REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

O Curso de Ciências Biológicas a Distância do CEDERJ: análise do perfil de ingressantes e egressos do Polo Bom Jesus – RJ

RC: 41321
162
5/5 - (2 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Alessandra de Oliveira [1], PIMENTA, Camila Dutra [2], RODRIGUES, Gilvânia de Souza [3], SILVA, Leandro de Oliveira [4]

SILVA, Alessandra de Oliveira. Et al. O Curso de Ciências Biológicas a Distância do CEDERJ: análise do perfil de ingressantes e egressos do Polo Bom Jesus – RJ. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 11, Vol. 02, pp. 140-180. Novembro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/biologia/perfil-de-ingressantes

RESUMO

A Educação a Distância (EaD) é uma modalidade em franco crescimento no Brasil e no mundo. Apesar de não ser exatamente nova em nosso país, pois existe desde antes de 1960, ela teve uma expansão significativa nos últimos anos, especialmente no setor privado de educação. A EaD possibilitou a ampliação do Ensino Superior, contribuindo para a democratização do mesmo por meio da interiorização de cursos. Contudo, é preciso estar atento à forma como essa expansão se deu, especialmente em relação à qualidade do ensino oferecido. Este trabalho investiga os perfis de ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Consórcio Cederj, Polo de Bom Jesus do Itabapoana, município do interior do Estado do Rio de Janeiro. Foram aplicados dois questionários: um a egressos e outro a ingressantes do curso, buscando sondá-los quanto a diferentes aspectos socioeconômicos e também de suas vidas profissionais. A maioria dos egressos possui apenas especialização latu sensu, porém, parcelas significativas possuem mestrado e/ou são doutorandos. A maioria dos egressos atua fora de sua área de formação, e apenas quatro são professores. Todos os egressos consideraram a formação oferecida pelo curso excelente, e que o curso contribuiu para suas atuações profissionais. A maioria dos ingressantes afirma ter escolhido o curso EaD por acreditar na qualidade do mesmo. Todos os participantes possuem acesso à internet, estudaram em escola pública e a maioria ingressou no curso por meio do vestibular próprio, sem ter realizado curso preparatório antes. Por fim, todos os ingressantes afirmam ter intenção de concluir o curso.

Palavras-chave: EaD, biologia, ensino superior, graduação, estudantes.

INTRODUÇÃO

No nosso século percebemos a utilização cada vez mais recorrente dos meios de comunicação digitais, os quais permitem a troca de informações entre indivíduos separados pela distância – seja ela temporal ou espacial. No ambiente escolar as crianças têm aprendido, desde cedo, a lidar com máquinas interativas, tornando as instituições escolares desatualizadas por não conseguirem acompanhar o desenvolvimento da sociedade tecnológica. Não há como negar que as diferentes mídias eletrônicas vêm ganhando cada vez mais importância na educação e, em contrapartida, as escolas não têm conseguido se desenvolver igualmente na utilização de tais recursos (BELLONI, 2005).

Frente ao desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, os quais possibilitaram quebrar as barreiras da comunicação e da interação, ganha espaço a chamada Educação a Distância (EaD), a qual vem tomando lugar de destaque ao lado do ensino presencial. A EaD não é algo recente, suas origens nos remetem ao século XIX, no que viria a compor sua primeira geração: o ensino por correspondência nas Forças Armadas (DURAN, 2016). Depois disso, diversas outras gerações de EaD viriam, cada qual marcada pelo invento tecnológico mais difundido de sua época. No entanto é no mundo moderno que essa forma de ensino vem ganhando força e angariando seguidores, tomando cada vez mais espaço, possibilitando uma ampliação do quadro de matrículas, principalmente do Ensino Superior (ARRUDA; ARRUDA, 2015). As novas gerações têm desenvolvido diferentes modos de aprender de forma mais autônoma e independente, voltados para a construção de um conhecimento que lhe seja útil e esteja relacionado aos seus desejos pessoais e profissionais (BELLONI, 2005).

Considerando a importância crescente da EaD no Brasil, o presente trabalho busca investigar e comparar o perfil de ingressantes e egressos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas Cederj/EaD, do Polo de Bom Jesus do Itabapoana, município do interior do Estado do Rio de Janeiro, como forma de melhor compreender suas demandas, assim como alguns aspectos proporcionados pela formação por eles obtida.

REFERENCIAL TEÓRICO

O Ensino Superior no Brasil, devido à sua condição primeira de colônia, iniciou-se submisso à Coroa portuguesa a qual ditou, até a independência, as regras relativas a todos os aspectos importantes referentes ao nosso país, inclusive aqueles relacionados à educação (BORGES, 2015). Desta forma, não há registros de implantação de cursos superiores no Brasil Colônia, devendo a elite da época se deslocar até Portugal a fim de cursar Direito ou Medicina (SANTOS; CERQUEIRA, 2009). Com a chegada da Família Real ao Brasil, que fugia do cerco de Napoleão Bonaparte, começaram as aberturas educacionais e culturais que levaram ao estabelecimento do Ensino Superior, nesta época, obviamente, destinado apenas à elite (BORGES, 2015).

A elitização do Ensino Superior, iniciada no Brasil Colônia, se mantém até os dias atuais, pois apenas 11,3% da população jovem brasileira (20-25 anos) têm curso superior e 49% não completaram sequer o Ensino Fundamental (LEAL, 2012). Somente em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somadas, as matrículas dos cursos de graduação presencial e a distância, chegaram a 6.379.299 (IBGE, 2011). Ainda segundo o IBGE, em 2011 a população brasileira era de 190.732.694 habitantes, o que revela uma baixa porcentagem de cobertura do Ensino Superior. O simples acesso ao Ensino Superior, contudo, nada revela sobre a situação deste nível educacional se não analisarmos, também, a questão da permanência do aluno.

Em nosso país, a EaD surge como uma alternativa ao sistema tradicional de ensino, como uma forma de capacitar rapidamente uma grande parte da população facilmente manipulável, exatamente por não dispor de instrução. Durante o Estado Novo, inclusive, a educação passaria a comportar objetivos morais e cívicos, numa espécie de adestramento:

A Educação a distância no Brasil surge como uma proposta principalmente radiofônica, priorizando atender a formação de trabalhadores, tanto nas cidades como nas zonas rurais, dentro do processo corporativista de empresários e políticos, apresentando já nessa época o discurso de democratização do ensino, tentando evitar que o trabalhador do campo migrasse para as áreas urbanas em processo de crescimento (BERBAT, 2015) pág. 35

Os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007) afirmam que, apesar da organização diferenciada, um ponto é comum a todos os projetos EaD: “a compreensão de educação como princípio primeiro, antes de se pensar o modo de organização: a distância” (BRASIL, 2007, pág. 7). Ou seja, não é a modalidade de ensino que importa, mas a educação de qualidade, independente de ser presencial ou EaD.

Os avanços dos últimos anos possibilitaram uma nova forma de pensar a educação, seja ela presencial ou a distância, e trouxeram benefícios para a EaD, possibilitando sua ampliação. Tal modalidade, hoje, se dá de forma mais abrangente e inclusiva, uma vez que, com mais recursos, ela possibilita que indivíduos portadores de necessidades educacionais especiais, indivíduos hospitalizados, encarcerados, residentes em áreas de difícil acesso, por exemplo, possam estar inseridos em cursos das mais diversas naturezas (FREITAS; MAGALHÃES, 2001).

Segundo Nunes (1994) a característica básica da EaD é o estabelecimento de uma comunicação de via dupla, onde o professor e o aluno não irão se encontrar em uma mesma sala, como na educação tradicional, mas ambos se utilizam de alguma forma para que o conhecimento atinja o aluno. O autor ressalta ainda que essa modalidade de ensino possui uma organização sistemática de auto estudo, de forma que o aluno se instrui a partir do material de estudo o qual é previamente preparado e pensado com uma didática própria, mas o aluno é acompanhado, sempre podendo contar com apoio caso lhe seja necessário (NUNES, 1994).

Atualmente com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), as barreiras da distância puderam ser rompidas e as dificuldades de acesso ao ensino e os problemas de aprendizagem, pelo menos em parte, superados. Nesse cenário torna-se inevitável a expansão da EaD. Um fato que chama atenção é a queda dos preços dos computadores que, acompanhado pelo avanço da internet, auxiliaram no processo de expansão de tal modalidade educacional. Isso permitiu a instauração de um novo paradigma educacional: de qualquer lugar e independente do horário, por intermédio das tecnologias de informação, a comunicação e a educação passam a ser cada vez mais integrativas (RIBEIRO; HIRANO, 2015).

Segundo o Censo da Educação Superior 2017 (BRASIL, 2017), que constitui o conjunto de dados mais recentes que possuímos sobre a EaD brasileira, naquele ano aproximadamente 200.000 estudantes concluíram cursos de graduação EaD, ao passo que a educação presencial formou aproximadamente 500.000 profissionais, como podemos observar na Figura 1:

Figura 1: Gráfico representativo do número total de concluintes de cursos de graduação (presenciais e a distância) no ano de 2017.

Fonte: Censo da Educação Superior 2017.

Percebe-se que, no ano de 2017, a EaD respondeu pela formação de, aproximadamente, metade do total de graduados. Por outro lado, pelo mesmo senso, observa-se que o número de cursos EaD era seis vezes menor do que o número de cursos presenciais (Figura 2). Expõe-se, assim, outra potencialidade da EaD: atender a um número maior de estudantes do que o ensino presencial, justamente por não necessitar de espaço de uso contínuo.

Como é possível observar na Figura 2, apesar de os cursos superiores a distância representarem uma pequena parcela (13%) do total de cursos em funcionamento em 2017, a EaD contribuiu com uma grande parcela (36%) do total de formandos daquele ano.

Figura 2: Gráfico representativo do total de cursos de graduação em funcionamento no Brasil no ano de 2017.

Fonte: Censo da Educação Superior 2017.

Além disso, como é possível observar na Figura 3, em 2017 a EaD correspondeu a uma parcela significativa (35%) do total de matrículas daquele ano. Sabe-se que existe uma grande evasão de alunos na educação a distância, o que pode explicar a queda do número de formandos em relação ao número inicial de matriculados.

Figura 3: Gráfico representativo do total de matrículas em cursos a distância e presenciais no ano de 2017.

Fonte: Censo da Educação Superior 2017.

É fácil constatar que a educação presencial forma mais alunos por já estar consolidada, estruturada e possuir mais cursos estabelecidos. Porém, o que se verificou ao longo dos anos foi uma expansão da EaD, especialmente após a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) (SANTOS; MENEGASSI, 2018). No Estado do Rio de Janeiro, o Consórcio Cederj, gerido pela Fundação Cecierj, é um exemplo bem sucedido do potencial da EaD em formar quadros de qualidade em diferentes áreas.

Considerando especificamente a formação do professor de Biologia, como podemos observar na Figura 4, do total de alunos formados, a maioria é oriunda de cursos privados.

Figura 4: Concluintes do Curso de Graduação em Ciências Biológicas – 2017.

Fonte: Censo da Educação Superior 2017.

Em um cenário de expansão dos cursos EaD de iniciativa privada, precisamos analisar a qualidade do ensino oferecido por estas instituições, tanto em relação aos cursos presencias quanto aos a distância.

A proposta de utilização da EaD e sua expansão receberam diversas críticas, especialmente por configurarem como sugestão do Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio, mercantilizando o processo educacional (SEGENREICH, 2006). A EaD sofreu um boom nos últimos tempos, depois de ser negligenciada pelo sistema de ensino. Em uma pesquisa feita em 2003, os autores constataram que a maioria dos alunos dos alunos EaD estavam em cursos de formação de professores paras as séries iniciais. Essa utilização da EaD, como forma improvisada de formação de professores (às vezes aligeirada, inclusive), é alvo de crítica de diversos autores (CAPELETTI, 2014).

De acordo com Gomes apud (CAPELETTI, 2014), a EaD no Brasil pode ser dividida em 3 fases: a primeira, chamada de geração textual, composta somente por textos impressos enviados pelos correios (até 1960); a segunda, chamada de geração analógica, com textos impressos e recursos audiovisuais (entre 1960 e 1980) e a terceira e atual, a geração digital, com recursos tecnológicos modernos e uso das TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação).

Além disso, critica-se o fato de os primeiros cursos EaD apenas repetirem o modelo tradicional de transmissão de conhecimentos, tal qual a educação presencial há muito tempo vem fazendo. É preciso repensar a educação a distância que se faz, especialmente no que se refere à sua institucionalização (CAPELETTI, 2014).

A educação a distância, a cada época, tem se apropriado das tecnologias de seu tempo. No nosso tempo não é diferente, e a EaD se desenvolve, principalmente, alicerçada sobre os as TIC’s. Com o apogeu do computador e da internet, a EaD pode se desenvolver de forma mais efetiva. Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA’s) constituem o espaço onde as atividades são desenvolvidas (ALMEIDA, 2003). Eles permitem integrar diferentes mídias, e conectar os usuários de forma síncrona ou assíncrona. Eles devem ser gerenciados de forma a possibilitar um verdadeiro aproveitamento pelos usuários.

Inicialmente, o Consórcio Cederj foi constituído pelas seguintes universidades: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Federal Fluminense (UFF); Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (BIELSCHOWSKY, 2017). Por meio da EaD, em 2017, juntas, essas universidades formaram 16.178 alunos (6% do total de alunos formados pela EaD) (Figura 5).

Figura 5: Gráfico representativo do total de alunos formados por meio da EAD pelas universidades do consórcio Cederj em 2017.

Fonte: Censo da Educação Superior 2017.

Mais tarde, uniram-se ao Consórcio Cederj o Instituto Federal Fluminense (IFF) e o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ). Bom Jesus do Itabapoana é um município do Estado do Rio de Janeiro (Figura 6), cujo último censo (ano de 2010) apontou um total de 36.985 habitantes, com densidade demográfica de 59,13 hab/km² (IBGE, 2011). Trata-se, portanto, de um município pequeno, típica cidade de interior.

Figura 6: O município de Bom Jesus do Itabapoana pertence ao Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: IBGE (2011).

Ainda segundo o último censo, em 2010, em Bom Jesus, cerca de 98,1% dos jovens entre 6 e 14 anos estavam matriculados na rede regular de ensino, com 1.883 matrículas no Ensino Médio distribuídas entre 11 escolas.

O Polo de Bom Jesus do Itabapoana está situado no Colégio Estadual Padre Mello, na Avenida Governador Roberto Silveira, 578 – Centro – Bom Jesus do Itabapoana. A importância deste polo se encontra não apenas no fato de ele atender à população do próprio município, mas também de municípios vizinhos – é um dos polos Cederj que possui alunos residentes em municípios mais distantes, junto com Angra dos Reis, Itaguaí, Piraí, Saquarema e Petrópolis. O polo de Bom Jesus, inclusive, possui 57,62% dos alunos residindo fora do Estado do Rio de Janeiro, e é o que mais atende alunos de outros estados, no caso o Espírito Santo (CASSIANO et al., 2016). De forma geral, o percentual de alunos dos cursos Cederj que moram em um estado diferente do polo ao qual estão vinculados ultrapassa os 50%.

A oferta dos cursos do Cederj é resultado de um trabalho colaborativo entre a Fundação CECIERJ, as universidades consorciadas, as prefeituras e o Estado do Rio de Janeiro. O Estado do Rio de Janeiro contribui com o espaço físico do Polo (no caso de Bom Jesus, uma escola estadual), e a prefeitura com os serviços de manutenção. As universidades e a Fundação CECIERJ oferecem todo o apoio pedagógico e logístico dos cursos, contratação de mediadores pedagógicos (anteriormente chamados tutores), formação dos mediadores, avaliação e diplomação dos estudantes. Desta forma, por meio do esforço de diferentes órgãos, a EaD Cederj tem conseguido democratizar o acesso ao ensino superior no interior do Estado do Rio de Janeiro.

METODOLOGIA

Para a coleta de dados, foram utilizados dois formulários (Formulário do ingressante (Apêndice I, com as seguintes perguntas: 1) Idade; 2) Sexo: 3) Definição Étnica-Racial: 4) Ano/período de ingresso: 5) Possui outra graduação concluída? Qual?; 6) Qual(is) o(s) motivo(s) que o levaram a escolher um curso a distância (EAD)?; 7) Na questão anterior, se você respondeu “outros”, especifique quais.; 9) Na questão anterior, se você respondeu “outros”, especifique quais.; 10) Você trabalha (desconsiderar o serviço do lar)?; 11) Se você respondeu “sim” na questão anterior, indique quantas horas você trabalha(va) por dia.; 12) Onde você trabalha/ou trabalhou?; 13) Estado civil:; 14) Com quem você mora?; 15) Qual a renda mensal da sua família?; 16) Em sua casa há microcomputadores? Quantos?; 17) Você têm acesso à internet em casa?; 18) Em qual ano você concluiu o ensino médio?; 19) Em que escola você concluiu o ensino médio?; 20) Como você entrou no curso de Ciências Biológicas CEDERJ?; 21) Você participou de cursinho preparatório para prestar vestibular/ENEM?; 22) Quantas vezes você prestou vestibular para o presente curso de Biologia?; 23) Já prestou vestibular pra outro curso? Qual?; 24) Pretende concluir o curso?) e Formulário do egresso (Apêndice II, com as seguintes perguntas: 1) Email; 2) Idade; 3) Sexo; 4) Estado civil; 5) Formação Pós-graduação; 6) Idiomas que domina (leitura, fala, e escrita), além do português:; 7) Se você respondeu “outro” na questão anterior, especifique o idioma.; 8) Qual faixa salarial está mais próxima de seus rendimentos; 9) Quanta a remuneração obtida com a profissão, você considera que esta é:; 10) Você trabalha na área de formação obtida com o curso de Ciências Biológicas?; 11) Qual a sua atual profissão?; 12) Qual a natureza da organização que trabalha atualmente:; 13) De qual forma foi admitido na organização que trabalha atualmente:; 14) Como considera a formação obtida pelo CEDERJ?; 15) Quanto à contribuição do curso de Ciências Biológicas do CEDERJ para desenvolvimento das habilidades utilizadas na sua atuação no mercado de trabalho, você considera o curso de Ciências Biológicas da CEDERJ:; 16) Em que ano você iniciou o curso?; 17) Em que ano você concluiu o curso?; 18) Você fez outro curso de graduação além do Ciências Biológicas CEDERJ?; 19) Se você respondeu “sim” à questão anterior, qual o outro curso que fez?; 20) Você faria outro curso do CEDERJ?). Os formulários foram enviados por e-mail, a alunos e ex-alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas Cederj, do Polo de Bom Jesus, localizado no município de Bom Jesus do Itabapoana, estado do Rio de Janeiro. Os formulários foram respondidos de forma anônima. Nem todos os formulários enviados foram respondidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando a Figura 7 podemos observar a comparação de idade entre os ingressantes e os egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Polo Cederj Bom Jesus que participaram da presente pesquisa:

Figura 7: Gráfico representativo das diferentes faixas etárias dos ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

É fácil concluir que a maioria dos ingressantes do curso são jovens recém-formados no Ensino Médio, com idades entre 18 e 22 anos. Observamos, também, uma quantidade expressiva de ingressantes um pouco mais velhos, com idades entre 22 e 30 anos. A maioria dos egressos, por outro lado, está na faixa etária de 22 a 30 anos. Brito, Gordia e Quadros (2016) investigaram o estilo de vida de estudantes da graduação do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e concluíram que a idade média era de 21,4 anos (BRITO; GORDIA; QUADROS, 2016). Os ingressantes do curso por nós pesquisado, portanto, estão dentro da média de idade de outros estudantes universitários em início de curso.

Observando a Figura 8, percebemos que a maioria dos ingressantes, assim como a maioria dos egressos, é composta por indivíduos do sexo feminino:

Figura 8: Gráficos representativos do sexo dos ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Um resultado parecido foi obtido na pesquisa de Brito, Gordia e Quadros (2016), que revelaram que a maioria dos estudantes do curso por eles pesquisado era do sexo feminino (BRITO; GORDIA; QUADROS, 2016). Isso também é perfeitamente condizente com a pesquisa do INEP (2018), a qual mostrou que mulheres são maioria na Educação Superior Brasileira.

Quanto ao estado civil de ingressantes e egressos, podemos observar na Figura 9 que a maioria dos ingressantes, assim como dos egressos, é solteira.

Figura 9: Gráfico representativo do estado civil dos ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

De forma geral, os brasileiros estão casando mais tarde, como aponta a pesquisa de Zordan, Falcke e Wagner (2009), e isso também parece se refletir entre os participantes da pesquisa presente pesquisa (ZORDAN; FALCKE; WAGNER, 2009). Considerando que a maioria dos pesquisados é de jovens adultos de menos de 30 anos e que os jovens tem se casado cada vez mais tarde, é perfeitamente compreensível que a maioria dos indivíduos participantes da pesquisa seja solteira.

Quanto à formação em nível de pós-graduação, percebemos que a maioria dos egressos possui especialização (latu sensu) (Figura 10).

Figura 10: Gráfico representativo da formação em nível de pós-graduação dos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Percebemos, também, que parcelas significativamente iguais de 17% são mestrandos, mestres ou doutorandos. Esse dado nos permite inferir o potencial da EaD em formar quadros com potencial para o prosseguimento dos estudos, dando mais significado a essa modalidade de ensino. Segundo Moritz, Moritz e Melo (2011), em 2010, aproximadamente 38% dos cursos de pós-graduação strictu sensu eram de mestrado (MORITZ; MORITZ; MELO, 2011). A região sudeste, inclusive, possui o maior número de cursos (53,4%) e a maior proporção de cursos de excelência (78%). Não é de se espantar, portanto, a quantidade considerável de mestres e doutorandos entre os pesquisados, levando em consideração que pertencem à região Sudeste.

Na Figura 11 observamos os idiomas dominados pelos participantes da pesquisa e percebemos que, além da Língua Portuguesa, a maioria não domina nenhum outro. O inglês é o idioma dominado por 33% dos participantes da pesquisa.

Figura 11: Gráfico representativo dos idiomas dominados pelos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Na Figura 12, podemos observar a renda mensal de ingressantes e egressos do curso. A maioria dos ingressantes ganha entre 1 e 3 salários mínimos (entre R$ 1000,00 e R$ 3000,00). Entre os egressos, a maioria está localizada em duas faixas salariais: até R$ 1000,00 e entre R$ 1.000,00 e R$ 2.500,00. Por meio destes dados, não percebemos grandes diferenças salariais entre os ingressantes e os egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Isso é perfeitamente condizente, por exemplo, com os ganhos de professores em início de carreira. Em nosso país existe uma antiga e exaustivamente discutida questão salarial do profissional da educação, a qual não corresponde aos ganhos de outros profissionais com a mesma formação (o professor ganha cerca de 39% a menos do que outros profissionais com a mesma formação). Pior do que isso, o salário do professor se desvalorizou com o passar do tempo, tendo aumentos pouco expressivos e que não acompanham a inflação (FERNANDES; GOUVEIA; BENINI, 2012). Esse quadro de estagnação salarial ajuda a explicar o abandono da carreira do magistério, e o desinteresse do jovem em cursar licenciaturas de forma geral.

Figura 12: Gráficos representativos da renda mensal dos ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Quanto às expectativas em relação à renda obtida após a conclusão do curso, a maioria dos egressos (50%) afirma receber salários acima de suas expectativas (Figura 13). A segunda maior parcela (34%), afirma possuir um rendimento abaixo de suas expectativas. Aqui, cabe questionar se os estudantes já não tinham a percepção de desvalorização da profissão docente, talvez, já imaginando que não receberiam altos salários se permanecessem na área.

Figura 13: Gráfico representativo das expectativas em relação à renda obtida com a conclusão da graduação pelos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

A questão salarial do professor é pauta antiga da educação. De acordo com Fernandes e colaboradores (2018), que analisaram a remuneração de professores da educação básica nos setores público e privado no município de Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2006 a 2014, a remuneração do serviço público sofreu um aumento progressivo, porém, de 2013 a 2014, a remuneração das entidades empresariais sofreu um decréscimo (FERNANDES et al., 2018).

Em relação à atuação profissional dos egressos, observamos que grande parte trabalha fora de suas áreas de formação (Figura 14) (a maioria em cargos administrativos). Apenas 4 dos participantes trabalham como professores. Uma grande parcela dos entrevistados são empresários, ou seja, possuem empreendimento próprio.

Figura 14: Gráfico representativo da atuação profissional dos ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

De uma forma mais contundente, podemos observar na Figura 15 que apenas 17% dos participantes da pesquisa trabalham na área de formação do curso, ou seja, como professores de Ciências Biológicas. Na verdade, muitas áreas possuem profissionais formados que não desejam trabalhar em sala de aula, devido às péssimas condições de trabalho. O professor, inclusive, tem em si o discurso de que sempre foi difícil ensinar, mas agora, devido às diversas (e, por vezes, incabíveis) novas exigências da profissão, ficou ainda mais difícil (LEITE et al., 2018). Isso, em parte, explica a falta de profissionais interessados em lecionar, principalmente em escolas públicas, onde os baixos salários, excesso de alunos por turma e casos de indisciplina e violência afastam os profissionais.

Figura 15: Gráfico representativo da atuação profissional dos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa na área de formação.

Fonte: Pesquisa de campo.

Em relação à natureza da organização onde os egressos trabalham percebemos pela Figura 16 que a maioria se encontra em órgãos públicos, e a segunda maior parcela em empresas privadas (esta parcela provavelmente composta pelos empreendedores). A busca pelo setor privado não é meramente casual, mas parece estar associada a maior flexibilidade. Segundo Vaz e Hoffman (2007), existe um hiato entre os rendimentos do trabalhador do setor público e o do setor privado (VAZ; HOFFMANN, 2007), e o setor público foi responsável pelo maior rendimento dos seus funcionários. O setor público é considerado, inclusive, mais estável do que o privado. Ao mesmo tempo, o setor privado oferece ao profissional maior possibilidade de progressão no cargo, além, é claro, de maior flexibilidade.

Figura 16: Gráfico representativo da natureza da organização onde trabalham os egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Quando questionados sobre a formação oferecida pelo Cederj, todos os egressos consideraram excelentes (Figura 17). Como se trata de um curso oferecido por uma universidade pública, a qualidade é um dos pré-requisitos, mantida pelo rigor das avaliações presenciais, que possuem maior peso do que as avaliações a distância.

Figura 17: Gráfico representativo da natureza da organização onde trabalham os egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

A expansão da EaD no Brasil se deu, principalmente, devido aos avanços do setor privado (ALONSO, 2010), sendo a educação superior brasileira uma das mais privadas do mundo. Isso implica na implementação de mecanismos de controle de qualidade por parte das agências reguladoras, de forma a não prejudicar a formação dos estudantes em cursos sem o padrão mínimo de funcionamento.

Quando questionados sobre a contribuição do curso para suas atuações profissionais, todos os egressos responderam que o curso contribuiu, pois está adequado à realidade do mercado de trabalho (Figura 18).

Figura 18: Gráfico representativo da contribuição do curso para a atuação profissional dos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Observando a Figura 19, percebemos que a maioria dos participantes ingressou no curso no ano de 2018, ou seja, têm menos de 2 anos de curso. A maioria dos egressos é de 2007, ou seja, iniciaram seus cursos há mais de 12 anos. Entendemos que uma década de distância pode significar uma diferença considerável na mensuração dos dados, contribuindo para as diferenças observadas. Porém, é passível de comparação entre ingressantes e egressos.

Figura 19: Gráfico representativo do ano de início do curso de ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Observando a Figura 20, percebemos que a maioria dos egressos concluiu o curso em 2011, ou seja, há 4 anos. Considerando que o curso tem duração de cinco anos, percebe-se que nem todos terminaram o curso no tempo adequado.

Figura 20: Gráfico representativo do ano de conclusão do curso dos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Na Figura 21, podemos observar que uma pequena parcela dos egressos e dos ingressantes possui uma segunda graduação. A maioria, porém, está iniciando ou concluiu o primeiro curso superior.

Figura 21: Gráfico representativo da segunda graduação dos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Chiocca, Favretto e Favretto (2016), investigaram os fatores que levaram alunos da UnB a procurarem uma segunda graduação. De forma geral, os indivíduos que procuravam uma segunda graduação estavam insatisfeitos com a primeira ou buscavam aprimoramento profissional (CHIOCCA; FAVRETTO; FAVRETTO, 2016). A maioria deles, inclusive, não atuava na área da primeira graduação, ou seja, buscavam uma segunda para inserção na área na qual desejavam trabalhar.

Por meio da análise da Figura 22, percebemos que a maioria dos participantes da pesquisa não faria uma segunda graduação pelo Consórcio Cederj. Apesar de não ter sido perguntando o porquê, conclui-se que ou os estudantes estão satisfeitos com a formação conquistada ou não se sentem motivados para um segundo curso EaD.

Figura 22: Gráfico representativo da segunda graduação dos egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Quando questionados sobre o motivo da escolha de um curso EaD, a maioria dos participantes (50%) afirma ser devido à qualidade do curso oferecido (Figura 23).

Figura 23: Gráfico representativo do motivo da escolha da modalidade EaD pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Uma parcela significativa (25%) afirma que o motivo da escolha foi o desejo de conhecer a metodologia EaD, e 13% afirmam gostar de estudar em casa. A menor parcela dos participantes afirma ter optado pela EaD por não ter tempo para frequentar aulas presenciais (12%). Ferreira e Rodrigues (2015), investigando estudantes de cursos EaD da Universidade de Uberaba (Uniube) concluíram que, dentre os motivos de escolha desta metodologia de ensino, em ordem de importância, estão: falta de curso onde residem; flexibilidade de horários e falta de tempo para frequentar um curso presencial (FERREIRA; RODRIGUES, 2015).

Em relação à ocupação dos ingressantes, a maioria (62%) trabalha (Figura 24).

Figura 24: Gráfico representativo da ocupação profissional dos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Na Figura 25 observamos o total de horas trabalhadas pelos ingressantes (descontado o trabalho do lar). Percebemos que a maioria (62%) trabalha cerca de 4 horas por dia. A menor parcela (13%) trabalha mais de 8 horas por dia.

Figura 25: Gráfico representativo das horas trabalhadas diariamente pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Na Figura 26, observamos que a maioria dos ingressantes (62%) mora com os pais. A segunda parcela mais representativa (25%) mora com o cônjuge. De acordo com Goldani (1993), apesar de o tamanho da família ter diminuído com o passar do tempo, aumentou a quantidade de trabalhadores, especialmente as mulheres (GOLDANI, 1993).

Figura 26: Gráfico representativo dos indivíduos que ocupam a mesma residência dos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

A maioria dos participantes da pesquisa (50%) possui um computador em casa. Uma parcela considerável (25%) declarou não possuir computador em casa.

Figura 27: Gráfico representativo do total de microcomputadores presentes na residência dos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Todos os participantes possuem acesso à internet (Figura 28). De acordo com Olinto (2007), em 2007, apenas 12,7% das pessoas com até 7 anos de instrução tinham acesso à Internet, ao passo que mais de 70% daquelas que tinham mais de 15 anos de estudos (compreendendo, portanto, os universitários) tinham acesso garantido à internet (OLINTO, 2007).

Figura 28: Gráfico representativo do acesso à internet pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Percebemos, portanto, pelo menos inicialmente, uma espécie de elitização da internet no Brasil, onde somente aqueles com acesso aos mais altos níveis escolares tinham acesso à internet.

A maioria dos ingressantes (38%) concluiu o Ensino Médio em 2015. A segunda maior parcela (25%) concluiu em 2017. Apenas 12% dos alunos terminaram o Ensino Médio em 2010.

Figura 29: Gráfico representativo do ano de conclusão do Ensino Médio pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Todos os ingressantes participantes da pesquisa estudaram em escola pública (Figura 30). Alvarenga e colaboradores (2012) (ALVARENGA et al., 2012) afirmam que os estudantes oriundos de escolas públicas têm mais dificuldade em acessar e permanecer no Ensino Superior, o que exige deles ainda mais esforço do que aqueles provenientes da rede particular de ensino. Assim, são necessárias políticas públicas em prol da permanência destes estudantes, como forma de garantir verdadeiramente a democratização do ensino superior.

Figura 30: Gráfico representativo do tipo de estabelecimento frequentado durante o Ensino Médio pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Observando a Figura 31, verificamos que a maioria dos participantes da pesquisa (87%) ingressou no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas CEDERJ por meio do vestibular próprio.

Figura 31: Gráfico representativo da forma de ingresso na graduação pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

A maioria dos ingressantes não realizou curso preparatório antes de conseguir aprovação para o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas CEDERJ (Figura 32).

Figura 32: Gráfico representativo da realização de curso preparatório pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

Todos os participantes da pesquisa afirmam ter realizado o vestibular apenas uma vez. Além disso, todos afirmam ter intenção de concluir o curso.

Figura 33: Gráfico representativo da realização de curso preparatório pelos ingressantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cederj participantes da pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente à grande expansão da EaD observada nos últimos anos, é imprescindível realizar pesquisas a fim de melhor compreender diferentes aspectos deste segmento educacional, especialmente no que se refere a seu público. Com o presente estudo, buscamos conhecer os perfis de ingressantes e egressos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Consórcio CEDERJ, Polo de Bom Jesus do Itabapoana.

Constatamos, por meio desta pesquisa, que a maioria dos ingressantes é de jovens e adultos, com idades entre 18 e 22 anos, enquanto a maioria dos egressos tem entre 22 e 30 anos. A maioria dos participantes da pesquisa, tanto egressos quanto ingressantes, é do sexo feminino, solteira e não domina outro idioma além da Língua Portuguesa. A maioria dos egressos possui apenas especialização latu sensu, porém, parcelas significativas possuem mestrado e/ou são doutorandos e afirmam possuir renda acima das expectativas. A maioria dos egressos atua fora de sua área de formação, e apenas quatro são professores. Todos os egressos consideraram a formação oferecida pelo Cederj excelente, e que o curso contribuiu para suas atuações profissionais. Uma pequena parcela de ingressantes e egressos possui outra graduação concluída. A maioria dos ingressantes afirma ter escolhido o curso EaD por acreditar na qualidade do mesmo; trabalha cerca de quatro horas por dia; mora com os pais e possui computador em casa. Todos os participantes possuem acesso à internet. Todos os ingressantes estudaram em escola pública, e a maioria ingressou no curso por meio do vestibular próprio, sem ter realizado curso preparatório antes. Por fim, todos os ingressantes afirmam ter intenção de concluir o curso.

Não pretendemos esgotar o tema com esta pesquisa, mas possibilitar novas abordagens do mesmo, acreditando, desta forma, contribuir para um melhor entendimento do papel da EaD no cenário educacional brasileiro.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, v. 29, n. 2, p. 327–340, 2003.

ALONSO, K. M. A EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E A EaD: DINÂMICAS E LUGARES. Educ. Soc. Campinas, v. 31, n. 113, p. 1319–1335, 2010.

ALVARENGA, C. F. et al. DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR PARA ESTUDANTES DE ESCOLA PÚBLICA : UM ESTUDO NA UFLA THE HIGHER EDUCATION CHALLENGES FOR STUDENTS OF PUBLIC SCHOOL : A STUDY IN THE UFLA Carolina Faria Alvarenga Introdução O papel das Instituições de Ensino Superior ( IES ),. RPCA, v. 6, n. 1, p. 55–71, 2012.

ARRUDA, E. P.; ARRUDA, D. E. P. Educação À Distância No Brasil: Políticas Públicas E Democratização Do Acesso Ao Ensino Superior. Educação em Revista, v. 31, n. 3, p. 321–338, 2015.

BELLONI, M. L. Ensaio sobre a educação a distância no Brasil. Educação & Sociedade, v. 23, n. 78, p. 117–142, 2005.

BERBAT, M. DA C. Pró-Licenciatura e a Experiência de Formação de Professores para a Educação Básica. [s.l: s.n.].

BIELSCHOWSKY, C. E. Consórcio Cederj: A História da Construção do Projeto. EaD em FOCO, v. 7, n. 2, p. 8–27, 2017.

BORGES, F. A. F. A EaD no Brasil e o Processo de Democratização do Acesso ao Ensino Superior: Diálogos Possíveis. EAD em FOCO, v. 5, n. 3, 2015.

BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA REFERENCIAIS DE QUALIDADE PARA EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA Brasília , agosto de 2007. Ministério da Educação – Secretaria de Educação a Distância, p. 1–31, 2007.

BRASIL. Censo da Educação Superior 2017. Disponível em: <http://inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior>.

BRITO, B. J. Q.; GORDIA, A. P.; QUADROS, T. M. B. Estilo de vida de estudantes universitários: Estudo de acompanhamento durante os dois primeiros anos do curso de graduação. Medicina (Brazil), v. 49, n. 4, p. 293–302, 2016.

CAPELETTI, A. M. Ensino a Distância: Desafios Encontrados por Alunos do Ensino Superior Aldenice. Revista Eletrônica Saberes da Educação, v. 5, n. 1, p. 1–10, 2014.

CASSIANO, K. M. et al. Distribuição espacial dos polos regionais do Cederj: uma análise estatística. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 24, n. 90, p. 82–108, 2016.

CHIOCCA, B.; FAVRETTO, L. H.; FAVRETTO, J. Escolha profissional: fatores que levam a cursar uma segunda graduação. Revista de Carreiras e Pessoas (ReCaPe). ISSN 2237-1427, v. 6, n. 1, p. 20–34, 2016.

DURAN, D. Educação a Distância No Exército Brasileiro : O Desafio da Qualidade na Educação Militar. 2016.

FERNANDES, M. D. E. et al. Remuneração de professores de educação básica nos setores público e privado na esfera municipal. Educação e Pesquisa, v. 44, n. 0, p. 1–16, 2018.

FERNANDES, M. D. E.; GOUVEIA, A. B.; BENINI, É. G. Remuneração de professores no Brasil: um olhar a partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Educação e Pesquisa, v. 38, n. 2, p. 339–356, 2012.

FERREIRA, C. B.; RODRIGUES, A. Educação a Distância (EAD): aspectos do curso e motivos de escolha por esta modalidade de ensino. VIII Encontro de Pesquisa em Educação e III Congresso Internacional Trabalho Docente e Processos Educativos2. Anais…2015Disponível em: <http://www.uniube.br/eventos/epeduc/2015/completos/41.pdf>

FREITAS, K. S. DE; MAGALHÃES, L. K. C. DE. Educação a Distância: Educação aqui, ali e acolá – ontem, hoje e amanhã. Gerir, v. 7, n. 20, p. 11–54, 2001.

GOLDANI, A. M. As famílias no Brasil contemporaneo e o mito da desestruturação. Cadernos Pagu, v. 0, n. 1, p. 68–110, 1993.

IBGE. Censo da educação superior 2010: divulgação dos principais resultados da educação Superior 2010. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/>.

LEAL, L. N. Só 11,3% da população adulta têm faculdade, diz IBGE. Exame, p. 10–11, 2012.

LEITE, E. A. P. et al. Alguns Desafios E Demandas Da Formação Inicial De Professores Na Contemporaneidade. Educação & Sociedade, v. 39, n. 144, p. 721–737, 2018.

MORITZ, G. DE O.; MORITZ, M. O.; MELO, P. A. DE. A Pós-Graduação brasileira: evolução e principais desafios no ambiente de cenários prospectivos. XI Colóquio Internacional Sobre Gestão Universitária na América do Sul, 2011.

NUNES, B. Noções De Educação a. p. 1–27, 1994.

OLINTO, G. Desigualdades de acesso à internet no brasil. XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA 29 de maio a 1o de junho de 2007. Anais…2007

RIBEIRO, C. F.; HIRANO, F. W. M. P. Educação À Distância. Rca – Revista Científica Da Ajes, v. 2, n. 5, 2015.

SANTOS, A. P.; CERQUEIRA, E. A. ENSINO SUPERIOR : trajetória histórica e políticas recentes. IX Coloquio Internacional sobre Gestão Universitária na América do Sul, p. 1–17, 2009.

SANTOS, L. C.; MENEGASSI, C. H. M. A HISTÓRIA E A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM ESTUDO DE CASO DA UNICESUMAR. Gual, v. 11, n. 1, p. 208–228, 2018.

SEGENREICH, S. C. D. Desafios da educação à distância ao sistema de educação superior: novas reflexões sobre o papel da avaliação. Educar, n. 28, p. 161–177, 2006.

VAZ, D. V.; HOFFMANN, R. Remuneração nos serviços no Brasil: o contraste entre funcionários públicos e privados. Economia e Sociedade, v. 16, n. 2, p. 199–232, 2007.

ZORDAN, E. P.; FALCKE, D.; WAGNER, A. Casar ou não casar? Motivos e expectativas com relação ao casamento. Psicologia em Revista, v. 15, n. 2, p. 56–76, 2009.

APÊNDICES

Apêndice I:

Questionário de ingressantes do curso de Ciências Biológicas EAD CEDERJ

1) Idade 2) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

3) Definição Étnica-Racial:

( ) Negro ( ) Branco ( ) Pardo ( ) Indígena ( ) Não informar

4) Ano/período de ingresso:

( ) 2017/01 ( ) 2017/02 ( ) 2018/01 ( ) 2018/02 ( ) 2019/01

5) Possui outra graduação concluída? Qual?

6) Qual(is) o(s) motivo(s) que o levaram a escolher um curso a distância (EAD)?

( ) porque cursos a distância são mais fáceis

( ) porque não tenho tempo para frequentar aulas presenciais

( ) porque acredito na qualidade do curso oferecido

( ) porque gosto de estudar em casa

( ) porque queria conhecer a metodologia da EAD

7) Na questão anterior, se você respondeu “outros”, especifique quais.

8) Qual(is) o(s) motivo(s) que o levaram a escolher o curso de biologia?

( ) facilidade de ingresso no curso

( ) quero ser professor (a) de biologia

( ) para obter um diploma de curso superior

( ) sugestão de familiares e amigos

9) Na questão anterior, se você respondeu “outros”, especifique quais.

10) Você trabalha (desconsiderar o serviço do lar)?

( ) sim ( ) não

11) Se você respondeu “sim” na questão anterior, indique quantas horas você trabalha (va) por dia.

( ) 4 horas ( ) 6 horas ( ) 8 horas ( ) mais de 8 horas

12) Onde você trabalha/ou trabalhou?

13) Estado civil:

( ) solteiro (a) ( ) casado(a) ( ) divorciado(a) ( ) outros

14) Com quem você mora?

( ) pais ( ) com cônjuge ( ) sozinho(a) ( ) parente ( ) amigo (a) ( ) outros

15) Qual a renda mensal da sua família?

( ) 1 a 3 salários mínimos

( ) 4 a 6 salários mínimos

( ) 7 a 9 salários mínimos

( ) mais de 10 salários mínimos sozinho

16) Em sua casa há microcomputadores? Quantos?

17) Você têm acesso à internet em casa? ( ) sim ( ) não

18) Em qual ano você concluiu o ensino médio?

19) Em que escola você concluiu o ensino médio?

( ) particular sem bolsa

( ) particular com bolsa

( ) pública

20) Como você entrou no curso de Ciências Biológicas CEDERJ?

( ) vestibular ( ) ENEM ( ) transferência

21) Você participou de cursinho preparatório para prestar vestibular/ENEM?

( ) sim ( ) não

22) Quantas vezes você prestou vestibular para o presente curso de Biologia?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais

23) Já prestou vestibular pra outro curso? Qual?

24) Pretende concluir o curso?

( ) sim ( ) não ( ) não sei

25) Deseja trabalhar como professor?

( ) sim ( ) não ( ) não sei

Apêndice II:

Perfil de egressos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas CEDERJ

1) Email 2) Idade

3) Sexo ( ) masculino ( ) feminino

4) Estado civil

( ) solteiro ( ) casado ( ) divorciado ( ) outro

5) Formação Pós-graduação

( ) Nenhuma ( ) Especialização ( ) Mestrando ( ) Mestrado

( ) Doutorando ( ) Doutorado

6) Idiomas que domina (leitura, fala, e escrita), além do português:

( ) Nenhum ( ) inglês ( ) espanhol ( ) francês ( ) alemão

7) Se você respondeu “outro” na questão anterior, especifique o idioma.

8) Qual faixa salarial está mais próxima de seus rendimentos

( ) Até R$ 1000,00

( ) De R$ 1.000,00 6 R$ 2.500,00

( ) De R$ 2.500,00 à R$ 5.000,00

( ) De R$ 5.000,00 à R$ 10.000,00

( ) Acima de 10.000,00

9) Quanta a remuneração obtida com a profissão, você considera que esta é:

( ) Abaixo de suas expectativas

( ) Dentro de suas expectativas

( ) Acima de suas expectativas

10) Você trabalha na área de formação obtida com o curso de Ciências Biológicas?

( ) Não ( ) Sim

11) Qual a sua atual profissão?

12) Qual a natureza da organização que trabalha atualmente:

( ) Atualmente estou desempregado

( ) Empresa privada:

( ) Empresa pública ou pública de economia mista

( ) Empresas do terceiro setor (sem fins lucrativos)

13) De qual forma foi admitido na organização que trabalha atualmente:

( ) concurso

( ) seleção (análise de currículo, entrevista)

( ) convite (parentesco, amizade, indicação)

( ) estagio

( ) Sou proprietário ou sócio proprietário

14) Como considera a formação obtida pelo CEDERJ?

( ) Excelente ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima

15) Quanta à contribuição do curso de Ciências Biológicas do CEDERJ para desenvolvimento das habilidades utilizadas na sua atuação no mercado de trabalho, você considera o curso de Ciências Biológicas da CEDERJ:

( ) contribuiu, pois está adequado à realidade do mercado de trabalho

( ) contribuiu pouco, pois esta pouco adequado a realidade do mercado de trabalho

( ) não contribuiu, pois não corresponde à realidade encontrada no mercado de trabalho

16) Em que ano você iniciou o curso?

17) Em que ano você concluiu o curso?

18) Você fez outro curso de graduação além do Ciências Biológicas CEDERJ?

( ) sim ( ) não

19) Se você respondeu “sim” à questão anterior, qual o outro curso que fez?

20) Você faria outro curso do CEDERJ?

( ) sim ( ) não

[1] Estudante de Graduação. Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Centro de Biociências e Biotecnologia.

[2] Estudante de Graduação. Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Centro de Biociências e Biotecnologia.

[3] Estudante de Graduação. Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Centro de Biociências e Biotecnologia.

[4] Biólogo. Mestre em Biociências e Biotecnologia. Doutorando em Biotecnologia Vegetal da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Centro de Biociências e Biotecnologia. Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP).

Enviado: Junho, 2019.

Aprovado: Novembro, 2019.

5/5 - (2 votes)
Leandro de Oliveira Silva

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita