CARDOSO, Evelyn Santos [1], LIMA, Jéssica Aline Guedes [2]
CARDOSO, Evelyn Santos; e, LIMA, Jéssica Aline Guedes. Infecção parasitaria em crianças na fase escolar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 1. Vol. 8. pp. 178-183. Setembro de 2016. ISSN: 2448-0959
RESUMO
Os parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos necessários para a sua sobrevivência (ARAÚJO; FERREIRA, p. 60, 1997). A frequência das parasitoses tem relação direta com as condições socioeconômicas, sendo o aumento da prevalência uma consequência direta do empobrecimento da população. Além disso, depende dos aspectos climáticos, das características do solo, dos hábitos alimentares e de higiene e das condições sanitárias da comunidade (FERREIRA; ANDRADE, 2005). O objetivo deste estudo foi conscientizar, por meio de revisão bibliográfica e pesquisa de campo, a importância da higienização para evitar a transmissão e contaminação de parasitos. Foi realizada uma pesquisa de campo através de 11 coletas de amostras de fezes. Dos 11 resultados das amostras 8 deles apresentaram presença de parasitas, seja ele o protozoário (giárdia) ou helminto (áscaris), apontando a necessidade de realização de orientação e conscientização quanto a importância da higienização para prevenir transmissão e contaminação.
Palavras chaves: Parasitas, Hoffman, Ascaris, Giárdia, Prevenção
INTRODUÇÃO
“Parasitos são seres que encontram seu habitat em outro ser de espécie diferente, seu hospedeiro” (ARAÚJO; FERREIRA, p. 60, 1997). Os hospedeiros podem ser invertebrados ou vertebrados e os parasitos podem permanecer temporário ou permanentemente.
A invasão dos parasitos pode ocorrer através da pele (pelo contato direto com o solo/ água contaminados ou inoculação por insetos transmissores) e/ou pela boca (ingestão de água e/ou alimentos contaminados, objetos, perversão do apetite que é a vontade de ingerir alimentos não convencionais ou prática sexual).
O universo dos parasitos de importância humana inclui protozoários, helmintos e ectoparasitos. Entre os protozoários temos: amebas, giárdia, tricomonas, tripanosoma, leishmania, plasmódio e toxoplasma. Entre os helmintos, por sua vez, encontramos o esquistossomo e as tênias, como representantes dos platelmintos, áscaris, ancilostomídeos, estrongiloides, tricuros, oxiúros e filária linfática, como representantes dos nematódeos. Entre os ectoparasitos encontramos representantes dos artrópodes (insetos, ácaros, por exemplo) e até anelídeos (hirudíneos).
Foram necessários milhares de anos se passarem para que cada espécie de parasito, dentro de uma evolução gradativa, pudesse atingir certo grau de relacionamento com a espécie hospedeira (MARTINS, 2012). Esta evolução foi necessária para que o parasito pudesse modificar certas características morfofisiológicas e com isso aproveitar o máximo das condições benéficas que o hospedeiro pudesse lhe proporcionar através de mecanismos adaptativos, objetivando uma vida melhor e se reproduzir dentro do indivíduo parasitado. Através dessas adaptações os parasitos sofreram modificações em hospedeiros distintos, estabelecendo uma especificidade entre o hóspede e o indivíduo parasitado, ou seja, um determinado ser vivo só parasita certo tipo de hospedeiro. A patogenicidade dos parasitos, geralmente varia muito, dependendo naturalmente do número de formas infectantes, virulência da cepa, idade e estado nutricional do hospedeiro (MARTINS, 2012).
Métodos laboratoriais para diagnosticar doenças transmitidas por parasitos são de grande importância pela grande frequência de infecções enteroparasitárias que comprometem a saúde humana mundial (MARIANO et al., 2005).
Dentre os parasitismos, o parasitismo intestinal ainda constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Pública no Brasil e decorre da presença de macroparasitas (helmintos) e/ou microparasitas (protozoários) no intestino e compromete de forma heterogênea cerca de 25% da população mundial. A frequência das parasitoses tem relação direta com as condições socioeconômicas, sendo o aumento da prevalência uma consequência direta do empobrecimento da população. Além disso, depende dos aspectos climáticos, das características do solo, dos hábitos alimentares e de higiene e das condições sanitárias da comunidade (FERREIRA; ANDRADE, 2005). No Brasil 130 milhões de habitantes são acometidos por alguma espécie de parasito (SHIMIZU et al., 2003).
O exame parasitológico das fezes tem como objetivo a pesquisa de ovos, larvas e cistos de protozoários. As fezes devem ser coletadas diretamente da mucosa anal, estando assim livres de impurezas, e devem ser manipuladas num período máximo de 4 horas, após o qual será necessário o uso de conservantes para a preservação do material.
O exame macroscópico é realizado através da visualização a olho nu, em fundo preto, observando a presença de larvas de helmintos, proglotes de cestódeos. Nesse exame também observamos a coloração e a consistência das fezes. Já no exame microscópico é realizado através de métodos específicos que determinam, com maior precisão, a realidade da infecção, dando uma visão mais ampla do parasito.
O material deve ser examinado primeiramente a olho nu e posteriormente, uma pequena amostra é examinada ao microscópico para pesquisa de ovos e cistos de protozoários.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de natureza exploratória e descritiva, do tipo qualitativo, realizado por meio de livros disponíveis na biblioteca da Universidade e artigos indexados no sistema de banco de dados da BVS, nas fontes LILACS, SCIELO, no período de 1997 a 2013 e também por meio de exames parasitológicos das fezes, coletados de voluntários da Creche C.E.I. Américo de Souza em São Paulo – SP.
Com o objetivo de realizar a coleta de amostra de fezes abordamos 22 crianças que foram divididas em duas turmas, turma I compõe crianças de 1 a 1 ano e 5 meses de idade e a turma II compõe crianças de 2 a 3 anos de idade. De 9 crianças da turma I, foram coletadas apenas 7 amostras de fezes por ausência de evacuação de uma criança. De 12 crianças da turma II, foram coletadas apenas 4 amostras sendo que 10 crianças apresentaram ausência de evacuação no momento da coleta de amostras.
Após a coleta das amostras de fezes, realizamos o exame parasitológico microscópico através da técnica de sedimentação espontânea por método de Hoffman Pons & Janer ou Lutz, que consiste em adicionar cerca de 2 g de fezes em um béquer ou borrel contendo água e homogeneizar o material. Coar esta suspensão em funil de vidro através de uma gaze dobrada em quatro, recolher o material em um recipiente cônico apropriado (copo de sedimentação), no qual ocorrerá a sedimentação, em geral após uma a 24 horas. Recolher do fundo do copo cerca de 50 mm³ de sedimento utilizando uma pipeta de Pasteur ou um canudo, tamponando-o com o dedo indicador. Depositar o sedimento em lâmina, adicionar uma gota de lugol, cobrir com uma lamínula e observar ao microscópico (CIMERMAN B., CIMERMAN S., 2008).
A análise dos dados foi feita de maneira descritiva, inicialmente a partir da elaboração de um quadro de apresentação dos principais resultados encontrados e posteriormente pela discussão dos resultados frente aos objetivos propostos.
RESULTADOS
Com análise nas amostras coletadas foi possível levantar resultados que foram organizados em forma de quadro, apresentado a seguir:
TURMA I | |
Nomes | Resultados dos exames |
Criança 1.1 | Negativo |
Criança 2.1 | Ascaris |
Criança 3.1 | Ascaris |
Criança 4.1 | Ascaris e Giardia |
Criança 5.1 | Ascaris e Giardia |
Criança 6.1 | Ascaris |
Criança 7.1 | Negativo |
TURMA II | |
Nomes | Resultados dos exames |
Criança 2.1 | Negativo |
Criança 2.2 | Negativo |
Criança 2.3 | Giardia SP. |
Criança 2.4 | Giardia SP. |
Todos os responsáveis legais das crianças que participaram deste projeto receberam o resultado do exame parasitológico e foram orientados a se dirigir ao serviço de saúde.
Das 11 crianças coletadas foram encontrados, parasitas seja ele o protozoário (giárdia) ou helminto (ascaris) em 8 delas.
DISCUSSÃO
No Brasil, o exame parasitológico nos dois primeiros anos de vida é menos conhecido que em outras faixas etárias. Todavia, para o conjunto das crianças menores de dois anos, a positividade encontrada para o A. lumbricoides foi percentualmente alta (Frenzel et al., 1979; Gendrel et al., 1983; Monteiro et al., 1988; Costa-Macedo & Rey, 1997).
Os resultados obtidos mostram que 45% dos participantes do projeto apresentaram A. lumbricoides, apontando a importância da ascariose já nos primeiros anos de vida e indicam a necessidade de aprofundamento na investigação desta parasitose na população (Monteiro et al., 1988; Costa-Macedo & Rey, 1997; Costa-Macedo et al., 1998).
Contudo, é importante assinalar que a infeção por parasitas já é observada a partir da primeira fase escolar e pode estar relacionado ao período da introdução de novos alimentos e inicia-se uma etapa do desenvolvimento que lhe permite maior contado com o ambiente.
AGRADECIMENTOS
A Universidade Cidade de São Paulo, a direção, o corpo docente e a administração que nos possibilitaram a oportunidade de realizar esse projeto social.
Agradeço а todos os professores por nos proporcionar о conhecimento, não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo de formação desse projeto.
Em especial as professoras Ana Cestari e Marcely Palladino pela orientação, apoio е confiança, e pelo empenho dedicado e colaboração ao nosso trabalho.
Ao Prof. Tangara pela técnica е orientação para alcançarmos os resultados obtidos.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Adauto; FERREIRA, Luís Fernando. Homens e parasitos: a contribuição da paleoparasitologia para a questão da origem do homem na América. Revista USP, São Paulo, (34): 58 – 69 junhos/agostos 1997. Available from http://www.usp.br/revistausp/34/06-adauto-luiz.pdf. access on 13 Oct. 2014.
SOUZA, Wilson Jacinto Silva de et al . Utilização da reação de imunofluorescência indireta no acompanhamento da terapêutica da leishmaniose tegumentar americana’.Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro , v. 77, n. 3, Sept. 1982 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0074-02761982000300003&lng=en&nrm=iso>. access on 13 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0074-02761982000300003
MARTINS, Mário Jorge. Parasitismo (Relação parasito-hospedeiro). Maceió, Janeiro 2012. Available from http://www.marcasaude.com.br/pdf/apostilas/epidemiologia/relacao-parasito-hospedeiro.pdf .access onon 13 Oct. 2014.
FERREIRA G.R., ANDRADE C.F.S. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de Estiva Gerbi, SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2005; 38(5): 402-405.
MARIANO, M. L. M.; CARVALHO, S. M. S.; MARIANO A. P. M.; ASSUNÇÃO, F. R.; CAZORLA, I. M.. Uma nova opção para diagnóstico parasitológico: método de Mariano & Carvalho. Newslab, v.68, p.132-140, 2005.
CIMERMAN B.; CIMERMAN S.. Parasitologia Humana e Seus Fundamentos Gerais 2ª edição, São Paulo, Editora Atheneu, 2008; (390)354-355.
MACEDO, Lêda Maria da Costa; COSTA, Maria do Carmo Esteves; ALMEIDA, Liz Maria. Parasitismo por Ascaris lumbricoides em crianças menores de dois anos: estudo populacional em comunidade do Estado do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 15(1):173-178, jan-mar, 1999.
FRENZEL, A.; TORRES, P.; GUERRERO, S.; GESCHE, W.; MONTEFUSCO, A. & MARIN, F., 1979. Parasitosis intestinal en lactentes y su relación con la infección de sus manipuladores de alimentos y el saneamiento ambiental. Revista Médica de Chile, 107:343-351.
MONTEIRO, C. A.; CHIEFFI, P. P.; BENÍCIO, M. H. A.; DIAS, R. M. S.; TORRES, D. M. A. G. V. & MANGINI, A. C. S., 1988. Estudo das condições de saúde das crianças do Município de São Paulo (Brasil), 1984/1985. VII. Parasitoses intestinais. Revista de Saúde Pública, 22:8-15.
NEVES, David Pereira; MELO, Alan Lane; LINARDI, Pedro Marcos; VITOR, Ricardo W. Almeida. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
REY, Luís. Parasitologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
[1] Graduanda pela Universidade da Cidade de São Paulo, contato.: [email protected]
[2] Graduanda pela Universidade Cidade de São Paulo, contato: [email protected]