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Educação Para Artes E Criatividade: Atividades Práticas No Atendimento Educacional Especializado Nas Salas De Recursos Multifuncionais

RC: 74711
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/atividades-praticas

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

PACHEVITCH, Sibeli [1]

PACHEVITCH, Sibeli. Educação Para Artes E Criatividade: Atividades Práticas No Atendimento Educacional Especializado Nas Salas De Recursos Multifuncionais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 03, pp. 166-176 . Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/atividades-praticas, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/atividades-praticas

RESUMO

O presente artigo apresenta o estudo acerca do ensino das Artes Visuais no contexto da Educação Inclusiva. Parte do princípio da necessidade de aprimorar os referenciais e estimular a interação entre professores da Educação Básica que atuam na Educação Especial, mais especificamente, nas Salas de Recursos Multifuncionais. As salas de Recursos Multifuncionais são aliadas no processo educativo, uma vez, que visam, atender os alunos de maneira individual, estimulando suas habilidades e capacidades cognitivas, de maneira lúdica e diferenciada. Neste sentido, podemos destacar a importância das Artes, que podem ser trabalhadas no âmbito do aprendizado desenvolvendo diversas outras áreas como a coordenação motora fina, a atenção, concentração, mas, principalmente, a criatividade, que propicia maior capacidade por parte do aluno de interagir, demonstrar autonomia, liderança e independência. No Estado do Paraná, os alunos com laudo psicopedagógico ou médico que indiquem transtornos globais do desenvolvimento, incluindo o transtorno do espectro autista, deficiência intelectual, deficiência física ou deficiência física neuromotora, possuem direito ao atendimento educacional especializado, concomitantemente as salas regulares, o que caracteriza a Educação Inclusiva, através das Salas de Recursos. Neste sentido, ocorrerá a busca da promoção do trabalho que ocorre no AEE (Atendimento Educacional Especializado), nas diferentes formas de envolver o aluno e estimular sua criatividade, autonomia e capacidade de interação, que normalmente, tal público-alvo, apresenta dificuldade.

Palavras-chave: Educação Especial, Inclusão, Sala de recursos multifuncionais.

INTRODUÇÃO

Neste trabalho se apresenta uma breve reflexão sobre a Educação Especial Inclusiva que ocorre no formato das Salas de Recursos Multifuncionais, para tanto, foca no Atendimento Educacional Especializado em utilizar a Artes e a criatividade para desenvolver o estudante em sua totalidade.

Deste modo, parte da análise inicial do contexto das Artes Visuais e a Educação Inclusiva, posteriormente, visa observar as Salas de Recursos Multifuncionais e as múltiplas abordagens no contexto do trabalho colaborativo e por fim, apresentar a Arte como ferramenta para o aprendizado.

Sabemos o quanto a Educação Inclusiva ganha espaços e debates dentro do cenário educacional, porém, na prática ainda temos percalços a serem transpassados. Precisamos contemplar o ensino inclusivo em sua totalidade e na formação respeitando a singularidade de cada estudante,  portanto, necessita-se buscar novas alternativas para o aprendizado e neste contexto, a Arte pode favorecer com um trabalho contínuo e integrado dentro do ambiente escolar.

1. O ENSINO DAS ARTES VISUAIS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação como um todo, demanda de muita dedicação e atuação dinâmica de todos os agentes que envolvem o processo de ensino, incluindo os alunos. Na Educação Especial este cenário não é diferente e necessita despertar no educador o prazer e o interesse em trabalhar de maneira diferenciada e dinâmica.

As atividades artísticas despertam o interesse dos alunos e favorecem a construção de significados, conhecimentos e valores, fundamentais para o seu aprendizado e formação humana. As experiências da aprendizagem articulam a imaginação, percepção, sensibilidade e desenvolvem a criação artística.

A escola precisa ser acessível e efetivar a inclusão educacional de forma a oferecer equidade de acesso e permanência do aluno. Isso tudo não é tarefa fácil, mas, necessária para promover a educação com qualidade. Uma educação global só é conquistada quando uma sociedade aceita e desenvolve sua inclusão, historicamente, sabemos o quanto pessoas com deficiências eram negligenciadas até mesmo por seus familiares.

De acordo com Read (1943), todos os processos e competências envolvem o conceito de Arte, cita ainda, se produz sons é um bom músico, de produz imagens é um bom pintor, se produz movimentos é um bom dançarino, se produz ferramentas é um bom artífice, portanto, precisamos saber enxergar o que de bom nossos alunos fazem, qual a melhor maneira que eles aprendem, o que eles mais gostam e tudo isso é tarefa do professor na Educação Especial, pois na Sala de Recursos Multifuncionais, o trabalho deve ser diferente, envolve uma relação muito grande e de proximidade com o aluno, exige sem sombra de dúvida muito amor e vocação.

Falar em conceito de arte é falar da abrangência que a própria palavra arte exprime. Fala-se muito em arte de viver, em arte de escrever, em arte de pensar, etc. e, neste sentido, arte significa determinada habilidade para fazer ou produzir alguma coisa (SOUZA, 2010, p. 27-28).

É necessário o despertar para a arte, valorizar o que o aluno apresenta de melhor, que tem afinidade e gosto por desenvolver. Muitas vezes, na sala de recursos multifuncionais, o aluno apresenta dificuldade em se expressar de maneira escrita, mas na dança ou no desenho, exprime seus pensamentos, seu conhecimento, sua emoção de maneira tão clara e precisa que isso deve ser aproveitado, valorizado e incentivado.

Quando tratamos da educação Inclusiva, não estamos incluindo os diferentes, pois cada aluno é diferente, cada ser humano é diferente e não existe uma maneira de trabalhar, todos iguais, precisamos estar atentos, nas dificuldades específicas apresentadas pelos alunos oriundos da Educação Inclusiva, pois, não podemos exigir que todos saibam tudo na mesma proporção, mas sim, que apresentem desenvolvimento pessoal, nas suas singularidades.

A reflexão crítica é estimulada através da Arte, e não só isso, mas, mas o estímulo para pensar, agir de maneira crítica na construção do conhecimento. Através da Arte podemos buscar o conhecimento universal, as diferentes culturas, realidades sociais, funções econômicas e a capacidade de desenvolver o lado intrapessoal, as emoções, expressões, de modo a facilitar o entendimento do indivíduo na relação eu e o meio em que vivo.

A Conferência Nacional de Educação Artística (2007), destaca a importância da Arte como produto, objeto de fruição, potencializando os horizontes comunicativos, desenvolvendo a validação cultural e qualitativa dos conteúdos.

Quando tratamos de um indivíduo deficiente, não podemos enxergá-lo como uma pessoa incapaz, mas, pelo contrário, em um ser em desenvolvimento. Para tanto, a escola deverá fornecer subsídios a esse aprimoramento seja profissional, educativo e de preparação para a vida.

2. SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: TRABALHO COLABORATIVO

Na sala de recursos multifuncionais, deverá estar imbuída a tarefa central de resgatar a autoestima, despertando a autonomia e independência, com atividades criativas, que estimulam o prazer em aprender, onde antes havia uma grande lacuna, uma dificuldade.

Apesar de parecer simples, essa tarefa é muito desafiadora, pois, deverá ao mesmo tempo envolver a atenção, concentração, memorização, coordenação motora, discriminação visual, lateralidade, espacialidade e raciocínio lógico e matemático, através de dinâmicas, desafios, enigmas e atividades que possam ser adaptadas para o material concreto.

Ainda encontramos enraizado nos costumes sociais da nossa população um olhar assistencialista para com pessoas com deficiência, essa é a maior dificuldade encontrada na Educação Inclusiva, pois, nossa sociedade não é inclusiva, ainda estamos fadados a olhar as pessoas com diferenças, sejam estas físicas, étnicas, religiosas ou de gênero.

Para definirmos de modo breve o que seria a inclusão, podemos usar das palavras citadas por Wilson (2000) de dizer-se que inclusão é a palavra que hoje pretende definir igualdade, fraternidade, direitos humanos ou democracia (Wilson, 2000, citado por Sanches & Teodoro, 2006, p. 69).

Neste sentido, a inclusão é muito maior do que aceitar uma criança deficiente na escola, até porque não cabe a alguém aceitá-la ou não, mas recriar nos espaços escolares locais de igualdade a todos que ali frequentam, com as mesmas oportunidades, direitos e deveres.

No âmbito da Educação Inclusiva, temos um documento norteador de 1994, que é a Declaração de Salamanca, documento este elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, que buscou desenvolver diretrizes para a Educação Especial, com formulação e reformas de políticas e sistemas educacionais. No início deste documento pode ser destacado um trecho importante, que permite compreender a importância desse momento para e Educação Especial Inclusiva:

A Conferência adotou a Declaração de Salamanca sobre os Princípios, a Política e as Práticas na área das Necessidades Educativas Especiais e um Enquadramento da Acção. Estes documentos estão inspirados pelo princípio da inclusão e pelo reconhecimento da necessidade de actuar com o objectivo de conseguir “escolas para todos” – instituições que incluam todas as pessoas, aceitem as diferenças, apoiem a aprendizagem e respondam às necessidades individuais. Como tal, constituem uma importante contribuição ao programa que visa a Educação para Todos e a criação de escolas com maior eficácia educativa (UNESCO, 1994, p. 3).

Neste mesmo documento, encontramos o destaque da abrangência da educação Especial, do Norte ao Sul do globo, destacando que nenhuma nação progride com relação a Educação Especial de maneira isolada, necessitam buscar a reforma da escola dita regular.

No Paraná, a Educação Inclusiva atende alunos com deficiência e estes recebem Atendimento Educacional Especializado nas salas de Recursos Multifuncionais, quando tem dificuldades de locomoção, recebem profissional de apoio operacional, e se for aluno com laudo do transtorno do espectro autista recebe apoio do professor de apoio em sala de aula regular.

A escola regular de qualquer nível ou modalidade de ensino, ao viabilizar a inclusão de alunos com necessidades especiais, deverá promover a organização de classes comuns e de serviços de apoio pedagógico especializado. Extraordinariamente, poderá promover a organização de classes especiais, para atendimento em caráter transitório. (BRASIL, 2009, p.3)

Dentro da escola hoje, as salas de recursos multifuncionais ganharam espaço onde acolhem, trabalham e convivem numa relação de amizade e harmonia alunos e professores que antes não tinham perspectiva de acompanharem o ensino regular, pois neste espaço, envolvem afetividade, carinho, compreensão, confiança, respeito e muito incentivo, para que haja a conclusão dos estudos com auxílio necessário para que o aprendizado de fato ocorra.

A sala de recursos, nestes termos, oferece serviço de apoio pedagógico especializado de forma a oferecer complementação ou suplementação curricular conforme se destaca a seguir:

Sala de Recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido por professor especializado, que suplementa (no caso dos superdotados) e complementa (para os demais alunos) o atendimento educacional realizado em classes comuns da rede regular de ensino. Esse serviço realiza-se em escolas, em local dotado de equipamento e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos de escolas próximas, nas quais ainda não exista esse atendimento. (MEC, 2001, p.50)

Esses atendimentos podem ser realizados em pequenos grupos, com alunos com alunos que apresentem necessidades educacionais semelhantes ou de forma individual, em horário diferente ao que frequentam o Ensino Regular.

Em meados de 2004 é lançada no Brasil, uma cartilha intitulada: “O acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns da rede regular”, onde aparece o termo utilizado até hoje de AEE (Atendimento Educacional Especializado).

Quatro anos mais tarde, foi lançado o documento “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva”, enfatizando o público-alvo e o objetivo proposto desta proposta.

Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos. (MEC, 2008, p. 09)

3. A ARTE COMO FERRAMENTA PARA DESENVOLVER A CRIATIVIDADE NO AEE

Muito se tem a desenvolver no nosso cérebro através da Arte, porém, iniciamos essa parte da pesquisa com a análise a respeito de Piaget:

Tirei muitos dos meus exemplos da infância, porque é o tempo de maior criatividade do ser humano. No período sensório motor, por exemplo, antes do desenvolvimento da linguagem, é inacreditável a sua quantidade de invenção e descoberta (…)Ele disse o que distingue o físico criativo do não-criativo: o físico criativo, apesar do seu conhecimento, em uma parte de si tem uma criança com a curiosidade e a candura da descoberta que caracterizam a maioria das crianças até serem deformadas pela sociedade adulta. (PIAGET, 2001, p. 20).

Desse modo, Piaget nos diz, que são os adultos os responsáveis pela deformação da criatividade, que nós criamos o ser não-criativo, isso é assustador, mas explicável. Pelos processos históricos, substituímos as brincadeiras por brinquedos comprados, o tempo com os pais por creches, e a internet uma aliada para atrairmos a atenção das crianças e termos o descanso de um dia corrido e de muito trabalho.

Vendo que somos todos culpados pela defasagem na criatividade, precisamos tomar uma atitude e dentro da escola, podemos mudar nosso compromisso com a imaginação e com a criatividade.

Para alguns autores, o método tradicional adotado por muitos anos dentro da escola é que tinha as amarras da criatividade. Na chamada escola nova, portanto, o aluno desde cedo, era convidado a exprimir suas ideias, mesmo que inicialmente de maneira rudimentar, era convidado a expressão da arte.

Assim, para tomar um exemplo particularmente significativo, é que ela [a escola nova] deixará de começo as crianças exprimirem livremente pelo desenho a visão ingênua que têm das coisas e a necessidade que experimentam de reproduzi-las: utilizará, assim, a força natural que nelas há, em lugar de destruí-la; não que se tenha a ilusão de que essa força possa produzir de pronto obras primas, mas sim a convicção de que sua expansão é geradora de prazer, de que este contentamento inicial é condição de progresso futuro, e de que é preciso que a criança experimente a alegria de criar, antes do desejo de criar melhor e da necessidade de iniciação dos rudimentos da técnica. (BLOCH, 1951, p. 38).

Neste momento, passamos a perceber que não foi sempre, a criatividade, deixada de lado nas escolas, porém, é de nosso conhecimento que ainda hoje temos uma defasagem dessa área. Precisamos entender, portanto, a importância dessa área para o desenvolvimento do indivíduo.

É preciso entender que na sala de recursos o ponto de partida é o interesse do aluno, em fazer uma atividade, superar os desafios, entender um conteúdo curricular que lhe apresenta dificuldades de maneira diferenciada, utilizar dos recursos pedagógicos e didáticos como constantes ferramentas da aula. Já o ponto de chegada ninguém sabe, pois, não tem término, ser criativo, dinâmico e o próprio fato de adquirir conhecimento vai além da escola, carregamos durante toda a vida.

Dentro da pedagogia, vemos várias vertentes e teorias sobre o aprendizado, uma delas relaciona diretamente a criatividade que é o “aprender a aprender”.

Neste sentido Duarte (2004), aponta para essa temática, de modo a promover a criatividade como busca para novas formas de ação, de agir em sociedade, e esse é um dos objetivos da sala de recursos, desenvolver a criatividade para levar os alunos a serem produtores de seu aprendizado, protagonistas de ações coletivas em sociedade.

O “aprender a aprender” aparece na sua forma mais crua, mostra assim seu verdadeiro núcleo fundamental: trata-se de um lema que sintetiza uma concepção educacional voltada para a formação da capacidade adaptativa dos indivíduos. Quando educadores e psicólogos apresentam o “aprender a aprender” como síntese de uma educação destinada a formar indivíduos criativos, é importante atentar para um detalhe fundamental: essa criatividade não deve ser confundida com busca de transformações radicais na realidade social, busca de superação radical da sociedade capitalista, mas sim, criatividade em termos de capacidade de encontrar novas formas de ação que permitam a melhor adaptação dos ditames do processo de produção e reprodução do capital. (DUARTE, 2004, p.42).

No ensino regular, dos anos finais do Ensino Regular em diante, com o número de disciplinas, o excesso de conteúdos obrigatórios e a série de obrigações dos professores, é difícil, mesmo que na disciplina de Artes, com duas horas/aulas semanais, realidade do estado do Paraná, cumprir com sua função de instigar a criatividade.

Sem dúvidas existem técnicas para aumentar a criatividade das pessoas. Mas não há como negar que alguém será mais criativo quando imerso no tema que o apaixona, ao qual se dedica intensamente, pois criatividade depende principalmente do grau de energia empregado, não é só um facho de luz fugidio e casual. E para isso é preciso estar comprometido. (DOLABELA, 2003, p. 59).

Esse é um desafio da educação contemporânea, despertar o gosto, o prazer em estudar uma área em que sente atração, nem todo mundo odeia Matemática, como não são todos que gostam de Educação Física. Saber identificar no aluno uma área que tem dificuldade e ser um facilitador do seu aprendizado é o desafio da sala.

Para o autor Klein (1995), no seu texto “O professor decreta o fim da escola”, se analisarmos o título já ficamos indagando o papel do professor e a função dos cursos de licenciatura até hoje, mas, o que nos chama atenção no texto são os cinco princípios contemporâneos, que não são respeitados na educação, que decretaram o fim da instituição escolar, chamo-vos atenção, desde o início para o terceiro princípio:

1º O ensino deve ser centrado no cotidiano da criança;

2º A escola deve deixar de ser artificial e o conteúdo se voltar a realidade vivida pela criança;

3º O ensino deve partir do concreto;

4º A criança aprende pela sua própria atividade; e,

5º A escola deve respeitar a espontaneidade.

Cada conteúdo estudado requer recursos, procedimentos práticos que levem, na prática, a entender determinado conteúdo, essa atividade prática deve compreender a realidade do aluno, pois, de nada adianta aprender algo que na sua maioria das vezes, não vai ser inserido no seu cotidiano de vida.

O atendimento educacional especializado, proporciona isso, conhecer o aluno mais de perto, saber dos seus interesses e particularidades, neste sentido, que o professor especialista é um apoio para o professor do ensino regular. E essa relação vai render bons frutos se for cada vez mais próxima e de cooperação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há muitos estudos sobre a Arte, as dimensões que ela ocupa, os seus significados e sua historicidade, ao longo da pesquisa, foram perceptível a função que ela exerce no resgate ou manutenção do ato de criar, recriar e desenvolver a criatividade.

Porém, na Educação Especial, em relevância, nas salas de recursos multifuncionais, a Arte poderá ter um papel de destaque, se não, ser a protagonista de um processo de ensino diversificado e dinâmico.

As ferramentas online são de grande valia para o aprendizado, mas, não devem se afastar da importância do trabalho manual, cortar, colar, juntar, pegar diferentes materiais e manuseá-los. As crianças gostam de se envolver em atividades diferenciadas que correspondem ao grau de dificuldade e faixa etária correspondente ao seu nível de aprendizado.

Neste sentido, vai se tornando difícil encontrar atividades adequadas e que sejam de bom grado, aceitas na sala de aula, onde os adolescentes estão cada vez mais apáticos, com dificuldades de socialização, interação, criatividade e imaginação. Essa fase é desafiadora para quem está vivendo e muito mais para professores que devem aprender a lidar em situações de conflito.

Ao término desta análise, busca-se encontrar na Arte ferramentas para uma ruptura de paradigmas, desenvolvendo a criatividade na busca da autonomia, utilizando os atendimentos na sala de recursos como espaço e momento para potencializar o lado artístico e individual de cada um e promover a socialização, liderança e aprendizado a partir do concreto, aliando a teoria e a prática de forma mais lúdica e dinâmica.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm> Acesso em: julho 2020

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Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm> Acesso em: julho de 2020

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BRASIL. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica. Resolução de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. Acesso em: dezembro de 2018

BLOCH, M. A. Filosofia da Educação Nova. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1951.

CONFERÊCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA. (2007). Conferência Nacional de Educação Artística. Disponível em:

http://www.educacao-artistica.gov.pt/material/Programacompleto%20internet.pdf Acesso em: janeiro de 2021

DELORS, J. E. Educação, um Tesouro a Descobrir (Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI). Porto: Edições ASA, 1996

DOLABELA, F. Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Editora de Cultura, 2003.

DUARTE, N. Vigotski e o “Aprender a Aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2004.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996.

KLEIN, L. R. O professor decreta o fim da escola. In. Revista Intermeio. Vol. 1 nº.2. Campo Grande. Ed. UFMS, 1995.

PIAGET, J. Criatividade. In: VASCONCELOS, M.S. (Org.) Criatividade: psicologia, educação e conhecimento do novo, São Paulo: Moderna, p. 11-20, 2001.

READ, H. Educação pela Arte. Lisboa: Edições 70, 1943

SACCOMANI, M. C. da S.   A criatividade na arte e na educação escolar: uma contribuição à pedagogia histórico-crítica à luz de Georg Lukács e Lev Vigotski 2014. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras (Campus de Araraquara).

SANTOS, L. do C. C. A Sala de Recursos Multifuncionais e seu papel na inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) – Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017.

SOUSA, M. R. Música, Educação Artística e Interculturalidade – A Alma da Arte na Descoberta do Outro. Rio Tinto: Lugar da Palavra Editora, Unip. 2010.

UNESCO. Declaração de Salamanca. Salamanca: Forum Mundial de Educação – Compromisso de Dakar. Dakar: UNESCO, 1994.

WILSON, J. Doing justice to inclusion. European Journal of Special Needs Education, 2000

[1] Professora da Secretaria de Estado de Educação do Paraná, atuante na Educação Especial. Licenciada em Geografia pela FAFIUV-UNESPAR, 2018; Licenciada em Artes Visuais pela UNINTER 2020; Licenciatura de Pedagogia – UNINTER 2020.

Enviado: Janeiro de 2021.

Aprovado: Fevereiro de 2022.

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Sibeli Pachevitch

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