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Século XXI: Um Retorno às Cavernas – das Redes Sociais ao Mito da Caverna nos Dias Atuais

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CONTEÚDO

ALMEIDA, Antônio Afonsinaldo Saldanha de [1]

ALMEIDA, Antônio Afonsinaldo Saldanha de. Século XXI: Um Retorno às Cavernas – das Redes Sociais ao Mito da Caverna nos Dias Atuais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 05, Vol. 06, pp. 48-69, Maio de 2018. ISSN:2448-0959

Resumo

Este artigo traz uma questão envolvendo alguns dos principais meios de comunicação da atualidade que são as Redes Sociais e a Internet, e a sua semelhança ao “Mito da Caverna” [2] da filosofia platônica. Pois o Autor nos fala de pessoas que viviam em uma caverna e para os mesmos aquela realidade era a única que existia. Este universo digital que cada dia atrai e conquista novos adeptos ao seu uso continuo. Os utentes encantados com tantas possibilidades que estes dispositivos propõem para sua vida, podem ficar presos a esta realidade virtual como se fosse a única realidade que há, passando a viver em uma escuridão como se estivesse dentro de uma caverna. Assim o intuito deste trabalho é despertar na sociedade a atenção para estes novos vícios sociais e criar um ponto de indagação sobre o comportamento diante do uso das redes sociais e da internet.

Palavras-chaves: Filosofia, Redes Sociais, Dependência das Redes Sociais.

Introdução

Este trabalho tem como objeto de estudo o “Mito da Caverna” de Platão[3] aplicado às Redes Sociais. No século XXI a geração y está sendo influenciada por novas tendências sociais, que tem a internet e as redes sociais como únicas ferramentas para se ter acesso a todo tipo de informação em um único lugar ou dispositivo. Através deste conhecimento, o usuário muitas vezes desenvolve uma espécie de bloqueio e passa a não querer sair de sua zona de conforto projetada por ele mesmo.

Esta nova ferramenta permite ao usuário a possibilidade de resolver quase todas as suas obrigações diárias através do acesso à internet assim como também manter suas relações sociais através das redes sociais existentes, possibilitando conectar-se com pessoas próximas ou distantes o que os torna cada vez mais dependentes da tecnologia.

Esta tendência traz uma concepção de um retorno à alegoria do mito da Caverna, que seria um grupo de pessoas que desenvolvem seu próprio mundo a partir de suas próprias experiências de forma imaginaria totalmente diferente da realidade existente, pois o mesmo ocorre aos usuários que desenvolvem um mundo irreal em seu meio social, onde o uso das redes sociais e da internet seria a sua única fonte de informações e conhecimento da verdade que venham a acreditar.

Estes usuários tem o costume de fazerem grupos de conversas ou bate-papos sobre diversos assuntos sejam eles:  programas de TV, Futebol ou Religião. Esses tipos de assunto os cativam e prendem a atenção a cada postagem, por se tratar de assuntos de interesse geral do grupo, dessa forma, as pessoas passam muito tempo conversando e compartilhando tais informações em um lugar recolhido e bem aconchegante de suas casas.

Percebe-se que atualmente as pessoas sentem-se mais confortáveis em posse de seus aparelhos eletrônicos, o que as mantém presas em seus quartos ou em um lugar da casa onde se sintam muito bem à vontade, presos totalmente ao smartphone, tablet ou laptop. Essa imagem remete a uma ideia apresentada por Platão em sua obra intitulada “A República”. Em seu livro VII, o filósofo apresenta-nos uma alegoria[4] da caverna que é conhecida como o “Mito da Caverna”.

Este estudo vem mostrar que a sociedade pós-moderna está aos poucos, de forma camuflada, vivendo em uma caverna sem saber da “verdade”, a mercê de sua inconsciência, estando na escuridão devido ao uso excessivo das redes sociais ou da internet.

A justificativa para a abordagem deste tema tem como finalidade mostrar que as novas tendências de ficar preso à realidade virtual o que muitas vezes não o permitirá perceber que seu mundo é idealizado e surreal. Ao se deparar com o mundo real ou com as mudanças sociais, ele fica de uma forma que não desenvolve um senso crítico sobre a sociedade em que vive.

A problemática é justamente que as pessoas continuam presas aos seus costumes que antes eram off-line[5] e agora se tornou online[6] vivendo de forma a evitar o contato físico com outra pessoa e querendo unicamente o contato virtual mesmo estando na mesma mesa de um almoço, jantar ou outro ambiente com os amigos.

Com esta linha de pensamento, o objetivo colocado em questão é mostrar aos leitores alguns malefícios ao seu uso exagerado das redes sociais que vieram devido ao avanço tecnológico, que a cada dia está diretamente inserido no comportamento social, causando a sensação de que tudo é irreal no mundo ao qual não pertence.

Porém, as pessoas que estão nestas condições terão um comportamento de exclusão do outro para valorização do contato virtual e ao mesmo tempo irá se trancar em seu mundo ideal ou em sua zona de conforto residencial

1. Mito da caverna

Platão em sua obra A República (1999), relata-nos que na caverna haviam pessoas que foram aprisionadas desde a sua infância com os olhares fixos para uma parede, onde nela viam diversas sombras dos acontecimentos externos à caverna e ao contemplar tais imagens, eles buscavam interpretar a realidade através delas, pois era a única fonte de informação que possuíam. Eles interpretavam as imagens que se formavam na parede e discutiam entre si e tiravam suas próprias conclusões a respeito de cada imagem vista.

Em um dado momento, um deles conseguiu se soltar da prisão e sair da caverna, ao que teve de imediato o ofuscamento de sua visão devido o contato com os raios solares, e quando conseguiu enxergar o mundo ao seu redor percebeu que as verdadeiras imagens, eram diferentes das que ele via na caverna.

Assim adquiriu o conhecimento das verdadeiras origens das sombras que costumava ver, porém tais representações não eram da maneira que ele pensava, ou seja, aos poucos foi percebendo que o mundo era totalmente diferente do que eles criaram em sua imaginação e todos os anos de suas experiências ruíram, pois teve pleno conhecimento da verdade diante do mundo real lá fora.

Este refugiado não se conteve com tantas informações e resolveu compartilhar a verdade que acabara de descobrir com seus colegas de infância. Ao retornar à caverna ele começou a contar o que tinha vivenciado, na medida em que seus companheiros escutavam os acontecimentos que ele tinha presenciado o grupo que ali estava o ouviu atentamente e ficou espantado com as informações relatadas.

O refugiado acreditou que estava fazendo o certo, ou seja, mostrar a verdade e tentar abrir os olhos dos seus colegas para uma realidade fora da caverna. Os ouvintes deparando-se com tantas informações, não quiseram acreditar em tudo que acabaram de escutar, logo concluíram que o refugiado estaria completamente louco e não pensaram duas vezes antes de matá-lo.

1.1.  Mito da Caverna e sua contextualização com as Redes Sociais

A alegoria de Platão convida o leitor a observar suas atitudes perante o mundo ao seu redor, levando então o leitor a analisar e possivelmente passar a enxergar a realidade de uma outra forma, de uma maneira que ainda não tinha notado devido à correria da vida moderna como: trabalho, estudo, família. Ele não conseguindo aproveitar todos os momentos do seu dia, dando assim a entender que este seja um retorno à caverna que foi mencionada no mito de Platão.

Ao recorrer ao uso continuo das redes sociais e da internet para solucionar ou atender a sua necessidade, o mesmo não percebe que houve mudanças sociais que ocorrem a cada instante, pode então desenvolver em sua mente um mundo completamente diferente da realidade a qual está inserido, pois o internauta quando desconecta percebe que a realidade não era da forma que ele pensava, fica claro que o mundo desenvolvido em sua imaginação realmente é um mundo que para o mesmo é o ideal.

A partir deste conhecimento, o leitor terá uma atenção maior para com o seu perfil social como também perante aos seus vínculos sociais, ou seja, família, grupos de amizades que conquistou ao longo do tempo, mas estas conquistas nem sempre foram um mar de rosas, por questões pessoais ou identificação de algum pensamento divergente e devido às decepções o usuário desenvolve barreiras perante os futuros grupos sociais e seus membros.

Este usuário pode vir a ter vários perfis em diferentes redes sociais ou na mesma rede que já está inserido, para atender a cada finalidade que deseja ou grupo que queira estar inserido, assim vai vivendo uma realidade fictícia. Com medo de ser rejeitado, de seu conteúdo não ser compartilhado, então ele cria a sua própria rede com intuito ou objetivo de se manter numa zona de conforto, que é classificada neste trabalho como uma prisão social.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, pode-se dizer que muitos usuários das redes sociais ou da internet por estar empolgados com o assunto ou com o conteúdo compartilhado e tendo medo de que alguém descubra a sua intimidade virtual, suas conversas ou com quem esteja teclando, de imediato buscam um local privativo, um lugar seguro e escondido para que ninguém interrompa ou atrapalhe sua interação. Esta atitude, muitas vezes espontânea, com este processo mostra-nos que há uma busca ou retorno as cavernas nos dias atuais.

A rede social nos últimos anos tem ganhado uma boa parcela de importância devido à facilidade de comunicação com um indivíduo ou com vários (usuários) ao mesmo tempo utilizando uma única ferramenta. Não tendo limite de idade e nem tempo de uso, por ser algo cativante que o usuário começa a dedicar uma boa parte do seu tempo. Sem limite e disciplina o usuário não desejará sair tão cedo de suas conexões. Seria isto uma rede social?

O que é realmente rede social? Sabemos que esta terminologia “rede social” tornou-se muito popular nos dias atuais, devido à popularização do Facebook e da internet. Tende-se a ideia que as redes sociais seriam algo novo e inovador, já Martha Gabriel (2010, p.193) em sua obra Marketing na era Digital diz que: As “Redes Sociais existem há pelo menos três mil anos, quando homens se sentavam ao redor de uma fogueira para conversar sobre assuntos de interesse em comum”.

No decorrer deste texto será possível entender o que realmente é uma Rede Social e sua história, como também decifrar a sua diferença com as Mídias Digitais e qual a sua relação com o Mito da Caverna. Porém, se perguntássemos a uma pessoa comum que nunca tenha tido contato com a internet e com as redes sociais e pedíssemos para que fale o que é uma “rede”, ela responderia que seria uma entrançado de linhas, basicamente esta ideia aplica-se também às redes sociais. Pois já faz um bom tempo que o Leonhard Euler[7] vem buscando a entender o que elas seriam bem como sua estrutura, assim o seu conceito em si vem da Teoria dos Grafos, que seria um conjunto de nós interligados e conectados formando uma rede, esta teoria está sendo representada na figura a seguir:

Figura 1: Formato de rede segundo Leonhard Euler. Fonte: http://www.inf.ufsc.br/grafos/definicoes/definicao.html
Figura 1: Formato de rede segundo Leonhard Euler. Fonte: http://www.inf.ufsc.br/grafos/definicoes/definicao.html

Com base neste conceito pode-se dizer que a rede social seria “[…] um conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados” (MATELETO, 2001, p.72).

Esta é uma das definições mais claras e aplicas na era digital. Com esta definição entendemos que estes pontos (usuários) são interligados entre si devido aos vínculos sociais que foram formados pelos membros da família, amigos, trabalho. Este amigo também tem outros amigos comuns ou não, o mesmo tem seu próprio grupo de compartilhamento e assim por dia diante.

As informações vão sendo repassadas e quando menos espera já se tornaram virais[8], dessa maneira, os interesses comuns fazem com que lado individualismo vá aos poucos sendo esquecido ou vivenciado.

Assim “o individualismo em rede é um padrão social, não um acúmulo de indivíduos isolados. O que ocorre é que indivíduos montam suas redes, on-line e off-line, com base em seus interesses, valores, afinidades e projetos” (CASTELLS, 2003, p.109.), desta forma o autor fortalece a ideia de que os grupos sociais tanto no ambiente off-line como o online, ambos se misturam, pois, eles se agrupam de acordo com interesses comuns, mas um grupo necessariamente não precisa que o outro exista para que o mesmo passe a existir ou vice e versa, um grupo não depende da existência do outro.

Mesmo o ambiente digital “online” hoje seja mais popularizado devido à possibilidade de conversarmos com quem quisermos e em qualquer lugar que esteja, pois não há necessidade da outra pessoa estar presente, assim neste ambiente os usuários podem aproveitar todas às brechas do seu dia atarefado para falar com seus amigos no ambiente digital.

No caso do ambiente off-line é indispensável à presença da outra pessoa para que ambos possam conversar, pode ser que para alguns usuários seria perda de tempo. Entretanto, a afinidade dos usuários com as redes sociais devido facilidade de estarem conectados entre si é que faz crescer cada vez mais estas plataformas.

O primeiro passo do usuário é a criação de um perfil com seu nome verdadeiro ou fictício, que faz com que ele seja único na sociedade digital. Utiliza de vários meios para estar conectado com seus amigos através de um smartphone, laptop, computador dentre outros dispositivos.

A relação do mito da caverna com a rede social vem do conhecimento que se tem dos prisioneiros da caverna que discutiam entre si sobre determinadas sombras que eram reproduzidas na parede da caverna.

Fábio Duarte[9] vai além dizendo que:

“Rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns […]. Redes não são, portanto, apenas outra forma de estrutura, mas quase uma não estrutura, no sentido de que parte de sua força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente” (2008, p. 156).

A Antropologia Filosófica apresenta o homem é um ser social, afirma que por sua natureza, ele sempre terá a necessidade de viver ou estar em grupo, quer seja família, amigos ou todos os indivíduos que estejam em seu habitat. Aproxima-se um dos outros de acordo com cada vivência em seu ambiente social que estar inserido.

Segundo Batista Mondim (1980, p. 154): “o homem é um ser sociável, pois tem a propensão para viver junto com os outros e comunicar-se com eles, torná-los participantes das próprias experiências e dos próprios desejos, conviverem com eles as mesmas emoções e os mesmos bens”.

Pode-se dizer que desde os primórdios da sociedade os grupos humanos já se comunicavam entre si e continua até aos dias atuais. Ao longo da história, os indivíduos aos poucos foi se agrupando de acordo com as suas necessidades, objetivos ou afinidades.

Desta forma, esses grupos foram fortalecendo seus vínculos sociais e com o passar do tempo tornaram-se comunidades, vilas e cidades, aumentando o número de grupos, muitas vezes para solucionar problemas que surgiam a cada período histórico, devido a divergências de pensamento ou a necessidade destes ajustes serviam para lembrar e fortalecer os seus objetivos comuns.

O amadurecimento desses grupos surgiu devido a seus aprendizados, a partir dessas experiências individuais que foram compartilhados entre si. Com isso a unificação dessas experiências dá suporte à superação de suas divergências e suas resoluções causam reflexo em todo contexto social.

Passaram-se séculos e à medida que a humanidade foi evoluindo seu jeito de comunicar-se, pôde dividir esse processo em quatros partes, conforme Marcelo Teixeira[10] (2012, p. 24.):

“que a sociedade comunicava-se 1º comunicação interpessoal, caracterizando-se pela troca bidirecional entre duas ou mais pessoas dentro de um grupo; o 2º se estabelece de “um para muitos”, em que cada indivíduo envia uma só mensagem a um grupo limitado de pessoas; o 3º é o modelo da comunicação em massa, no qual, graças à utilização de tecnologias específicas de mediação, uma só mensagem é dirigida a uma massa de pessoas e o 4º é o modelo é da sociedade contemporânea, moldado pela capacidade dos processos de globalização mundial, juntamente com a ligação em rede entre as mídias de massa e as mídias interpessoais”.

Nesta evolução, o conceito de mídias ou redes sociais não era bem claro, embora já existissem muitas redes bem populares como Orkut, Myspace e outras que precederam o Facebook.

Através dessa rede começou-se a entender o que realmente seria o conceito de rede social, pois trazendo em sua plataforma novidades que ainda não haviam sido exploradas, assim este algo novo tomou proporções incalculáveis sem limite territorial devido à sua popularidade.

Elas estão presentes em todas as camadas sociais que as usam como seu principal meio de comunicação. A medida que os usuários vão se familiarizando e usando a rede social vai ganhando sua confiabilidade entre as pessoas que vão crescendo em número a cada minuto, devido aos novos adeptos que foram sendo conquistados gradativamente, porém a concepção de exclusão social impõe o não usuário a fazer parte desse mundo digital, onde uma boa parte de seus familiares, amigos e grupo de trabalho já estavam inseridos.

“No Brasil, 90% dos jovens de 9 a 17 anos possuem pelo um perfil em rede social. Com 69%, o Facebook é mais acessado por eles diariamente, segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil. O levantamento mostra que as crianças de seis anos já começam a criar perfis na Web. O principal meio de acesso é o smartphone, com crescimento de 29% em relação ao ano passado. O estudo também revela que 17% dos jovens utilizam a lan house para se conectar à internet” [11].

Com base nesta pesquisa que nos mostra que 90 % dos jovens têm pelo menos um perfil em uma rede social das que existem no mundo, mas não só as pessoas estão aproveitando este movimento social como também as empresas com os seus perfis tendo o intuito de estreitar seu relacionamento com seus consumidores e criar laços com seus possíveis compradores.

As mais comuns entre os usuários no mundo seriam Twitter, Facebook, WhatsApp dentre outras, pois elas são responsáveis por reter a atenção dos seus usuários tomando uma boa parte de seu tempo. Por terem uma facilidade de unir as pessoas, independentemente de onde elas estejam, dão possibilidade de criar grupos de conversa de acordo com preferências socioculturais, desenvolvendo um outro mundo, o virtual.

Com essas criações de grupos de forma espontânea entre os usuários independente do interesse, entendemos esta tendência social presente em todo o mundo e em todas as camadas sociais, principalmente pela popularização dos smartphones e da internet gerando interatividade e compartilhamento de conteúdo.

O sucesso se dá devido ao nível de confiabilidade entre os usuários por terem uma mesma afinidade de atitudes e de conversa, desenvolvendo uma linguagem comum entre os mesmos, não criando regras, tempo e nem limites de diálogo como podemos ver que “os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade. Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pelas redes de comunicações” (DUARTE, 2008, p.10.).

Com esta afirmação podemos definir que os grupos de conversas presentes nas redes sociais têm como hábito de uma constante renovação do contrato de relacionamentos ou de afinidade de forma natural entre os usuários e dessa forma seus vínculos são cada vez mais fortalecidos.

Porém ao longo do tempo as redes sociais foram sofrendo adaptações devido às particularidades e necessidades de cada membro. Sem esses aprimoramentos não seria possível a permanência de determinadas redes.

2. Desenvolvimento das redes sociais e sua história.

À medida que as redes sociais foram se popularizando, foram surgindo novas necessidades quais sejam de aprimoramento ou de evolução, mesmo sendo uma tendência do momento e algo novo, pois em pouco espaço de tempo houve uma considerável mudança, atendendo às expectativas de seus usuários.

Até o momento temos três períodos que marcam o aprimoramento das redes sociais, divididas em 1.0, 2.0 e 3.0. Este processo natural para garantir a permanência de seus membros, evitando a sua migração para outras plataformas.

Sua evolução não só foi motivada pelo aspecto usual, mas também para acompanhar a inovações da internet.

Como podemos ver a seguir:

2.1. Rede 1.0

Esta rede tem como característica grupos que se comunicam entre si simultaneamente. Tem como exemplo ICQ[12] e MSN[13]  consideradas como duas das primeiras redes sociais que se utilizou da internet para comunicação.

2.2. Rede 2.0

A mudança do paradigma 1.0 para 2.0 deu-se devido à possibilidade de compartilhamento e trocas de arquivos e imagens, que são marcadas pela criação do Orkut, MySpace e Linkedin, elas proporcionaram aos seus usuários, entretenimento, criação de grupo de contatos e de perfil profissional.

2.3. Rede 3.0

O que quebra o paradigma da internet é principalmente o conceito de redes sociais devido à criação do Facebook, que possibilitou a integração com todas as redes, essa plataforma trouxe muito mais do que tinha em mente no período.

Na mesma plataforma pode-se jogar games, compartilhar vídeos, imagens em interação com as pessoas do mundo todo. Assim conseguiu unificar em um só lugar comentários, compartilhamento, fóruns, chats, comunicação coletiva.

Mas tudo isso só se tornou um sucesso devido à popularização da Internet em todas as camadas sociais, ou seja, com a fácil aquisição dos smartphones pela população por meio de influência das reduções de impostos sobre produtos eletrônicos[14].

Não só este fato facilitou o crescimento do uso das redes sociais, as parcelas de maior importância são das promoções das operadoras que oferecem o uso destas plataformas gratuitamente o que a cada dia cresce.

3. Semelhanças e divergências entre mídias e redes sociais

A rapidez da evolução das mídias sociais e das redes sociais dificultou sua diferenciação já que ambas têm muitas semelhanças em comum, com isto não sabemos ao certo a diferença entre elas. Embora que podem ser classificadas como sinônimos, Mídia vem do termo do latim que quer dizer meio aplicando ao tema seria Meio Social então podemos definir que Mídia Social seria meio de comunicação onde qualquer pessoa poderá se comunicar, tendo a possibilidade de ter adeptos surgindo assim uma rede social, devido à aproximação por afinidade.  Conforme o autor Recuero (2010) nos afirma em sua obra que:

“Rede e mídia social são coisas diferentes. As redes sociais são metáforas para os grupos sociais. Já a “mídia social” (sem entrar, aqui, no mérito do termo), é um conjunto de dinâmicas da rede social. Explico: são as dinâmicas de criação de conteúdo, difusão de informação e trocas dentro dos grupos sociais estabelecidas nas plataformas online (como sites de rede social) que caracterizam aquilo que chamamos hoje de mídia social. São as ações que emergem dentro das redes sociais, pela interação entre as pessoas, com base no capital social construído e percebido que vão iniciar movimentos de difusão de informações, construção e compartilhamento de conteúdo, mobilização e ação social”.

Em síntese a rede social seria “relationship site”, sites de relacionamento, que são os locais onde os usuários estão conectados, ou seja, os grupos que são as redes que podemos citar como twitter, fóruns, salas de bate papo assim os usuários da interne buscam as informações que necessitam no momento, através dessas elas começam a trocar informações entre si, isto é que é rede social.

Já mídias sociais “new media”, novas mídias, que são Facebook, MySpace, Blogger, WordPress, Sónico, Youtube, são conhecidas como plataformas as quais utilizamos para nos comunicar. Se todas elas são mídias qual seria realmente a diferença? Sabemos que na prática cada uma tem suas tem particularidades, como podemos ver nos quatros tipos de modelos a seguir:

3.1. Facebook

Embora seja classificada como uma rede social pelos seus membros, ela é uma mídia social que possibilita ao seu usuário, com seu cadastro, que chamamos de perfil, pessoal ou empresarial, criando uma rede de grupos de amigos.

Com este perfil ativo, o usuário tem o direito compartilhar ou postar registros dos seus melhores momentos vivenciados no seu dia-a-dia, pois estando disponíveis estes status são notificados aos demais usuários para likes[15]e isso acontece também na própria linha do tempo[16] sobre os compartilhamentos das demais pessoas que foram aceitas no grupo social.

Quando nos referimos a um perfil de uma empresa, suas postagens têm como objetivo divulgar uma marca ou produto fortalecendo assim os seus laços comerciais com o público consumidor.

“O foco inicial do Facebook era criar uma rede de contatos em um momento crucial da vida de um jovem universitário: o momento em que este sai da escola e vai para a universidade, o que, nos Estados Unidos, quase sempre representa uma mudança de cidade e um espectro novo de relações sociais” (RECUERO, 2009, p. 169.).

3.2. MySpace

A particularidade desta plataforma deu-se pela a propagação de novos grupos musicais e suas composições. Ao surgir ela popularmente, desenvolveu característica de uma agência de empregos ou oportunidades profissionais, por este motivo ela está ganhando adeptos, como os novos artistas que buscam uma gravadora para mostrar seu talento.

“O MySpace tinha o diferencial de permitir um grau muito maior de personalização do que o Facebook […]Tal diferencial foi rapidamente apropriado pelos usuários, que passaram a criar comunidades para personalização dos perfis, com dicas e informações” (RECUERO, 2009, p. 172.).

3.3. Linkedin

Sendo uma rede que tem como foco os perfis profissionais objetivando negócios ou contratações de novos profissionais, seu usuário através de um perfil com base em suas qualificações ou experiências profissionais, desenvolve um curriculum online.

Essa rede o deu a seus membros a possibilidade de criar vínculos com profissionais de sua área ou de outras, como também com os perfis das empresas cadastradas. Assim as empresas têm acesso aos dados pessoas de cada usuário.

3.4. YouTube

Nesta rede os usuários compartilham entre si vídeos, não apenas para seu grupo de amigos, mas também para o mundo. Essas publicações tomam proporções incalculáveis, pois da noite para dia um usuário poderá tornar-se muito popular. O youtube tornou-se popular quando foi comprada pelo Google e 2006 foi considerada Pela revista Times, a melhor invenção daquele ano de 2006[17].

Estas foram algumas das principais plataformas ou mídias digitais existentes no mundo virtual, pois é através delas que seus usuários compartilham os principais momentos de suas vidas gerando um relacionamento e boa visibilidade virtual.

O contato que estas pessoas ou usuários tiveram fez com que criassem um encanto muito forte aprisionando seus usuários de uma forma que não desejam jamais sair da interação, este mesmo comportamento acontece com quem já está inserido na rede e cada like, comentário ou compartilhamento vai fortalecendo automaticamente a permanência.

4. Do encanto à prisão no mundo digital

Devido às redes sociais tornarem-se uma das grandes formas de informação, atualmente, o encanto desenvolvido pela interação proporciona ao usuário de forma rápida e participativa, contatos com outros usuários. Por ser de fácil utilização e de criar um perfil, o usuário: o tornar-se uma “pessoa digital” da forma que deseja, assim Giardelli (2011, p. 60) diz que “as redes sociais [digitais] se transformaram em um vasto espaço onde milhões de pessoas se sentem confortáveis para serem quem realmente são”.

Há facilidade de criar perfis com meia verdade, ou seja, pessoas com características ou personalidades diferentes do que realmente são. Devido à popularização da internet, segundo a pesquisa realizada em 2015 pelo Ministério das Comunicações podemos ver o porquê de as pessoas acessarem internet:

Figura 2: Motivo que as pessoas usam a internet. Fonte: BRASIL, 2014, p. 59.
Figura 2: Motivo que as pessoas usam a internet. Fonte: BRASIL, 2014, p. 59.

Fica claro que uma boa parte destes usuários busca diversão, e informação, com este anseio apoia-se na rede social, pois a mesma atende todas essas necessidades. Tendo ele tudo o que busca em um só local, assim à medida que seu encanto cresce, aos poucos é possível perceber algumas mudanças com relação ás suas atitudes ou comportamentos destes internautas que caracterizam-se como um retorno à caverna de Platão, embora seja de forma camuflada e pouco percebidas, essas cavernas, prisões não só serão caracterizadas como algo físico (lugar), mas também como o uso exagerado ou compulsivo na rede social um vício da era digital.

A mesma pesquisa mostrou que houve um crescimento de 26% de um ano para o outro, devido ao aumento da aquisição de smartphones e seu uso pela população brasileira, assim tendo crescimento considerável cada dia através da internet móvel, pois a cada instante temos novos usuários assíduos.

Figura 3: Crescimento do acesso à internet pelos smartphones. Fonte: BRASIL, 2014. p.61.
Figura 3: Crescimento do acesso à internet pelos smartphones. Fonte: BRASIL, 2014. p.61.

No Brasil, o Facebook ainda lidera o Ranking seguido WhatsApp, como redes que têm o poder de prender a atenção de seus usuários em suas plataformas. Isso se dá pelo fato dos conteúdos produzidos pelos próprios membros poderem interagir em diversas redes sociais.

Com esta linha de raciocínio, é possível notar que as pessoas conectadas a uma das redes sociais citadas anteriormente assim como o WhatsApp, sintam uma maior necessidade de atenção dentro do seu âmbito. Isso se dá devido à grande quantidade de integrantes do grupo interagindo ao mesmo tempo no chat[18].

No momento em que um membro do grupo em questão comenta sua opinião, ele passa a necessitar da atenção dos leitores para que assim não perca o fio da meada (conversa), pois a cada instante, um outro membro poderá dar início a uma nova conversa surgindo então um outro conteúdo a ser comentado entre eles.

Devido aos conteúdos diversos que são postados ou compartilhados nos perfis pessoais de cada usuário, cada um deseja quanto mais rápido responder aos demais, esta atitude pode ser constante e corriqueira que desenvolve algumas habilidades como digitar rápido e responder de formas instantâneas às mensagens, pois segundo Tapscott:

“Eles estão acostumados a respostas instantâneas, 24 horas por dia, sete dias por semana. Os videogames lhes dão feed back instantâneo; o Google responde suas perguntas em nanos segundos. Então, eles pressupõem que todas as outras pessoas do mundo também reagirão rapidamente. Cada mensagem instantânea deve gerar uma resposta instantânea” (2010, p. 115.).

Muitas vezes esse usuário nem lê as postagens da sua rede ou apenas faz uma leitura rápida, pois o seu maior intuito é repassar o mais rápido possível para outros grupos que ainda não tenha sido postado. Esta parece ser a ideia, de ser o primeiro a compartilhar, nem sempre buscando saber a origem da informação, acreditando que este conteúdo que foi postado e depois compartilhado por ele seria sempre uma notícia verdadeira.

Não tendo este cuidado, o usuário ao repassar informações falsas como se fossem verdades, poderá contribuir para a propagação crescimento de conteúdos negativos que tenha base de sustentação preconceituosa, racista e favorecendo a violência. Essa atitude fortalece o medo.

Este processo de receber e repassar conteúdos pelas redes sociais prende o usuário um tempo maior, pois sempre terá alguém online para trocar informações e o desejo de estar conectado para ficar informado de tudo e de todos, não havendo nenhuma necessidade de sair de casa para conseguir tais objetivos.

Com esta mentalidade e comportamento, pode-se deduzir a criação de uma das principais características do tema abordado, que seria estar dento da caverna devido a não querer mais sair de sua residência, pois o que precisa já encontra na rede social.

Uma segunda característica de prisão: os grupos do WhatsApp têm como regra a integração, pois quem está inserido e ao mesmo tempo conectado tem como dever interagir com os demais membros. Caso o membro não interaja, poderá ser tirado do grupo pelo administrador. Porém este membro tendo o receio ou medo de não mais pertencer ao grupo, sabendo que a sua falta de interação poderá ter como consequência a sua saída, irá dedicar uma grande parte de seu tempo ou de si a este grupo.

Esta sensação de medo de exclusão pode ser classificada como correntes que aprisionam as mentes dos usuários de redes sociais a ficarem fixos ou obcecados sem sua presença online, dedicando-se em tempo integral dando a sua opinião e compartilhando sobre os assuntos postos em questão pelos demais membros.

Com esta mudança de atitude, o usuário aos poucos pode desenvolver uma dependência total às redes sociais ou à internet, se acostumando a acreditar unicamente nas informações postadas no mundo online como única fonte da verdade dos fatos ocorridos.

Neste contexto, muitas vezes o seu mundo off-line fica interligado com o mundo online, pois quando algo acontece no off-line e não tenha sido postado, compartilhado ou divulgado na rede social este acontecimento não será reconhecido como algo ocorrido, ou seja, como se nunca tivesse acontecido.

Posso ter como um exemplo prático desta divergência entre os dois mundos a seguinte situação, caso um membro do Facebook ao consultar seus amigos ou a amigos dos seus amigos e venha despertar um interesse de namoro por uma menina ou menino ou em ambas as partes, busca logo consultar o perfil desejado para saber se seu status não esteja relacionamento sério, este pretendente tendo acesso a essa informação a terá como uma fonte segura e verdadeira.

Mesmo se a outra pessoa tenha começado um relacionamento há pouco tempo e não tenha atualizado o seu status[19] na sua rede social, é tido pelo pesquisador e seus amigos em comum como se ainda estivesse solteiro, ou seja, pode se dizer que dois membros começaram a namorar e esqueceram de atualizar seus perfis, então para o mundo online elas permanecem sem nenhum vínculo afetivo.

Como outra consequência deste sentimento de medo temos a situação em que o usuário pode vir a desenvolver um comportamento compulsivo pelas redes sociais ou mídias digitais, na maioria das vezes quando ele tem um sentimento de angústia por não estar conectado ou de ter a necessidade de estar conectado a todo instante, muitas vezes ele deixa de lado outras atividades importantes só para ficar conectado.

A rede passa a ser então a única coisa importante para ele e as atividades habituais como escola, trabalho dentre outros perdem a sua devida importância. A causa desta rotina pode ocasionar a sua ausência no mundo off-line afetando diretamente sua vivência social. Como afirma Castellis (2005, p.23): “A sociedade em rede também se manifesta na transformação da sociabilidade. O que nós observamos, não é ao desaparecimento da interação face a face ou ao acréscimo do isolamento das pessoas em frente dos seus computadores”.

Esta permanência constante nas redes ou na internet pode causar um desconforto para com as demais pessoas que estão ao seu redor. Aos poucos os presentes começam a questionar o seu tempo de conexão durante muitas horas seguidas, este comportamento pode ser frequente e corriqueiro. Porém este usuário em sua mentalidade devido a já estar de tal forma habituado a passar horas online que nem percebe que essa postura pode estar atrapalhando sua vida social off-line, assim tendo a necessidade dessa conduta perante seu uso exagerado.

Este comportamento pode deixar algumas consequências em relação às demais pessoas que estão inseridas em seu ambiente social que não tenham o mesmo comportamento. Atitudes como: ter preferência de conversar só pelas redes sociais e não dando a oportunidade de que essa conversa seja presencial; podem vim ter uma tendência ao isolamento, pois quando está usando seu smartphone não gosta de ser incomodado e caso isso aconteça eles se irritam facilmente com a outra pessoa devido à interrupção ou a perda de sua atenção no bate-papo, dentre outros.

Uma característica marcante de um usuário com comportamento exagerado, obcecado ou viciado, seria o mesmo alterar seu status várias vezes para gerar compartilhamento e likes.  Em um nível elevado este mesmo individuo passa a achar que seu smartphone é uma parte de sua vida pois o mesmo sente-se como se estivesse faltando algo, gerando assim a necessidade de estar com o aparelho em todos os lugares. Caso venha a sair sem o seu aparelho ficará colocando a mão no bolso para confirmar a sua ausência em pequenos intervalos, como também   poderá ter a sensação de estar ouvindo o som do toque ou vibrando mesmo não estando com o aparelho.

No programa Via Brasil um dos entrevistados confirma o que estamos falando: “Eu fico temendo quando o celular descarrega ou a internet pifa, quando estou no lugar onde wifi não pega, fico no desespero. Minha mãe fica incomodada dizendo você não á mais atenção para seu cachorro”[20]. É muito difícil diagnosticar tal uso como doença sem uma ajuda profissional adequada, para saber quando realmente tal costume se tornou uma dependência ou distúrbio.

Caso o usuário queira saber se tem essa tendência existem na internet testes grátis, são perguntas de fácil entendimento onde o mesmo terá a possibilidade de realizar um desses testes desenvolvidos pelo Instituto Delete[21]. Assim poderá ter uma noção de seu grau de uso ou poderá perceber se realmente está nocivo ou já se tornou um vício.

Este vício ou dependência à internet ou redes sociais tem como base quatro pilares[22] que caracterizam um uso exagerado a prender o usuário na escuridão da caverna. Eles são mais perceptíveis em três tipos de plataforma: Bate papo, Games e Redes sociais, pois os usuários assíduos têm os mesmos pontos em comum quando se chega a um estágio de vício ou distúrbio, que veremos a seguir.

1 – Quando o usuário deixa de fazer as suas atividades habituais corriqueiras para estar conectado;

2 – Quando ele apresentar um comportamento de ansiedade, irritabilidade ou depressão por não estar conectado;

3 – Neste caso o usuário tem em mente que precisa sempre de um tempo maior de permanência conectado, ou seja, sempre adia seu término da conexão;

4 – Quando começa a buscar um distanciamento das demais pessoas e procura lugares que possam dar apoio a seu isolamento.

Esses são os eixos principais que se percebe ao se fazer vários testes online para descobrir se tem uma dependência ao uso das redes sociais. Será possível verificar que se encaixou na maioria delas, é melhor procurar um apoio médico pois esta dependência é prejudicial à sua vida profissional e pessoal, sendo uma das prisões e um retorno à caverna devido à sua fixação por estar conectado. Voltando assim a visualizar “sombras” as quais criam um mundo irreal, renunciando o mundo real, não dando a oportunidade de conhecer outra realidade que não seja o mundo virtual.

Certamente o maior benefício que a rede social trouxe para a sociedade pós-moderna, apoiando-se na necessidade de estar em sociedade, foi o prazer de interagir com as demais pessoas, pois esta tecnologia a serviço do ser humano estreitou laços entre amigos, e familiares, separados pelo tempo e pela distância, tornando este evento como um ponto ápice da internet, graças às redes sociais, devido às trocas simultâneas de mensagens, imagens e vídeos.

Por isso o aumento crescente de seus usuários, criando a necessidade de estar constantemente reinventando e adaptando às novas tendências do mundo contemporâneo. Pois seu espaço nas vidas das pessoas tem aumentado significativamente, quebrando os paradigmas da comunicação entre as pessoas. O impacto dessa invenção mudou o modo de ver a vida e o que ela representa, interferindo de maneira direta no comportamento das pessoas que tiverem essa interação.

Toda mudança ou transformação social traz consigo males incalculáveis ou perigos desconhecidos. Não se sabe ao certo quais serão, no futuro, as mudanças ou as consequências que irão causar na sociedade, mas a ideia dos efeitos causados pelo uso excessivo das redes sociais é o distúrbio pessoal que influencia no comportamento das pessoas que estão ao seu redor.

Assim, a utilização de maneira racional traz muitos benefícios, mas se tratando do conceito de privacidade de uso da rede social, pode desenvolver transtornos que deixam o usuário a procurar vivenciar cada vez mais conectado tornando este ato mais importante do que estar com seus familiares ou amigos.

O uso das redes sociais está influenciando diretamente a vida social, excluindo a vida coletiva presencial e também as dificuldades que venham a ter vínculos pessoais e presenciais. Deste modo, as famílias que são um modelo de sociedade necessitam urgentemente de informações sobre a dependência a redes sociais, pois aos poucos irá modificando a sua estrutura social e as suas bases.

É possível encontrar pessoas que compartilham tudo da sua vida nas redes sociais, este tipo de usuário pode chegar a imaginar que é uma pessoa conectada, porém se seus amigos não tenham a mesmo comportamento de compartilhar seus momentos na rede, como viagens, restaurante entre outros, podem ser rotulados como pessoas antissociais, pois não saem de casa, devido não a terem postado tais eventos, conclui que não tem uma vida social.

Seguindo essa mesma ideia de estarem conectados por várias horas por dia, pois este costume ou vicio de viver apenas para o mundo digital, quer seja através do celular, do computador ou do tablet e onde estiverem, em casa, na rua, na escola dentre outros, pois esta vivência de estar sempre online e menos no mundo real. Então ele dedicará totalmente as redes sociais em que está inserido podendo ficar totalmente dependente do mundo virtual. Desta forma, pode-se concluir que está preso às redes sociais devido ao uso contínuo que tem a mesma semelhança da prisão da alegoria do mito da caverna de Platão.

4.1. Primeira característica: “Sombras”

No Mito da Caverna, as “Sombras” são as imagens que são percebidas como única verdade. Nas Redes Sociais as “imagens” que são postadas independentemente de onde estejam, são tidas como verdades.

As publicações nem sempre são de tanta importância para determinado grupo social, mas cria na mente uma falsa ideia de que os membros dão importância a tais postagens, assim o ambiente torna-se um mundo real.

Dessa forma, o usuário tem a ilusão de popularidade na rede e a seguir as postagens dos demais membros, procura postar também em seu perfil uma realidade baseada na dos outros, uma realidade que não é sua, ou seja, ele vive um mundo irreal na rede dando uma referência ao “mundo das ideias”[23] que Platão quis passar em sua alegoria.

4.2.  Segunda Característica: “Os dois mundos”

Esta característica é mais fácil de perceber, pois nota-se pelo método de observação, ao mencionar o mundo dos sentidos “mundo das ideias”, que são todos os conhecimentos que temos através dos sentidos.

Este conhecimento na era digital dar-se-á através da criação de perfis irreais para mostrar uma realidade fictícia aos outros membros do grupo em que participa para que os mesmos passem a acreditar como se fossem reais, como também, os status ou postagens venham a sustentar esse mundo criado. Um exemplo simples de um desses “mundos das ideias” seriam as fotos modificadas pelo usuário utilizando programas editores de imagens para que todos tenham uma ideia diferente do que ele é, assim o outro que venha a visualizar tal imagem terá uma ideia distorcida da realidade. A outra pessoa contempla e ao mesmo tempo fica preso a essa realidade devido à criação do seu mundo perfeito, virtual. Isso seria a caverna, pois um mundo alheio ao real.

O Mundo Real[24], por outro lado, é ativado quando o usuário desconecta das redes sociais e “sai da caverna”, isso o faz sentir solidão, aflição, desapontamento e seu desejo é estar reconectado mais rapidamente possível para preencher esses vazios. Devido ao afastamento da vida real para viver um mundo de ideias, toda vez que não está conectado percebe que tudo ao seu redor mudou e continua ainda a viver uma realidade de ficção.

4.3.  Terceira e última Característica: “Fugir e Retornar à Caverna”

Para a sustentação desse mundo fictício no ambiente online, há uma necessidade de estar conectado vinte quatro horas por dia, então esse uso excessivo pode virar uma dependência das redes sociais, isso sendo no ambiente virtual. Já se tratando do ambiente off-line, o usuário cria barreiras que impossibilitam sua aproximação das pessoas fisicamente. Esse comportamento assemelha-se às correntes que prendem os prisioneiros dentro da caverna. Porém as pessoas que estão fora do ambiente online percebendo que o mesmo está com comportamento diferente das demais, tentando alertá-lo a abrir os olhos para a vida real, não acreditando em seus familiares ou amigos em relação ao possível distúrbio “caverna”, e sem excitar irá excluí-lo da sua vida cotidiana, o mundo virtual.

Lembrando que o retorno do fugitivo à caverna teve a mesma intenção de abrir os olhos de quem lá estava e sua rejeição foi concretizada com sua morte, segundo Platão. O fato é que a criação deste mundo irreal não tem idade preestabelecida pois cada vez mais a sociedade humana está sendo marcado por atitudes fictícias e ideológicas que tendem a mascarar ou ocultar as situações reais da vida humana em uma vivência social.

Conclusão

As pessoas, hoje, são muito dependentes de seus “smartphones” para socializar, divertir, fazer suas tarefas diárias, pois nelas existem um universo de possibilidades para cada necessidade. Por este motivo, muitos usuários mudam seus hábitos devido às grande facilidades e agilidade na obtenção de informações e outros benefícios que o mundo globalizado oferece, moldando desta forma o modo como elas vivem.

Assim, conclui-se que ao se mergulhar no interior desse universo virtual é provável que as pessoas esqueçam de olhar para a realidade, ficando propensos a vício, apresentando sintomas de dependências como irritabilidade ao esquecerem de seus aparelhos celulares quando saem para algum lugar. Desta forma, é necessário um autocontrole e disciplina para que não haja um uso exagerado das ferramentas que o mundo globalizado oferece, esquecendo de viver os acontecimentos do mundo real.

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[1] Especializando em MBA Marketing Digital e Gestão de Mídias Digital na Universidade de Fortaleza – UNIFOR.

[2] É uma narrativa platônica fictícia que tem como objetivo de mostrar a ignorância dos seres humanos perante a sabedoria para atingir o “mundo real”, pois só fora da caverna é que pode ser acessado pela razão.

[3] Platão (427 a.C. – 347 a.C.) Filósofo grego e discípulo de Sócrates, ele é considerado como um dos grandes pensadores da história da filosofia. As suas principais obras foram O Banquete e A República.

[4] Alegoria é tido como uma expressão figurativa, que não é real, ou seja, pode ser dito de uma forma e ter outro sentido. Este método foi muito usado pelos filósofos gregos, este modo de transmitir uma mensagem tinha o intuito de descobrir as ideias que estavam subentendidas, ou expressas de modo figurado, em suas narrativas mitológicas.

[5] OFF-LINE: Significa estar indisponível para acesso imediato a uma página de Internet, em tempo real.

[6] ONLINE: Significa estar disponível para acesso imediato a uma página de Internet, em tempo real.

[7] Teólogo e matemático, seus estudos se destacaram devido a “teoria dos grafos”, geometria, cálculo infinitesimal, trigonometria, álgebra e entre outras.

[8] “Viral é um termo que surgiu junto com o crescimento do número de usuários de blogs e redes sociais na internet. A palavra é utilizada para designar os conteúdos que acabam sendo divulgados por muitas pessoas e ganham repercussão (muitas vezes inesperada) na web. O termo é relacionado à palavra vírus (de computador ou doença), já que as pessoas chegam a compartilhar o conteúdo viral quase que inconscientemente. A palavra viral deu origem a termos como viralizar, viralizou e efeito viral (utilizado pelo Facebook para mensurar o quanto um conteúdo de uma página foi compartilhado) ”. Disponível em: http://www.ebc.com.br/tecnologia/2012/11/o-que-e-viral.

[9] Arquiteto e urbanista, professor da PUC.

[10] Doutor em Tecnologia Educativa.

[11] Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/90-dos-jovens-brasileiros-possuem-pelo-menos-um-perfil-proprio-em-rede-social.

[12] É um programa de comunicação instantânea criado em 1996. ICQ vem da pronuncia inglesa (I Seek You) que em português seria “eu procuro você”.

[13] MSN Messenger surgiu em 1999, foi criado pela Microsoft Corporation e permite ao usuário através de mensagens instantâneas conversar com diversas pessoas, grupo de amigos e trocar mensagens entre eles.

[14] BRASIL, Decreto nº 5.906 e nº 5.602.

[15] É uma curtida que o usuário faz ao comentário de uma pessoa ou foto. Em síntese seria “gostei”.

[16] Seria uma lista cronológica de fatos ou postagens na rede onde está inserido.

[17] REVISTA “Time” elege YouTube a melhor invenção do ano. Tecnologia. G1. 07 de novembro de 2006. Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,AA1340903-6174-363,00.html. Acesso em 12/01/2016.

[18] É conversação ou Bate-papo.

[19] É uma frase ou texto onde o usuário descreve a sua situação como está se sentindo ou pensando em seu perfil social.

[20] Programa exibido na Globo News, 6:30hs no dia 05 de março de 2016.

[21] “É uma empresa de desenvolvimento do ser humano dedicada a orientar e informar a sociedade sobre o uso consciente das tecnologias, através de treinamento, consultoria e suporte. Primeiro núcleo no Brasil especializado em Detox Digital e institucionalizado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com profissionais da área da saúde, comunicação e educação (médicos, psicólogos, pedagogos e pesquisadores) para pesquisar sobre as tecnologias interferindo no comportamento humano e oferecendo suporte e tratamento aos usuários abusivos de tecnologia”. Fonte: http://www.institutodelete.com/.

[22] Tópicos baseado no questionário, disponível em http://www.institutodelete.com/#!testes/c2x3 .

[23] O Mundo das Ideias podemos dizer que são lembranças imutáveis, um exemplo desta ideia seria se você vires uma Flor esta percepção ficará em sua memória para sempre, e toda a vez que venha a lembra de uma flor a pessoa remeterá aquela que conhecera, ou seja, sempre terá imagem da flor como conheceu e sempre irá lembrar exatamente da forma conheceu. Em síntese nunca irá mudar ideia da flor.

[24] O mundo real é uma realidade de mutável, que hoje é uma realidade mutável, que hoje é uma coisa e a manhã será outra, ela pode deixar de existir, usando o mesmo exemplo anterior: a pessoa há de ir ver uma flor linda e perfumada amanhã ao retornar ao mesmo lugar, ver que a flor esta murcha e sem perfume. Pois a realidade que conhecemos hoje poderá não ser o mesmo no dia seguinte. Assim a verdade de hoje amanhã poderá não ser mais.

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Antônio Afonsinaldo Saldanha de Almeida

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