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A inclusão de estudantes surdos na escola de ensino regular: desafios e estratégias para comunicação em sala de aula

RC: 150705
762
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/inclusao-de-estudantes-surdos

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

JESUS, Fernanda Bordini Manenti de [1], SANTOS NETO, José Félix dos [2], SOUZA, Sawana de Araújo Lopes de [3]

JESUS, Fernanda Bordini Manenti de. SANTOS NETO, José Félix dos. SOUZA, Sawana de Araújo Lopes de. A inclusão de estudantes surdos na escola de ensino regular: desafios e estratégias para comunicação em sala de aula. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 08, Ed. 12, Vol. 03, pp. 22-36. Dezembro de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/inclusao-de-estudantes-surdos, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/inclusao-de-estudantes-surdos

RESUMO

A comunicação para o estudante surdo é um desafio encontrado na inclusão destes estudantes nas salas de aula do ensino regular, tendo em vista a necessidade de que haja um professor intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na sala de aula para assim, poder facilitar esta comunicação. Este desafio é tanto para o estudante quanto para o professor que, muitas vezes, não tem conhecimento da Libras. Com este intuito, busca-se como o docente pode garantir que a comunicação em sala de aula propicie aprendizados significativos a estes estudantes? Desta forma, tem-se como objetivo apresentar no decorrer deste artigo alguns recursos que podem melhorar a forma de comunicação com a finalidade de aprendizados significativos. A metodologia adotada para o estudo desta temática foi a pesquisa bibliográfica. Como resultado, identifica-se que o professor regente deve trabalhar em colaboração com o professor intérprete de Libras, adaptando o ensino às necessidades específicas deste estudante e promovendo um ambiente inclusivo.

Palavras-chave: Ensino, Aprendizagem, Educação inclusiva, Professor, Aluno.

1. INTRODUÇÃO

Pensar sobre inclusão vai muito além de matricular um estudante com deficiência em uma escola de ensino regular. A educação inclusiva é o começo de uma ação que busca a garantia do acesso igualitário à educação.

De acordo com Marchesin (2018), o estudante surdo matriculado em escolas de ensino regular tem o direito garantido a uma educação de qualidade e inclusiva e deve participar efetivamente das aulas juntamente com os demais estudantes.

Ao incluir estudantes surdos em escolas regulares, um desafio é apontado: a comunicação. A comunicação é uma peça fundamental para o sucesso no processo educacional dos estudantes surdos, pois representa um papel fundamental na educação desses estudantes, sendo a responsável pela transmissão das informações e da interação entre estudantes e professores. O estudante surdo, incluído em uma sala de aula regular, necessita de apoio para comunicação. Neste sentido, o professor intérprete de Libras é o principal agente para quebrar esta barreira.

De acordo com Honora (2014), algumas medidas devem ser tomadas no que se refere a uma sala de aula inclusiva:

a. Atividades em classe comuns em escolas regulares com professores capacitados;

b. Presença do intérprete de Língua Brasileira de Sinais na sala de aula em que está inserido o aluno com surdez;

c. Apoio pedagógico especializado realizado em Salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) no contraturno da matrícula do aluno.

Havendo na escola regular mais de um estudante surdo, é imprescindível que estes fiquem na mesma sala de aula, com o acompanhamento do professor intérprete de Libras.  Sendo assim, “esta aproximação de dois ou mais alunos com Surdez na mesma sala de aula garante a afirmação da Identidade Surda e a troca de dúvidas e conhecimento”. (Honora, 2014)

Ao incluir estudantes surdos nas escolas de ensino regular, é importante que a escola e os professores estejam preparados para atender esta demanda de estudantes e que encontrem soluções cabíveis, a exemplo dos recursos audiovisuais, materiais didáticos adaptados, apoio individualizado, para que o estudante possa se comunicar e crescer em sua jornada escolar.

Desta forma, é primordial que haja preparação dos profissionais para o recebimento destes estudantes nas salas de aula regulares, como cursos de formação, uso da tecnologia acessível, cursos de Libras, para que o professor tenha segurança em ensinar estes estudantes.

No decorrer deste artigo, será abordado quais os desafios da comunicação na inclusão de estudantes surdos nas salas de aula de ensino regular, apontando estratégias que contribuam para o fazer pedagógico inclusivo. A inclusão de estudantes com deficiência em escolas de ensino regular, não é apenas um desafio, mas é um enriquecimento do ambiente escolar para todos os envolvidos.

O presente trabalho configura-se da seguinte forma: em um primeiro momento uma reflexão sobre a metodologia que foi utilizada nesse estudo. Posteriormente, uma reflexão sobre a inclusão de estudantes surdos. Por fim, as considerações finais.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho caracteriza-se por ter uma abordagem qualitativa, do tipo bibliográfica. Compreendemos que a abordagem qualitativa se define como “aquele que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem.” (Minayo, 2010). Nesse sentido, a partir do levantamento bibliográfico observamos acerca de como vem ocorrendo o processo de inclusão nos citados banco de dados, ou seja, buscamos a interpretação da produção acadêmica.

Por sua vez, utilizamos a pesquisa bibliográfica conceitua-se como:

[…] registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utilizam-se dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (Severino, 2007).

Dessa forma, a pesquisa bibliográfica colaborou para a construção desse trabalho devido ao mapeamento. Nesse caso, utilizamos os seguintes critérios:  as palavras-chave utilizadas para encaminhar a busca deste estudo foram estudantes surdos, ensino regular, comunicação, ensino e aprendizagem.  Quanto às bases de dados, foram consultadas as seguintes: Google acadêmico e Scielo. Essas bases foram escolhidas devido ao acesso a uma variedade de trabalhos, incluindo também como suporte de pesquisa a este estudo, artigos científicos, livros, teses e dissertações.

A tabela 1 exemplifica a quantidade de produção levantada nos mencionados bancos de dados, dentro dos critérios citados anteriormente, conforme observamos a seguir:

Tabela 1- Quantitativo de Produção Acadêmica

BANCO DE DADOS QUANTIDADE
SCIELO 5
GOOGLE ACADÊMICO 3

Fonte: Elaborado pelos autores (2023).

Nos próximos tópicos, apresentaremos uma discussão sobre a inclusão dos estudantes surdos em escolas de ensino regular. Será explorado sobre a comunicação do estudante surdo no contexto da sala de aula regular considerando a interação com os colegas ouvintes. Além disso, apresentaremos algumas estratégias pedagógicas que favorecem significativamente o aprendizado destes estudantes. Por fim, abordaremos a importância da Libras e da língua portuguesa no processo de ensino e aprendizagem do estudante surdo.

3. A INCLUSÃO DO ESTUDANTE SURDO NA ESCOLA DE ENSINO REGULAR

A inclusão de estudantes surdos nas escolas regulares é um assunto de grande importância no contexto da educação atualmente. A busca por uma sociedade mais inclusiva, tem conscientizado sobre a importância da garantia de que todos os estudantes, independentemente de sua deficiência, tenham acesso a uma educação de qualidade.

De acordo com Marchesin (2018) foi somente a partir dos anos 90 que estudantes com deficiência passaram a frequentar as instituições de ensino regular, sendo dever do estado esta garantia e permanência destes estudantes nas salas de aula de ensino regular.

De acordo com Marchesin (2018, p. 74):

O aluno surdo matriculado em sala regular de ensino deve ter seu direito garantido a uma educação de qualidade, ser incluído de forma efetiva e participar das aulas com os demais. A comunicação do aluno surdo não pode ser uma barreira em sala de aula.

Partindo do texto citado acima, o estudante surdo deve ser participante ativo das aulas, se comunicando com seus pares, tendo compreensão dos conteúdos explanados para que sua aprendizagem seja efetiva.

A partir do ano 2005, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) passou a ser a principal forma de comunicação entre as pessoas surdas e ouvintes, sendo reconhecida como o principal meio de comunicação entre as pessoas surdas e ouvintes (Marchesin, 2018).

Marchesin (2018) destaca ainda que na sala de aula regular não deve ser diferente, os estudantes surdos têm o direito à comunicação, sendo a Libras, entendida como um processo facilitador para a aprendizagem destes estudantes.

Para que o estudante surdo aprenda, é necessário que o professor regente da turma, esteja atento para as individualidades na aprendizagem deste estudante, para saber quais recursos serão necessários para que este estudante aprenda.

Brasil (2005) destaca que:

A formação do professor deve ser um processo contínuo, que perpassa sua prática com os alunos, a partir do trabalho transdisciplinar com uma equipe permanente de apoio. É fundamental valorizar o saber de todos os profissionais da Educação no processo de inclusão. Não se trata apenas de incluir um aluno, mas de repensar os contornos da escola e a que tipo de Educação esses profissionais têm se dedicado. Trata-se de desencadear um processo coletivo que busque compreender os motivos pelos quais muitas crianças e adolescentes também não conseguem um “lugar” na escola. (Brasil, 2005)

É de extrema importância que os professores recebam capacitação constante para atenderem as necessidades individuais dos estudantes surdos, pensando em estratégias e adaptações inclusivas ao processo de ensino e aprendizagem. Portanto, é crucial que o trabalho com estes estudantes seja feito em conjunto com todos os envolvidos neste processo inclusivo, percebendo que a inclusão não é apenas a matrícula de mais um estudante, mas sim, por uma busca de aprimoramento e compromisso por uma educação acessível e igualitária a todos os estudantes.

Conforme Campos (2013):

[…] não é simplesmente a formação de professores proficientes em Libras que solucionará os problemas com a educação de Surdos. Isso envolve também o reconhecimento dos aspectos didáticos e metodológicos adaptados à cultura surda e à língua de sinais, que são diferentes de uma aula destinada a alunos ouvintes. Educação Inclusiva não significa apenas ofertar o acesso dos alunos às escolas ou à língua, é necessário a formação profissional específica para se trabalhar com esses alunos, e, também, saber lidar com as diferenças de cada aluno e interagir de forma correta com cada um deles. (Campos, 2013)

Partindo da afirmação acima, não basta somente matricular o estudante surdo em uma escola regular. É necessário a compreensão da cultura surda e que o processo de ensino seja adaptado reconhecendo as individualidades dos estudantes.

Outro ponto importante para o sucesso da inclusão do estudante surdo nas salas de aulas regulares, é a presença do intérprete de Libras. É este profissional que fará a mediação linguística entre o professor regente e o estudante surdo e com os demais estudantes da turma. O intérprete de Libras é o profissional que fará com que o estudante surdo não fique isolado, mas que participe ativamente das atividades propostas, ajudando/auxiliando o professor e encontrando estratégias que sejam facilitadoras ao aprendizado.

O intérprete de Libras, em conjunto com o professor regente da turma, será capaz de elaborar atividades, utilizando materiais adaptados e recursos tecnológicos acessíveis a serem trabalhados com estes estudantes, visando que processo de ensino e aprendizagem seja acessível e igualitário a todos os estudantes da turma.

De acordo com Honora (2014) algumas medidas devem ser tomadas no que se refere a termos em uma sala de aula inclusiva:

a. Atividades em classes comuns em escolas regulares com professores capacitados.

b. Presença do Intérprete de Língua Brasileira de Sinais na sala de aula em que está inserido um aluno com Surdez.

c. Apoio pedagógico especializado realizados em Salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) no contraturno da matrícula do aluno. A presença numa sala de aula não dispensa a presença da outra. (Honora, 2014)

Portanto, de acordo com a informação citada acima, a inclusão de estudantes surdos nas escolas regulares, deve envolver atividades que envolvam estes estudantes e que os professores recebam capacitação para saberem lidar com tal deficiência. É necessário que os estudantes surdos frequentem as salas de Atendimento Especializado (AEE) para a garantia de uma educação inclusiva e de qualidade.

4. O ESTUDANTE SURDO E A COMUNICAÇÃO EM SALA DE AULA

A Libras é a forma pela qual o estudante surdo estabelece interações com as pessoas ao seu redor. Ao se comunicar, o estudante surdo adquire conhecimentos ao interagir com as pessoas que o cercam. Assim, a comunicação se torna uma peça fundamental para a aprendizagem deste estudante.

Os estudantes surdos encontram dificuldades em comunicar-se não só em seu ambiente social, mas também no ambiente escolar, no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem em sala de aula.

Ferreira (2020) afirma que “esta dificuldade no diálogo direto se dá, pelo fato dos ouvintes não dominarem a libras, com isto, criando uma barreira na comunicação”. A comunicação para o aprendizado do estudante surdo é uma peça-chave para uma aprendizagem efetiva. O acesso à comunicação para o estudante com surdez é fundamental para facilitar a interação destes estudantes com os demais estudantes e professores, permitindo-lhes a participação ativa nas atividades realizadas em sala de aula.

Com o intuito de que a comunicação em sala de aula seja efetiva para o estudante surdo, é importante que estratégias sejam aplicadas no contexto escolar para que o estudante com surdez possa ter uma aprendizagem significativa.

Podemos citar como medidas a utilização de tecnologias assistivas, materiais pedagógicos adaptados ao estudante com surdez e o profissional intérprete de libras

são alguns exemplos que podem auxiliar o processo de aprendizagem desses estudantes.

Outro ponto importante a ser citado neste artigo, é a capacitação dos professores regentes das turmas. Os governos federais e municipais precisam ofertar cursos de capacitação para que os docentes estejam preparados para ensinar estudantes surdos nas classes regulares.

“A comunicação das pessoas surdas, por meio da Libras, requer o conhecimento de suas especificidades também pelos ouvintes que se comunicam com surdos.” (Luchese, Pieczkowski, 2017).

Para tanto, a comunicação por meio da Libras para o estudante surdo é de extrema importância, pois é por meio dela que adquirem conhecimento, conseguem expressar-se, manifestam suas vontades.

Meirelles, Spinillo (2004) afirmam que “a língua de sinais possui características próprias, utilizando os gestos e expressões faciais como canal de comunicação substituto da vocalização.” Portanto, enfatiza-se que a Libras é distinta, usa gestos e expressões faciais para a comunicação, realçando a identidade surda.

É importante que a comunicação seja algo que desperte o interesse no estudante em aprender a se comunicar, se expressar, a fim de se tornar um indivíduo responsável pela sua aprendizagem.

O professor pode adotar algumas estratégias que facilitem o processo de ensino aprendizagem do estudante surdo, como: a adaptação dos materiais pedagógicos, atividades que envolvam a comunicação visual como desenhos, gráficos, cartazes, usar nas atividades exemplos concretos sobre o dia a dia do estudante e contar sempre com a colaboração do intérprete de Libras na sala de aula.

O docente ao adotar em suas aulas abordagens inclusivas, contribui para que o ambiente da sala de aula se torne um ambiente inclusivo, acolhedor, que valoriza a diversidade e visa pela promoção do aprendizado de todos os estudantes.

5. A LIBRAS (L1) E A LÍNGUA PORTUGUESA (L2) NA SALA DE AULA REGULAR

A Libras é a primeira forma de comunicação que deve ser apresentada ao estudante surdo. Ao ensinar a Libras para o estudante surdo, sua língua materna é reconhecida como sua identidade linguística, o que lhes proporciona um suporte seguro para a comunicação, o aprendizado e seu desenvolvimento escolar.

Já o ensino da Língua Portuguesa para o estudante surdo na sala de aula regular, deve ser adaptado às necessidades específicas de cada estudante, promovendo assim, uma aprendizagem efetiva.

A aquisição de Língua Portuguesa na sua forma escrita se dará entendendo a língua como uma atividade discursiva e não apenas, uma repetição, frases e palavras; por isso, o aprendizado acontece mediante o uso de um texto ou música, ou parlenda, ou poema, de maneira que o estudante surdo possa compreender a mensagem trazida por este texto. (Honora, 2014)

De acordo com Honora (2014) o principal objetivo do ensino da Língua Portuguesa ao estudante surdo, é que este possa fazer uso dessa língua na sua forma escrita (e na leitura) de forma que tenha um bom entendimento, e não apenas, que este estudante seja um mero repetidor, memorizador e copista que em nada fazem sentido para ele.

Lodi (2011) nos diz que:

A partir do desenvolvimento dessa língua [LIBRAS], o ensino aprendizagem escolar da língua portuguesa em sua modalidade escrita pode ser iniciada, entendida como segunda língua das pessoas surdas (L2) […] (Lodi, 2011)

Conforme nos afirma a autora, para que a língua portuguesa na sua forma escrita possa ser ensinada ao estudante surdo, este deve ter adquirido o conhecimento da Libras.

A inclusão do ensino da Libras e da Língua Portuguesa ao estudante surdo na sala de aula regular, proporciona ao estudante surdo sua participação em um ambiente inclusivo, possibilitando a estes estudantes a participação efetiva com os demais estudantes nas atividades da sala de aula.

Honora (2014) destaca que:

A criança surda precisa aprender duas línguas para se alfabetizar, primeiramente, precisa aprender sua língua natural: língua de sinais, e aprender a língua portuguesa na modalidade escrita, para poder interagir e se incluir no mundo letrado. (Honora, 2014, p. 97)

A Libras é crucial que os estudantes tenham a oportunidade de compreender, praticar e se expressar nessa língua. Ela permite uma comunicação mais fluida e natural, possibilitando que os estudantes se envolvam plenamente em interações sociais, expressando suas ideias, sentimentos e necessidades de maneira eficaz.

Esta abordagem bilíngue, com o ensino da Libras e da Língua Portuguesa, auxilia o estudante surdo na compreensão dos conceitos gramaticais e enriquecimento do vocabulário em ambas as línguas. Para que o aprendizado do estudante surdo seja significativo na sala de aula regular, o professor deve planejar suas aulas voltadas para os recursos visuais, como ilustrações, quebra-cabeça, jogos da memória, entre outros recursos que possuam imagens.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, a temática da inclusão está presente nas salas de aula. Para que a inclusão de fato aconteça, é necessário que os professores regentes de turmas com estudantes surdos conheçam a proposta da inclusão para, assim, garantir uma educação de qualidade a todos os estudantes da turma.

A inclusão propicia a igualdade de direitos a todos os estudantes no âmbito educacional. A inclusão não se limita apenas a uma matrícula em uma escola de ensino regular, ela resulta na criação de um ambiente escolar inclusivo que atenda às necessidades específicas de cada estudante. Resulta também no uso de recursos pedagógicos adaptados, no uso de recursos visuais e na valorização da cultura surda.

No início deste artigo, apontamos como objetivo apresentar alguns recursos que podem melhorar a forma de comunicação do estudante surdo na sala de aula regular para aprendizados significativos. Ao longo do texto, apontamos algumas estratégias que os professores regentes podem adotar para que o ambiente da sala de aula se torne mais inclusivo, como a adaptação dos materiais pedagógicos, atividades que envolvam a comunicação visual como desenhos, gráficos, cartazes, usar nas atividades exemplos concretos sobre o dia a dia do estudante e contar sempre com a colaboração do intérprete de Libras na sala de aula.

Já no que se refere a revisão bibliográfica, podemos ressaltar pontos de concordância e de discordância sobre a temática do estudo.

É sabido que a Libras representa um papel importante na comunicação do estudante surdo e no seu processo de ensino e aprendizagem. Mas ao incluir a Libras e a Língua Portuguesa escrita, é importante haver a garantia de uma aprendizagem significativa.

Desta forma, ressalta-se que alguns estudos evidenciam que é importante o uso dos recursos visuais para a aprendizagem do estudante surdo, enquanto outros m destacam a importância da aprendizagem centrada na transdisciplinaridade e na formação continuada dos professores.

Percebe-se, portanto, que não há uma fórmula única que defina o modo que deva ser usado ao ensinar um estudante surdo, incluído em uma sala de aula regular.

Destacamos, portanto, que a formação continuada dos professores é primordial, incluindo curso de Libras básico, estratégias para criação de um ambiente inclusivo e materiais pedagógicos adaptados.

Salientamos, também, que a abordagem transdisciplinar é uma opção positiva para o sucesso escolar do estudante surdo. Os professores regentes devem trabalhar em colaboração com o intérprete de Libras e demais profissionais que podem ajudar na aprendizagem destes estudantes, como psicólogos, ajudando o estudante surdo a progredir em sua jornada escolar.

Conclui-se, portanto, que a inclusão de estudantes surdos nas salas de aula de ensino regular, no que tange a comunicação, se torna um desafio capaz de ser superado com determinação, comprometimento e colaboração de todos os profissionais envolvidos no processo educacional.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Brasília, 2005. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro%20educacao%20inclusiva.pdf  Acesso em: 28 mar. 2023.

CAMPOS, M. L. I. L. Educação inclusiva para surdos e as políticas vigentes. In: LACERDA, C. B. F.; SANTOS, L. F. Tenho um aluno surdo e agora? Introdução à Libras e educação de Surdos. São Paulo: EdUFSCar, 2013.

FERREIRA, T. M. Metodologias Ativas na comunicação com alunos surdos: avaliação de uma Experiência de Pesquisa-Ação. Revista Internacional de Pesquisa em Ciências Sociais. Versão on-line ISSN 2226-4000. Assunção. vol.17 no.1. junho, 2.021.  DOI: https://doi.org/10.18004/riics.2021.junio.24. Disponível em: http://scielo.iics.una.py/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S222640002021000100024. Acesso em: 01 set. 2023

HONORA, M. Inclusão educacional de alunos com surdez: concepção e alfabetização. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2014.

LODI, A. C. B. Ensino da língua portuguesa como segunda língua para surdos: impacto na Educação Básica. In: GÓES, A. M. et al. (Orgs). Língua Brasileira de Sinais: uma introdução. São Carlos-SP: UFSCAR, 2011, p. 83-99.

LUCHESE, A.; PIECZKOWSKI, T. M. Z. A comunicação como possibilidade de inclusão de estudantes surdos. Revista Pedagógica, Chapecó, v. 19, n. 41, p. 226-241, maio. /ago, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.22196/rp.v19i41.3716. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6129462.pdf.  Acesso em: 20 mar. 2023.

MARCHESIN, G. E. P. Caminhos para a inclusão de alunos surdos. 1. ed. Curitiba, 2018.

MEIRELLES, V.; SPINILLO, A. G. Uma análise da coesão textual e da estrutura narrativa em textos escritos por adolescentes surdos.  Revista Estudos de Psicologia, v. 21, n. 4, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/FmmPFpC8pzpbjdRBKbtmHBw/?lang=pt.  Acesso em: 03 ago. 2023.

MINAYO, M. C. S. Técnicas de pesquisa: entrevista como técnica privilegiada de comunicação. In: ______. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23ª edição. São Paulo: Cortez, 2007.

[1] Mestre em Ciências da Educação; Pós-graduada em Gestão, orientação e supervisão escolar; Pós graduada em Ed. Infantil e Anos Iniciais, Graduada em Pedagogia. ORCID: 0000-0002-4128-827X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5579820199682227.

[2] Mestrado em Educação. ORCID: 0000-0001-6302-2563. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3972161366235235.

[3] Orientadora. Doutorado em Educação. ORCID: 0000-0003-3847-7835. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0340467360136728.

Enviado: 10 de julho de 2023.

Aprovado: 21 de novembro de 2023.

5/5 - (8 votes)
Fernanda Bordini Manenti de Jesus

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