ARTIGO ORIGINAL
PEREIRA, Elizabete Rodrigues [1], OLIVEIRA, Lilian Pittol Firme de [2]
PEREIRA, Elizabete Rodrigues. OLIVEIRA, Lilian Pittol Firme de. O trabalho do pedagogo: desafios e contribuições. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 07, Vol. 06, pp. 14-31. Julho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/desafios-e-contribuicoes
RESUMO
Este artigo objetiva analisar quais são os desafios e as possibilidades de contribuição do pedagogo na aprendizagem dos alunos e consequentemente nos resultados da Escola. Na bibliografia consultada foi possível constatar a opinião de vários autores acerca da importância deste profissional tanto para o trabalho dos professores como para uma escola com melhorias significativas no desempenho dos alunos. As análises realizadas neste texto partem principalmente das contribuições de Aranha, Franco, Freire e Mariani, entre outros. Discorremos sobre o trabalho do pedagogo no dia a dia do contexto escolar levando em conta mecanismos imprescindíveis para a aprendizagem, como o suporte aos professores, ações pedagógicas para minimizar alguns problemas que atrapalham a aprendizagem, entre eles o desinteresse dos alunos, a ausência das famílias e as dificuldades de aprendizagem.
Palavras-chave: Pedagogo, Acompanhamento, Aprendizagem, Resultados.
1. INTRODUÇÃO
Há algum tempo a função de pedagogo tornou-se objeto de estudos de muitos pesquisadores. É vasta a literatura descrevendo quem é este profissional, qual é o seu papel e a importância dele na escola ou na empresa que atua.
Desde a criação do curso de Pedagogia no Brasil em 1939, algumas questões que envolvem o pedagogo parecem ainda não serem muito definidas como, por exemplo, quais são as atribuições que o pedagogo desempenha na escola, lócus mais comum de atuação deste profissional.
A definição de qual é o papel do pedagogo no contexto escolar constitui-se em um dos desafios a ser encarado por este profissional até mesmo para que ele não tenha uma visão equivocada de quais são as atribuições dentro da instituição que trabalha. É comum mesmo nos dias atuais, pedagogos realizando diversas funções que fogem da sua alçada. Referimo-nos às questões de indisciplina e administrativas.
O conflito de identidade é apenas um dos vários desafios que se apresentam ao pedagogo. Mas não é somente este. Ser reconhecido dentro do próprio ambiente que atua, isto é, pelos colegas de trabalho como alguém que faz diferença na vida dos alunos é outro. É este reconhecimento que pode surgir através de ações simples mais eficazes provenientes do trabalho do pedagogo. Ações estas que não precisam ser mirabolantes para alcançarem o que se deseja numa escola que é a aprendizagem dos alunos e, é claro, resultados positivos como um todo.
Este artigo tem por objetivo delinear os diversos desafios enfrentados por este profissional em sua rotina, bem como destacar as diversas contribuições que podem surgir no âmbito escolar por meio do seu trabalho.
2. A EVOLUÇÃO DA PEDAGOGIA
A Pedagogia vem passando por mudanças profundas desde o seu surgimento na antiguidade até os dias atuais. Também tem se expandido o sentido da palavra pedagogo. Esse profissional, como na Grécia Antiga, é aquele que na escola deve ser o condutor de crianças. Aranha (2006, p. 67), afirma que “a palavra paidagogos nomeava inicialmente o escravo que conduzia a criança, com o tempo o sentido do conceito ampliou-se para designar toda teoria sobre a educação […]”.
Pesquisas retratam a criação do curso de pedagogia no Brasil em 1939 que buscou formar bacharéis para várias áreas de atuação, incluindo o setor pedagógico.
Sendo assim, a habilitação para o bacharelado tinha a duração de três anos, “após os quais, adicionando-se um ano de curso de didática, formar-se-iam os licenciados, num esquema que passou a ser conhecido como 3 + 1” (SILVA, 2003, p. 12).
Apesar das evoluções no campo educacional, algumas indefinições acerca da função de pedagogo permanecem, como por exemplo, as atribuições deste profissional da escola. Segundo Saviani (2012), no período que o Curso de Pedagogia é implementado no ano de 1939, até 1961 quando é publicada a Lei de Diretrizes e Bases, a luta da classe foi pela identidade e profissionalização do Pedagogo.
Coadunando-se a este pensamento, Brzezinski (2012, p. 45), afirma que, “[o] bacharel em Pedagogia se formava técnico em educação, cuja função no mercado de trabalho nunca foi precisamente definida. A falta de identidade do curso de Pedagogia refletia-se no exercício profissional do pedagogo”.
Nesta hipótese, faz necessário que o pedagogo enfrente os vários desafios no cotidiano escolar, começando pela definição e afirmação do papel que desempenha em todo o contexto a que esta função esteja envolvida. Para Franco (2008), a ideia defendida por muitos pesquisadores brasileiros de que a Pedagogia esteja fundamentada na prática da docência, é exatamente o contrário. Para a autora, a ciência pedagógica é que deve fundamentar a prática docente.
Segundo Aranha (2006), a pedagogia passou por mudanças profundas. Sendo assim, as universidades devem ser pensadas como um espaço de formação bem além de preparação do aluno para a pesquisa ou para a busca de empregos com mais qualificação, visto que o próprio sentido da palavra pedagogo evoluiu. Assim, esse profissional, como na Grécia Antiga, é aquele que na escola pode e deve ser o condutor de crianças. Aranha (2006, p. 67) afirma que “a palavra paidagogos nomeava inicialmente o escravo que conduzia a criança, com o tempo o sentido do conceito ampliou-se e designa toda teoria sobre a educação […]”.
Nesta direção, o passar dos anos serviu para situar o curso de Pedagogia como algo imprescindível na formação e emancipação humana; um curso que vá mais além das didáticas, seja como ciência da educação, e que reconheça na função do pedagogo uma atuação mais ampla.
3. OS DESAFIOS DA FUNÇÃO DO PEDAGOGO
Um dos motivos preocupantes em relação à função de pedagogo de forma geral, e com certeza um dos seus maiores desafios, diz respeito ao conflito de identidade, haja vista que o próprio profissional, muitas vezes, tem uma visão equivocada de quais são suas atribuições. De acordo com Lage (2016), a identidade do pedagogo está diretamente relacionada ao seu itinerário formativo e pessoal. Para esta autora, as transformações no curso de pedagogia, criado no Brasil no ano de 1939, estão diretamente vinculadas à identidade do pedagogo, consequência da quantidade de leis que causaram impacto na maneira de ser deste profissional.
É aconselhável que o Pedagogo tenha clareza da sua função para não se acomodar em “apagar incêndios”, pois muitas vezes acaba não exercendo sua principal atividade, que consiste em apoiar o professor na melhoria do processo ensino aprendizagem. Segundo Mariani (2015), devido a essa falta de apoio, aparecem fatores como frustração e desmotivação ao pedagogo. Para essa autora há uma modificação na maneira como a sociedade passou a tratar o pedagogo, parecendo não existir mais um acolhimento a este profissional.
Entendemos que um dos caminhos para uma educação de qualidade pode ser a valorização dos profissionais. Por isso, é necessário que o discurso deixe de ser somente em palavras e torne-se eminentemente real, pois os pedagogos que desempenham com responsabilidade sua função, de fato tornam-se “profissionais de referência” na escola.
Não são poucas as vezes em que o pedagogo é requisitado para ajudar na resolução de problemas. Estas situações, entretanto, devem ser filtradas pelo próprio pedagogo, para que as questões indisciplinares, por exemplo, não se sobreponham às demais atribuições pedagógicas.
Sintetizando a atuação do pedagogo, Franco (2012, p. 31) afirma que todo professor deveria ser pedagogo no sentido extenso do termo, organizando a sua prática de acordo com conhecimentos pedagógicos. No entanto, segundo a autora, nem todo pedagogo tem que necessariamente ser professor. “Essa é uma questão muito complexa; mas tenho a convicção de que, sem os pedagogos na escola, esta fica sem condições de organizar o espaço pedagógico escolar”.
A rotina da escola é algo bem dinâmico e acontece em ritmo frenético em todos os aspectos: pedagógico, administrativo, rotatividade de pessoas, enfim, não existe uma diminuição do fluxo de demandas no dia a dia. Pelo contrário, do início ao final do ano letivo, há prazos que devem ser cumpridos, projetos que têm de ser desenvolvidos, cronogramas de provas e trabalhos, reuniões diversas a serem organizadas, professores que precisam ser acompanhados, questões peculiares aos alunos que também exigem atenção e disponibilidade, sem falar de várias outras ações.
Por este e por outros motivos, o pedagogo precisa estar bem ciente diante da função que desempenha. Se observada a Constituição Federal (1988), segundo a qual a educação é “direito de todos e dever do Estado e da família […]’, que em seu Art. 205 estabelece como princípio: “I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”, percebe-se que a permanência do aluno na instituição escolar também cabe ao pedagogo. O desânimo do aluno e, consequentemente, a sua desistência pode ser ocasionada pela ausência de aulas bem planejadas de forma que se tornem significativas e atraentes ao discente. Assim, cabe ao pedagogo mais esta responsabilidade, e porque não dizer, este desafio.
Assim, o Pedagogo tem a possibilidade de implementar através da função por ele desempenhada, o caráter humanizador da educação, sua responsabilidade transcende a busca pela permanência do aluno, e vai ao encontro também do acesso, já que o pedagogo desempenha a função de gestor da escola.
Mesmo com todos os avanços diante da democratização do ensino, é sabido que a escola está longe de atingir seu ideal: pleno ensino e aprendizagem. Para Coménio (1992, p. 33):
[…] temos a audácia de prometer uma Grande Didática; quero dizer, um tratado complexo da arte de ensinar tudo a todos. E de ensinar de tal modo, que o resultado seja infalível. E de ensinar depressa, isto é, sem nenhum problema e sem nenhuma dificuldade para os alunos e para os mestres, mas, antes, com um extremo prazer para ambos […]
Portanto, um outro grande desafio do pedagogo é buscar estabelecer um ambiente onde os professores consigam desenvolver suas atividades, primando para que a aprendizagem ocorra de forma prazerosa. Sabe-se que não é algo fácil, comum e simples em meio a tantas tarefas que já cabem a este profissional. No entanto, acredita-se que o que acaba de ser mencionado não pode ser visto como um desafio inatingível, visto que muitas experiências ocorridas no interior da escola comprovam o quanto a satisfação possibilita a melhor fruição do aprender, bem como de tudo na vida que é feito com prazer. Paín (2000) fala da importância que tem o prazer para a aprendizagem. Para ela é importante que o prazer em aprender tenha o sentido de prazer olímpico, aquele em que se ganha de algo, neste caso, do problema, dos desafios diante das dificuldades em aprender. Este deve ser o objetivo da escola que é conseguir proporcionar à criança o prazer em aprender.
Para tanto, o pedagogo deve subsidiar o professor com informações e reflexões que o levem a conscientizar-se da importância do ensinar através de práticas prazerosas. Talvez seja este o caminho para buscar uma organização na educação brasileira. Para Franco (2012), a Pedagogia no Brasil passa por um grande mal-estar. Para a autora, a escola não tem conseguido produzir as aprendizagens previstas. Os docentes têm dificuldade para ensinar, as leis não são claras, os currículos também não são definidos e a sociedade como um todo fica em dúvida ao para que estudar.
Essa desorganização e crise de sentido na educação, afeta sem dúvidas o aluno, e consequentemente todo o processo ensino aprendizagem. Mariani (2015, p. 46) corrobora com este pensamento quando diz que a relação professor-aluno se encontra desgastada devido a esta confusão que estabeleceu-se na educação brasileira, onde muitas vezes nem mesmo os professores sabem com clareza o seu papel. Tornando a educação sem perspectivas para eles.
Os alunos não sabem por que estudar, há falta de significação do que é estudar, há evasão, reprovação, indisciplina das mais diferentes formas que acabam por transformar a relação professor-aluno ainda mais conflitante e difícil de ser trabalhada. Os professores não sabem por que ensinar, o que é mais grave, estão sem perspectivas, que dirá pensar a educação quanto aos seus fins, aos seus meios e as articulações entre estes. (MARIANI, 2015, p. 46)
Em meio às tarefas que realiza, o pedagogo também lida com outros entraves. Alguns professores têm extrema dificuldade para cumprir os prazos e as solicitações feitas pelo pedagogo. Não entendem que este profissional não trabalha sozinho e, muitas vezes, para finalizar algo, como por exemplo, relatórios e análise de diários, necessita que o professor tenha feito a parte que lhe foi designada. Com isso, há o atraso, ou a não realização de algum trabalho estabelecido ao pedagogo em um prazo para a conclusão.
Só há perda de tempo em se parar a engrenagem quando todas as atenções e tempo estiverem voltados para o que há de mais precioso na escola que é o processo ensino e aprendizagem. Não aquele meramente transmissor de conhecimentos, mas o processo pautado no diálogo e na valorização da cultura do aluno, em que o sujeito vai paulatinamente adquirindo capacidade para ouvir, falar e argumentar.
É atento nesse foco do diálogo, de perceber e realçar a presença do outro dotado de sentimentos, afetos, e emoções que todos os sujeitos integrantes da escola – incluindo o pedagogo – devem almejar. Mariani (2015), corrobora com este pensamento, ressaltando a importância de repensar as atitudes nas relações interpessoais, no que diz respeito às práticas pedagógicas. Para a autora, para reconhecer o outro é preciso buscar este encontro atento às escutas para compreender o outro. Assim, a ação pedagógica muito pode contribuir para a construção das relações entre os pares, importando-se com as necessidades do outro.
É necessário que os gestores, incluindo o pedagogo, atentem-se para as relações interpessoais de todos aqueles que convivem no ambiente escolar. A partir da Base Nacional Comum Curricular as competências socioemocionais dos alunos estão sendo trabalhadas com maior ênfase na escola. É importante se preocupar também com o convívio entre os profissionais, afinal, a falta de harmonia entre aqueles que convivem diariamente pode atrapalhar o trabalho e interferir nos resultados dos alunos e da escola.
A interação entre os indivíduos torna-se cada dia mais importante em qualquer espaço. As empresas buscam funcionários que saibam trabalhar em equipe e consigam resolver os problemas que acabam surgindo, muitas vezes, consequência das diferenças naturais de cada indivíduo. Neste contexto, o pedagogo acaba sendo uma das pessoas que no ambiente educacional, deve primar além da aprendizagem dos alunos, por um ambiente que favoreça as relações, a convivência entre os pares. Costa e Pinheiro (2016), reforçam esta ideia, quando evidenciam a importância dos cursos superiores incluírem na formação acadêmica o debate para a humanização deste profissional. Para eles, essa vertente possibilitará que o pedagogo possa sim ser reconhecido por suas capacidades e afinidades de sua profissão.
É importante trazer aqui o desafio que é para o pedagogo, a formação continuada para a sua prática. A pesquisa aos saberes científicos e a implicação destes nos problemas do cotidiano devem ser uma constante se este é o desejo deste profissional por uma educação de qualidade.
Costa e Pinheiro (2016), ratificam que ser Pedagogo na sociedade contemporânea é de fato um grande desafio. “[…] é ser um pesquisador contínuo da educação, é vencer as adversidades na atual conjuntura política, social, econômica, etc. Enfim, é trazer mais humanidade nos contextos nos quais irá atuar”.
Vivemos na era do conhecimento e as questões pertinentes à própria formação do Pedagogo não podem passar despercebidas a ele ou acabar não tendo prioridade. A pesquisa possibilita que a prática pedagógica seja redescoberta, e que a partir dela novas ideias surjam para agregar o trabalho. É assim que o pedagogo poderá ser visto. Considerado também como um pesquisador dos fenômenos que orienta os processos e as ações educativas e sociais.
3.1 ACOMPANHAMENTO DO PLANEJAMENTO ESCOLAR: MAIS UM GRANDE DESAFIO
É válido considerar a importância do planejamento para qualquer circunstância da vida, seja pessoal ou profissional. Para Luckesi (2003), o planejamento primeiramente “implica o estabelecimento de metas, ações e recursos necessários à produção de resultados que sejam satisfatórios à vida pessoal e social, ou seja, a consecução dos nossos desejos”.
O pedagogo é o profissional que, no cotidiano escolar, deve favorecer momentos aos professores para que estes possam refletir acerca da sua prática e, concomitantemente, pensar em ações didáticas que tornem a aprendizagem dos estudantes mais efetiva. Quando escrevemos a palavra “refletir” estamos usando-a no sentido de analisar o próprio desempenho, isto é, estar disposto a uma autoavaliação, para que a partir dela, dependendo dos resultados, possa ser dada sequência ao que foi ou que está sendo desenvolvido ou ainda fazer alterações e mudanças de acordo com a necessidade. Ou seja, pensar-se, em outros meios para se alcançar o objetivo, cujo anseio é sempre a aprendizagem do aluno. Para Volpin (2017), o planejamento está intrinsecamente ligado a todas as atividades que o homem se apropria do seu universo histórico e social. A autora ressalta que o planejamento é imprescindível para que as ações do homem tenham eficácia.
Franco (2012, p. 32) salienta que a ausência de um espaço de reflexão e crítica, marca definitiva do espaço pedagógico, compromete as relações democráticas na escola, o que impede o exercício crítico da educabilidade. Na fala da autora, “talvez essa ausência explique, em parte, por que nossas escolas têm tido tanta dificuldade em cumprir sua função social de educar e ensinar”.
Por meio do pensar e repensar diariamente é da prática docente que podem surgir os processos de significação que visam ampliar a compreensão e a atuação frente ao ato complexo da docência. Aveledo (2018) afirma que o Pedagogo assume papel determinante para o desenvolvimento das propostas de formação continuada, centradas na própria escola, pois ele é o profissional imprescindível para a efetivação e o desenvolvimento dos processos formativos.
A escola é composta por um aglomerado de sujeitos que formam vários grupos de acordo com funções e interesses: alunos, professores e demais funcionários da instituição. No que se refere ao grupo formado pelos professores, seria até natural pensar que essa reflexão do ato de ensinar ocorre não somente de forma individual, mas coletiva, visando à troca de informações, práticas e ideias que podem ser compartilhadas.
No entanto, muitas vezes, o que se observa em relação a alguns docentes, é a recusa em analisar de maneira conjunta as várias situações existentes na escola e fazê-lo de maneira global. Parece-nos que há uma preferência em manter as atenções voltadas somente para as próprias turmas, principalmente no que diz respeito aos planejamentos. Nessa contextualização, é válido trazer os estudos de Franco (2012, p. 24) que diz: “Constatei que os docentes procuram blindar-se contra essas armadilhas do contexto escolar, calam-se e distanciam-se, evitando dialogar com as circunstâncias de seu espaço de trabalho”.
Neste sentido, Perrenoud (1994 p. 33) salienta que […] “os professores demonstram muita resistência em falar de suas práticas aos colegas. É preciso que haja relações de confiança que pressuponham ligações de amizade ou a sensação de fazer parte integrante de uma equipe pedagógica”.
Planejar de forma individual ainda é uma cultura existente na escola e não podemos deixar de reconhecer que também há necessidade desta forma de planejamento. No entanto, por mais difícil que seja reunir o grupo de professores mesmo que por áreas de planejamento, é nas reuniões coletivas que a maioria das decisões de caráter mais abrangentes da escola devem ser analisadas, pois ao mesmo tempo que se fortalece a gestão democrática, há a riqueza da troca e do compartilhamento de ideias e práticas. Por este motivo é que o pedagogo não pode deixar que elas não aconteçam e ainda, precisa dar-lhes o direcionamento.
Nesta direção, Franco (2012, p. 33), argumenta:
Se não houver a direção de sentido, estabelecida pelo coletivo e significada pela Pedagogia, quem vai educar a criança? O acaso? Ou a influência mais forte? De alguma forma, é o que temos visto nas escolas: sem direção de sentido; os professores soltos, isolados, perdidos. Se há uma situação em que “uma andorinha não faz verão”, é na escola. O coletivo é o motor da educação, e quem pode coletivizar a ação e dar-lhe direção de sentido, é a Pedagogia.
No planejamento coletivo é possível analisar bem como discutir a situação peculiar dos alunos, seus modos e tempos de aprendizagem, facilidades ou dificuldades de aprender, e até mesmo o contexto em que estão inseridos. Segundo Aranha (2003), o currículo deverá ser pautado na ideia da diferença, isto é, não é o aluno que se ajusta, que deve adequar-se às condições de ensino. Mas de forma contrária é a escola que deve incumbir-se de fazer as mudanças necessárias que possibilitem o desenvolvimento acadêmico de todos os alunos, considerando inclusive as características individuais de desenvolvimento e de aprendizagem.
Outro momento importante que acontece periodicamente nas escolas é o Conselho de Classe. Seria adequado defini-lo como uma reunião avaliativa, onde todos os envolvidos no processo fazem uma reflexão acerca da aprendizagem dos alunos, o desempenho dos docentes, os resultados das estratégias de ensino utilizadas, a adequação da organização curricular e outros aspectos referentes a esse processo, a fim de avaliá-lo coletivamente, mediante diversos pontos de vistas. Segundo Libâneo (2004), o Conselho de Classe é o local onde é possível analisar não somente o aluno e as turmas de maneira geral, mas também o rendimento do professor a partir dos resultados alcançados. Daí a importância de no Conselho de Classe a articulação de ideias relacionadas à prática dos docentes, as relações da comunidade escolar, além do incentivo às ações voltadas para a melhoria dos resultados como um todo.
Desta forma, a importância do pedagogo no Conselho de Classe, inicia-se muito antes do momento em que a reunião acontece. O papel deste profissional no início de cada trimestre é imprescindível, quando ele é o principal articulador das ações que conectam os professores, as aulas e a aprendizagem em uma só direção. Pois todos os resultados – isso inclui alunos e professores – vão culminar no Conselho de Classe que evoluiu ao longo dos anos quando deixa de ser um momento de punição e passa a ser uma reunião formativa pautada na análise de toda a equipe do que deu certo e no que deve haver um replanejamento de rotas.
4. DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES DO PEDAGOGO FRENTE A PROBLEMAS QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM
A educação vive nos dias atuais uma contradição. Ao mesmo tempo em que é valorizada por determinados setores da sociedade, não é considerada para outros uma ciência de valor. Nas palavras de Libâneo (2001), a pedagogia vive atualmente uma enorme contradição. Se por um lado está em alta, em uma parte da sociedade como por exemplo, entre meios profissionais, políticos, universitários, sindicais, empresariais, nos meios de comunicação, nos movimentos da sociedade civil onde parece haver uma redescoberta da pedagogia. No entanto, existe uma baixa desta ciência entre intelectuais e profissionais do meio educacional, identificando-a apenas com a docência, ou ainda com um campo de saberes específicos.
De igual maneira, muitos alunos veem a educação como algo sem importância, por isso não dão a ela prioridade em suas vidas. Assim, o fracasso ocorrido no rendimento escolar neste caso é provocado pelo desinteresse e/ou falta de foco.
Há também no interior da escola as dificuldades de aprendizagem. Podemos refletir acerca de alguns motivos. Um deles é o fato daqueles alunos que vêm da série anterior sem os requisitos básicos de aprendizagem. Tomamos como exemplo, os alunos que ao ingressarem na fase 2 do Ensino Fundamental (6º ano), não adquiriram as competências básicas em leitura, interpretação e resolução de problemas.
As dificuldades de aprendizagem fazem parte do contexto das escolas em geral e essa questão tem gerado debates na busca da resolução ou ao menos, amenização do problema.
É válido destacar as diferenças entre problemas de aprendizado e de transtorno de aprendizado, já que as duas questões integram as dificuldades de aprendizagem. Copetti (2012, p. 23, grifo nosso), cita exemplos de problemas de aprendizado:
Uma criança com problemas no aprendizado pode não ter um transtorno de aprendizado. Por exemplo, uma criança que sempre foi bem nos estudos começa a apresentar, após a separação dos pais, sintomas depressivos […] e seu rendimento escolar cai muito. Esta criança não possui um transtorno de aprendizado, pois sua queda no rendimento é situacional e secundária […]. Uma criança pode ir mal nos estudos ao trocar de escola e não se adaptar ao novo ambiente, ou uma classe toda pode ter problemas na alfabetização por inexperiência da nova professora em alfabetizar.
Para o autor, estes são exemplos de problemas no aprendizado, e que, corrigidas as circunstâncias que levaram a isso, a criança retorna à capacidade plena de aprender. Diferente do transtorno do aprendizado, que Copetti (2012, p. 23) define sendo uma doença, cujos critérios diagnosticados estão definidos no DSM-IV-TR, que é o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, 4ª edição revisada, da Associação Americana de Psiquiatria.
As dificuldades de aprendizagem não se resumem aos problemas e transtornos de aprendizado. Os motivos que podem ocasionar no impedimento do aluno aprender vão muito mais além. Trata-se de um universo bem mais abrangente.
Tendo por base que cada aluno é único, há que se considerar também que os modos e tempos de aprendizagem são diferentes. Sendo assim, a forma como o sistema educacional está organizado, não favorece o rendimento dos alunos.
Por exemplo, com a quantidade de estudantes nas salas de aula atualmente, o professor não consegue oferecer um atendimento individualizado, muitas vezes tão necessário aos alunos, cujo tempo de aprendizagem ocorre de forma mais lenta que as dos demais.
Outro fator que também prejudica a aquisição de conhecimentos dos discentes com dificuldades de aprender, são as metodologias usadas em sala de aula que geralmente são as mesmas utilizadas pelos professores. Ora se a forma de aprendizagem é peculiar a cada sujeito, não deveriam as metodologias ser diferenciadas? Ou seja, se parte da turma não aprende determinado conteúdo da forma como foi exposto, o professor deveria trazer o tema sobre nova abordagem. Sabemos que não é isso que ocorre na maioria das vezes. No entanto, os professores devem estar atentos, pois é muito comum as salas heterogêneas e, como salienta Vygotsky (1996), o educador deve ter metodologias de ensino diferenciadas para atender aos estudantes, visto que estes não detêm conhecimentos idênticos, nem aprendem de igual forma e no mesmo espaço de tempo.
Neste sentido, Soares (2011) afirma que cada aluno tem o seu modo e tempo de aprender sendo necessário que os professores façam readequações nas suas maneiras de trabalhar a fim de chegar ao objetivo da educação que é fazer com que os alunos aprendam, independente do seu ritmo. É necessário que os professores sejam encorajados a isso, afinal, muitos rótulos relacionados a alunos surgem dentro da escola. Nas palavras de Pinho e Souza (2015, p. 676), “Isso significa o enfrentamento do reconhecimento distorcido do outro, lento, lerdo, atrasado, indisciplinado, desinteressado, desatento, com idade avançada, que tem problema em acompanhar o tempo escolar”.
O pedagogo deve ser o verdadeiro parceiro no que diz respeito à reflexão e construção de novos caminhos em busca do objetivo principal que é a concretização da aprendizagem. Para isso, este profissional não pode ser apenas expectador do processo. Ele deve “colocar a mão na massa”, isto é, envolver-se de maneira plena na prática cotidiana dos professores. Pois é fazendo parte do contexto que poderá dar maior apoio e seguir dia a dia subsidiando não somente o trabalho do professor, mas também a aprendizagem dos alunos.
Entende-se que agindo assim o pedagogo será mais um profissional acessível aos educandos, em suas dificuldades, ou seja, o pedagogo torna-se para eles, alguém próximo a que podem recorrer e contar, tornando-se aliado do professor no sentido de irmanar as pessoas em torno de projetos sociais comuns. Para Morais (1986, p. 10) só há ensino quando há companheirismo entre ensinante e ensinado, educador e educando, pois o que caracteriza o ensinar é a ultrapassagem da coexistência para a convivência.
O acompanhamento da vida escolar dos filhos, por parte das famílias, abre a possibilidade de o aluno encontrar em seu lar o auxílio necessário para amenizar as suas dificuldades, uma vez que a família é considerada uma instituição com a responsabilidade de promover a educação dos filhos e influenciar o comportamento das crianças na sociedade. Mas a falta desse acompanhamento pode ser um agravante para que as dificuldades de aprendizagem aumentem e perpetuem-se cada vez mais nessa criança.
Todavia, se a família coloca-a na escola, mas não a acompanha pode gerar na criança um sentimento de negligência e abandono em relação ao seu desenvolvimento. Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem as condutas caóticas e desordenadas, que se refletem em casa e quase sempre, também na escola em termo de indisciplina e de baixo rendimento escolar (MALDONADO, 2002 Apud JARDIM, 2006, p. 20).
Os alunos em sua maioria precisam de orientação. Sendo assim, os que têm horários de estudo em casa, em que os pais cumprem a função de acompanhamento da rotina de estudos e de execução das tarefas propostas pelos professores, terão muito mais chances de entender um determinado conteúdo que na escola não ficou claro o suficiente. Ao contrário daqueles que os pais não estão lado a lado na vida escolar do filho. Pode-se dizer que isto faz toda a diferença para amenizar ou aumentar possíveis dificuldades. Netzel (2016), afirma que a escola e a família devem caminhar na mesma direção no que diz respeito aos objetivos que se quer atingir. Segundo a autora, o aluno terá mais segurança para aprender e desenvolver criticidade e resiliência diante dos problemas, se cada instituição fizer a sua parte.
Mais uma vez reiteramos o papel do pedagogo que é o de estar em contato e sintonia constante com as famílias dos educandos, não somente para apontar erros, mas para estreitar a presença dos pais e tê-los como parceiros e corresponsáveis pelo sucesso dos filhos e consequentemente da escola. Nesta direção, Mariani (2015) ressalta a importância dessa relação quando diz que para o bom funcionamento da escola, ela não pode ficar isolada e que é necessário que todos os profissionais primem pela coletividade junto às famílias em prol da melhoria da aprendizagem.
Além de ser um dos principais elos da escola com a família, de forma geral, o pedagogo é o profissional que deve acompanhar todo o processo educacional desde as metodologias utilizadas pelos professores, planejamentos, mecanismos de avaliação e é claro, os resultados. Sendo assim, precisa estar atento no indivíduo enquanto sujeito e suas peculiaridades, nas turmas, e na escola como um todo.
Pensar junto aos professores em estratégias para melhorar os resultados pode e deve ser uma preocupação do pedagogo. Da mesma forma que auxiliá-los na implementação de aulas extremamente significativas para o aluno e para a aprendizagem de maneira geral. Mariane (2015) ressalta a importância deste profissional. Para ela, a função requer além de comprometimento, competência e dedicação. Nas palavras da autora, o pedagogo auxilia no desenvolvimento de métodos para melhoria no processo de aprendizagem dos educandos e para que estes possam utilizá-los não somente para a sala de aula, mas para suas vidas.
5. CONCLUSÃO
No contexto escolar muitos são os desafios, porém, em proporção bem maior, muitas podem ser as contribuições do pedagogo para a concretização da aprendizagem como um todo. Permeiam os principais desafios, a questão da indefinição das atribuições deste profissional no ambiente escolar, causando até mesmo ao pedagogo falta de clareza a ele no seu dia a dia. Questões como estas carecem de ser desmanteladas pois acompanham o curso de pedagogia desde a sua criação no Brasil em 1939 e permanece nos dias atuais.
Este artigo possibilitou refletir acerca de outros desafios não menos importantes a este profissional como a necessidade de suporte aos professores em seus planejamentos, a fim de que possam refletir e melhorar as suas práticas docentes como as metodologias utilizadas e o olhar atento no modo e tempos diferenciados de cada aluno aprender. Também enfocou a importância de o pedagogo atentar-se para o debate acerca das relações interpessoais, da formação continuada do próprio Pedagogo e da interação com as famílias para que elas cumpram o verdadeiro papel desta instituição que é o de acompanhar a vida escolar dos filhos.
Acreditamos que os desafios e as contribuições do pedagogo são em quantidade bem superior aos que foram citados neste artigo, afinal de contas o pedagogo não tem como única atribuição a de ser professor, mas sim múltiplas funções dentro do contexto escolar.
Assim como na Grécia Antiga, o pedagogo deve ser o condutor de crianças. E de uma forma mais ampla, ele é o responsável pelo acompanhamento dos alunos, pelo suporte aos professores desde o planejamento à execução das metodologias de trabalho, nos resultados e em tantas outras tarefas pertinentes à aprendizagem que juntas formam a engrenagem escolar.
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. de A. Referenciais para construção de sistemas educacionais inclusivos – a fundamentação filosófica – a história – a formalização. Versão preliminar. Brasília: MEC/SEESP, 2003.
ARANHA, M. L. de A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 2006.
AVELEDO, E. A. B. da S. O espaço formativo da RPS e as necessidades de formação dos professores: atendidas ou não? Dissertação (Mestrado Profissional em Educação). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 10 de fevereiro de 2020.
BRZEZINSKI, I. Pedagogia, pedagogos e formação de professores: busca e movimento. 9. ed. Campinas: Papirus, 2012.
COMÉNIO, J. A. Didáctica magna. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1992.
COSTA, W. C. L.; PINHEIRO, D. R. Desafios da formação inicial do pedagogo na sociedade contemporânea. Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Confresa. Revista Prática Docente. v. 1, n. 1, p. 116-126, jul/dez 2016
COPETTI, J. Dificuldades de aprendizado: manual para pais e professores. Curitiba: Juruá, 2012.
FRANCO, M. A. do R. S. Pedagogia como ciência da educação. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2008.
FRANCO, M. A. do R. S. Pedagogia e Prática Docente. 1. Ed. São Paulo: Cortez, 2012.
LAGE, B. de O. Pedagogos que atuam na região dos inconfidentes, em Minas Gerais: Desafios na construção da Escola do Campo. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Ouro Preto, 2016.
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e Pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2004.
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Curitiba: Editora da UFPR , 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/n17/n17a12.pdf. Acesso em: 10 de Fevereiro de 2020.
LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2003
MALDONADO, M. T. Comunicação entre Pais e Filhos: a linguagem do sentir. São Paulo: Saraiva, 2002.
MARIANI, I. K. O ser pedagogo na contemporaneidade em meio à emergência da diversidade como alteridade. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade do Oeste de Santa Catarina, 2015.
MORAIS, R. de. O que é ensinar. São Paulo: EPU, 1986.
NETZEL, E. do R. A Importância da Participação da Família na Vida Escolar do Aluno. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, 2016. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_pdp_ped_utfpr_elianedorocionetzel.pdf. Acesso em: 17 de Janeiro de 2020
PEREIRA, D. S. C. O significado de aprender o número. In: PARENTE, S. Encontros com Sara Paín. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda., 2000, p.25.
PERRENOUD, P. La Formation des Enseignants entre théorie et pratique. Paris: L’Harmattan, 1994.
PINHO, A. S. T. de ; SOUZA, E. C. de. O tempo escolar e o encontro com o outro: do ritmo padrão às simultaneidades. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. 3, p. 663-678, jul./set. 2015.
SAVIANI, D. A Pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas: Autores Associados, 2012.
SILVA, C. S. B. da. Curso de Pedagogia no Brasil: história e identidade. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
SOARES, M. A. S. O pedagogo e a organização do trabalho pedagógico. Curitiba: Ibpex, 2011.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
VOLPIN, G. B. C. O significado e o sentido do planejamento no trabalho do professor: uma análise crítica a partir da teoria da atividade de A. N. Leontiev. Araraquara: Universidade Estadual Paulista, 2016.
[1] Mestrado pela Faculdade Vale do Cricaré, Pós-graduação em Coordenação Escolar, Graduação em Pedagogia.
[2] Orientadora. Doutorado em Engenharia Agronômica.
Enviado: Abril, 2021.
Aprovado: Julho, 2021.