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O Perfil Docente e a Diversidade da Língua Oficial do Brasil

RC: 16448
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CONTEÚDO

SILVA, Edirene Freitas [1]

SILVA, Edirene Freitas. O Perfil Docente e a Diversidade da Língua Oficial do Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 06, Vol. 04, pp. 68-80, Junho de 2018. ISSN:2448-0959

Resumo

Na língua oficial do Brasil há várias decorrências de ecos deixados por um português arcaico, fazendo-se presente os dialetos e os regionalismos que mostra uma língua não homogênea, pois ela é viva e se modifica com o tempo. Nesta perspectiva, o presente artigo, partindo de uma análise crítica, visa trazer algumas concepções sobre a importância das variantes linguísticas em sala de aula. Portanto o estudo mostra o quanto é importante para o professor à qualificação e a renovação do conhecimento, pois sempre foi uma premissa para se alcançar a excelência acadêmica, o conhecimento vasto que o docente precisa ter sobre as áreas culturais, pedagógicas e metodológicas. Para tanto esta pesquisa faz um breve retrospecto sobre o conceito de língua, discute alguns métodos e como pode auxiliar no processo educacional mostrando a riqueza que tem a nossa língua. A metodologia aplicada ao trabalho se ateve a um estudo descritivo do tipo revisão bibliográfica, que se respaldou em literaturas científicas que tentam responder a tais questionamentos, sendo que os resultados obtidos responderam satisfatoriamente à proposta da pesquisa em foco.

Palavras-chaves: Língua Portuguesa, Variações Linguísticas, Perfil Docente.

INTRODUÇÃO

No Brasil há mais de 200 línguas faladas, cada região apresenta múltiplas variantes que determina a herança social do sujeito, contudo o português que é ensinado nas escolas não condiz com essa realidade geográfica. Conforme nos aponta Perrenoud (2000, p. 141) “a escola não poderia libertar inteiramente nossa sociedade do medo de ensinar-se”.

Sendo a língua um agrupamento de regras da linguagem ela é considerada um fenômeno social na proporção que representa a relação que uma sociedade estabelece com o mundo e os sujeitos dessa comunidade. A língua é fruto da apropriação cultural, o sujeito não nasce com a ela, ele se adapta a partir da necessidade de comunicação, a língua manifesta-se junto com a cultura: um conceito antropológico do antropólogo Roque de Barros Laraia ele fala que:

“talvez seja mais fácil para o leitor entender a lógica é a coerência de um sistema cultural tratando-o como uma forma de classificação. Muito do que supomos ser uma ordem inerente da natureza não passa, na verdade, de uma ordenação que é fruto de um procedimento cultural”. (LARAIA, 2009, 91).

Portanto não podemos confundir a escrita com a fala, já que a gramática normativa visa formas corretas e apega-se muito a escrita e esquece que ela é também falada.

De acordo com Laraia (2009, p. 21) “determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural”. Cabe aqui destacar que a variação linguística está também diretamente relacionada com o contexto socioeconômico de seus falantes, pois está vinculada com a interação entre as pessoas de um mesmo grupo social. Entretanto aqui se faz presente à importância do ensinar e como ensinar o que são essas variantes, cabendo ao docente levar até o aluno esse conhecimento cultural da língua. Para isto é preciso insistir no saber necessário ao professor, de acordo com Freire, “ensinar não é transferir conhecimento não apenas precisa ser aprendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser antológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa ser constantemente testemunhado, vivido” (FREIRE, 2011, p. 27).

De forma geral, o ensino das variantes busca atrelar as necessidades da língua como um todo, mas a gramática normativa acaba por deixa lá fragmentada. Os docentes podem ignorar a existência deste saber? Segundo Paulo Freire o ideal é que, “na experiência educativa, educandos, educadores e educadoras, juntos, convivam de tal maneira com este como com outros saberes” (FREIRE, 2011, p. 34). Pois acabamos nos deparando com essas variantes em sala de aula.

Vê-se nesse ponto que os professores têm o papel fundamental de ensinar o estudante a se apropriar do conhecimento da língua da forma como ela é, pois a necessidade desse aprendizado é perceptível, mas atualmente “não ensinamos as condições de um conhecimento pertinente, isto é, um conhecimento que não mutila o seu objeto” (MORIN, 2000, p. 20).

Portanto o docente tem uma grande importância, pois ele deve apresentar ao aluno em que situação deve ser usada a língua, se da forma coloquial ou da forma padrão. Para isso faz-se necessária “a formação dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática” (FREIRE, 2011, p.24). A comunicação é uma das maiores funções da língua, pois através das palavras ditas ou escritas podemos transformar e humanizar.

A língua oficial brasileira

 A Língua oficial brasileira é o português, os regionalismos são as variantes linguísticas regionais. É sabido que o estudo da língua serve para entendermos como os seres humanos se comunicam em um contexto social e as variantes linguísticas descobrem o uso e a forma da linguagem de cada região (DENILDA, 2008). O objetivo desse artigo e analisar o estudo da língua, e como o ensino é ministrado nas instituições educacionais, como também, tentar entender melhor como essa se comporta diante das variações linguísticas.

Como bem nos assegura (DENILDA 2008). Pode-se dizer que a variação linguística surge da realidade dos moldes alternativos que são denominados variantes, esta variação é resultante de uma língua viva, por isso esta dinâmica linguística está ligada e movida por fatores estruturais e sociais, como exemplo de fatores estruturais, poderíamos citar as novas tecnologias em sala de aula, que na nossa atual conjuntura social correlacionam-se com a questão da identidade cultural, conforme nos aponta Freire (2012, p. 24) “de que fazem parte a dimensão individual e a classe dos educandos cujo respeito é absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é problema que não pode ser desprezado”. Neste contexto, fica claro que a variação linguística é cultural, e também ferramenta social, pois exerce poder sobre os falantes de uma determinada região. Para Morin, devemos levar em consideração que “somos parte de uma sociedade, uma parte da espécie, seres desenvolvidos sem os quais a sociedade não existe” (MORIN, 2000, p.25). O mais importante, contudo, é constatar que esse processo ocorre de forma natural. Não seria exagero afirmar que a variação linguística retrata as particularidades da língua, nesse caso a fala é um mecanismo de reconhecimento regional do sujeito, portanto é por meio da fala que é possível reconhecer a origem do indivíduo. Em todo este processo, ocorreu a identificação da origem do sujeito, e junto com os termos e costumes os traços culturais da comunidade que esse sujeito esta inserido.

O Brasil é formado por cinco regiões que falam a mesma língua, contudo estas sofrem variações regionais e culturais, podem até ter os mesmos traços, porém os costumes e a língua tem diferença. Isso porque a variante linguística representa um importante meio para retratar a identidade cultural de uma região, pois é através da fala que o sujeito diz a sua origem, portanto esta linguagem é um reflexo desse regionalismo.

Podemos perceber que hoje vemos milhares de pessoas que são excluídas socialmente por não seguirem a norma padrão de uma determinada gramática, que foi escolhida há séculos numa sociedade totalmente diferente da nossa. Como afirma Bagno (2008, p. 29) “assim, tal como existem milhões de brasileiros sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, também existem milhões de brasileiros que poderíamos chamar de sem língua”. Esse discurso nos faz refletir sobre a nossa prática em sala de aula e o nosso papel de docente, e também, sobre a nossa relação com os milhares de estudantes que passam e deverão passar por nós, que refletirão nossos pontos de vista, como professores precisamos reconstruir nossos saberes, conforme nos aponta Edgar Morin em “Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”, diz respeito a “uma tradução, seguida de uma reconstrução” (MORIN. 2000, p. 20).

Qual a importância da língua?

A importância da língua esta associada à cultura e a sociedade, sendo ela uma das características de identidade, Portanto a língua é um fator social que move, modifica e produz sociedade, porém ela é um elemento da cultura de um povo, pois somos formados por ela. Consideramos aqui a “teoria da influência do meio” de Rousseau, que é explicada através da língua e da linguagem. Ele afirmou que o ser humano é bom por natureza, à sociedade é que o corrompe, portanto este poder é exercido através da linguagem e da língua. Por meio da linguística, ciência instaurada por Ferdinand de Saussure a língua tem formação antropológica, psicológica, sociológica, em seu livro ele deixa claro que ela é também científica.

Linguística é constituída inicialmente por todas as manifestações da linguagem humana, quer se trate de povos selvagens ou de nações civilizadas, de épocas arcaicas, clássicas ou de decadência, considerando-se em cada período não só a linguagem correta e a “bela linguagem”, mas todas as formas de expressão. Isso não é tudo: como a linguagem escapa as mais das vezes à observação, o linguista deverá ter em conta os textos escritos, pois somente eles farão conhecer os idiomas passados ou distantes. (Saussure, 2006, p. 13).

É interessante, afirmar que a língua é viva e se modifica, está sempre em desenvolvimento, pois com o passar do tempo é influenciada por novos falares, mas querem que ela fique parada no tempo e no espaço, o que se ensina é a gramática normativa levando o sujeito a criar certos preconceitos linguísticos quanto aos regionalismos/variantes, mas há alguns fatores que se sobrepõe como, a norma dominante que é estabelecida na sociedade, onde a todo o momento o que se apregoa é uma linguagem escrita querendo que a fala seja igual à escrita, e sabemos que a escrita e a fala possuem características especificas. Conforme aborda (BAGNO, 1999).

Vamos abandonar, portanto, a ideia (preconceituosa) de que quem escreve “tudo errado” é um “ignorante” da língua. O aprendizado da ortografia se faz pelo contato intimo e frequente com textos bem escritos, e não com regras mal elaboradas ou com exercícios pouco esclarecedores. (Bagno, 2004, p. 138).

Contudo, não parece haver razão para que esta situação não possa vir a mudar, desde que os docentes sejam capazes de entender que o falar diferente, da forma que é ensinada não é errada, é só uma variação da língua. Para esta situação mudar faz-se necessária competência por parte do docente. “A noção de competência designará aqui uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação”. (PERRENOUD, 2000, p. 26).

Logo, as instituições educacionais só se preocupam com a norma padrão, porém acabam deixando de lado esta riqueza linguística que temos em nosso país. Conforme citado acima, a língua é rica e não pode ficar estagnada no tempo, precisamos mostrar que pode ser falada de formas diferentes levando sempre em conta os regionalismos. O brasileiro escritor e linguista Marcos Bagno fala da exclusão social e de dominação política pela língua, esta ideologia é um mecanismo de controle social que está impregnada nas sociedades.

Portanto torna-se importante para o falante da língua portuguesa saber identificar e diferenciar a sua variação linguística dos demais, não para menosprezar, e sim para reverenciar e maravilhar-se com a nobreza que a língua materna possui, esta é uma das propostas dos Parâmetros Curriculares da Língua Portuguesa:

(…) conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais (Secretária de Educação Fundamental, 1997, p. 15).

Conforme Bagno (1999), as escolas transmitem a norma padrão, pois só estudam gramáticas. Os discentes não aprendem a língua da forma como ela é, portanto não levam em conta à bagagem linguística destes alunos que chegam até as instituições educacionais, desprezando a diversidade linguística e cultural do discente.

Trata-se inegavelmente de ensinar como deve se portar diante dessa variação linguística, pois devem mostrar ao aluno em que momento ele deve usar a norma padrão levando o aluno a refletir e conscientizá-lo como essas normas favorecerão no aprendizado da língua portuguesa, seria um erro, porém, não levar até o discente esta compreensão e conhecimento. Para Morin compreender é perceber os vários lados de uma pessoa. […] “A compreensão necessita de um movimento de empatia” (MORIN, 2000, p. 36).

Assim, reveste-se de particular importância lembrar que nossa língua é heterogênea e que a comunicação é uma das principais funções dela, pois é através dela que o sujeito se desenvolve, argumenta, ensina, pergunta, portanto ela faz parte da nossa identidade cultural e da nossa sociedade, e estas experiências estão presentes no nosso cotidiano. Para o antropólogo Laraia “[…] entender a lógica de um sistema cultural depende da compreensão das categorias constituídas pelo o mesmo” (LARAIA, 2009, p. 96).

Sob essa ótica, ganha particular relevância que o estudo dessa diversidade linguística não considera nenhuma variação melhor ou pior que a outra leva em conta só a diferença, pois é esse diferencial que a torna encantadora. Bagno argumenta que com o passar dos anos perde-se ganha palavras novas, porém esse acontecimento não deixará a língua pobre, uma vez que a intensidade de formação de novas palavras é em ritmo muito mais rápido do que o desuso, por isso que a língua não é homogeneizada, pois se fosse haveria uma destruição da diversidade linguística, porém ela não deixa de ser um universo dinâmico, rico e complexo. A linguagem não é estipulada por um único ser, e sim por um grupo social.

Pode-se dizer que Bagno deixa claro que variação linguística é real e argumenta como a língua deve ser vista e ensinada nas escolas, para o autor a língua é social e estrutural. Neste contexto, a autora Denilda fala que a variação linguística é ocasionada por fatores estruturais e sociais, então partindo desse contexto os dois autores têm a mesma visão sobre a língua. Bagno relata a variação linguística com mais complexidade já Denilda trata do assunto mais resumidamente em relação ao Bagno. Assim, o autor deixa claro que esse estudo não tem um fim, sempre haverá inovações. “A língua é um rio caudaloso, longo e largo que nunca se detém em seu curso” (BAGNO, 1999, p. 10). É importante afirmar que esse estudo é muito complexo e precisa de muitas outras fontes de pesquisa.

Conforme explicado acima, a variação linguística existe e precisa ser estudada, para só assim deixar de ser vista como um falar errado, pois o objetivo e mostrar a riqueza que há nela, nesse sentido deixa de ser vista como certa fraqueza peculiar do falante. A língua tem um potencial marcante, ela é uma manifestação da prática social e cultural. Por exemplo, conscientizar os docentes na hora de ensinar os discentes (Bagno, 1999). Não pode rejeitar centenas de falantes por não seguirem a gramática.

O que existe, de um lado, em termos de representação ou imaginário linguístico, é uma norma padrão ideal, inatingível, e do outro lado, em termos de realidade linguística e social, a massa de variedades reais, concretas, como se encontram na sociedade (Bagno, 2004, p. 161).

O autor deixa claro na citação acima que não existe gramática sem língua, mas que uma língua pode existir sem gramática. Por esse motivo que a linguagem popular é tão rica, mas essa riqueza acabou ficando de fora da gramática, para não comprometer o domínio nacional da famosa escrita padrão. Conforme citado acima as variações linguísticas, que fazem parte da cultura dos falantes de cada região foi excluído da própria língua.

Os Parâmetros Curriculares defendem que a língua também é instrumento de reflexão, apoiando se em dois fatores: “a capacidade humana de refletir, analisar, pensar sobre os fatos e os fenômenos da linguagem tem de poder referi-se a si mesma, de falar sobre a própria linguagem”. (Secretária de Educação Fundamental, 1997, p. 53).

Fica evidente, a importância de rever a forma que retratamos em sala de aula os diferentes tipos de variações linguísticas, pois na verdade não há nenhuma melhor que a outra. Espera-se, que possamos nos expressar de diversas formas, utilizando as variantes linguísticas em diversos contextos sociais. Nesse ritmo, é apenas questão de tempo, de pouco tempo, para começar a entender que o falar é diferente da escrita. Vê-se, pois, que essa realidade da variação linguística traz características próprias que enriquecem a pluralidade cultural das cinco regiões. Mesmo assim, não parece haver razão para que a língua seja subordinada a gramática.

Por todas essas razões, os docentes não devem tratar as variações como apenas um desvio da norma padrão, mas, mostrar aos discentes que eles podem falar de diversas maneiras de acordo com a ocasião. É preciso ressaltar que, a norma padrão é obrigatória nos contextos formais, e é primordial nos usos da escrita. 

Perfil docente à frente da diversidade linguística em sala de aula

Conforme visto no primeiro capitulo deste artigo, a diversidade linguística é a variação que a língua apresenta de acordo com cada região, condição social, cultural e histórica. Neste contexto, fica claro que a norma padrão da língua portuguesa corresponde a uma coleção de regras impostas pela gramática normativa. O mais preocupante, é constatar que, o professor desconsidera esta bagagem linguística que aluno já adquiriu pelo convívio social. Contudo o docente na maioria das vezes não conhece seus discentes, e não sabe o que ensina de modo geral para um melhor conhecimento, a pesquisa era para fazer parte do cotidiano profissional. De acordo com Freire.

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (Freire, 1996, p. 32).

Pode-se dizer que fica evidente que a diversidade por ser um fator social e cultural exige do profissional de educação, conhecê-la, entende-la e trazê-la para sala de aula. Neste contexto, mostra que o professor e o elemento central na construção do conhecimento, e o aluno é a matéria prima a ser trabalhada. O mais preocupante, contudo, é constatar que o conceito de bom aprendizado e construído quando o aluno repete ou concorda com o professor, sem que haja uma participação efetiva do pensamento do aluno.

Conforme explicado acima é interessante, afirmar que o professor dê aos seus alunos a liberdade para pensar, criticar e de formular suas opiniões, que não se sinta o bom em tudo, porque no ambiente escolar não existem os bons, todos aprendem de forma conjunta.

Segundo FREIRE (1996), o Perfil Docente é saber que somos seres inacabados e que sempre estamos em construção, portanto quando ensinamos aprendemos e quando aprendemos ensinamos, o docente precisa ser consciente e buscar uma ação e uma visão transformadora de totalidade do mundo em que vive. Produzir novos conhecimentos colocando em prática a curiosidade, Freire chama de curiosidade epistemológica.

É neste sentido, por exemplo, que me aproximo de novo da questão da inconclusão do ser humano, de sua inserção num permanente movimento de procura, que rediscuto a curiosidade ingênua e a crítica, virando epistemológica. (Freire, 1996, p. 15).

Como bem nos assegura MORIN (2000), o principal dever da educação é preparar os discentes para enfrentar as incertezas, ou seja, para que o conhecimento avance é preciso errar.

Não é exagero afirmar que o profissional de educação às vezes age de maneira como se o conhecimento prévio do aluno não fosse útil na construção do saber. Assim, preocupa o fato de que se usam métodos tradicionais, para preservação de um saber condicionado e influenciado, isso porque estas concepções são adquiridas no decorrer da vida escolar. Segundo PERRENOUD “o professor deve estabelecer uma cumplicidade e uma solidariedade em busca do conhecimento e mesmo um pouco adiantado, renunciar a ideia de defender sua imagem de professor que sabe tudo, aceitando mostras suas próprias divagações e ignorâncias” (PERRENOUD, 2000, p.38). Portanto o profissional tem que estar preparado e conhecer muito bem o ambiente em que exerce suas atividades, devido à diversidade linguística dos educandos. Para MORIN (2002, p. 63) “e preciso compreender tanto a condição humana no mundo, como a condição do mundo humano”.

Para PERRENOUD (2000, p. 14) o perfil Docente permite acentuar as “competências julgadas prioritárias por serem coerente com o novo papel dos professores, com a evolução da formação contínua, com as reformas da educação inicial, coma as ambições das políticas educativas”. O perfil docente facilita um processo de formação continuada, mas que esse processo não se esgote com o término do curso, porém deve ser contínuo a ser construído no cotidiano escolar. Portanto devemos desenvolver as competências e a transferência de conhecimentos, educar para cidadania.

Como podemos verificar nessa citação, que o perfil docente é aplicado para o professor para que ele atue em sala de aula. Evidentemente a aplicação pode ser utilizada para mostrar como deve lidar com o aluno para trabalhar buscando sempre com excelência a alcançar um vasto repertório cultural, pedagógico e metodológico. Cita-se, como exemplo, os avanços tecnológicos fez com que os alunos se mantivessem fora do contexto escolar, trazendo para sala de aula uma vasta bagagem de informações e julgamentos. Perrenoud ainda argumenta que deve:

Mostrar maneiras de dar aulas, em torno, por exemplo, da diferenciação, da criação de situações didáticas ou da gestão de progressões ao longo de um ciclo de aprendizagem, uma argumentação pareceu mais sensata do que uma lista de itens cada vez mais detalhadas (2000, p. 15).

Nesse sentido, o perfil docente permite que o professor seja autor da sua criação e da sua situação didática. Logo, é importante compreender que a aprendizagem do docente tem que ser contínua, pois a educação evolui conforme as mudanças ocasionadas no ambiente de ensino-aprendizagem, ter percepção que não é somente como dar aula e sim como devemos dar aula e saber lidar com certas situações em sala de aula. Nesse sentido, vamos exemplificar o perfil docente como aprendizagem contínua não restringir os professores apenas como meros transmissores de conhecimento, ele transmite mais também aprende, há uma troca.

Conclusão

O desenvolvimento dessa pesquisa proporcionou analisar como as variedades linguísticas estão sendo ministradas no ambiente escolar, uma reflexão acerca dos benefícios dos recursos didáticos e dificuldades encontradas pelo docente ao trabalhar este conteúdo, além disso, permitiu verificar diferentes recursos de como trabalhar a língua e avaliar como estes auxiliam na aprendizagem, um ensino voltado para o respeito às diferenças das variedades, sem, contudo, deixar de prevalecer à educação de qualidade, na qual a norma-padrão se faz indispensável.

Compete ao professor a obrigação de investir na sua formação, investigando, questionando, estudando e buscando resultados para respaldar seus argumentos em sala de aula, a partir deste exercício de reflexão e de criticidade, o docente poderá auxiliar na formação e na transformação dos discentes críticos e conscientes, uma ação de reconhecimento e valorização dessa identidade pessoal, social e cultural. Diante desse contexto, a intervenção do educador pode contribuir com o seu papel social de transformar o aluno em cidadão crítico e capacitado para enfrentar a realidade não só do âmbito escolar, mas também social. Sendo assim, o professor tem um papel importante no processo de aprendizagem do aluno, na construção do próprio conhecimento e da ética.

De forma geral, os docentes encontram dificuldades para trabalhar as variantes linguísticas como deve ser trabalhada, e acabam por demonstrar desinteresse, pois com a ausência de tempo e de apoio das instituições não planejam e nem aplicam em sala o conteúdo. Portanto com a falta destes fatores ensinam a norma padrão, ficando um ensino muito limitado, pois tendo que dar conteúdos relativos à gramática normativa acaba por deixar de lado o ensino de língua, não busca conhecer os problemas efetivos para o estudo.

O estudo da teoria de Bagno permitiu um olhar diferente sobre a língua em sua totalidade, essa pesquisa mostra como apresentar de forma mais abrangente esse tema aos alunos reforçando e acaba motivando ainda mais minha curiosidade de ir mais longe nessa pesquisa.

Dada à importância do tema, torna se necessário o desenvolvimento do estudo para que possa desencadear competências e habilidades para garantir um ensino da língua e das variantes linguísticas, pois elas trazem características próprias que enriquecem a pluralidade cultural do nosso país, dessa forma que venha a atender as diferentes necessidades dos alunos e, assim, efetivar uma prática pedagógica diferenciada.

Nesse sentido, a utilização de recursos para aprendizagem de língua e das variantes linguísticas na escola permitem os professores mediarem o processo ensino/aprendizagem de uma forma mais enriquecedora, motivando o aluno a ter mais vontade de aprender e contribuir para que a aprendizagem seja realmente significativa. Essas reflexões devem contribuir para propor um modelo educacional que vise a incluir todos os alunos na sociedade de maneira mais justa e igualitária.

Referências bibliográficas

BAGNO, Marcos. Á Língua de Eulália: Novela Sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2004.

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: O que é, como se faz? São Paulo: Edições Loyola, 1999.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO BRASIL. Parâmentros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília, 1997. MEC/SEF. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf> Acesso em: 20 de maio. 2017.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 13. ed. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. 24ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

MOURA, Denilda. Os Desafios da Língua Falada e Escrita. Maceió- Al: Afiliada, 2008.

PERRENOUD, Philippe. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza / trad. Claudia Schilling. – Porto Alegre: Artmed, 2001.

PERRENOUD, Philippe. 10 Novas competências para ensinar. São Paulo: Artmed, 2000.

[1] Educadora, mestranda em Educação pela Universidad La Empresa –UDE/Montevideo – Uruguai; Pós-graduada em Psicopadagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco – UNICASTELO; Licenciada em Português e Língua Inglesa pela Universidade Paulista – UNIP/São Paulo; Professora da Rede Municipal e Privada na cidade de Valinhos. São Paulo/SP.

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Edirene Freitas Silva

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