REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

As diversas facetas do bullying na educação infantil

RC: 22036
497
4.7/5 - (13 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ARRAZ, Fernando Miranda [1]

ARRAZ, Fernando Miranda. As diversas facetas do bullying na educação infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 10, Vol. 08, pp. 58-67 Outubro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

Esse estudo apresenta um tema que é hoje, sem dúvida, um dos temas mais discutidos em todo o mundo, o que desperta crescente interesse nas diversas ciências e esferas sociais. Em meio às discussões, o que é natural, surge uma infinidade de opiniões, ideias, sugestões, estudos, publicações e etc., que tentam explicar o fenômeno e os motivos que leva um indivíduo ou grupo a agir de forma deliberada e, muitas vezes, tão cruel. Este trabalho trata do fenômeno conhecido como bullying, expressão de língua inglesa utilizada para denotar a agressividade recorrente em atitudes tomadas por uma ou mais pessoas com o objetivo de causar dor, humilhação, sofrimento e angústia a outra pessoa. Para tanto, apresenta um estudo sobre o fenômeno bullying na educação no ambiente escolar por meio de uma investigação sobre a existência desta violência na educação infantil, além de evidenciar as condições em que o bullying ocorre, buscando ainda entender o silêncio dos profissionais da educação acerca dessa problemática. Portanto, acrescenta-se que os professores, as escolas, as famílias e a sociedade devem dar a devida importância às atitudes, às expressões e ao comportamento que configuram o aluno enquanto sujeito sócio-histórico-social, buscando a observação como aliada na intervenção nos comportamentos erráticos das crianças nesta fase educacional.

Palavras-Chave: Bullying, Educação infantil, Violência, Comportamento.

INTRODUÇÃO

O estudo do bullying é desde muito antigamente abordado, mas tornou-se mais persistente na atualidade, mesmo assim ele ainda é desconhecido ou “invisível” para muitos. Neste contexto, o bullying, objeto de estudo deste trabalho, não é um fenômeno incomum e isolado, posto que se faz presente em qualquer situação onde ocorram relações interpessoais, estando presente no dia a dia do indivíduo desde o início de seus relacionamentos interacionais. Além disso, o bullying vem se mostrando um tipo de violência que está ganhando formas diversas, dentro e fora das instituições de ensino privadas ou públicas. Sendo assim, Bullying é toda e qualquer forma de agressão seja ela física, verbal ou moral. Na escola o bullying é uma realidade muitas vezes ignorada pelos educadores. Professores devem estar atentos a todos comportamentos comprometedores, podendo começar a guiar-se inclusive pelo desempenho do aluno nas aulas, nas notas, para continuar a avaliar o comportamento do mesmo, investigando suas reações, para descobrir as causas.

O bullying é hoje, sem dúvida, um dos temas mais discutidos em todo o mundo, o que desperta crescente interesse nas diversas ciências e esferas sociais. Em meio às discussões, o que é natural, surge uma infinidade de opiniões, ideias, sugestões, estudos, publicações e etc., que tentam explicar o fenômeno e os motivos que leva um indivíduo ou grupo a agir de forma deliberada e, muitas vezes, tão cruel. No entanto, ante a urgência de encontrar respostas eficazes, interpretações e informações equivocadas, geradoras de controvérsias, acabam por dificultar o processo de entendimento e resolução do problema.

Partindo desta visão, optei em fazer uma pesquisa quantitativa, na qual, através de uma vasta revisão bibliográfica mostramos conceitos e estudos feitos por vários autores, referentes ao bullying na educação infantil, e o que pode ser feito para que isso possa ser banido de nossas escolas.

O BULLYING E OS SEUS DESAFIOS

Devido ao fato de ser um fenômeno que só recentemente ganhou mais atenção, o assédio escolar ainda não possui um termo específico consensual, sendo o termo em inglês bullying constantemente utilizado pela mídia de língua portuguesa. Existem, entretanto, alternativas como ameaça, assédio, intimidação, além dos mais informais judiar e implicar , além de diversos outros termos utilizado pelos próprios estudantes em diversas regiões.

O termo bullying vem de “bully” que em inglês significa valentão, porém a palavra bullying não tem um significado exato em português. Bullying é utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.

Sem termo equivalente na língua portuguesa, define-se universalmente como: “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento” (ESCOLA, 2006). Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying.

Na atualidade, Fante (2005) defende que este é um dos temas que vem despertando cada vez mais o interesse de profissionais das áreas de educação e saúde, principalmente o bullying escolar. Termo encontrado na literatura psicológica anglo-saxônica, que conceitua os comportamentos agressivos e antissociais, em estudos sobre o problema da violência escolar.

A autora afirma que o bullying é um conceito específico, bem definido, mas que por vezes ainda é confundido por pessoas sem conhecimento do tema, se faz necessário entender o que realmente acontece, pois pode parecer nada preocupante, mas é mais difícil do que se pensa, pois ele envolve e coloca em jogo a vida de quem é vítima, seja qual(ais) for(em) a(s) agressão(ões) recebida(s).

O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.

No Brasil o bullying é traduzido como o ato de bulir, tocar, bater, soquear, zombar, tripudiar, ridicularizar, colocar apelidos jocosos, colocar em dúvida a masculinidade ou feminilidade da vítima, são as práticas mais comuns. Para a justiça brasileira o bullying está enquadrado em infrações previstas no Código Penal, como injúria, difamação e lesão corporal. Ainda não existe uma lei que puna os agressores com o devido merecimento.

As pessoas agredidas pelo bullying apresentam alguns sintomas como o distúrbio do sono, problemas de estômago, transtornos alimentares, irritabilidade, depressão, transtornos de ansiedade, dor de cabeça, falta de apetite, pensamentos destrutivos, como desejo de morrer, entre outros. Em muitos casos as vítimas recorrem a terapia para amenizar as marcas deixadas pela agressão.

As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.

As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.

O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes a famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.

Beane (2010) cita em primeiro lugar os professores, educadores, pais, familiares, funcionários da escola e todos os participantes da rotina diária dos alunos devem estar atentos, sempre observando, ficando de olho a cada sinal suspeito: humor, companhias, as notas escolares, enfim. Incentivar, conversar, explicar, esclarecer, fazer trabalhos e discussões sobre o assunto, sempre favorecer a comunicação em sala de aula (entre todos), evitando as “panelinhas”, qualquer queixa que vier, não desconsiderar, procurar a direção da escola, chamar os pais, promover o diálogo, tentar resolver no início, para que não tenham consequências piores.

Cabe a escola também promover o debate, o diálogo, mas os pais devem estar sempre acompanhando, devem estar sabendo de tudo o que se passa com seu filho, e outro fator importante é o modo da conversa, deve-se haver este cuidado para não correr o risco de na tentativa de querer ajudar, incentivar mais ainda os agressores a cometerem estes atos contra o agredido.

Fante (2005) sugere que é notável a crença que se existe uma cultura de violência, que se dissemina entre as pessoas, pode-se disseminar uma contracultura de paz. Se conseguirmos plantar nos corações das crianças as sementes da paz, solidariedade, tolerância, respeito ao outro e o amor, poderemos vislumbrar uma sociedade mais equilibrada, justa e pacífica. Construir um mundo de paz é possível, para isso, deve-se primeiramente construí-lo dentro de cada um de nós.

Em princípio, trata-se de um problema mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhuma instituição: primária ou secundária; pública ou privada; rural ou urbana; católica, metodista, evangélica, espírita ou demais religiões. Pode-se afirmar que as escolas que não admitem a ocorrência de bullying entre seus alunos desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo (Programa, 2005).

O professor é um exemplo fundamental de pessoa que não resolve conflitos com a violência. Não adianta, porém, pensar que o bullying só é problema dos educadores quando ocorre do portão para dentro. É papel da escola construir uma comunidade na qual todas as relações são respeitosas.

O foco deve se voltar para a recuperação de valores essenciais, como o respeito pelo que o alvo sentiu ao sofrer a violência. A escola não pode legitimar a atuação do autor da agressão nem humilhá-lo ou puni-lo com medidas não relacionadas ao mal causado, como proibi-lo de frequentar o intervalo.

Para prevenir o bullying os professores devem então conhecer o termo, suas características, consequências e se atualizarem sobre o assunto. Camargo também insiste na importância de garantir meios para combater esta violência, sem confundi-la no dia-a-dia das escolas, e não visualizar o bullying como mais uma violência diária ou comum.

Segundo Camargo (2009), nem todas as brigas são consideradas bullying. Observar as características das agressões torna-se um importante meio para não banalizarmos o termo. Lembrando que para ser um bullying, a agressão deve acontecer de forma repetida, intencional e sem motivação e principalmente ser feita entre pares.

Já o alvo precisa ter a autoestima fortalecida e sentir que está em um lugar seguro para falar sobre o ocorrido. “Às vezes, quando o aluno resolve conversar, não recebe a atenção necessária, pois a escola não acha o problema grave e deixa passar”, alerta Aramis Lopes, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Ainda é preciso conscientizar o espectador do bullying, que endossa a ação do autor. ‘Trazer para a aula situações hipotéticas, como realizar atividades com trocas de papéis, são ações que ajudam a conscientizar toda a turma.

Em conversas com os pais de alunos envolvidos com bullying é preciso mediar a conversa e evitar o tom de acusação de ambos os lados. Esse tipo de abordagem não mostra como o outro se sente ao sofrer bullying. Deve ser sinalizado aos pais que alguns comentários simples, que julgam inofensivos e divertidos, são carregados de ideias preconceituosas. O ideal é que a questão da reparação da violência passe por um acordo conjunto entre os envolvidos, no qual todos consigam enxergar em que ponto o alvo foi agredido para, assim, restaurar a relação de respeito.

Outras estratégias relevantes para a prevenção desse fenômeno seriam a elaboração e a utilização, em aulas de educação física, de materiais impressos, como livros infantis, infanto-juvenis, gibis ou literatura de cordel, que discutam criticamente o bullying. Tais materiais, além de excelentes recursos pedagógicos, têm uma maior disseminação entre as crianças.

Como estratégia didática para prevenção do bullying, cabe, ainda, destacar que:

O professor deve ter cuidado para não se converter em agressor, entrando, assim, em sintonia com os praticantes do bullying. Para isto deve atentar para algumas situações, como: a forma de fazer as correções pedagógicas para não ridicularizar ou rotular alunos; evitar depreciações quanto ao rendimento deles; mostrar preferência por alguns e indiferença a outros; fazer ameaças, perseguições e comparações entre eles; colocar apelidos pejorativos, dentre outras posturas inadequadas. (CHAVES, 2006).

Muitas vezes, a escola trata de forma inadequada os casos relatados por pais e alunos, responsabilizando a família pelo problema. É papel dos educadores sempre dialogar com os pais sobre os conflitos – seja o filho alvo ou autor do bullying, pois ambos precisam de ajuda e apoio psicológico.

Em casos extremos de bullying a primeira ação deve ser mostrar aos envolvidos que a escola não tolera determinado tipo de conduta e por quê. Nesse encontro, deve-se abordar a questão da tolerância ao diferente e do respeito por todos, inclusive com os pais dos alunos envolvidos.

Mais agressões ou ações impulsivas entre os envolvidos podem ser evitadas com espaços para diálogo. Uma conversa individual com cada um funciona como um desabafo e é função do educador mostrar que ninguém está desamparado. Os alunos e os pais têm a sensação de impotência e a escola não pode deixá-los abandonados. É mais fácil responsabilizar a família, mas isso não contribui para a resolução de um conflito.

A conversa em conjunto, com todos os envolvidos, não pode ser feita em tom de acusação, deve-se pensar em maneiras de mostrar como o alvo do bullying se sente com a agressão e chegar a um acordo em conjunto. É também essencial que o trabalho de conscientização seja feito também com os espectadores do bullying, aqueles que endossam a agressão e os que a assistem passivamente. Sem que a plateia entenda quão nociva a violência pode ser, ela se repetirá em outras ocasiões.

O BULLYING NA INFÂNCIA

O bullying na educação infantil pode ser caracterizada entre as crianças menores, no sentido de ser comum que as brigas estejam relacionadas às disputas de território, de posse ou de atenção – ainda não caracterizando o bullying. No entanto, por exemplo, se uma criança apresentar alguma particularidade, como não conseguir segurar o xixi, e os colegas a segregarem por isso ou darem apelidos para ofendê-la constantemente, trata-se de um caso de bullying.

Perto dos 3(três) anos, as crianças começam a se identificar como um indivíduo diferente do outro, sendo possível que uma criança seja alvo ou vítima de bullying. Essa conduta, porém, será mais frequentes num momento em que houver uma maior relação entre pares, mais cotidiana e estabelecida com os outros’.

Para evitar o bullying, é preciso que a escola valide os princípios de respeito desde cedo. É comum que as crianças menores briguem com o argumento de não gostar uns dos outros, mas o educador precisa apontar que todos devem ser respeitados, independentemente de se dar bem ou não com uma pessoa, para que essa ideia não persista durante o desenvolvimento da criança.

Quando o bullying ocorre entre os pequenos, o educador deve ajudar o alvo da agressão a lidar com a dor trazida pelo conflito. A indignação faz com que a criança tenha alguma reação. ‘Muitas vezes, o professor, em vez de mostrar como resolver a briga com uma conversa, incentiva a paz sem o senso de injustiça, pois o submisso não dá trabalho.

Na educação infantil construímos e desconstruímos saberes. Trata-se de uma fase muito importante que possibilita à escola e aos docentes, juntamente com os pais, trabalhar conteúdos que despertem nas crianças o amor pelo próximo, o respeito e a solidariedade perante o outro. Nas relações humanas desde muito cedo a disputa já é uma forma de exercer o poder entre as pessoas, e as crianças usam e abusam dessa disputa para alcançar seu objetivo.

Segundo Camargo (2009), o pensamento de Piaget sugere que a criança passa por estágios ou etapas de desenvolvimento, sendo capaz de construir e desconstruir o seu desenvolvimento cognitivo, levantando a ideia que as crianças têm comportamentos de acordo com sua faixa etária e que isso vai sendo alterado a partir do momento em que ela sai da educação infantil (fase entre zero a cinco anos), que, para Piaget, é constituída pelas etapas Sensório-Motora e Pré- Operatória. Para entendermos o significado dessas duas etapas, Camargo (2009) as descreve:

Na primeira etapa a sensório-motora, as crianças agem por meio de reflexos neurológicos, participam do mundo pelos sentidos de forma direta e objetiva, sem formular reflexões e pensamentos, conhecem o mundo pelos sentidos, levando os objetos até a boca e prestam atenção em cada ruído ocorrido a sua volta, desenvolvem-se emocionalmente e criam noção do tempo-espaço e objeto por meio da ação.

Na segunda etapa pré-operatório, ocorre o despertar da comunicação, a criança ganha, ano a ano, um vocabulário cada vez mais extenso, facilitando a socialização, conhece e gosta de brincar com o outro, interagir e se comunicar, há um avanço no desenvolvimento cognitivo, social e afetivo em decorrência da aquisição da linguagem.

Diante dessa argumentação advinda de Piaget, Camargo (2009) acredita que essas duas etapas da criança não possibilitam a presença do fenômeno bullying, mas sim um ato de agressão, ao disputar com o outro um brinquedo, ou até mesmo a atenção total da professora. Segundo a autora, nessa fase, a criança ainda é egocêntrica e tende a morder, beliscar, puxar o cabelo ou cuspir para resolver seus conflitos.

Já indicamos que Camargo (2009), quando pesquisou o bullying, não constatou casos deste fenômeno na educação infantil, mas sim na fase da adolescência. Porém, contraditoriamente, a autora também afirma que o bullying é encontrado em todos os espaços de uma escola, em família, em residências, dentre outros, onde existir pessoas e houver convivência. Diante disso, o referido autor afirma que:

As pesquisas que encontramos sobre bullying, costumam se referir aos adolescentes no convívio escolar. Ou seja, quando ouvimos a para bullying, logo associamos a jovens e à escola. Porém, este fenômeno pode ser encontrado na família, no clube, nos condomínios residenciais, na faculdade, quartéis, enfim, em qualquer lugar onde existam pessoas em convivência. (CAMARGO, 2009)

Então poderíamos pensar que a criança não é um ser que convive em família? Na escola? E que não se relaciona com outros sujeitos? Se pensarmos desta forma conceberíamos a criança como sujeito desprovido de aprendizado, incapaz de aprender com o outro, de se relacionar e conviver em sociedade, pois se ela convive em família e a todo o momento recebe informação e influência dos atos representados pelos sujeitos do seu ambiente familiar, logo a criança também aprende a praticar tudo o que acontece neste contexto, visto que se o bullying está presente nesses espaços, a criança também irá aprender a praticá-lo.

CONCLUSÃO

É necessário compreender que estamos diante de uma das facetas da violência, enfrentar a violência não é tarefa fácil, ou seja, a violência é um fenômeno social, complexo e multifatorial. A escola sozinha não consegue conter as violências sem a participação, envolvimento e compromisso da família, sem o apoio de instituições que asseguram os direitos de crianças e adolescentes, sem o comprometimento efetivo de governos na criação de políticas públicas e aplicação de investimentos em projetos concretos – que ofereçam oportunidades de mudanças significativas na vida de crianças e adolescentes -, na capacitação de profissionais de educação, saúde, assistência social, operadores do direito, dentre outros, para o desenvolvimento de programas preventivos eficazes.

A única maneira de combater a prática do bullying é a cooperação por parte de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais é que todos devem está de acordo com o compromisso de que o bullying não será mais tolerado. As estratégias utilizadas devem ser definidas em cada escola, observando-se suas características e as de sua população. O incentivo ao protagonismo dos alunos, permitindo sua participação nas decisões e no desenvolvimento do projeto, é uma garantia ainda maior de sucesso. Enfim, é fundamental que se construa uma escola que não se restrinja a ensinar apenas o conteúdo programático, mas também onde se eduquem as crianças e adolescentes para a prática de uma cidadania justa.

Em virtude dos fatos mencionados acima, espera-se que através desta pesquisa, possa haver uma contribuição para maior entendimento sobre o bullying e suas consequências, possibilitando aos leitores um novo olhar sobre este fenômeno, afim de evitar a propagação desta violência, pois principalmente quando estamos falando do bullying na educação infantil que vem sendo encarado pelos professores como brincadeira de criança ou normal da idade, favorecendo a violência neste meio educacional tão importante para os sujeitos. Sendo assim, considera-se que nesta fase é possível evitar e prevenir o bullying, uma vez que a educação infantil é fase fundamental para sanar e amenizar essa violência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NETO AA, Saavedra LH. Diga NÃO para o Bullying. Rio de Janeiro: ABRAPI; 2004.

BEANE, Allan L. Proteja seu filho do Bullying- Impeça que ele maltrate os colegas ou seja maltratado por eles . 238 p. 1ª edição. Rio de Janeiro: Best Seller,2010.

ESCOLA, Brasil. Bullying. 2002/2009. Disponível em:http://www.brasilescola.com/sociologia/bullying.htm.Acesso em: 17 out. 2017.

__________. Bullying Escolar: perguntas e respostas. Editora Artmed. Campinas, 2008

GUERREIRO, Catarina. Professores não estão preparados para o bullying. 2009. Disponívelem:http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1393357. Acesso em: 17out. 2017.

CAMARGO, Carolina Giannoni. Brincadeiras que Fazem Chorar! Introdução ao fenômeno Bullying. 88 p. 1ª edição. São Paulo: All Print, 2009.

CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. 2 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2010.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia da amizade. Bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008.

FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 6 ed. Campinas, SP: Verus Editora, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37. ed. São Paulo: Paz e terra, 2008.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

[1] Gestão escolar integradora: administração, orientação, supervisão e inspeção escolar FACEL (Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras). Psicopedagogia institucional FACEL (Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras). Tutoria em educação a distância FETREMIS (Faculdade de Educação e Tecnologia da Região Missioneira). Educação especial e Neuropsicopedagogia UCAM (Universidade Cândido Mendes). Orientação educacional FETREMIS (Faculdade de Educação e Tecnologia da Região Missioneira).

Enviado: Dezembro, 2017

Aprovado: Outubro, 2018

 

4.7/5 - (13 votes)
Fernando Miranda Arraz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita