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Análise da qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com VDRL reagente em Itamaracá-Pernambuco

RC: 106990
110
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/analise-da-qualidade

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTANA, Marly Maria de [1], CABRAL, Ewelyn Rafaela Santos [2]

SANTANA, Marly Maria de. CABRAL, Ewelyn Rafaela Santos. Análise da qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com VDRL reagente em Itamaracá-Pernambuco. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 02, Vol. 04, pp. 164-175. Fevereiro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/analise-da-qualidade, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/analise-da-qualidade

RESUMO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) constituem-se como um problema de saúde pública, que acarretam danos sociais, econômicos e sanitários. Diante disto, sendo a sífilis uma doença infectocontagiosa, transmitida por via sexual, se faz necessário elaborar propostas que busquem sistematizar a adequada assistência pré-natal a gestantes, tendo atenção especial aos registros no prontuário e cartão da gestante, objetivando um melhor acompanhamento sistemático. Neste contexto, levantou-se a seguinte questão norteadora: Qual é a qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com exames VDRL reagente em Itamaracá-PE através das notificações registradas em prontuários, no período de janeiro 2016 a janeiro de 2019? Deste modo, o objetivo desta pesquisa é avaliar exames de VDRL reagente em gestantes do município da Ilha de Itamaracá – Pernambuco através das notificações registradas em prontuários, no período de janeiro/2016 a janeiro/2019. Trata-se de um estudo transversal, descritivo de abordagem quali-quantitativa. A análise da qualidade dos registros dos prontuários de gestantes com exame reagente de VDRL no período de janeiro/2016 a janeiro/2019 revelou desordem e subnotificação, demonstrando um cenário preocupante. O município dispõe de 09 UBS, onde são realizados além do pré-natal, atendimento a outros pacientes com necessidades básicas de saúde e prevenção em geral. Em relação ao pré-natal, os médicos e enfermeiros realizam o atendimento e acompanhamento. Foi possível perceber que muitos casos de sífilis congênita poderiam ser evitados com programas oportunos, criados e dirigidos pelo próprio Ministério da Saúde (MS). Recomenda-se mais atenção no preenchimento de prontuários médicos, pois são de extrema importância independente do problema ou caso do paciente. Conclui-se, portanto, a necessidade do preenchimento completo nos prontuários das gestantes para um melhor acompanhamento médico dela e de seu parceiro. A avaliação da qualidade de registro dos prontuários nos permite a reflexão sobre os impactos gerados por este fato e sobre como pode ser esta situação pode ser revertida ou melhorada.

Palavras-chave: saúde materno infantil, sífilis congênita, subnotificações.

INTRODUÇÃO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) constituem-se como um grande problema de saúde pública, já que acarretam danos sociais, econômicos e sanitários (SILVA et al., 2020; FELICIO et al., 2019; BERTONCELI, 2018). Ocasionando danos sociais, econômicos e sanitários de grande repercussão às populações, especialmente entre mulheres e crianças. Entre as IST’s, a sífilis merece destaque, pois trata-se de uma doença infecciosa e sistêmica, de abrangência mundial e evolução crônica causada pelo Treponema pallidum, tem o homem como único hospedeiro, transmissor e reservatório (MAGALHÃES et al., 2013). Cerca de 2 milhões de gestantes em todo o mundo, são infectadas pela sífilis anualmente (BECK; SOUZA, 2018; NONATO et al., 2015).

Políticas públicas voltadas para saúde materna infantil, contribuíram para aumento do diagnóstico precoce e notificações em gestantes, como o uso do teste rápido para sífilis. Entretanto, a qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com exames VDRL reagente muitas vezes é incipiente ou mal-feito, o que acarreta subnotificações de diagnóstico e tratamento, ou a interrupção no tratamento. Colocando municípios em situações de alerta, onde, muitas vezes pode não ser exatamente o caso. O município de Itamaracá registrou nos últimos 10 anos 183 casos de sífilis congênita. Com 30 casos registrados entre janeiro de 2016 a janeiro de 2019 (BOLETIM SÍFILIS, 2019).

Diante do exposto, qual é a qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com exames VDRL reagente em Itamaracá – PE através das notificações registradas em prontuários, no período de janeiro 2016 a janeiro de 2019?

O presente trabalho tem como objetivo avaliar exames de VDRL reagente em gestantes do município da Ilha de Itamaracá – Pernambuco através das notificações registradas em prontuários, no período de janeiro de 2016 a janeiro de 2019.

MÉTODOS

Primeiro foi solicitada a carta de anuência à chefia da instituição. Por se tratar de coleta de dados o uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi dispensado. Os dados foram coletados de prontuários e analisados sua qualidade com base nos dados constantes nos prontuários de Postos de Saúde do Município da Ilha de Itamaracá – Pernambuco em março de 2021. Onde foi realizada uma análise sobre a qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com exames VDRL reagente em Itamaracá-PE de janeiro 2016 a janeiro de 2019.

Foram dados coletados através da análise de prontuários e sua qualidade, que identificaram dados socioeconômicos como: raça/cor, idade, escolaridade entre outros, e questões norteadoras como: tratamento realizado, parceiro tratado e principais dados faltantes ou não preenchidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da qualidade dos registros dos prontuários de gestantes com exame reagente de VDRL no período de janeiro/2016 a janeiro/2019 revelou desordem e subnotificação e um cenário extremamente preocupante.

Segundo dados do IBGE (2010), a economia do município da Ilha de Itamaracá é baseada no setor de serviços (comércio e turismo) o mais representativo na economia itamaracaense, seguido da agricultura.

O município dispõe de 09 UBS, onde são realizados além do pré-natal, atendimento a outros pacientes com necessidades básicas de saúde e prevenção em geral. Em relação ao pré-natal, os médicos e enfermeiros realizam o atendimento e acompanhamento.

Conforme descreve o Ministério da Saúde (MS), a partir do ano de 2005 a sífilis na gestante se tornou um agravo de notificação compulsória com a publicação da Portaria MS/SVS n° 33 de 14 de julho de 2005, com o objetivo de identificar os casos existentes subsidiando ações de prevenção e controle da mesma; além de conhecer o perfil epidemiológico e suas tendências (SARACENI et al., 2007).

De acordo com os dados, entende-se que várias ocorrências de sífilis congênita podem ser evitadas por meio de planos adequados criados e direcionados pelo Ministério da Saúde (MS). Se cada região estiver ciente de suas próprias restrições, os planos governamentais podem se tornar mais eficientes, o que garantirá mais saúde para todos. Sem o conhecimento exato de onde se encontram as falhas, as ações de saúde podem perder o foco principal, e acabar passando despercebidas (CABRAL et al., 2017).

Análise dos prontuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) do município da Ilha de Itamaracá durante o período de janeiro/2016 a janeiro/2019, revelaram que foram atendidas 30 pacientes com exame VDRL reagente, entretanto foi possível coletar dados de apenas 25 (vinte e cinco) gestantes. As UBS’s do município estão localizadas nos seguintes bairros: Alto da Felicidade, Forte Orange, Rio Ambar, Baixa Verde/Pilar, Biquinha, Salinas/Chié, Jaguaribe, Vila Velha, e Sossego. Entretanto, apenas 17 notificações conforme os prontuários das UBS foram encontradas. Onde, foi possível observar que das 09 (nove) unidades de atendimento na atenção básica, 6 (seis) receberam gestantes com resultados de VDRL reagente para Sífilis no período estudado, conforme pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1. Todos os casos confirmados de Sífilis em gestantes registrados nos prontuários analisados das Unidades Básicas de Saúde para o Município da Ilha de Itamaracá, no período de 2016 a 2019.

Unidades básicas Total de casos confirmados
Alto da Felicidade 5
Biquinha 3
Chié /Salinas 3
Baixa Verde / Pilar 2
Rio Âmbar 3
Forte Orange /Bela Vista 1
Vila Velha 0
Jaguaribe 0
Sossego 0
Total 17

Fonte: Informações conforme pesquisa de campo realizada pela Autora.

O maior número de gestantes VDRL atendidas foi referente a UBS Alto da Felicidade, zona urbana do município. Dessas, 50% iniciam o acompanhamento pré-natal no 2° trimestre de gestação, 50% possuíam ensino fundamental. Entretanto, apenas 60% delas realizaram o tratamento corretamente apenas das que iniciaram o acompanhamento pré-natal e, os 40% restantes, iniciaram tratamento sem realizar o acompanhamento. Além disso, 100% dos parceiros se negaram a realizar tratamento, seja na maternidade ou na atenção primária.

A falta de preenchimento dos prontuários observada foi extremamente alta, onde contavam apenas dados como nome, data de nascimento, endereço e telefone tornando inviável a coleta de qualquer outro dado sociodemográfico, como: escolaridade, estado civil, cor/raça e ocupação. Além disso, das 30 gestantes notificadas com VDRL reagente, apenas 25 tinham os referidos dados acima, de fato preenchidos. Onde, foi possível observar a predominância das gestantes de origem urbana em relação à rural, com apenas 4% das gestantes advindas de população rural, conforme pode ser observado na Tabela 2 abaixo.

Tabela 2- Distribuição das gestantes VDRL reagentes conforme o bairro de origem das Unidades Básicas de Saúde para o Município da Ilha de Itamaracá, no período de 2016 a 2019.

Bairro n %
Alto da felicidade 6 24%
Baixa verde 2 8%
Bela Vista 1 4%
Biquinha 5 20%
Forte Orange 1 4%
Pilar 4 16%
Salinas 3 12%
Sítio Bom Jesus 1 4%
Ignorado/ não preenchido 2 8%
Total de gestantes 25 100%

Fonte: Informações conforme pesquisa de campo realizada pela Autora.

A qualidade do preenchimento das fichas de investigação de agravos de notificação compulsória é determinante para o planejamento de intervenções. Para as gestantes com sífilis, o processo investigativo ocorre na atenção básica, pois é o que acontece com o diagnóstico da doença e o pré-natal. Portanto, a atenção primária é o momento em que ocorre a notificação e a investigação do caso (BRASIL, 2006). Da mesma forma que é o momento em que o cuidado pré-natal deve agir e evitar o caso de sífilis congênita. A atenção primária se expande pela USF, preconizada pelo Ministério da Saúde. Relataram a presença da USF em 94% das cidades brasileiras em 2008, representando cerca de 48% da população (GIOVANELLA et al., 2009). A estratégia inclui cuidados pré-natais, que incluem triagem de mulheres grávidas para sífilis e tratamento subsequente de mulheres grávidas e seus parceiros se forem positivos (BRASIL, 2006).

A mesma situação se apresenta nos anos seguintes, conforme casos confirmados notificados de Sífilis em gestante no município da Ilha de Itamaracá para os anos de 2017 a 2019, segundo o Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação, como se apresenta na Tabela 3 a seguir.

Tabela 3. Todos os casos confirmados de Sífilis em gestantes registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Brasil, no Estado de Pernambuco, para o Município da Ilha de Itamaracá, através das notificações, no período de 2017 a 2019, segundo faixa etária.

Anos Faixa etária Total de casos confirmados Total de casos
2017 15 a 19 2 7
20 a 39 5
2018 15 a 19 7 20
20 a 39 13
2019 nada consta nada consta 0

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net, excluídos casos não residentes no Brasil.

  1. Períodos Disponíveis ou período – Correspondem aos anos de notificação dos casos.
  2. Para tabular dados epidemiológicos de um determinado ano selecione na linha a variável de interesse, na Coluna Ano do diagnóstico; em Períodos Disponíveis assinale o ano inicial da série e todos os posteriores até o ano atual (p/ incluir casos notificados com atraso) e em Seleções Disponíveis assinale os anos do diagnóstico (ex: nº de casos 2007:selecione na linha UF de residência, na Coluna Ano do diagnóstico, em Períodos disponíveis 2007 até o ano atual e em Seleções assinale Ano do diagnóstico de 2007).
  3. Dados de 2009 atualizados em 01/08/2011.
  4. Dados de 2010 atualizados em 20/11/2013.
  5. Dados de 2011 atualizados em 20/11/2013.
  6. Dados de 2012 e 2013 atualizados em 07/05/2018.
  7. Dados de 2014 atualizados em 30/01/2019.
  8. Dados de 2015 a 2018 atualizados em 30/01/2019, dados sujeitos à revisão.

A qualidade do preenchimento das fichas de investigação de agravos de notificação compulsória é determinante para o planejamento de intervenções. Para as gestantes com sífilis, o processo de investigação se dá na atenção primária, uma vez que esse é o cenário em que o diagnóstico da doença e a assistência pré-natal se desenvolvem. Portanto, a atenção primária é o período de acontecimentos da notificação e averiguação do caso. Da mesma forma que é o momento em que o cuidado pré-natal deve agir e evitar o caso de sífilis congênita.

Essa ocorrência impede o controle epidemiológico do agravo, indo na contramão das políticas públicas atuais, em especial da Rede Cegonha, que além da qualificação da saúde obstétrica-neonatal, contribui para o aprimoramento do sistema de vigilância epidemiológica, por meio da ampliação da distribuição de testes rápidos para sífilis, ferramenta que permite o rastreio do agravo (SOARES et al., 2017).

Além dos problemas expostos acima, esta pesquisa mostra também que o número de consultas que as gestantes recebem durante o pré-natal não é suficiente para garantir o controle dessa infecção, pois a qualidade do atendimento precisa ser avaliada, além da intenção e gestos para ampliar o acesso e o número mínimo recomendado de consultas. Seu conteúdo, principalmente na atenção primária à saúde, exige acompanhamento e tratamento adequado das gestantes e parceiros. E ainda expõe a precariedade dos serviços de atendimento básico e emergencial onde a gestante faz a aplicação da benzatina durante o tratamento (FIGUEIREDO et al., 2015). Segundo o autor, existem dificuldades que a equipe da Estratégia Saúde da Família enfrenta, o encaminhamento e tratamento de gestantes e parceiros foi mencionado porque, embora pudesse ser procurado por meio de unidades comunitárias de saúde, os profissionais mostraram falta de atitudes positivas em relação à participação do parceiro nos serviços e indecisão no encaminhamento das gestantes. As mulheres são atendidas em serviços especializados. Tampouco mencionaram a obrigatoriedade da notificação de casos de sífilis e sífilis congênita em gestantes (FIGUEIREDO et al., 2015).

Isso quer dizer, a abordagem inadequada das necessidades, subjetividades e vulnerabilidades sociais de cada gestante no momento do pré-natal dificulta tanto a compreensão da importância do tratamento da SG pela gestante quanto sua adesão a ele. Além da falta de tratamento dos parceiros sexuais. Combinados, esses fatores resultam em altas taxas de reinfecção pela sífilis nas pacientes (VIANA FILHO et al., 2020).

Deste modo, é evidente a importância da realização de um pré-natal de qualidade, da realização de tratamentos precoce ainda na gestação, da educação em saúde através de ações que visem esclarecer a população a importância do uso do preservativo, sobre o tratamento adequado para a gestante e o parceiro evitando a transmissão ao concepto para que não se chegue ao comprometimento fetal.

CONCLUSÃO

Retomando a questão norteadora: Qual é a qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com exames VDRL reagente em Itamaracá-PE através das notificações registradas em prontuários, no período de janeiro 2016 a janeiro de 2019? Concluiu-se que a falta de preenchimento dos prontuários observada foi extremamente alta, onde contavam apenas dados como nome, data de nascimento, endereço e telefone tornando inviável a coleta de qualquer outro dado sociodemográfico, como: escolaridade, estado civil, cor/raça e ocupação. Além disso, das 30 gestantes notificadas com VDRL reagente, apenas 25 tinham os referidos dados acima, de fato preenchidos, tornando-se de baixa qualidade os prontuários das gestantes reagentes.

Observa-se com a análise dos prontuários uma grande resistência quanto a adesão ao tratamento, tanto por parte das gestantes quanto por parte de seus parceiros. Há relatos de gestantes que realizaram tratamento anterior e em uma nova gestação e testaram positivo novamente para a Sífilis, principalmente se elas permanecem com o mesmo parceiro e não realizaram tratamento.

Dos prontuários analisados em todo o município, apenas duas gestantes tiveram o tratamento realizado adequadamente, com retorno à unidade para acompanhamento e encaminhamento posterior à realização do tratamento para nova avaliação e que teve seu parceiro também tratado.

Existe muita resistência quanto a aceitação e início do tratamento por parte das gestantes, mas principalmente, por parte de seus parceiros. Às vezes a própria condição econômica para o deslocamento dos mesmo para a unidade onde se realiza o tratamento, dificulta essa aceitação.

A maioria dos profissionais relataram saber que a sífilis em gestantes se configura como uma doença de notificação compulsória, porém, poucos realizam a notificação, fator esse que corrobora com os estudos anteriores que alerta para a subnotificação e principalmente, para o aumento dos números de notificação de sífilis congênita e diminuição dos casos em gestantes.

O enfermeiro na unidade de saúde é o profissional empenhado e comprometido com o acolhimento e assistência pré-natal das gestantes em qualquer fase. É o responsável por pedir o exame VDRL para todas as mães grávidas, nos três trimestres de gestação; e ainda, realizar Testes Rápidos (TR) para detecção de HIV e sífilis às gestantes já no primeiro atendimento. É importante e indispensável um olhar de cuidado e humanizado em todas as fases, para a saúde das gestantes. Até mesmo a concretização nas práticas de precaução e fomento da saúde, além da análise e procedimento apropriado das dificuldades que acontecem nessa fase.

O controle de sífilis em gestante requer dos profissionais envolvidos maiores engajamento, principalmente daqueles que estão na atenção primária, por entender que é nesse nível de complexidade que existe o acompanhamento pré-natal, e primeiros cuidados para a prevenção da transmissão vertical da patologia.

Destarte, é necessário de maneira urgente e continuada a atualização e orientação dos profissionais da saúde envolvidos nas UBSs e no atendimento, tratamento e manejo de gestantes, relacionados ou não à sífilis, para isso,  o Ministério da Saúde em conjunto com o governo do estado e municípios, precisam lançar programas de atualização, bem como periódicos, cartilhas e /ou e manuais, para que se haja uma prática melhorada e poder assim chegar a reduzir consideravelmente as infecções por sífilis, sendo fundamental o preenchimento correto dos prontuários afim de contribuir com um melhor atendimento para as gestantes e seu parceiro.

REFERÊNCIAS

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BERTONCELI, Mariza. Assistência de enfermagem à gestante com diagnóstico de sífilis: uma revisão integrativa da literatura. Trabalho de Conclusão de curso Faculdade Guairacá, Guarapuava-PR, 50 p. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Área técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada, manual técnico; Brasília. 2006.

CABRAL, Beatriz. et al. Sífilis em gestante e sífilis congênita: um estudo retrospectivo. Revista Ciência Plural. Rio Grande do Norte, v. 3, n. 3, p 32-44, 2017.

FELICIO, Felipe de Castro. et al. Percepção da fragilidade da Sistematização da Assistência em Enfermagem: obstáculo no controle da sífilis na gestação. Rev Norte Mineira de enferm.; v. 8, n. 2, p. 40-47, 2019.

FIGUEIREDO, Mayanne Santana Nóbrega.;et al. Percepção de enfermeiros sobre a adesão ao tratamento dos parceiros de gestantes com sífilis. Rev. Rene. maio-jun; v. 16, n. 3,  p. 345-54, 2015.

GIOVANELLA, Lígia, et al. Family health: limits and possibilities for an integral primary care approach to health care in Brazil. Ciênc Saúde Coletiva 2009; 14:783-94.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo brasileiro de 2010. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/ilha-de-itamaraca/panorama, acesso em 19/01/2022.

MAGALHÃES, Daniela.;et al. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 6, p. 1109-1120, jun, 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2013001000008

SARACENI, Valéria; et al. Vigilância da sífilis na gravidez. Epidemiologia e serviços de saúde. v. 16, n. 2, p. 103-11, 2007.

SILVA, Anna Karolina. et al. O difícil controle da sífilis e suas consequências materno-fetais: revisão integrativa. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 6, p. 16639-16653, 2020.

SOARES, Larissa.; et al. Sífilis gestacional e congênita: características maternas, neonatais e desfecho dos casos. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Recife, v. 17, n. 4, p. 791-799 out. / dez., 2017. http://dx.doi.org/10.1590/1806-93042017000400010

VIANA FILHO, Laerte. et al Dificuldades na abordagem e manejo da sífilis na gestação. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 4, p. 11163-11179, 2020.

[1] Mestre em Saúde Pública; Pós-Graduada em UTI emergência PSF e Graduada em Bacharel em Enfermagem. ORCID: 0000-0002-5606-2636.

[2] Orientador. ORCID: 0000-0002-5250-2876.

Enviado: Dezembro, 2021.

Aprovado: Fevereiro, 2022.

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Marly Maria de Santana

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