RELATO DE CASO
SILVA, Américo Junior Nunes da [1], CORREIA, Vinícius Christian Pinho [2]
SILVA, Américo Junior Nunes da. CORREIA, Vinícius Christian Pinho. Desafios e potencialidades dos livros didáticos de matemática: reflexões a partir de um caso de ensino. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 10, Ed. 01, Vol. 02, pp. 83-102. Janeiro de 2025. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/desafios-e-potencialidades, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/desafios-e-potencialidades
RESUMO
Este artigo objetiva analisar os livros didáticos utilizados em uma turma da 2ª série do Ensino Médio de uma Escola Estadual em Senhor do Bonfim-BA, durante a realização de um Estágio Curricular Supervisionado do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado da Bahia, Brasil. O percurso metodológico utilizou como instrumentos para a produção de dados a análise de livros didáticos e a reflexão sobre um caso de ensino, ambos interligados. Busca-se compreender o itinerário reflexivo-analítico constituído a partir do uso de Casos de Ensino, como um elemento importante para o processo de formação inicial de futuros professores de Matemática. O Caso, ao criar narrativas que destacam o protagonismo dos futuros professores, em determinadas situações didáticas, propôs ao estudante estagiário participar e contribuir na análise de um livro didático de Matemática, especificamente o da turma em que se realizava o estágio. Esse processo de análise dos Livros Didáticos, inserido no contexto do Caso de Ensino, revelou-se um movimento reflexivo importante para a formação inicial, principalmente por possibilitar a compreensão dos critérios e mecanismos de escolha dos livros utilizados nas escolas, algo que permitiu entender melhor suas potencialidades para o ensino e a aprendizagem da Matemática. Concluiu-se que muitos livros não contextualizam os conceitos com a realidade do semiárido nordestino, algo que justifica a importância de integrar essa discussão nos cursos de formação, preparando os professores para adaptar o material didático, quando necessário, às suas realidades regionais. Advogamos, portanto, para necessidade, também, de que as editoras considerem essas especificidades regionais ao desenvolver livros didáticos.
Palavras-chave: Livro Didático de Matemática, Caso de Ensino, Educação Matemática, Formação de Professores, Estágio Supervisionado.
1. INTRODUÇÃO
Os Livros Didáticos (LD) são dispositivos pedagógicos importantes para orientar os processos educativos, servindo não apenas como tradutores do currículo, mas também como auxiliares nos itinerários de ensino-aprendizagem, em diversas áreas do conhecimento (Rezat et al., 2019). Em muitas realidades escolares, incluindo a vivenciada durante o Estágio, e conforme Bittar (2017), os LD são o material didático mais utilizado pelos professores, especialmente por apoiar situações didáticas na Educação Básica. Diante disso, surgem as questões: como ocorre a escolha dos LD nas escolas parceiras que recebem os estudantes estagiários? Os [futuros] professores de Matemática são/estão preparados para essa tarefa?
Esses questionamentos surgiram a partir de experiências no Estágio Curricular Supervisionado (ECS), quando essas questões, referente a escolha e análise do LD pela escola parceira, emergiu como uma problemática provocada pelos estudantes estagiários. Assim, o professor orientador da universidade, decidiu trabalhar com Casos de Ensino. As inquietações geradas por essa atividade, principalmente ao perceber que essa situação era algo que os futuros professores enfrentariam ao assumir a docência, após concluir o curso de licenciatura, preocupou e instigou a participação. Isso se deu especialmente pela constatação de que até aquele momento não se havia abordado esse assunto, apesar de ela ser foco de inúmeras pesquisas no campo da Educação Matemática, como destacaram Perovano, Guimarães e Litoldo (2022) e Mazzi et al. (2024).
A partir dessas pesquisas, percebemos que o livro didático “não é a única, porém, é o principal material utilizado pelo professor no preparo de suas aulas” (Bittar, 2017, p. 365). Por ser um importante orientador das práticas docentes nas escolas brasileiras, entendemos a necessidade de preparar o futuro professor de Matemática para realizar essa escolha, compreendendo o papel que esse material ocupa nos percursos de ensino-aprendizagem. É essencial que essa preparação leve em consideração as especificidades locais e regionais, integrando-se à cultura escolar particular (Bittar, 2017).
Para que os livros didáticos atendam às especificidades de uma cultura escolar particular, é essencial não apenas conhecer a fundo essa realidade e seu currículo, mas também compreender os critérios de avaliação desses materiais. Assim, os professores de cada área devem realizar um estudo e análise das obras já aprovadas pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), que atendem a um conjunto de requisitos: conformidade com a legislação, diretrizes e normas do Ensino Médio; princípios éticos e democráticos; coerência da abordagem teórico-metodológica; respeito à perspectiva interdisciplinar; precisão e atualização dos conceitos, informações e procedimentos; características e finalidade do manual do professor; e adequação aos objetivos didático-pedagógicos da obra (Brasil, 2017). Como ressaltado por Rosa, Ribas e Barazzutti (2012, p. 1), “é necessário conhecer previamente a abordagem e o método utilizados para trabalhar determinados conceitos. Por isso, é importante analisar as características dos livros para entender sua estrutura e possibilidades de aplicação”.
Reconhecendo a importância do livro didático e a necessidade de formação docente para sua adequada escolha, o professor orientador do Estágio Supervisionado, também autor deste manuscrito, propôs a análise dos livros que seriam utilizados durante o Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Campus VII, no primeiro semestre de 2022.1. Assim, reconhece-se, também, que o estágio se configura como um momento crucial para a formação e constituição da identidade docente (Pimenta, 2009; Silva, 2020).
Objetivamos, com este trabalho, apresentar a análise do Livro Didático realizada, na perspectiva de compreender esse itinerário reflexivo-analítico enquanto importante para o processo de formação inicial do futuro professor de Matemática. Destacamos que para essa análise, utilizamos um roteiro criado pelas autoras Rosa, Ribas e Barazzuti (2012). Outro destaque: assumimos, ao longo da escrita, diferentes tempos verbais. Esse trânsito é oriundo das particularidades deste relato e de seu caráter reflexivo; sobretudo, se tratando de uma experiência oriunda de um Caso de Ensino.
2. PERCURSO METODOLÓGICO
Para a construção deste texto, analisamos os livros didáticos utilizados pela turma da 2ª série do Ensino Médio em Tempo Integral de uma escola estadual em Senhor do Bonfim, Bahia. Essa análise foi proposta por um Caso de Ensino que nos posicionava como um professor de Matemática no início de carreira, encarregado de escolher o livro didático no início do ano letivo. No entanto, esse caso nos inquietou, pois, assim como o personagem do caso, muitos estudantes não conheciam os percursos institucionais que orientam a escolha de um LD e, sequer, os critérios dessa escolha, mesmo estando no último semestre do curso e prestes a assumir a docência como atividade profissional.
A proposta deste caso baseou-se, conforme Mizukami et al. (2002), nas exigências contemporâneas para um novo perfil de profissional da educação, que não só deve dominar o conteúdo que ensina e ensiná-lo de forma eficiente, mas também atender às especificidades dos alunos, considerando aspectos cognitivos, sociais, culturais, entre outros. As inquietações reflexivas geradas por essa atividade permitiram identificar essas questões como problemas e buscar soluções, que foram posteriormente apresentadas e discutidas em sala de aula, nos encontros coletivos realizados na universidade. A seguir, veremos o que estava descrito no caso de ensino proposto:
Caso 01 – “Como se escolhe o livro didático de Matemática?”

Compreendemos os Casos de Ensino, conforme Mizukami (2000), como dispositivos importantes para promover processos reflexivos e apoiar os professores na (re)construção do conhecimento profissional da docência. Segundo Roesch (2007), os Casos de Ensino são textos acadêmicos que seguem uma estrutura analítico-linear, utilizando uma narrativa segmentada temporalmente. De acordo com Agapito e Hobold (2021), esses casos são dispositivos formativos importantes e, também, servem como um espaço de pesquisa.
A reflexão ocupa, portanto, um papel central neste texto, principalmente por ser considerada um elemento crucial para a aprendizagem da docência e o desenvolvimento profissional. Ela permite a produção de “sentidos e explicitando os significados ao longo de toda a vida do professor, garantindo, ao mesmo tempo, os nexos entre a formação inicial, a continuada e as experiências vividas” (Mizukami et al., 2002, p. 16). Dessa forma,
A reflexão surge como o elemento que possibilita ao professor fazer as conexões entre os diferentes tipos de conhecimentos que ele possui, advindos dos diversos momentos da sua configuração profissional, abrangendo desde a sua experiência como discente, passando pela sua experiência docente, até a sua formação continuada (Duek, 2020, p. 03).
Assim, a partir deste Caso de Ensino e das reflexões que dele surgiram, que orientam a discussão e as análises, bem como da adaptação do roteiro às Unidades Temáticas, este trabalho se desenvolve. A seguir, apresentaremos, com base no Caso de Ensino exposto, o relato.
3.REFLEXÕES ACERCA DO CASO DE ENSINO
Antes de iniciarmos a análise das reflexões acerca do Caso de Ensino do livro didático, é importante destacar que as demais questões abordadas e que também foram objeto de reflexão, como no primeiro momento do caso, foram trazidas nas seções iniciais deste texto. Nesta seção, especificamente, optamos por focar na análise correspondente ao segundo momento do Caso de Ensino proposto.
Para realizar a análise dos LD que seriam utilizados durante o estágio, solicitamos à escola parceira alguns exemplares. Até o momento da realização do último estágio, não havíamos feito uma análise tão detalhada e orientada dos livros, antes de iniciar as atividades de docência. Identificamos, inicialmente, os títulos das obras: Prisma Matemática: Geometria e Trigonometria e Prisma Matemática: Sistema, Matemática Financeira e Grandezas, dos autores José Roberto Bonjorno, José Ruy Giovanni Júnior e Paulo Roberto Câmara de Sousa. Trata-se da 1ª edição desses livros, destinados à 2ª série do Ensino Médio, publicados pela editora FTD, de São Paulo, em 2020.
A partir dessa análise, observamos a distribuição dos campos da Matemática Escolar conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Inicialmente, notamos que cada livro não cobria todos os campos da Matemática. Posteriormente, entendemos que, para a série que estávamos analisando, dois livros eram utilizados, cada um abordando diferentes campos.
Para este artigo, identificaremos os livros didáticos analisados como Livro A e Livro B. O Livro A abrange os campos da Aritmética, Álgebra e Grandezas e Medidas (correspondendo aos conteúdos de Sistema, Matemática Financeira e Grandezas, conforme indicado na capa do livro). O Livro B, por sua vez, cobre os campos da Geometria e Trigonometria.
Figura 1 e 2 – Capas dos Livros Analisados da 2ª Série do Ensino Médio, Livro A e B respectivamente

Ao realizarmos uma análise inicial dos campos de conhecimento abordados em cada capítulo dos livros, observamos que o Livro A se foca na Aritmética, enquanto o Livro B trata da Geometria. Verificamos que os conteúdos apresentados em ambos os livros estão alinhados com a BNCC (Brasil, 2017). Além disso, os conteúdos em cada livro são apresentados de maneira articulada, proporcionando uma visão integrada do assunto.
Como é apresentada a metodologia e a contextualização nesses materiais? De acordo com as orientações do caso, escolhemos dois conteúdos, um em cada livro didático: no Livro A, optamos por “Porcentagem e Juros”; no Livro B, por “Proporcionalidade e Semelhança”. A escolha desses temas deve-se principalmente ao fato de que são conceitos que exploraremos durante nossa prática docente no estágio. Dessa forma, buscamos nos apropriar do livro de maneira aprofundada para utilizá-lo com mais eficácia nas nossas aulas, como destacou Bittar (2017).
Os livros apresentam contextualizações iniciais para os conteúdos abordados. Cada capítulo começa com a introdução do tema, seguida por uma breve reflexão histórica, o desenvolvimento do conteúdo e a proposição de exercícios resolvidos e não resolvidos. Além disso, incluem seções chamadas “Sabia Quê?” e “Pense e Responda”, que consideramos importantes para incentivar os alunos a refletirem sobre os conteúdos estudados e relacioná-los com situações do seu cotidiano. Abaixo, apresentamos um exemplo do que foi descrito na Figura 03.
Figura 3 – Recorte do Livro B: Introdução ao conteúdo de Proporcionalidade com uma curiosidade

Essas construções, como as anteriormente apresentadas, são importantes para aproximar os estudantes do conhecimento matemático. Elas permitem, conforme D’Ambrosio (1993), entender a Matemática como um campo de pesquisa e valorizar o prazer da descoberta, ressignificando a ideia de que aprender Matemática se resume a repetir exercícios. Observamos, em várias dessas situações, uma retomada de conhecimentos prévios essenciais para o desenvolvimento do novo conteúdo. No Livro A, por exemplo, encontramos atividades que visavam revisar conceitos do Ensino Fundamental, como ilustrado na Figura 4 a seguir:
Figura 4 – Recorte do Livro A: Conteúdo de Probabilidade

Ao examinarmos os exercícios propostos nos livros didáticos, notamos que eles são bem elaborados e contextualizados com uma dada realidade. Embora alguns não estejam totalmente conectados com a realidade do semiárido brasileiro, eles ainda são relevantes para a formação de um cidadão em uma sociedade globalizada e em constante transformação. Isso nos remete à leitura de Samacá Alonso (2011), que vê o livro didático como um vetor cultural que orienta valores na sociedade. Em muitas dessas propostas, os estudantes são convidados a assumir um papel de protagonismo ao refletir sobre os processos de matematização, incentivando-os a explorar diferentes estratégias de resolução.
No entanto, também identificamos muitos exercícios que focavam na memorização através da repetição de problemas semelhantes, adotando a abordagem “faça como eu faço”. Não encontramos inconsistências, desde o desenvolvimento dos conteúdos até a realização dos exercícios. Acreditamos que isso se deve, em grande parte, ao fato de existirem dois livros para a mesma série, permitindo uma abordagem mais abrangente e um desenvolvimento mais aprofundado dos conceitos.
Quanto à interação entre professor e aluno, e entre os próprios alunos, observamos que os livros incentivam atividades colaborativas e envolvem os docentes como orientadores do processo de ensino-aprendizagem. Isso se tornou mais evidente em nossa análise nas atividades da seção “Conexões”, que propõe discussões tanto para a sala de aula quanto entre os estudantes, com o apoio do professor (conforme ilustrado nas Figuras 10 e 11).
Além disso, ao examinar a indicação de metodologias e o uso de outros recursos didáticos, constatamos que os livros orientam a adoção de diferentes abordagens em sala de aula, como evidenciado na Figura 5 a seguir:
Figura 5 – Recorte do Livro B: História da Matemática

Há professores, como o da turma observada durante os estágios, que utilizam a aula expositiva como principal metodologia e se baseiam no livro didático para o planejamento dessas aulas, conforme Bittar (2017) destacou. Acreditamos que a inclusão/sugestão de outras estratégias de ensino pelo livro didático pode ser crucial para promover a adoção de diferentes metodologias e recursos, desde que estes estejam disponíveis na escola.
Além disso, o livro apresenta uma seção dedicada ao uso de tecnologias, denominada “Explorando a Tecnologia”, que visa proporcionar aos alunos um aprofundamento dos conceitos matemáticos e o desenvolvimento do pensamento computacional, com ou sem o auxílio de tecnologias digitais. Vejamos as Figuras 6 e 7 a seguir:
Figura 6 e 7 – Recortes dos Livros A e B respectivamente, apresentando a seção “Explorando a Tecnologia”

Outra seção que também desempenha esse papel de oferecer diferentes itinerários para o ensino-aprendizagem da Matemática é a chamada “Conexões”. Esta seção visa relacionar os conceitos matemáticos abordados com situações do cotidiano, conforme ilustrado nas Figuras 8 e 9 a seguir:
Figura 8 e 9 – Recorte do Livro B: Seção “Conexões” apresenta informações sobre Cartão de Crédito

Por fim, analisamos se a contextualização estava presente nos livros em relação a práticas sociais e/ou outros campos do saber. Com base na nossa análise, observamos que os livros dedicam uma seção a esse enfoque, visando desenvolver competências de cidadania e senso crítico. Eles incentivam os estudantes a se engajar em práticas de investigação e pesquisa, além de promover a interação e discussão em grupos. Esse aspecto está claramente ilustrado nas Figuras 10 e 11 a seguir:
Figura 10 e 11 – Recorte do Livro B: Seção “Conexões” sobre Proporcionalidade e Semelhanças

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo abordou a análise dos livros didáticos utilizados na 2ª série do Ensino Médio de uma escola estadual em Senhor do Bonfim-BA, com o objetivo de compreender a importância do processo de escolha e análise desses materiais no contexto da formação inicial de professores de Matemática. Através de um Caso de Ensino, desenvolvido durante o Estágio Curricular Supervisionado IV do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), exploramos as práticas e metodologias envolvidas na escolha de livros didáticos, refletindo sobre como esses materiais podem impactar a formação, prática docente e o processo de ensino-aprendizagem da Matemática.
A análise dos livros didáticos revelou a forma como esses materiais abordam os campos da Matemática Escolar e como estão alinhados com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Observamos que os livros dividem os campos da Matemática entre eles, com o Livro A focado em Aritmética, Álgebra e Grandezas, e o Livro B em Geometria e Trigonometria. A análise detalhada dos conteúdos e metodologias apresentados nos livros mostrou uma tentativa de articular o conhecimento matemático com situações do cotidiano e práticas sociais, o que é fundamental para a formação de cidadãos críticos.
A importância da escolha e análise do livro didático para o percurso de ensino-aprendizagem da Matemática, foi uma das principais conclusões deste estudo. Constatamos que a análise do livro didático vai além da simples seleção de um material; envolve a compreensão de como o livro se alinha com os objetivos curriculares e como pode contribuir para o desenvolvimento de competências matemáticas e, também, transversais, nos estudantes. A análise revelou que, embora os livros apresentados abordem os conteúdos de forma estruturada e coerente com a BNCC, também há uma necessidade de atenção às especificidades regionais e culturais para garantir que os materiais sejam relevantes e permita um olhar mais aprofundado para a realidade que vivenciam corriqueiramente os alunos.
A análise dos livros indicou que, apesar de uma abordagem robusta e bem estruturada, há uso, ainda, de exercícios voltados para a memorização. A presença de seções como “Explorando a Tecnologia” e “Conexões” nos livros mostrou um esforço para incorporar metodologias diversificadas e contextualizadas, que são cruciais para o desenvolvimento de competências matemáticas e a integração do conhecimento com a vida cotidiana dos alunos.
Este estudo destacou a importância de incorporar na formação inicial de professores a discussão referente a escolha e análise dos livros didáticos. A experiência teórico-prática e a reflexão crítica sobre os materiais didáticos são essenciais para que os futuros docentes possam tomar decisões fundamentadas sobre os recursos que utilizarão em suas aulas de Matemática. A análise aprofundada dos livros didáticos contribuiu para uma melhor compreensão dos critérios de escolha e das implicações desses materiais para a prática pedagógica, algo que ecoou nas vivências do Estágio Curricular Supervisionado durante o semestre letivo.
Em suma, a análise dos livros didáticos realizada neste estudo possibilitou refletir sobre o seu uso e nos permitiu entender melhor suas potencialidades para o ensino e a aprendizagem da Matemática. Embora muitos livros não contextualizem os conceitos com a realidade do semiárido nordestino, reconhecemos a importância de integrar essa discussão nos cursos de formação. Isso prepara os professores para adaptar o material didático às suas realidades regionais. Defendemos a necessidade de que as editoras considerem essas especificidades regionais ao desenvolver livros didáticos, para melhor atender às nossas realidades locais.
REFERÊNCIAS
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NOTA
Os autores utilizaram a Inteligência Artificial ChatGPT “versão não identificada na plataforma” para correção gramatical, considerando questões de pontuação e concordância. No entanto, todas as buscas pelos conteúdos, classificação da qualidade dos artigos, discussões e análises que integram o texto, em sua totalidade, foram realizadas de maneira autoral.
[1] Doutor em Educação pela Universidade Federal de São Carlos. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7283-0367. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5104791370402425.
[2] Especialista em Docência Matemática e Práticas Pedagógicas pela Faculdade Única – Grupo Prominas. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9938-9578. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/899761286777693.
Material recebido: 10 de julho de 2024.
Material aprovado pelos pares: 13 de setembro de 2024.
Material editado aprovado pelos autores: 30 de dezembro de 2024.