta de que o ensino da arte era algo maior do que a simples transmissão de técnicas de desenho, pintura e etc.”. (COELHO 1997, p. 55).

A questão de um reconhecimento tardio unido à resistência de educadores em se inovarem e se atualizarem, causam a ausência no que se refere a realizar trabalhos pedagógicos de forma coerente.

Em suas reflexões, Schramm (2001, p.20), lembra que:

Não é difícil encontrar professores de arte, tanto da rede oficial como do particular, totalmente alienados de seu contexto histórico e social. Consequentemente, são mais resistentes a inovações no ensino e na aprendizagem da arte, principalmente no que se refere a metodologias contemporâneas. Outros professores até conhecem, mas não se preocupam em relacionar esses conhecimentos com sua prática pedagógica, revertendo para a sala de aula um ensino-aprendizagem de qualidade discutível.

A falta de entendimento e de conhecimento sobre a arte e seus benefícios ao homem, e a ausência de comprometimento, traz prejuízo ao processo de ensino-aprendizagem, Barbosa (2010, p.100) “Se a arte é tão importante, como explicar o preconceito contra Arte/Educação no Brasil? O preconceito começa nas instituições artísticas, que deveriam ter a consciência de que educação é o instrumento mais eficaz para formação de público”.

Na sociedade contemporânea discute-se a necessidade de uma alfabetização visual, como leitura de imagens e compreensão crítica da cultura visual. Nessa sociedade, de acordo com Sardelich (2006, p. 452),

Na vida contemporânea, quase tudo do pouco que sabemos sobre o conhecimento produzido nos chega via Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC – que, por sua vez, constroem imagens do mundo. Nômades em nossas próprias casas, capturamos imagens, muitas vezes sem modelo, sem fundo, cópias de cópias, no cruzamento de inúmeras significações. Imagens para deleitar, entreter, vender, que nos dizem o que vestir, comer, aparentar, pensar. O crescente interesse pelo visual tem levado historiadoras/es, antropólogas/ os, sociólogas/os, educadoras/es a discutirem sobre as imagens e sobre a necessidade de uma alfabetização visual, que se expressa em diferentes designações, como leitura de imagens e cultura visual. Podemos nos perguntar sobre o porquê de uma cultura visual. Essa cultura exclui o não visual e/ou aqueles que são privados desse sentido? A proposta da cultura visual é a mesma da leitura de imagens? Podemos utilizar as duas expressões como sinônimas? Que professor/a pode desenvolver essas atividades no contexto escolar? A cultura visual não será mais uma designação, entre tantas outras, para confundir as/os professoras/es?

É importante enfatizar que, de um lado, a sociedade começa a demonstrar compreensão sobre os efeitos educativos da arte, e de outro, ainda observa-se um distanciamento em perceber e aceitar que a arte e o aprendizado em arte vêm se processando no decorrer da história, dentro de cada corrente teórica. Para a autoria abaixo citada,

Dominar os conhecimentos históricos relacionados com a arte/educação é de fundamental importância como subsídio para uma ação transformadora no processo de ensino e na aprendizagem da arte na atualidade A busca de propostas contemporâneas para tratar das questões do ensino-aprendizagem, nas instituições de ensino formal, vem sendo uma das principais preocupações dos arte-educadores brasileiros nas duas últimas décadas. (SCHRAMM,2001, p. 20).

Surgiram algumas mudanças significativas em meio à ação docente, mas muitos desafios ainda se fazem presentes, como afirma Camargo (2010, p. 339) “[…] como todo processo de mudança, muitas lacunas e desafios ainda estão presentes nas propostas de ensino de arte na educação”.

Muitas transformações ocorreram e hoje na atualidade, faz-se necessário que o professor organize um trabalho consistente e de atividades diversificadas, através de atividades como: ver, ouvir, mover, sentir, perceber, pensar, descobrir, fazer, expressar, etc., a partir dos elementos da natureza e da cultura, analisando-os e transformando-os; criativamente aproveitando os meios disponíveis e econômicos.

Para desenvolver um bom trabalho de Arte, segundo Ferraz e Fusari (1992, p. 71), o professor precisa:

Descobrir quais são os interesses, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e prática de vida de seus alunos. Conhecer os estudantes na sua relação com a própria região, com o Brasil e com o mundo, é um ponto de partida imprescindível para um trabalho de educação escolar em Arte que realmente mobilize uma assimilação e uma apreensão de informações na área artística. O professor pode organizar um mapeamento cultural da área em que atua, bem como das demais, próximas e distantes. É nessa relação com o mundo que os estudantes desenvolvem as suas experiências estéticas e artísticas, tato com as referentes de cada um dos assuntos abordados no programa de Arte, quanto com as áreas da linguagem desenvolvida pelo professor. (Artes plásticas, Desenho, Música, Artes Cênicas).

Camargo (2010, p. 337), salienta que, “A arte ainda é motivo de muitas indagações dentro dos espaços escolares”, e o ensino da arte coloca os Arte/educadores diante de questões que os levam a refletir e rever conceitos. Ainda segundo Camargo (2010, p. 339), as escolas passam a analisar, estudar, propor e debater sobre as formas de ensino, assim como os trabalhos transdisciplinares. Muitos arte-educadores e professores brasileiros começam a trabalhar artes visuais nos eixos de aprendizagem da proposta triangular de Ana Mae Barbosa (2011), com as vertentes: apreciar, contextualizar e produzir, pois são muitos e vários aspectos que devem ser abordados para o alcance mais profundo da importância do ensino da arte.

Para Bueno (2011, p.161), “[…] o objetivo principal desta proposta é reconhecer as manifestações e expressões de cada cultura, valorizando-as e tornando-as fonte de conhecimento”.

A leitura de Imagem então:

[…] baseia-se nas diferentes possibilidades de o educando entrar em contato com a arte, o que pode despertar a capacidade crítica dos educandos. […] entende como momento de contextualizar o artista e a obra no tempo. Trata de compreender a obra de arte e o contexto onde foi criada, bem como as ideologias que podem estar presentes na criação. O último dos três eixos da Proposta Triangular – o fazer artístico ou a produção artística – compreende como o momento criativo do educando, o momento da produção de representação pessoal de cada um. (BARBOSA apud SILVEIRA, 2011, p. 10).

Apreciar uma obra de arte, entender o momento histórico em que foi pelo artista idealizada e criada, somado ao fazer artístico que propicia criar partir da vivência e da leitura da realidade, é essencial para a aprendizagem da arte, conforme afirma Barbosa (2005), apud Bueno (2011, p. 161),

O fazer artístico tem ligações na prática dos arte-educadores com o que chamamos de releitura: o sujeito (criança, adolescente, adulto) toma como estímulo para sua criação artística não qualquer objeto natural ou imaginário, mas uma obra de arte (pintura, um desenho, uma escultura etc.), que não é encarado como modelo a ser fielmente copiado, mas, como um elemento capaz de proporcionar novas interpretações.

O ensino de arte, portanto, é um processo de articulação da experiência, de significação da relação do indivíduo com o meio e consigo mesmo, que pode e deve ser estimulado pelo Arte educador.

De acordo com Barbosa (2010 p. 98), “[…] a aspiração da arte/educadores é influir positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes por meio do conhecimento de arte que inclui a potencialização da recepção crítica e a produção”.

Para estimular e contribuir com desenvolvimento do educando, cabe ao Arte educador “[…] conhecer as tendências que influenciaram o ensino aprendizagem da arte ao longo da história, para poder entender a situação da arte-educação no contexto atual e refletir sobre sua atuação pedagógica com o objetivo de otimizá-la”. Schramm (2001, p. 20).

Também é importante lembrar que não existe uma forma única para trabalhar com a leitura de imagens e prender-se a modelos prontos não é o ideal, é contrário ao que afirma Bueno (2011, p.151),

A atividade da leitura de imagem como um processo educacional não deve se ater à aplicação de modelos prontos. Ao contrário, devemos ter nesse processo educacional o princípio articulatório da proposta metodológica e buscarmos a fundamentação de cada uma. Escolher, criar e oportunizar os caminhos que melhor desenvolvam no aluno relações de conhecimento de arte e de vida é, sem dúvida, a proposta maior da leitura de imagem.

Conta-se, então, com a criatividade e incentivo do educador, para que um texto seja produzido pelo leitor e para que ele possa então comunicar e expressar os sentidos que conseguiu captar na leitura de imagem, “Pois nunca é demais lembrar que devemos sempre estimular a criança a criar, porém nunca deixar de lhe dar subsídios para que o faça”. (BARBOSA, 2010, p. 149)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre Leitura de Imagem teve abordagem qualitativa e indica que toda imagem está carregada de informação e conhecimento, mostra a importância do “olhar”, para o processo de desenvolvimento do senso crítico para o conhecimento de si mesmo e do mundo ao redor.

Constatou-se, mediante a pesquisa bibliográfica, que ao Arte Educador, cabe estimular seus educandos para a familiarização e o contato frequente com as imagens, pois estas o induzem a perceber que ler uma imagem é uma atividade que traz informações que se encontram nos traços, nas linhas, nas cores e nas formas, num conjunto de significações para o mundo, e que o resultado desta leitura trará conhecimento e possíveis mudanças na concepção da forma com que se vê o mundo. Desta forma a leitura de imagem dentro do contexto escolar pode ampliar o repertório imaginativo e criativo, pois traz uma importante contribuição no processo de desenvolvimento para uma leitura crítica de si e da realidade do mundo, já que toda leitura é influenciada pela experiência de vida do leitor.

Relevante e muito importante, a pesquisa realizada a partir de livros e sites, foi de grande contribuição para o conhecimento e fortalecimento da ideia de que a leitura que se faz de imagens vem por meio dos sentidos, da percepção, da imaginação, da intuição, do intelecto, da cultura e poderá transformar o indivíduo.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae. Arte /Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

BARBOSA, Ana Mae. Revista Digital Art. Arte Educação no Brasil: do modernismo ao pós-modernismo. 2003. Disponível em: <http://www.revista.art.br/site-numero-00/anamae.htm>. Acesso em: 20 jul. 2012.

BUENO, Maria Lúcia Adriano. Leitura de Imagem. Indaial: Uniasselvi, 2011.

BUORO, Anamélia Bueno; ATIHÉ, KOK, Beth; ATIHÉ, Eliana Aloia. Coleção Arte na Escola. O Leitor de Imagens. Encarte 07. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. Disponível em: http://www.artenaescola.com/links/documentos/Encarte_07_trabalho.pdf>. Acesso em: 08 de set. 2012.

CAMARGO, Clarice Carolina Ortiz de. Ateliê de arte na escola: percursos dialógicos entre o espaço vazio e o espaço a ser apreendido. Ouvir OU Ver, Uberlândia, v. 6, n. 2, p. 336-351, jul./dez. 2010. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/ouvirouver/article/view/12296/7095>. Acesso em: 23 set. 2012.

COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginário. São Paulo: Iluminuras, 1997.

FERRAZ, Maria; FUSARI, Maria. Arte na Educação Escolar. (Coleção Magistério) São Paulo: Cortez, 1992.

FREIRE, Paulo. Carta de Paulo Freire aos Professores. Estudos Avançados, São Paulo, vol. 15, n 42, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v15n42/v15n42a13.pdf>.  Acesso em: 23 set. 2012.

GOUVÊA, Guaracira; MARTINS, Isabel; PICCININI, Cláudia. Aprendendo com Imagens. Educação Não-Formal/Artigos. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 4, 38-40, 2005.  Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v57n4/a21v57n4.pdf >. Acesso em: 20 jul. 2012.

IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte- sala de aula e formação de professores. Porto Alegre: Artmed Editora, 2003.

SARDELICH, Maria Emilia. Leitura de Imagens, Cultura Visual e Prática Educativa, Caderno de Pesquisa. Departamento de Educação da Universidade Estadual de Feira de Santana, p. 452, v. 36, n. 128, maio/agosto, 2006. Disponível em: < www.scielo.br/pdf/cp/v36n128/v36n128a09.pdf >. Acesso em: 20 jul. 2012.

SCHRAMM, Marilene de Lima Körting. As Tendências Pedagógicas e o Ensino-Aprendizagem da Arte, Reflexões sobre o ensino das artes. Joinville: Ed. Univille. v. 1, p. 20-35. 2001. Disponível em: <http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=23> Acesso em: 20 jul. 2012.

SILVEIRA, Tatiana dos Santos. Curso de Metodologia do Ensino de Artes. Indaial:Uniasselvi, 2011.

TIBURI, Márcia. Arte e Filosofia: Aprender a pensar é descobrir o olhar. Jornal do Margs, Porto Alegre, p.08, publicação mensal set./out. 2004.  Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/46659257/jm-setembro-04-ok> Acesso em: 20 jul. 2012.

[1] Especialista em Arte-educação e Interdisciplinaridade pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí – FAFIPA.

[2] Orientadora. Mestre em Educação.

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Maria Eliane de Oliveira Correa

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