ENTREVISTA
BEZERRA, Denise Maria[1], AGRA, Catharina Bezerra [2]
BEZERRA, Denise Maria, AGRA, Catharina Bezerra. Reflexões de uma pianista eminente e a superdotação no piano: entrevista com Linda Bustani. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 09, Ed. 11, Vol. 01, pp. 277-297. Novembro de 2024. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/entrevista-com-linda-bustani, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/entrevista-com-linda-bustani
RESUMO
Este artigo traz um relato de entrevista com a pianista brasileira Linda Bustani, uma pessoa que atingiu o patamar de eminência na área da performance em música erudita. Da mesma forma que construiu uma vasta carreira como uma das mais importantes pianistas do país, Linda Bustani desenvolve uma pedagogia do piano que atende a alunos neurotípicos e superdotados. Os temas que permeiam a entrevista estão relacionados ao campo das Altas Habilidades/Superdotação, tais como a supersensibilidade, a aptidão, a vulnerabilidade, a disciplina, a importância da escolha do professor. A entrevista foi realizada online pela plataforma Zoom, gravada e transcrita. Os principais eixos temáticos organizaram o corpo da entrevista. Uma breve reflexão nas considerações finais corrobora o conteúdo explicitado. O estudo demonstra amplamente a necessidade de treinamento adequado para o superdotado, em um contexto que envolve a atuação da família e os educadores. Demonstra também que o atendimento psicológico é essencial para o manejo da supersensibilidade na vida do SD. Entende-se que essa modalidade de investigação colabora para o avanço da pesquisa em AH/SD, tanto na performance quanto no ensino da música.
Palavras-chave: Superdotação, Piano, Supersensibilidade.
1. INTRODUÇÃO
É retomar a reflexão de outrem como matéria-prima para o trabalho de nossa própria reflexão (Chauí, 1987, p. XXI).
Observar a trajetória de vida de uma pessoa com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) é uma das formas de aprender mais a respeito desse funcionamento neurodivergente. Na concepção recente do que vem a ser uma pessoa com AH/SD, considera-se a Teoria dos Três Anéis, de Joseph Renzulli e Sally Reis (Renzulli & Reis, 2014). Para esses autores, a superdotação resulta da interação de três fatores, denominados os três anéis: a habilidade acima da média, o compromisso com a tarefa e a criatividade (Figura 1). A pessoa que possui um ou dois desses fatores pode ser talentosa, mas só será superdotada se houver a confluência dos três.
Figura 1: Os Anéis de Renzulli.
Desta forma, a habilidade acima da média da pessoa é comparada aos seus pares, e não precisa ser muito acima da média. Já o compromisso com a tarefa consiste na persistência, concentração e perseverança na área em que demonstra interesse, e está relacionado à motivação intrínseca. O terceiro dos três anéis é o da criatividade, ou seja, o pensamento independente e original, a uma postura não conformista, imaginação e humor (Virgolim, 2021). Destaca-se ainda que a criatividade está ligada ao grau de complexidade que esse pensamento criativo pode alcançar.
Este artigo traz uma entrevista com a pianista brasileira Linda Bustani, uma artista que atingiu o patamar da eminência em sua performance no piano erudito, desenvolvendo uma vasta e profícua carreira nos palcos do Brasil e no exterior. Sua trajetória extraordinária como pianista lhe rendeu títulos como o terceiro lugar no importante concurso Leeds, na Inglaterra (1972), ficando atrás de Murray Perahia e Mistuko Ushida, dois dos mais importantes pianistas dessa geração, colocando o piano brasileiro em destaque internacional. Na interação de sua inteligência acima da média, criatividade e comprometimento com a tarefa, Linda desenvolveu não só um pianismo robusto e sensível ao mesmo tempo, como uma criativa, singular e eficiente pedagogia do piano.
Nascida em Rondônia, Linda Bustani mudou-se com a família para o Rio de Janeiro aos cinco anos de idade. Foi aceita pelo professor Arnaldo Estrella aos nove anos e aos dezessete recebeu uma bolsa para estudar sob orientação do professor Yakov Zak e Eliso Virsaladze no Conservatório de Tchaikovsky, em Moscou, para onde se transferiu com a mãe e o irmão, José Maurício Bustani. Fluente em inglês e francês, deixou de lado o russo depois que saiu de Moscou, pois não tinha com quem conversar nesse idioma.
Figura 2: Linda Bustani aos 17 anos, no Conservatório Tchaikovsky.
Concluídos os estudos, Linda foi morar em Londres, dando sequência à sua carreira, apresentando-se com importantes orquestras, além de gravar inúmeros discos de piano solo. Laureada nos Concursos Internacionais de Bratislava e Rio de Janeiro, Linda Bustani teve sua carreira internacional efetivamente lançada em decorrência de sua participação no Concurso Internacional de Leeds, na Inglaterra. Seguiram-se concertos e recitais em diversos países: Portugal, Países Baixos (Concertgebouw de Amsterdam), Bélgica, República Tcheca (Tchecoslováquia), Rússia, Ucrânia e Geórgia (União Soviética), Escócia, Reino Unido, Japão, Hungria, EUA e na América Latina. Linda Bustani foi solista de orquestras como a New
Philharmonia, Bornemouth Symphony, City of Birmingham Symphony, Royal Liverpool Philharmonic, BBC Welsh, BBC Scottish, Hallé e Sinfônica Bratislava, Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), Orquestra Petrobras Pró Música (OPPM) e Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Teve como regentes Simon Rattle, Charles Groves, William Tausky, Anatoli Fistoulari, Louis Frémaux, Okko Kamu, Gunther Herbig, John Neschling, Isaac Karabitchevsky, Eleazar de Carvalho, Roberto Duarte, Henrique Morelenbaum, Alceo Bocchino, Roberto Tibiriçá, Ligia Amadio, entre outros. Em 1978, Linda retornou ao Brasil e dois anos depois assumiu a orientação dos alunos de Arnaldo Estrella (1908-1980), então recém falecido.
Em 2003, Linda Bustani recebeu o Prêmio Carlos Gomes (SP) como a “melhor pianista do ano”. Em janeiro de 2023 foi empossada como acadêmica na Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciência e no mês de maio foi homenageada com a indicação para receber o título de doutor honoris causa, pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). O histórico da carreira de Linda Bustani está documentado pelo Instituto Piano Brasileiro (IPB) [3] e nas redes sociais da pianista [4].
Abaixo, seguem dois Código de resposta rápida (QR Codes – Quick Response Code), que podem ser escaneados para a visualização de dois registros em vídeo da pianista, sendo o primeiro na ocasião do Concurso Leeds (1972) e o segundo em 2021, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.
Figura 3: QR Code para reprodução de trecho da Toccata de Schumann, durante a participação de Linda Bustani no Concurso Leeds, na Inglaterra (1972), em que conquistou o terceiro lugar.
Figura 4: QR Code para reprodução na íntegra do Concerto para piano e orquestra de Robert Schumann, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência do maestro Roberto Tibiriçá, na Sala Cecília Meireles, RJ (2021).
Quando retornou ao Brasil, Linda enfrentou a resistência de muitos dos seus pares, pois trazia uma abordagem técnica impactante, nos moldes russos, mas que se originou ainda no Brasil com Arnaldo Estrella e Antonio Guedes Barbosa. Desde então, mesmo mantendo uma agenda de concertos constante, Linda se preocupa em deixar um legado e o faz de forma consciente, transmitindo seus conhecimentos aos alunos. A importância de sua pedagogia tem sido objeto de pesquisa de alguns desses alunos (Campos, 2017; Canaud, 2022; Bezerra, 2023).
Linda não gosta de ser chamada de superdotada, mas reconhece suas altas habilidades. A complexidade e a intensidade do trabalho de Linda Bustani interessam à pesquisa na área de Altas Habilidades/Superdotação, sobretudo quanto às dificuldades inerentes ao processo de desenvolvimento do potencial artístico. Graças à sua metacognição, empatia e intuição, Linda consegue enxergar a superdotação ainda em estado potencial no aluno, discernindo e aplicando os meios adequados para a sua formação.
2. MÉTODO DE ENTREVISTA E SELEÇÃO DE DADOS
O método utilizado foi uma entrevista em profundidade, com o enfoque na história de vida, por meio da plataforma Zoom. A entrevista foi realizada em 04/10/2023, gravada em vídeo e transcrita na íntegra, com a aprovação do texto final pela entrevistada. A análise do texto levou à categorização dos temas que dividiram as partes do texto ao longo da entrevista.
Na sequência, elaborou-se a introdução, com uma descrição breve da trajetória de Linda Bustani, inserindo-se dois vídeos que representam o início de sua carreira internacional (1972) e a sua atuação nos dias de hoje, no Brasil. Os vídeos podem ser acessados pelo leitor com a leitura do código QR utilizando o telefone celular. Na sessão final, os autores deste trabalho apresentam, sob as lentes da literatura da área de AH/SD, considerações acerca do material fornecido pela entrevista.
3. SUPERSENSIBILIDADE PRECOCE
Entrevistador: Gostaria que contasse primeiro, antes da gente falar de superdotação, como foi o seu começo na música.
Linda Bustani: O meu primeiro contato foi através do meu irmão que começou a estudar piano, e nós temos uma diferença de seis anos de idade. Eu comecei a me interessar, mas eu não sabia o que que aquilo significava. Então eu morava em Rondônia e a única coisa que eu sentia é que eu era uma pessoa bem sensível. Meus pais sentiam que eu era assim. Eu chorava. Eu me emocionava com qualquer coisa. E nós nos mudamos para o para o Rio de Janeiro, precisamente em Niterói. E um dia, aos cinco anos, meu tio me carregou no colo e colocou um LP de música clássica. Aí me sentou ali na cadeirinha e a música começou a tocar. Eu caí num pranto, mas eu chorava, e meu tio perguntou “Por que que ela ficou assim chorando?” Minha mãe imediatamente veio: “Linda Maria, minha filha, por que que você está chorando?” Meu tio assustado, tirou a música. “Está sentindo alguma coisa?” Sem saber explicar bem, meu tio botou de novo a música. E eu comecei a chorar de novo. Então eles perceberam que eu estava chorando porque a música me afetava, ela me dava uma emoção que eu mesma não entendia. E foi a partir daí eu acho que a minha jornada, na verdade, começou, porque meus pais souberam muito bem me conduzir. Eu era uma pessoa com esse nível de sensibilidade, a ponto de eu chorar e me emocionar. Tinha alguma coisa diferente. E eu acho que, na verdade, toda criança tem o que eu chamo “o pozinho dourado”. Eu acho que a criança que nasce, ela vem com um pozinho dourado. Toda criança vai ter uma habilidade. Em algumas, o pozinho é colocado três vezes. E aí ela vai ser encaminhada, se souberem encaminhar para uma determinada área. Na arte, com o que você pode chamar de grandes habilidades, são aquelas que vêm com pozinho triplo. Então, mas toda criança vem com pozinho, ou seja, é saber observar. O dom daquela criança, como ela é, pelo que ela se interessa, qual o interesse dela na matemática, na música, na engenharia, então você vai percebendo, os pais têm que ficar muito atentos. Como eu era muito criança e já demonstrei essa minha habilidade de sensibilidade, eles notaram, obviamente, que eu teria que ir mais para a área das artes. Eu fui colocada no piano, assim como o meu irmão. Nós começamos as aulas de piano e eu comecei a aula de balé, também, que por coincidência, era uma professora russa. Fui desenvolvendo os dois lados. Eles notaram que na área da pintura não tinha aptidão, mal sabia fazer um bonequinho. Então seria para a área da música que era mais evidente, por conta de que me tocou e eu me emocionei. E a música também estaria ligada ao balé. Então eu comecei a fazer as duas coisas para ver para onde eu iria seguir. Eles me deram essa opção.
4. IDENTIFICANDO APTIDÕES: DIRECIONAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL
LB: E chegou, em determinado momento, aos treze ou quatorze anos, que não dava mais para manter o balé e o piano, porque tanto o meu professor me puxava de um lado quanto minha professora de balé, me puxava do outro. E eu não podia me dedicar a essas duas áreas. Eu adoro balé até hoje, mas eu não tinha o físico para bailarina e eu tinha consciência disso. Para bailarina, eu não tinha esse biotipo, mas eu era apaixonada como sua até hoje. Já fiz vários trabalhos com balé e toda vez que eu vejo o balé eu choro. Porque a minha emoção também está ligada, mas aí a minha aptidão mesmo se encaminhou para o piano. E aí eu realmente fiz meu caminho para o piano e nesse momento as minhas habilidades começaram a aparecer cada vez mais. Mas você tem que se conectar, não é só a habilidade ou a aptidão. Que eu digo sempre, eu não fiz o menor esforço para vir com essa aptidão. Essa nasceu comigo. Agora, as pessoas ao meu lado iriam me ajudar a desenvolver essas aptidões. É outra coisa. Às vezes você tem uns alunos com nove, dez, onze anos que já vem com aquela aquele pozinho extra, e em outras áreas também. Eu acho que essas crianças estão vindo com mais frequência, vamos dizer, então eu tive sorte porque eu encontrei pessoas que entenderam, primeiro meus pais, meu irmão também, que viram essas aptidões e começaram a explorar, no bom sentido. Obviamente, meus professores começaram a me desenvolver e sem essa ajuda, sem pessoas para estimular essas minhas aptidões, não haveria a Linda Bustani pianista, porque eu teria ficado. E isso eu acho que não é só sorte, eu já vim talvez com a missão de fazer esse trabalho e poder hoje em dia passar adiante. Porque o fato de eu ter aptidão não quer dizer que eu nasci com uma mão perfeita, não! Tem pianistas que já saem tocando porque tem uma mão já adequada a isso. O progresso, evidentemente, é muito mais rápido, mas como eu não tinha isso, é importante dizer, eu tinha aptidões emocionais e eu tinha uma aptidão disciplinar. Isso que foi uma grande coisa na minha vida e é claro, vista pelos meus pais, ajudada pelos meus pais, porque eu tinha tempo para fazer tudo, para a escola, para o balé, para o francês, para a parte teórica do piano, então eu tinha que me dividir. Não era só o talento, e como eu tinha minha mão muito pequenininha, tive que começar a fazer o trabalho técnico para isso. Então por isso, e através do professor Estrella e do Antônio Guedes Barbosa eu comecei a fazer esse trabalho técnico desde criança. Então eles foram trabalhando e a minha técnica foi evoluindo, quando começou a junção do trabalho com a minha habilidade emocional e sensibilidade, porque eu era uma criança bem amadurecida. Eu entendia muitas coisas, não precisava me mandar ir para o piano, por exemplo. Eu sabia o que eu queria fazer. E apesar das dificuldades, pois às vezes eu saía chorando da aula do Estrella porque ele era ele era muito rígido.
5. A IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DO POTENCIAL ARTÍSTICO FEITA PELO PROFESSOR
E: Por que você chorava na aula do professor Arnaldo Estrella?
LB: Estrella me via como uma adulta. Na entrevista que eu fui fazer, na verdade, quem foi fazer foi o meu irmão, que tem uma mão excelente, maravilhosa. Eu fui só acompanhando minha mãe e no final da entrevista, ela perguntou se eu podia tocar, pois havia preparado uma musiquinha. Aí ele disse, “eu não pego criança” (eu tinha nove anos). Eu fiquei meio assim, triste, e ele concordou em me ouvir. Acho que nesse momento ele sentiu que tinha alguma coisa.
E: Tinha o pozinho, tinha bastante pozinho.
LB: Bastante pozinho… Então ele falou: “Vou experimentar um mês e ver como é que a menina procede”. Ele me aceitou e acabei ficando até os 17 anos. E ele era muito exigente, ele não me tratava como uma criança, não. Ele falava as coisas e minha mãe, que me levava às aulas, ficava anotando tudo que ele dizia, tanta coisa que eu, como criança, não conseguia absorver tudo. Ele era exigente comigo e eu saía chorando. Eu achava que era muito difícil, que eu não ia conseguir. Mas minha mãe olhava para mim e nem dava a bola. E eu sabia que tinha que parar de chorar. Nem toda aula eu chorava. Mas ele não elogiava nada, nada, nada, nada. Eu não fazia, como dizia, mas que a minha obrigação. Claro que isso me ajudou a ver a vida e o estudo de uma de uma maneira diferente. Eu sabia que eu tinha que enfrentar e esse momento que foi até os 17 anos com o Estrella. Foi um momento importantíssimo porque quando eu fui para Moscou, você acha que era mais? Era mais! Os professores eram cruéis, o Zak [5] era cruel, a Eliso [6] nem tanto. Até por conta da língua mesmo, pois o Zak não falava outra língua a não ser o russo, mas eu consegui criar uma couraça e me tornei mais forte, emocionalmente, preparada para qualquer coisa. Eu era uma pessoa extremamente determinada. Eu era uma criança muito determinada, aceitava os desafios.
6. COMPROMETIMENTO COM A TAREFA E DESAFIOS COMPATÍVEIS À HABILIDADE SUPERIOR
E: Pois é, mas você não desistiu, porque com essa rudeza toda você podia dizer “Ah, eu não quero mais!”.
LB: Nunca falei isso. Eu acho que desde pequena achei que eu tinha que fazer isso. Eu nunca disse “eu quero ser pianista”. A coisa foi acontecendo na minha vida de uma maneira que quando eu me vi, estava em Moscou, entendeu? Eu pensava: o que eu vou fazer aqui? Tenho que fazer o máximo que eu puder. Não tinha medo de desafios, não tinha medo de dificuldades porque tinham me preparado para isso. Então, hoje, quando a criança vem, é claro que hoje eu tenho netos [7] e esses netos são jovens. Claro que a vida evoluiu de uma maneira em que isso não pode mais ser feito. Você tem que entender que você tem que ser uma professora exigente, e eu sou exigente. A gente fala muito do chicote [8] (risos), pois eu posso exigir dos alunos porque que eu dou material para eles fazerem o certo, fazerem o melhor, e se eu não tivesse dado, não iria cobrar. Em relação à Linda criança, eles me exigiam é porque me deram material para isso, me deram condições.
E: Aos 17 anos de idade, você entrou no conservatório de Moscou, que é até hoje um dos maiores centros de formação de pianistas e muito renomado, com o peso de uma tradição incalculável. E aí você chegou lá tendo perdido o pai no ano anterior, falecido precocemente e a quem você era muito ligada. De repente, você saiu do Rio de Janeiro, com praia, sol e foi para um lugar de neve, um frio extremo, com um língua russa, sendo mulher, nos anos 1970.
Como foi viver essa experiência?
7. METACOGNIÇÃO E CRIATIVIDADE
LB: Quando eu cheguei lá, eu já tinha uma carreira aqui no Brasil, então eu já era a Linda Bustani, uma menina linda, era muito bonita. Cheguei lá em Moscou, claro, me achando “a rainha da cocada preta”. Aí veio o primeiro “tapa na cara”. Quando eu vi a qualidade dos alunos, ouvindo as aulas, porque você passava por qualquer aula e você via gente tocando horrores! Aí
eu comecei a me dar conta de que eu não era absolutamente nada perto deles. Eu me lembro, eu ia caminhando pela rua do conservatório, perto da casa em que nós ficamos, um lugar muito bonito, e eu me perguntando: Meu Deus, o que eu vim fazer aqui? Eu perdi tudo. Isso aqui é um recomeço. Eu não sou nada. Nada perto desse povo. A habilidade física, a habilidade técnica deles era uma coisa estrondosa. Eu não sou nada, mas eu estou aqui. Eu tenho que achar dentro de mim alguma coisa em que possa ser melhor que eles, eu acho que isso é impossível. Mas eu tenho outras qualidades, outras aptidões. Então, vamos lá! Eu ia para o conservatório, chegava antes da minha aula e entrava nas outras aulas porque tinha licença do professor, e assistia para ver como é que eles faziam. Eu sempre chegava mais cedo para assistir os alunos da Eliso. Eu a via brigando com eles, porque não tinham estudado e eu comecei raciocinar. Me dei conta, do que que eu tinha que eles não tinham. O número um era disciplina, número dois, a atenção. A Eliso falava dos meus erros e eu anotava na minha cabeça, como um computador, pois não existia essa coisa de gravar. Em terceiro, eu tenho uma sensibilidade mais aguçada do que esse povo, apesar de eles serem extremamente sensíveis. Mas eu tinha um plus a mais. E finalmente, a quarta coisa que eu tenho é a humildade, e entendi que eu não sou a cocada preta aqui. É como se eu tivesse que começado zero. Então vamos lá! Como eles tinham muito habilidade, estudavam uma hora, uma hora e meia. Eu não, eu estudava dez horas. Então aí ele só que eu era apenas mais uma aluna, só que eu era estrangeira. Estudava feito uma doida, tudo o que ela mandava, eu consertava tudo e ainda fazia mais. Então eu percebi que ela começou a se interessar por mim, começou a olhar para mim diferente. Percebi pela minha sensibilidade e intuição, e disse: É por aí! Pronto, aí foi fácil, que era só seguir por esse caminho. Mas eu acho que o grande choque e que eu falo para os meninos é, eu me dei conta que eu não era rainha da cocada preta. Que eu tive que botar a minha humildade lá no chão. Tu não és nada, entendeu?
Tudo és nada aqui. No teu país você podes ser, mas aqui tu não és nada.
E: É quando muita gente desiste. Quando a pessoa se dá conta disso, ao invés de recomeçar, ela decide abandonar porque pensa que não serve e não vai conseguir.
8. ALTAS HABILIDADES NA MÚSICA: O POZINHO DOURADO
LB: Com certeza. Porque na verdade é quando um aluno meu vai para fora do país, ele tem que ter uma maturidade. Eu não tive nem tempo de fazer escola de música. Quando eu ia entrar na faculdade, o cara lá de cima disse, não, não, você vai para Moscou. Então eu falo para os jovens o quanto eu sou séria. Não vai obedecer? Então está, então pode sair, pode embora. Quem manda aqui sou eu. Imagina se eu fosse dizer alguma coisa para o Estrella? Não quer fazer isso, que eu estou mudando. Está repetindo o erro. O que você quer repetir? Então tá, pode ir embora. Ou seja. Se a criança tem 3kg do pozinho dourado, não adianta nada, se não obedecer. Ela deve o respeito ao professor. Se ele diz uma coisa, lei. Você não tem de questionar, ele sabe, claro que você tem que procurar um bom professor. Óbvio, né? É respeito, obediência e humildade. Não quero saber se essa criança tem que ter 3kg de pozinho dourado, porque se eu não der essa coisa básica para ele, de obediência, consertar os erros, não repetir os erros, né? E respeito, se ele não tiver isso, ele não vai conseguir fazer carreira. Porque uma coisa é você ter essa esse pozinho dourado, isso não quer dizer que você vai ter uma carreira que você vai ser um pianista. Você não vai ser nada e vai ser uma pessoa frustrada. Porque você não teve a ajuda necessária e as pessoas, as professoras às vezes exploram essas crianças.
E: Pode ser um desastre, não é? Então você é uma pessoa com altas habilidades de superdotação que foi bem conduzida e obteve o sucesso a partir de todo um contexto que foi construído desde a mudança dos pais de Rondônia para o Rio de Janeiro, assim como o Nelson Freire [9] também. Eles saíram lá do interior de Minas e vieram para o Rio de Janeiro. Senão, não teria acontecido.
LB: Só que o Nelson nasceu com uma habilidade física. Qual era a diferença? Eu vim sem a habilidade física, tive que construir. E mais, hoje eu só posso ser professora, ensinar o que eu ensino para vocês porque eu não tinha habilidade física e tive que montar minha habilidade física. Já o Nelson, não teve alunos. Como ele, não passou pelas dificuldades que eu tive que passar, ele nem sabia entender. Geralmente essas pessoas nascem com a habilidade física, dificilmente vão conseguir passar adiante. Porque você começa a entender a problemática do outro e você só pode ser mentora ou um mentor ou um professor, quando você pelas dificuldades. Então, hoje eu posso orientar meus alunos, inclusive porque na minha vida também, fora do piano, foram momentos muito dramáticos que eu vivi, então tudo o que eles passam hoje em dia, eu sei, porque eu passei. Mas graças a Deus que nós passamos, porque eu sou capaz hoje de ajudar vocês de alguma forma, porque eu vivi na pele o que vocês estão passando.
E: Isso tem a ver com um dos atributos do superdotado, que é a supersensibilidade. No seu caso, Linda, a sensibilidade não é descontrolada. Você conseguiu se moldar dentro de um contexto em que você administrou e administra muito bem as suas emoções. Você controla, por exemplo, a ansiedade. Na música, você tem o controle absoluto, o que eu considero uma suas maiores características dentro das altas habilidades. Mas, grande parte dos superdotados, a maioria ainda não identificados, vive à mercê das suas neuroses e dos problemas causados em decorrência de uma superdotação.
9. AUTORREGULAÇÃO, VULNERABILIDADE, INTUIÇÃO, EMPATIA
LB: Desses traumas todos que a gente passa, o importante é que eu fui pedir ajuda. Eu faço a terapia há 35 anos e isso foi muito importante até para poder administrar esse excesso de sensibilidade. Eu ficava totalmente vulnerável a qualquer coisa, e eu desenvolvi o controle maior sobre a minha emoção. O excesso dessa emoção me prejudicou muito na vida, era demais. E vamos dizer em termos de carreira, ótimo, eu passava para a música, mas na minha vida pessoal era um desastre. Como é que eu lidava com o sofrimento? Era um terror, e foi através da terapia que eu comecei a lidar com essa sensibilidade e entrar num acordo com ela. E, obviamente, a pessoa que é extremamente sensível, ela tem uma intuição muito forte. A intuição, ela vem assim jorrando e, também, eu acho que é uma das grandes habilidades. Eu consigo enxergar o outro. Por isso que eu mesmo na telinha, eu consigo olhar, ver o olhar do meu aluno, ver como é que ele está se sentindo. Foi trabalhado dentro das minhas aptidões lá desde cinco anos de idade que eu pude lidar com o meu sofrimento de uma maneira que eu pudesse chegar hoje em dia com 72 anos e ser uma pessoa feliz.
E: Falando agora da parte pedagógica, você é essa professora que tem o olhar psicopedagógico que considera os fatores emocionais, o amor. É um estilo pessoal de ensinar que você desenvolveu a partir da sua própria verdade. Você convive entre pessoas com altas habilidades e recebe muitos alunos assim. O resultado excelente que todos os teus alunos apresentam, sem exceção, é em função desse tipo de trabalho que você sabe conduzir. Então como é que você lida como professora, como você observa e detecta que aluno tenha essas altas habilidades?
LB: Eu faço uma entrevista com cada um e peço para ele tocar alguma coisa. Se ele errou, se ele não errou, não faz diferença. Eu quero ver primeiro como é a relação dele com o instrumento. Tem alguns que se sentam no piano e eu já sei. Botou a mão no piano, já sei. Eu começo fazer as perguntas, como é que ele gosta do piano, qual é o nível, o que ele pretende ali. Começo, fazer o questionário para ele para saber como é que ele pode administrar e se ele vai ter paciência para administrar todo o trabalho. Se ele tem preguiça, e a mãe vai me dando umas dicas. Dependendo, esses são mais fáceis quando você sente que tem uma conexão com o teclado. Geralmente eles produzem bem, eles têm disciplina. Até aí tudo bem. Mas os que são difíceis, são aqueles que têm um muro, que tem tudo embutido ali, ó, lá dentro. E para você tirar uma lágrima dali vai ser difícil. Eu já sei. Tem vários assim, vários, vários. Tá? Então esses são os mais difíceis, porque aí você tem que analisar como é a família, primeiro? Se eles concordam com a escolha. Pergunto para a mãe: “se ele quiser ser pianista, vocês vão ser contra?” Porque eu preciso dessa, dessa coisa familiar trabalhada. Se tem uma família, pai e mãe que são contra, que acha que músico não ganha dinheiro. Aí a coisa já fica mais grave.
E: Como você lida com alunos perfeccionistas?
LB: O excesso de tudo, de perfeccionismo, está ligado muito à falta de humildade, porque a perfeição, ela nem existe. O mais importante é buscá-la, não atingi-la. O caminho é continuar buscando, buscando. Eu estou buscando, eu continuo buscando mesmo velha, há 73 anos eu estou continuando a buscar e acho que é isso que faz você se desenvolver cada vez mais e me desenvolver, para passar para vocês cada vez mais informação. Isso não existe, essa palavra perfeição. É uma palavra que eu pouco uso.
E: E como é que você lida com o aluno que que não consegue?
LB Eu o conduzo para baixar suas expectativas. Vai fazer o lento torturoso [10]. Ou seja, eu tenho que mostrar a ele o que ele não sabe. Vamos fazer então lento torturoso para saber, para ter paciência, porque o perfeccionismo está muito ligado à falta de paciência. E pensar que todo dia é um novo dia, é um novo dia de conquista, um dia depois do outro.
E: Por isso que o professor precisa encontrar as necessidades especiais do aluno precisa ter a informação e habilidade de saber o que fazer e quando.
LB: É isso aí, como professora, você tem obrigação, porque isso pode chegar a um nível de neurose, a um nível de suicídio.
E: Pode, e por isso o adoecimento psíquico é recorrente entre superdotados, pois a pessoa não entende o que está acontecendo com ela, não se adapta. Na sua pedagogia isso faz parte. Você está sempre ligada no entorno da vida da pessoa.
LB: Eu acho importante quando eu digo sempre que a música e o piano são uma filosofia de vida. O que você aprende na música e no piano, você leva para a vida, é assim que você vai conduzir sua vida, é o espelho. Então, quando o aluno toca para mim quando vai fazer a entrevista, eu já sei quem é ele e já sei como lidar com o que eu tenho dentro de mim. Eu estou vendo os pais, analisando o que eles falam, como eles falam com o filho.
E: Por isso, Linda que os seus alunos têm histórico de uma mudança significativa em suas vidas, depois que começam as suas aulas. Isso tem a ver com a pessoa conseguir desenvolver os seus talentos e finalmente achar um lugar no mundo. Sim, porque muitos alunos chegaram para você, já na fase adulta, com uma situação de vida ruim. De repente, a pessoa começa a florescer e aí ela mesma começa a se curar. É importante as pessoas saberem que isso acontece, porque muitos que já desistiram da música, poderiam estar aí desenvolvendo plenamente seus talentos, não é?
LB: Poderiam, com certeza, com certeza.
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreender o funcionamento e o universo de uma pessoa com AH/SD é tarefa fascinante, sobretudo quando se trata de alguém que alcançou a realização do seu pleno potencial técnico, artístico, espiritual. Da mesma forma que autores pesquisaram biografias indivíduos altamente habilidosos e expoentes em suas áreas (Dabrowski, 2016; Gardner, 1995), aqui temos a chance de explorar in loco essa fonte de informações para a investigação no campo da superdotação. Portanto, neste trabalho, buscou-se a fonte primária fornecida pela entrevista com o intuito de entender as nuances complexas do mundo da superdotação relacionadas à performance musical em seu grau máximo.
Os tópicos iniciais extraídos da entrevista com Linda Bustani estão inter-relacionados. A supersensibilidade precoce de Linda consistiu no diferencial que estimulou seus pais buscar direcionamento adequado para desenvolver o seu potencial desde muito cedo. Tal situação nos leva a questionar: o que teria acontecido com Linda se tivesse permanecido em Rondônia? Certamente outras aptidões poderiam ser descobertas, mas o direcionamento e desenvolvimento do potencial foram essenciais para que sua superdotação encontrasse os desafios à altura de suas capacidades. Daí a importância da identificação precoce do potencial artístico feita pelo professor, pois quando o então mais importante pedagogo do piano brasileiro aceitou Linda como aluna, tendo sido ela a única criança que ele ensinou ao longo de sua longa carreira, houve o reconhecimento de um potencial acima da média.
Da mesma forma, quando Linda identifica e reconhece a capacidade de um aluno, nem sempre este apresenta o comportamento de superdotado, apenas o potencial. A esse respeito, Joseph Renzulli (2014) diferencia o potencial do desempenho, assim como prefere usar a palavra “superdotado” como adjetivo, referindo-se ao matemático superdotado ou pianista superdotado, enquanto um comportamento superdotado. Essa percepção intuitiva irá facilitar o processo de desenvolvimento do aluno com AH/SD.
A trajetória de Linda Bustani é sustentada pelo comprometimento com a tarefa desde o início, quando o professor Arnaldo Estrella lhe concedeu um mês de experiência para que pudesse avaliar seu desempenho. Uma análise mais profunda nos mostra que o fato de Linda ter preparado uma musiquinha para o professor, mesmo sabendo que era a entrevista do irmão para conseguir a vaga, evidencia um comprometimento com a tarefa, que fez Arnaldo Estrella aceitar ouvir a menina tocar. São detalhes que demarcam pontos de uma jornada repleta de desafios compatíveis à habilidade superior, o que impulsionou Linda a patamares transcendentes em sua performance. Nesse sentido, a metacognição e criatividade foram determinantes para que enfrentasse as dificuldades em Moscou, ao conviver com outros estudantes que apresentavam muito mais facilidade do que ela. A capacidade de encontrar meios de sobreviver diante da comparação com os colegas e encontrar o seu diferencial é algo notável, sobretudo por se tratar de uma adolescente. Essa mesma metacognição permitiu que Linda criasse uma pedagogia do piano original, intuitiva e sensível, com uma robustez técnica indiscutível. O pensamento complexo de sua visão artística pode ser percebido em sua didática, que emprega metáforas e linguagem simbólica, conforme relatos de alunos (Bezerra, 2023).
As altas habilidades na música Linda Bustani define como “o pozinho dourado”. Ela compara os pianistas que já nascem com a mão pronta, com a aptidão física ideal, como aqueles que possuem mais quantidade do pozinho. Analogamente, Linda buscou compensar a falta desse pozinho, ou seja, a menor condição física inicial, com o aumento do número de horas de dedicação ao estudo diário. Foi justamente esse fator que evidenciou sua superdotação, pois o comprometimento com a tarefa aliado à sua criatividade e inteligência acima da média colocaram Linda entre os mais destacados alunos. Quando identifica o pozinho dourado nos alunos, percebe tanto o comportamento superdotado como o potencial, por vezes, atrás de um muro, como referiu na entrevista. Mantendo-se a metáfora para designar um perfil de estilos emocionais de pessoas superdotadas, esse “muro” pode ser identificado como o tipo “subterrâneo” (Betts & Neihart, 1988), ou seja, aquele que esconde seus talentos para ser aceito. Na adolescência, tais pessoas podem desenvolver resistências com relação àqueles que pretendem ajudá-las.
AUTORREGULAÇÃO, VULNERABILIDADE, INTUIÇÃO, EMPATIA
De acordo com Virgolim (2021), as supersensibilidades não são bem-vistas no meio social, sendo identificadas como nervosismo, hiperatividade, ansiedade, temperamento neurótico em excesso. No caso de Linda Bustani, a supersensibilidade se manifesta como o excesso de emotividade, percebida por ela como um fator de vulnerabilidade emocional que foi difícil de administrar. Entretanto, Linda entendeu desde muito cedo a necessidade da psicoterapia para desenvolver seu autoconhecimento e autorregulação emocional, que cultiva até hoje. Assim, aprendeu a explorar sua percepção intuitiva para estabelecer relações de empatia com seus alunos e aplicar seus conhecimentos adquiridos em função dessas supersensibilidades. A respeito da empatia, Dabrowski (citado por Neumann, 2023) refere que nem todas as pessoas são capazes de desenvolvê-la, pois somente aquelas mais sensíveis podem ser empáticas. Tal capacidade estaria vinculada a uma sensibilidade psíquica acima da média que só emerge em níveis mais avançados de desenvolvimento.
No percurso deste trabalho, buscou-se conhecer, a partir do relato da entrevistada, algumas das inquietações e constatações sobre a experiência de vida de uma pessoa superdotada na área da música. O estudo demonstrou a importância do treinamento adequado para o superdotado, em um contexto que envolve a atuação da família e os educadores. Apontou também que o atendimento psicológico é essencial para o manejo da supersensibilidade do superdotado.
Trabalhos futuros no campo das artes e das superdotação poderão aprofundar os tópicos apresentados neste artigo, bem como replicar o modelo ora apresentado com músicos de diferentes estilos. Espera-se poder inspirar outros pesquisadores a explorar essa modalidade de investigação qualitativa, para o avanço da pesquisa, tanto em AH/SD, quanto na performance e no ensino da música.
REFERÊNCIAS
Betts, G. T.; Neihart, M. (1988). Profiles of Gifted and Talented. Gifted Child Quaterly, 32(248), 1-6.
Bezerra, D. M. (2023) Pianismo, pianear e o processo de individuação na perspectivada da Cognição 4E: uma autoetnografia (Tese de Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento). Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC
Campos, M. C. (2017). Falando de piano com Linda Bustani e Luiz Eça. Rio de Janeiro: Editora Multifoco.
Canaud, F. (2022). A metodologia pianística de Linda Bustani (Dissertação de Mestrado em Ensino de Música). Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Castelo Branco, Portugal.
Chauí, M. (1987). Apresentação: os trabalhos da memória. In Bosi, E. Memória e sociedade:
lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras.
Dabrowski, K. (2016). Positive Disintegration. Anna Maria: Maurice Basset.
Gardner, H. (1995). Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas.
Neumann, P. (2023). Educação emocional e excelência: um estudo longitudinal da inteligência emocional em pessoas adultas superdotadas. Cadernos da Pedagogia, 17(38), 473-495.
Renzulli, J. (2014). A concepção de superdotação no modelo dos três anéis: Um modelo de desenvolvimento para a promoção da produtividade criativa. In A. M. R. Virgolim, & E. C. Konkiewitz (Eds.), Altas habilidades/superdotação, inteligência e criatividade:
Uma visão multidisciplinar (219-264). Papirus
Renzulli, J. S.; Reis, S. M. (2014). The Schoolwide Enrichment Model: A how-to guide for talent development. Waco, TX: Prufrock Press.
Virgolim, A. M. R.(2021). As vulnerabilidades das altas habilidades e superdotação: questões sociocognitivas e afetivas. Educar em Revista, Curitiba, 37, e81543. doi:
http://dx.doi.org/10.1590/0104–4060.81543
APÊNDICES – REFERÊNCIAS DE NOTA DE RODAPÉ
3. https://www.youtube.com/@InstitutoPianoBrasileiro
4. https://www.instagram.com/lindabustani
5. Yakov Zak: Pianista russo e professor de Linda no Conservatório de Moscou, faleceu em 1976.
6. Eliso Virsaladze: Pianista georgiana atuante aos 81 anos, foi professora de Linda Bustani no Conservatório de Moscou.
7. Linda se refere como “netos” aos alunos de seus alunos, que por sua vez são seus “filhos”.
8. Chicote é uma das muitas metáforas utilizadas por Linda para admoestar seus alunos, com muito humor (Bezerra, 2023).
9. Nelson Freire: Pianista brasileiro considerado um dos maiores de sua geração, morto em 2021 aos 77 anos.
10. Lento torturoso: Técnica de estudo ensinada pelo professor Arnaldo Estrella, que consiste em tocar em andamento extremamente lento (Bezerra, 2023).
[1] Doutorado em Engenharia do Conhecimento, Mestrado em Música/Piano, Graduação em Comunicação Social. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7235-9456. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/3923304932231949.
[2] Estudante de graduação em Psicologia na Faculdade Estácio de Sá. ORCID: 0009-0003-8932-5986.
Material recebido: 05 de novembro de 2024.
Material aprovado pelos pares: 07 de novembro de 2024.
Material editado aprovado pelos autores: 15 de novembro de 2024.