ARTIGO ORIGINAL
SOUZA, Neuza Siqueira de [1], CONRADO, Luciane Medeiros de Souza [2]
SOUZA, Neuza Siqueira de. CONRADO, Luciane Medeiros de Souza. Formação continuada para educadores de escolas em tempo integral do ensino fundamental (anos iniciais): produção audiovisual e criação de podcasts. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 08, Ed. 12, Vol. 04, pp. 73-93. Dezembro de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/criacao-de-podcasts, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/criacao-de-podcasts
RESUMO
Diante do aumento progressivo de escolas públicas em tempo integral no município de São Gonçalo/RJ, identificou-se a necessidade de desenvolver uma Formação Continuada (FC) que abrangesse a educação em tempo integral e o fazer pedagógico. Embora a FC tenha englobado 5 módulos, este artigo teve como objetivo apresentar a opinião de educadores a respeito do conteúdo apresentado no Módulo 4, que tratava especificamente da Produção de Conteúdo Audiovisual e Criação de Podcasts Educacionais. Para isso, a metodologia do estudo foi quanti-qualitativa, a partir da aplicação de um formulário de pesquisa aos participantes do curso, que se voluntariaram em colaborar. A partir do processo de coleta de dados, foi possível identificar que os educadores vislumbraram alguns impactos positivos quanto à inserção das ferramentas tecnológicas, apresentadas no Módulo 4, em sua práxis pedagógica. Além disso, propuseram sugestões para aprimoramento da formação.
Palavras-chave: Escolas em Tempo Integral, Formação Continuada, Tecnologia Digital na Educação.
1. INTRODUÇÃO
Diante do aumento progressivo de escolas públicas em tempo integral no município de São Gonçalo/RJ, identificou-se a necessidade de desenvolver uma Formação Continuada (FC) que englobasse a educação em tempo integral e o fazer pedagógico. Dessa forma, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) solicitou ao Centro Municipal de Referência em Formação Continuada “Prefeito Hairson Monteiro dos Santos” (Crefcon), que elaborasse e oferecesse um curso de aperfeiçoamento aos docentes que trabalham em Escolas em Tempo Integral (ETI).
É importante enfatizar que ETI não é sinônimo de escola com prolongamento do horário escolar, apesar de não se negar os benefícios que essa extensão ofereça para que haja a “consolidação de um projeto de educação integral” (Colares, Cardozo e Arruda, 2021, p. 1.532). O docente da ETI articula uma variedade de conhecimentos e habilidades e utiliza diferentes instrumentos nos processos formativos, integrando teoria e prática.
Por esta razão, entende-se que é necessário estar em constante atualização, a fim de que utilize-se também das Tecnologias Educacionais (TE) nas práticas efetivas em sala de aula. A articulação entre esses dois campos, a educação integral e as TE, pode oportunizar a formação integral do aluno, desenvolvendo habilidades e competências que propiciem ao discente lidar com as situações e desafios variados, trabalhando colaborativamente com ferramentas que, na maioria das vezes, já fazem parte do seu dia a dia (Azevedo, Mafra e Dos Santos, 2021).
Por esta razão, foi elaborada uma FC no formato híbrido, com a duração de 120h, sendo dividida em 5 Módulos, com 3 encontros presenciais. No primeiro encontro presencial foi realizada a apresentação da FC aos diretores das ETI, no segundo encontro a apresentação foi feita aos docentes, juntamente com os articuladores das atividades e no terceiro houve a culminância da formação com a fala da representante da Semed e representantes do Crefcon, juntamente com a exposição oral dos participantes da FC sobre os efeitos da mesma no cotidiano escolar.
É importante destacar que os cinco Módulos foram apresentados no formato assíncrono, de forma que o cursista poderia acessar o material no tempo destinado ao planejamento no ambiente escolar e/ou no momento que achasse adequado. O repositório selecionado para inserir o conteúdo de cada módulo (textos, imagens, links para conteúdos audiovisuais etc.) foi o Google Forms.
À princípio pensou-se em colocar os links dos formulários em uma sala do Google Classroom, mas após analisar qual seria o melhor veículo de transmissão, optou-se por criar um grupo de WhatsApp, já que a maioria tem familiaridade quanto ao seu uso.
No grupo, nomeado “São Gonçalo em rede: perspectivas de ensino-aprendizagem integradas”, além de serem compartilhados todos os links, também era o local para esclarecimento de dúvidas, compartilhamento de informações e o que mais fosse necessário.
Os módulos foram nomeados da seguinte forma:
Módulo 1 – Compreendendo a Matriz Curricular para a Educação Integral na Rede Municipal de São Gonçalo e o trabalho pedagógico inclusivo neste contexto.
Módulo 2 – Trabalhando com as disciplinas diversificadas de cidadania (CIDADANIA) e Educação Ambiental (EDAM).
Módulo 3 – Trabalhando com as disciplinas diversificadas: cultura corporal (CORP), Movimento, Arte e Cultura (MAC), Localização, Orientação e Espacialização (LOE).
Módulo 4 – Uso das Tecnologias Digitais na Educação (TDE) e o cotidiano pedagógico.
Módulo 5 – As Tecnologias Digitais na Educação (TDE) como ferramenta para o trabalho com o Raciocínio Lógico Matemático (RLM) e com a Oficina de Leitura Literária (LITERANDO).
Embora a FC tenha englobado 5 módulos, este artigo tem como objetivo apresentar a opinião dos cursistas a respeito do conteúdo apresentado no Módulo 4, que trata especificamente da Produção de Conteúdo Audiovisual (PCA) e Criação de Podcasts Educacionais (CPE).
2. PRODUÇÃO AUDIOVISUAL E PODCAST COMO FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS
O tema Tecnologia Digital na Educação (TDE) teve um destaque acentuado no período pandêmico, já que foi a principal forma de alcançar os discentes tanto das escolas públicas quanto das particulares. Nesse período, mesmo os docentes que não tinham habilidades para lidar com as TDE, foram compelidos a incorporá-las no seu cotidiano pedagógico.
Porém, percebe-se que em muitos casos ao invés dessa experiência provocar a inserção das TDE no cotidiano pedagógico, houve um engavetamento de ferramentas que poderiam ser facilitadoras no ensino-aprendizagem. Fato é que as TDE não existem para substituir as práticas anteriores, mas sim, para coexistir e integrar-se harmoniosamente com essas abordagens.
Segundo Relvas (2020), as TDE que estão disponibilizadas no dia a dia de docentes e discentes, promovem novas conexões cerebrais e a escola precisa participar desse contexto dinâmico, renovando o modelo de aprendizado. As ferramentas digitais não podem ser inseridas nesse processo apenas em tempos de crise, mas deve-se refletir sobre a proposta de sua utilização no fazer pedagógico, já que vivemos “novos tempos, novas modalidades no ensino, novas possibilidades no aprender” (Relvas, 2020, p. 51).
A autora enfatiza que introduzir as TDE na aula não significa “trocar os recursos didáticos e continuar com as aulas no modelo dos séculos passados (…)” (Relvas, 2020, p.50), muito pelo contrário. Relvas (2020) destaca a necessidade de haver uma transformação no modo de pensar, ou seja, uma Metanoia. A atitude docente necessita de uma reavaliação e adaptação para inserir as metodologias ativas em seu planejamento, de forma que ele seja um “orientador de possibilidades” (Relvas, 2020, p. 50).
Seguindo esse viés, o Módulo 4 que é o destaque deste artigo por se tratar do uso das TDE, mais especificamente da PCA e CPE, foi fragmentado em oito formulários, sendo quatro direcionados ao audiovisual e quatro direcionados ao Podcast. Assim, o conteúdo não ficaria muito extenso em apenas um formulário, demandando sobrecarga no tempo que o docente precisaria disponibilizar para o acesso ao conteúdo e execução das atividades propostas.
A divisão do tema Produção Audiovisual foi feita da seguinte forma: o primeiro formulário apresentava dez dicas para criar conteúdo audiovisual; o segundo formulário mostrava como gravar videoaulas pelo celular; o terceiro formulário ensinava como editar vídeos usando o smartphone; o quarto formulário trazia oito sugestões de atividades para produzir conteúdo audiovisual e também dois modelos de autorização para uso da imagem/voz do aluno, para fins educacionais.
Figura 1. Sugestões de atividades para produzir conteúdo audiovisual
O segundo tema, Criação de Podcast, foi dividido da seguinte maneira: o primeiro formulário apresentava oito dicas para criar um Podcast; o segundo formulário mostrava como fazer o reaproveitamento de um vídeo já produzido, transformando-o em áudio; o terceiro formulário trazia dicas para criar um Podcast utilizando o Power Point e o YouTube; o quarto formulário, demonstrava como criar um Podcast usando a ferramenta Anchor/Spotify e apontava sugestões de atividades envolvendo a produção de Podcast.
Figura 2. Criar um Podcast usando a ferramenta Anchor/Spotify
É pertinente ressaltar que, em todos os oito formulários, constavam questões para que o professor-aprendiz pudesse interagir compartilhando suas experiências, opiniões, dificuldades, ideias etc.
Ao chegar no oitavo formulário ele recebia, além da mensagem de confirmação de envio, um convite para participar de uma pesquisa científica de forma voluntária, com oito questões fechadas e duas abertas.
Na próxima seção será analisada a opinião dos participantes que se voluntariaram em participar da pesquisa científica, com a intenção de promover o refinamento do Módulo 4 e viabilizar a elaboração deste artigo.
3. O OLHAR DO CURSISTA
Com base na colaboração voluntária de 26 educadores da rede pública de São Gonçalo/RJ que participaram da FC, cujas identidades permanecerão em sigilo, pôde-se avaliar a opinião dos mesmos quanto ao conteúdo apresentado no Módulo 4. O formulário ficou aberto para a coleta de respostas no período de 02.10.23 a 25.11.23, permitindo que, a partir de sua análise, haja no início de 2024 a elaboração de outras formações complementares voltadas para a integração das TDE na prática pedagógica.
Quanto ao perfil dos Educadores Participantes (EP), a maioria possui mais de trinta anos (23 EP), tem especialização completa (14 EP), atua a mais de cinco anos no magistério (22 EP) e tem o hábito de fazer cursos de formação continuada (24 EP).
A aplicação do formulário teve, dentre outras coisas, a intenção de investigar se os docentes, que afirmaram fazer cursos de FC com frequência, tinham o hábito de buscar formações relacionadas à PCA e/ou CPE (Gráfico 1).
Gráfico 1. Participação em curso relacionado à Produção Audiovisual e/ou Podcast
Pelo gráfico acima, pôde-se observar que, embora os voluntários participantes desta pesquisa tenham o hábito de fazer formações para troca e atualização de saberes, esse interesse, até o momento da pesquisa, não se estendia ao campo das TDE na área de PCA e CPE.
É importante destacar que há necessidade de mais oferta de formações no campo das TDE, a fim de qualificar e treinar o educador para a integração das mesmas na prática pedagógica, “visando uma articulação possível entre formas de ensinar” (Azevedo, Mafra e Dos Santos, 2021, p. 4).
O próximo passo foi verificar qual foi o nível de satisfação dos cursistas ao participarem do Módulo 4 (Tabela 1).
Tabela 1. Nível de satisfação quanto ao Módulo 4
| NÍVEL DE SATISFAÇÃO | Produção de Conteúdo Audiovisual | Produção de Conteúdo Audiovisual |
| Muito satisfeito(a) | 10 | 8 |
| Satisfeito(a) | 13 | 15 |
| Neutro | 3 | 3 |
| Insatisfeito(a) | 0 | 0 |
| Muito insatisfeito(a) | 0 | 0 |
Fonte: A autora, 2023.
Esses números sugerem que o grau de satisfação em participar desta formação foi expressivo, com apenas 3 votos neutros para cada tópico tratado no Módulo 4. A ausência de votos para as opções Insatisfeito(a) e Muito insatisfeito(a) sugere que a FC atendeu de alguma forma às expectativas dos professores-aprendizes.
Isso vai ao encontro do que diz a BNCC (Brasil, 2017), quando afirma que diante do cenário atual é necessário estar em constante atualização. Entende-se que a tecnologia digital faz parte do dia a dia do aluno, isso sugere que há a necessidade de desenvolver competências nos educadores para transitarem nesse ambiente com segurança para ensinar e orientar os discentes.
No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades (Brasil, 2017, p. 16).
Quando foi perguntado se o participante da pesquisa acreditava que os conhecimentos adquiridos no tópico referente à PCA e à CPE eram aplicáveis em sua prática educacional, as respostas foram bastante positivas, como pode ser visto a seguir (Tabela 2).
Tabela 2. Quanto à aplicabilidade do conteúdo à prática pedagógica
| TÓPICOS | Sim | Não | Não sei responder |
| Produção de Conteúdo Audiovisual | 17 | 6 | 3 |
| Criação de Podcast Educacional | 16 | 5 | 5 |
Fonte: A autora, 2023.
Com base nos resultados apresentados acima, pôde-se perceber que a maioria dos EP entende que o conteúdo apresentado no Módulo 4 é aplicável à sua realidade escolar. Entretanto, é necessário buscar outras estratégias para alcançar àqueles que responderam negativamente ou àqueles que afirmaram não saber responder, de forma a atender suas expectativas/necessidades de forma mais eficaz.
Sabe-se que a utilização das TDE nos ambientes escolares demanda, além da atualização quanto ao uso das mesmas pelo docente, o enfrentamento de desafios diversos. Por isso, buscou-se identificar através desta pesquisa, quais seriam as reais dificuldades deste grupo específico de EP (mais de uma opção poderia ser selecionada) a serem enfrentadas em sua realidade escolar, caso decidisse implementar os conhecimentos adquiridos no Módulo 4 em sua prática educacional (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Desafios a enfrentar
O gráfico acima nos mostra que os quatro itens mais votados foram: Recursos tecnológicos (22), Acesso à internet (20), Tempo e planejamento (18) e Acessibilidade e inclusão (13).
É notório que a falta de acesso a dispositivos apropriados, tais como um Smartphone com espaço na memória suficiente para comportar a gravação de vídeos e disponibilidade para a instalação softwares de edição, que tenha também uma câmera que propicie a produção de conteúdo com qualidade de imagem e som, é um grande desafio a enfrentar.
Somando-se a isso, ambientes com acesso limitado à internet promovem desafios adicionais, já que restringem o compartilhamento das produções. O terceiro obstáculo importante citado pelos EP foi a falta de tempo para incluir novas atividades no planejamento, que já está sobrecarregado de atividades.
Por fim, dos quatro mais votados, temos a preocupação dos educadores quanto à acessibilidade de todos os alunos, incluindo aqueles com necessidades especiais, nas atividades que envolvem as TDE.
É relevante destacar que, mesmo com tantos desafios à frente, no caso de decidirem implementar o uso das TDE tratadas no Módulo 4, todos os participantes afirmaram que recomendariam a aplicação dessa FC a outros educadores. Dessa forma, pode-se inferir que a formação alcançou aprovação entre os professores-aprendizes que participaram desta pesquisa.
Pode ser notado a seguir, através dos dados coletados através de uma pergunta aberta, que a maioria consegue antever algum impacto positivo na aprendizagem dos alunos ao fazer uso dos conhecimentos apresentados no módulo em destaque.
Para facilitar a compreensão, eles foram agrupados, inspirando-se nas ideias de Bardin (2021), nas seguintes categorias: Interesse dos discentes pelas TDE; Dinamização do ensino com o uso das TDE; Produção de conteúdo audiovisual como agente motivador; Impactos positivos no Aprendizado; Era digital; Outros.
Veja que o sigilo da identidade de cada educador foi mantido, já que ele será representado pela letra P (Participante), seguida de um número de 1 a 26, que refere-se ao número de respondentes da pesquisa voluntária (Quadro 1).
Quadro 1 – Impactos na aprendizagem
| Categoria | Respostas |
| P2: “Sim Os alunos demonstram muito interesse em atividades diversificadas.”
P3: “Sim, pois os alunos são apaixonados por tecnologia, mas os materiais como computador, internet deveriam ser mais disponibilizados para o professor.” P4: “Vejo muitos impactos positivos. Os alunos vivem neste mundo tecnológico e viver sua realidade de mundo é essencial.” P8: “Acredito que torne as aulas mais dinâmicas e participativas.” |
|
| Dinamização do Ensino com o uso das TDE | P9: “Sim. Essas ferramentas são muito importantes. […] Podemos criar e recriar conteúdos junto com os alunos explicando que o celular possue várias funções úteis para a educação. Através das aulas utilizando podcast e recursos audiovisuais podemos adaptar no planejamento dinâmicas e projetos que envolvam toda a equipe escolar, família e comunidade.”
P10: “Sim. Vivemos em um mundo digital. Nos dias de hoje, as crianças têm acesso a internet cada vez mais cedo. É preciso usar está ferramenta como aliada no processo de ensino aprendizagem. A escola precisa acessar outras linguagens e métodos que vão além da sala de aula. Plataformas como YouTube, Spotify e as redes sociais fazem parte do cotidiano de nossos alunos, é preciso utilizá-las como ferramentas de apoio que podem contribuir para o enriquecimento do nosso trabalho e torná-lo mais atrativo.” |
| Produção de conteúdo audiovisual como agente motivador | P11: “Sim, hoje todos querem fazer vídeos e postar nas redes, o professor deve motivar seus alunos promovendo tarefas com conteúdo interessante com a participação efetiva dos alunos.”
P13: “Sim, na apresentação de seus trabalhos, entrevistas e na contação de história.” P23: “Acredito que ao experimentarem novas metodologias, os alunos se interessarão para compreender para além do conteúdo pedagógico. Acredito que eles se interessariam, também, pela dinâmica de gravações etc. Situação essa, que desenvolveria muitas habilidades importantes para o século XXI.” |
| Impactos positivos no aprendizado | P14: “Sim. Através do aprendizado adquirido neste módulo, podemos enriquecer mais ainda as atividades propostas no cotidiano escolar.”
P15: “Consigo vê impactos positivos, como: aulas mais interativas e inteligentes, o contato real do.aluno com seu aprendizado de forma aprimorada e que consequentemente cria estudantes qualificados para o mundo atual ,pois teriam muito mais noção das ferramentas tecnológicas que podem Acelerar o curso de.seus.conhecimentos em.geral.” P16: “Acredito que as crianças aprendem melhor com recursos audiovisuais, já que hoje, grande parte delas, possuem smartphones e vivem grudadas nele por longos períodos.” P17: “Sim. A aprendizagem será mais dinâmica e diferenciada. Despertando assim o interesse dos alunos.” |
| Era digital | P18: “Sim, vivemos em uma era digital, é importante que esses recursos tecnológico esteja inserido na vida escolar do aluno.”
P19: “Sim. Os alunos amam estar em contato com a tecnologia.” P25: “Sim. Estamos na era digital onde a tecnologia toma conta da área educacional. Hoje as fotos,os vídeos são recursos bem utilizados e aceito pelos alunos que manuseiam tranquilamente aparelho digital.” P26: “Sim. Os alunos aceitam com facilidade tudo que envolve tecnologia.” |
| Outros | P5, P6, P7, P20, P21, P22: “Não consigo prever.”
P12: “Sim” P1: “Bbb” |
Fonte: A autora, 2023.
Ao analisar o quadro, que foi codificado de forma indutiva, identifica-se que a maioria dos participantes fez questão de pontuar que os impactos quanto ao uso das ferramentas tecnológicas, apresentadas no Módulo 4, são positivos no ensino-aprendizado, já que essas tecnologias já estão presentes no dia a dia do aluno.
Pode-se considerar como principais destaques apresentados no quadro acima o interesse dos discentes pelas TDE e a importância da utilização dessas ferramentas para a dinamização da metodologia de ensino, já que podem ser um agente motivador da aprendizagem. De acordo com Moran (2015, p. 2),
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente. Por isso a educação formal é cada vez mais blended, misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos, mas também digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um.
O papel do docente é de fato desafiador, pois precisa adaptar-se a essa evolução e buscar o letramento digital para fazer a interação entre o mundo físico e o digital, entre o conteúdo a ser ensinado e as TDE, equilibrando-se na interação com os mesmos.
Para finalizar, serão apontadas opiniões dos professores-aprendizes relacionadas ao Módulo 4, sendo destacados tanto aspectos positivos quanto necessidades ou desafios que dizem respeito à integração das TDE na práxis pedagógica. Elas estão agrupadas nas seguintes categorias: Avaliação; Sugestões de aprimoramento; Desafios e limitações; Outros (Quadro 2).
Quadro 2 – Avaliação do Módulo 4
| Categoria | Respostas |
| P4: “Eu achei um módulo muito completo e didático.”
P5: “Sinceramente o melhor módulo até agora. Não precisa aprimorar mais nada. Gostei muito!.” P8: “O módulo está bem didático e dinamico. […].” P9: “Gostei muito. Adquirimos várias informações que podem tornar a nossa prática pedagógica mais lúdica e dinâmica. […]” P11: “Gostei do trabalho, abordagem simples e direta, e com esse material é possível desenvolver as aulas forma atraente aos alunos. […].” P12: “Gostei bastante, foi utilizado uma linguagem simples.” P13: “Gostei muitíssimo do conteúdo, enriquecedor […].” P15: “O curso em si é uma ferramenta extraordinária, que está muito a frente da nossa realidade atual, porém, já faz parte do nosso presente/futuro, atualizar as camadas de docentes a este módulo é um enorme desafio, que vale muito a pena motivar a sua prática e costumizar cada vez mais o uso de tecnologias em nossa prática de ensino.” P16: “Acredito que com a criação de vídeos pedagógicos podemos melhorar a aprendizagem de uma maneira geral e o cotidiano da escola.” P18: “Não acho que as sugestões precisem ser aprimoradas.” P19: “O curso está completo!” P23: “O módulo 4 foi muito bem organizado e rico em informações. […].” P25: “[…] Particularmente,é de muita valia uma formação desse nivel, fazendo com que o professor se capacite para acompanhar essa evolução tecnológica. P26: “As suas orientações foram fantásticas, parabéns pelo módulo 4!” |
|
| Sugestões de aprimoramento | P7: “Pode ser mais direto e objetivo.”
P8: “[…] Aprimorar nesse sentido e com mais exemplos práticos no dia a dia escolar.” P9: “Como sugestão, esse módulo, poderia ser presencial e de forma prática. No qual poderíamos praticar esses conteúdos pessoalmente, sendo assim acredito que nós iríamos assimilar melhor os conteúdos. Pois praticando em aula presencial é mais fácil de adquirir o conteúdo estudado. No corre corre do dia a dia fica mas difícil praticar e memorizar tudo que aprendemos. Também sugiro uma apostila desses conteúdos pois podemos estudar e carregar conosco para realizar a leitura.” P10: “As dicas abordadas no Módulo 4 para a elaboração de vídeos e podcasts foram valiosas. Talvez, um tutorial mais detalhado de como utilizar os softwares para a elaboração dos vídeos e podcasts fosse um facilitador, visto que muitos não tem habilidade com algumas ferramentas de áudio visual.” P11: “[…] Senti falta de sugestões de app para mac book e no app kine master de falar sobre transições de vídeo, mas de uma maneira geral o conteúdo é muito bom.” P14: “Intervindo junto à Semed para melhorias nas áreas tecnológicas.” P24: “Acredito que o módulo possa melhorar através de um maior aprofundamento dos assuntos. Ele é um excelente conteúdo introdutório para que nós professores possamos ter um primeiro contato com a produção de conteúdos digitais, mas ainda deixa a desejar quanto a questões mais complexas.” |
| Desafios e limitações | P2: “De acordo com recursos suficientes é possível o uso das tecnologias Digitais na Educação.”
P13: “[…] Eu gostaria de praticar mais para não esquecer. Gostaria de poder utilizar esses recursos na sala de aula, precisamos! Mas esbarra em muita coisa para conseguir dar certo: autorização de imagens, rede de internet na escola com qualidade, acesso tecnológico com microfone. Só consigo pensar no professor usando os recursos próprios (na minha realidade) como celular e internet.” P20: “Solicitando informatização das escolas municipais.” P21: “Falta de estrutura e política” P23: “[…] A dificuldade é a implementação na realidade de acesso limitado a internet e falta de acesso a equipamentos tecnológicos.” P25: “[…] Pena que esse investimento cabe somente ao docente!” |
| Outros | P1: “Gt”
P3: “Não sei ainda.” P17: “Ainda não tenho experiência nesta área.” P22: (não respondeu) |
Fonte: A autora, 2023.
Para a elaboração do quadro acima, inspirou-se nas ideias de Bardin (2021), tendo o tema como unidade de registro. Assim como no quadro anterior, codificou-se as respostas dos voluntários participantes da pesquisa, de forma indutiva para, facilitar o entendimento.
Segundo os EP, o Módulo 4 traz uma abordagem simples e direta, com linguagem de fácil entendimento, trazendo ideias para tornar a aula mais lúdica e dinâmica, através da produção de conteúdo audiovisual e criação de Podcasts educacionais.
Como desafios e limitações na integração das TDE na prática pedagógica, os EP citaram, principalmente, a falta de investimento em recursos necessários para a comunidade escolar, como equipamentos tecnológicos e internet e a preocupação quanto à utilização da imagem dos alunos, pois alguns responsáveis demonstram desconforto quanto a isso.
No critério aprimoramento do Módulo 4, algumas sugestões valiosas foram apresentadas, como por exemplo, torná-lo mais direto e objetivo, com mais dicas para a elaboração de vídeos e Podcasts. Constatou-se que, embora o material fornecido tivesse apontado alguns exemplos quanto ao uso das ferramentas citadas, os educadores sentiram necessidade de mais opções.
Também solicitaram que fosse disponibilizada uma apostila com o conteúdo, a fim de permitir o estudo off-line. Provavelmente, quem fez essa sugestão não percebeu que parte do conteúdo postado nos oito formulários eram arquivos em PDF para serem baixados e impressos.
Além disso, para facilitar o acesso ao conteúdo, foi criado um aplicativo, exclusivo para o Módulo 4, e disponibilizado no grupo do WhatsApp no decorrer no módulo, apresentando: Dicas para a produção de conteúdo audiovisual (pdf); Sugestões para produzir conteúdo audiovisual (pdf); Tutorial KineMaster para edição de vídeo no celular (pdf); KineMaster: tutorial (vídeo); Podcast: crie o seu (pdf); Podcast: sugestões (png); Brainstorm – tempestade de ideias – e-book, criado pela formadora, com sugestões de atividades elaboradas por docentes da Educação em Tempo Integral (pdf).
Figura 3. Aplicativo: Módulo 4
Dessa forma, entende-se que a solicitação foi atendida, à medida que foram disponibilizados vários arquivos em PDF para serem baixados e impressos pelo cursista. É importante enfatizar que a formadora não se responsabiliza por entregar material impresso, já que não há verba disponível para isso no Crefcon.
Também foi sugerido que fosse mudado do formato on-line para o modo presencial, a fim de facilitar o aprendizado. Fato que causou estranheza já que, quando um curso presencial é oferecido, poucos são os que se inscrevem, alegando falta de tempo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo apresentou a opinião de educadores das escolas em tempo integral da rede pública de São Gonçalo/RJ, anos iniciais do ensino fundamental, a respeito de uma FC integrando a produção audiovisual e criação de podcasts.
A partir da análise de um formulário aplicado a 26 cursistas que se voluntariaram em participar da pesquisa, foi possível identificar que ao concluírem o curso, eles vislumbraram impactos positivos na utilização das ferramentas tecnológicas apresentadas no Módulo 4 em sua práxis pedagógica.
É fundamental compreender que a integração das TDE na prática pedagógica vai além de utilizá-las apenas como mais uma ferramenta de suporte para as aulas. A inclusão das mesmas no planejamento pode contribuir para diversificar as metodologias de ensino, fazendo com que as aulas fiquem mais atrativas e produtivas para os alunos, estimulando a criatividade e a participação ativa dos mesmos.
Salienta-se que esta FC pode ser aplicada em qualquer região do país, desde que se tenha um dispositivo móvel com acesso à internet. Mas, considera-se um facilitador que o educador também tenha acesso a um notebook ou desktop, permitindo que assista às aulas e coloque as atividades em prática simultaneamente no Smartphone.
Cabe destacar que, a partir de algumas sugestões de aprimoramento coletadas, pretende-se oferecer essa formação no formato presencial, com tutoriais em PDF, no primeiro semestre de 2024.
Para próximos estudos, sugere-se avaliar os impactos das TDE apresentadas nesta formação, em turmas onde os docentes já implementam as ferramentas digitais apresentadas no Módulo 4, a fim de verificar o olhar discente sobre a PCA e CPE.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, J. F. R.; MAFRA, J. R. S.; DOS SANTOS, I. P. Tecnologias educacionais e educação integral: uma interface possível / Educational technologies and integral education: a possible interface. Brazilian Journal of Development, [S. l.], v. 7, n. 7, p. 71977–71992, 2021. DOI: 10.34117/bjdv7n7-394. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/33075. Acesso em: 20 nov. 2023.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Edição revista e atualizada. Lisboa – Portugal: Edições 70, uma chancela de Edições Almedina, S.A., 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 27 nov. 2023.
COLARES, M. L. I. S.; CARDOZO, M. J. P. B.; DE ARRUDA, E. P.. Educação integral e formação docente: questões conceituais e legais. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 16, n. 3, p. 1529-1546, 2021.
MORÁN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção mídias contemporâneas. Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens, v. 2, n. 1, p. 15-33, 2015. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4941832/mod_resource/content/1/Artigo-Moran.pdf. Acesso em: 27 nov. 2023.
RELVAS, M. Neurociências de bolso: A contribuição das Neurociências para o processo da aprendizagem escolar. 1ª Edição. São Paulo: Arco 43, 2020.
[1] Mestra em Novas Tecnologias Digitais na Educação, pela UniCarioca – Centro Universitário Carioca (2023); Especialista em Língua Inglesa, pelo ISAT (Lato Sensu) – Instituto Superior Anísio Teixeira (2008); Especialista em Informática Educativa, pela UNIPLI (Lato Sensu) – Universidade Plínio Leite (2003); Graduada em Letras – Português/Inglês, pela UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro (1991). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7240-849X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3743128864156196.
[2] Orientadora. Doutora em Letras pela Universidade Federal Fluminense, Mestra em Ciências da Arte pela Universidade Federal Fluminense e Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federa do Rio de Janeiro. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1487-5401. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2676763015856260.
Enviado: 28 de novembro de 2023.
Aprovado: 11 de dezembro de 2023.
Uma resposta
O artigo pontua muito bem como as ferramentas tecnológicas podem contribuir no campo educacional e mostra que Tecnologia Educacional não é utopia, pois posse acontecer mesmo com poucos recursos.