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Síndrome de Burnout em profissionais de uma unidade básica de saúde de Macapá-AP

RC: 20177
379
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/biologia/sindrome

CONTEÚDO

MOURA, Allan Anderson Pereira [1], PINHEIRO, Felipe Ferreira [2], PINGARILHO, João Gonçalves [3], DIAS, Claudio Alberto Gellis de Mattos [4], OLIVEIRA, Euzébio [5], DENDASCK, Carla Viana [6], ARAÚJO, Maria Helena Mendonça de [7], FECURY, Amanda Alves [8]

MOURA, Allan Anderson Pereira. Et al. Síndrome de Burnout em profissionais de uma unidade básica de saúde de Macapá-AP. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 09, Vol. 04, pp. 05-21, Setembro de 2018. ISSN:2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/biologia/sindrome, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/biologia/sindrome

RESUMO

A Síndrome de Burnout (SB) é uma importante patologia na área da Saúde do Trabalhador (ST), marcada por uma resposta psicossocial inerente ao estresse laboral crônico. Na conjuntura da Atenção Primária em Saúde (APS), a integralidade da atenção pressupõe a reciprocidade entre intervenções técnicas e interação da equipe, exigindo grandes transformações na atenção básica, envolvendo negociações entre os sentidos e os valores das categorias, instituição e população. As implicações conceituais e práticas desse processo, em situações onde as limitações são pontualmente significativas, podem levar a fatores centrais para surgimento de Burnout. Este trabalho tem por objetivo quantificar os casos com características de SB em profissionais de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) Policlínica da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) de Macapá-AP. Foi realizado um estudo epidemiológico por meio de instrumento contendo um questionário sociodemográfico e o Maslach Burnout Inventory (MBI), utilizado para a identificação de características da referida síndrome, em uma UBS de Macapá; respeitando as normas éticas. Como resultado observou-se que 74,60% (47/63) dos profissionais que atuavam na UBS avaliada participaram da pesquisa. A idade média foi de 40,39 anos, maioria técnicos de enfermagem, mulheres, casadas, sem filhos, naturais de Macapá, não fumantes, de formação pública, não participou de financiamento estudantil durante sua formação profissional, em vínculo com a UBS, com um vínculo empregatício e até 05 anos de serviço na APS. 70,21% (33/47) apresentam alto risco para Burnout; destacando-se que ela foi maior entre os profissionais assistentes sociais, auxiliares de enfermagem, datilógrafos, nutricionistas, técnicos de farmácia e técnicos de laboratório, e menor nos profissionais médicos. O quantitativo de casos de SB foi semelhante aos encontrados na literatura internacional, contudo foi discretamente maior do que o esperado em estudos nacionais. Esses resultados implicam um processo de adoecimento dos profissionais da APS de Macapá/AP, sugerindo a necessidade de implementação de políticas preventivas direcionadas à conjuntura desses profissionais

Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Unidade Básica de Saúde, Macapá

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Burnout (SB) é uma importante patologia na área da Saúde do Trabalhador (ST), marcada por uma resposta psicossocial inerente ao estresse laboral crônico, em decorrência de uma má adaptação do indivíduo a um trabalho prolongado, com repercussões negativas tanto na esfera individual quanto na profissional, familiar e social (FABICHAK, SILVA‑JUNIOR, MORRONE, 2014). É uma patologia psicossocial relacionada à conjuntura ocupacional, acometendo principalmente profissionais que mantêm suas atividades de forma direta e emocional com o público. É resultado de experiências subjetivas negativas, afetando de forma biopsicossocial os campos afetivo, cognitivo, físico, comportamental e motivacional e as atitudes com relação ao trabalho, tanto na esfera individual quanto na familiar e social (HOELZ, CAMPELLO, 2015).

Caracteriza-se por acometer trabalhadores que sofreram “esgotamento profissional”, estando relacionada à exposição contínua a estressores emocionais e interpessoais ocupacionais. Sua clínica manifesta-se classicamente em três problemas principais: a Exaustão Emocional (EE), que é manifesta como uma falta ou carência de energia, entusiasmo e um sentimento de esgotamento de recursos; a Despersonalização (DE), que se caracteriza por tratar os clientes, colegas e a organização como objetos; e reduzida Realização (RE) no trabalho, tendência do trabalhador a se auto-avaliar de forma negativa (HYEDA, HANDAR, 2011).

Para realização de seu diagnóstico, é necessária análise multifatorial utilizando uma ou mais das quatro principais concepções teóricas baseadas na sua possível etiologia: clínica, psicossocial, organizacional, sócio histórica. Com base na concepção psicossocial, a mais utilizada atualmente, o stress promove a base para o aparecimento dos sinais individuais acompanhados aos do ambiente e às do trabalho, o que favorece o aparecimento dos fatores plurais da síndrome: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DE) e Realização Profissional (RP) (TRIGO, TENG, HALLAK, 2007).

É possível separar os sintomas da SB em quatro categorias, ou indicadores. Os emocionais: uso de mecanismos de distanciamento emocional, solidão, alienação, ansiedade, impotência ou omnipotência; os atitudinais: atitudes negativas, cinismo, apatia e hostilidade; os comportamentais: agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor e irritabilidade e os somáticos: alterações cardiovasculares (palpitações, hipertensão), respiratórias (crises de asma, dispneia), imunológicas (infecções em maior frequência, alergias), sexuais (diminuição da libido), digestivas (úlceras, náuseas, diarreias), musculares (lombalgias, astenia), relacionadas ao sistema nervoso e psíquicas (enxaquecas, insônia) (COSTA et al., 2009).

Existem, ainda, instrumentos que têm sido utilizados com a finalidade de se obter de forma simplificada o diagnóstico de SB. No Brasil, destaca-se o Maslach Burnout Inventory (MBI), um questionário difundido mundialmente para a avaliação de SB em termos das três dimensões que, segundo a perspectiva psicossocial, compõem a síndrome. Esse questionário é composto por 22 itens, onde o sujeito avaliado, responde itens com uma frequência de 06 graus, isto é, frente a cada um dos itens, indica-se o grau de intensidade ou frequência, variando de (7) totalmente em acordo a (1) totalmente em desacordo (FRANÇA et al., 2014).

Ainda é baixa a quantidade de estudos no meio acadêmico que utilizam questionário validado para avaliar a prevalência de Síndrome de Burnout (SB) em profissionais de saúde da Atenção Primária em Saúde (APS) (FRANÇA, 2010). Contudo, é sabido que as peculiaridades na personalidade de cada indivíduo podem facilitar ou dificultar adaptação às exigências das tarefas, bem como à percepção do stress a estar associado, assim como o diagnóstico e o tratamento efetivos a doença. Além disso, a vulnerabilidade destes profissionais em situações de stress centra-se na ineficiente proteção pessoal, pois negam permanentemente as suas fragilidades pessoais e riscos externos, na demanda do sublime (COSTA et al., 2009).

Os profissionais de Unidade Básica de Saúde (UBS) geralmente têm uma carga horária extensa, com atividades teóricas e práticas, em variados cenários de atuação, além de stress relacionadas a própria conjuntura do ambiente de trabalho, tal como riscos potenciais a saúde do trabalhador, sobrecarga de trabalho, insalubridade no ambiente de trabalho, introdução de novas tecnologias, natureza e conteúdo do trabalho (LOPES E PÊGO, PÊGO, 2016). Tal excesso de atividades muitas vezes não permite que estes profissionais tenham tempo para cuidar da sua saúde, relacionar-se com família e amigos ou desenvolver outros interesses; em detrimento da sua saúde e a favor do estresse, trazendo um prognóstico desfavorável, propiciando piora da qualidade de vida e maiores riscos para SB e outras doenças mentais (TORRES et al., 2011).

Em relação à prevenção dos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, é necessário basear-se nos procedimentos de vigilância dos agravos à saúde e dos ambientes e condições de trabalho. Para isso, empregam-se conhecimentos médico-clínicos, epidemiológicos, de higiene ocupacional, toxicologia, ergonomia, psicologia, entre outras ciências, valorizando a percepção dos trabalhadores sobre seu trabalho e sua saúde (BRASIL, 2001). Já com relação à Síndrome de Burnout (SB), importante doença agrupada dentro do conjunto dos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, a prevenção mais eficaz baseia-se na promoção do bem-estar físico, emocional, psicológico e espiritual, ao longo da carreira desse profissional (COSTA et al., 2009).

Algumas estratégias sistematizadas são empregadas nesse sentido, tanto a nível pessoal, como organizacional, e que o profissional de saúde deve efetivar para previnir Burnout (FRANÇA et al., 2014). Agrupando estratégias e listando em cada um quais medidas devem ser empreendidas, têm-se que; a nível organizacional, faz-se necessário encontrar sentido no trabalho; estabelecendo limites; melhorar o nível de interação e comunicação entre colegas; melhorar a relação profissional-doente, envolvendo-o na melhoria do seu estado de saúde e adaptando-se com flexibilidade às necessidades do paciente, prevendo-se menos denúncias por má prática clínica e, ainda, dispor de sistemas de apoio administrativo adequados que reduzam a quantidade de tarefas burocráticas a desempenhar (COSTA et al., 2009).

É fundamental o indivíduo aprender a gerir o próprio tempo entre atividades pessoais e profissionais, distinga entre trabalho e lazer, participando de atividades lúdicas não relacionadas com a profissão, ao mesmo tempo em que procura os seus prazeres da profissão para os contrapor às inevitáveis dificuldades (FERRARI, 2014). O profissional necessita de tempo para si, de um período de descontração, depois de um dia de trabalho, mesmo que esse período seja de curta duração, durante o qual poderá repousar ou apreciar sua própria sanidade mental (COSTA et al., 2009).

Em relação aos medicamentos comumente utilizados no tratamento da SB, normalmente é feita a associação entre antidepressivos e ansiolíticos. Os mais utilizados, os antidepressivos, tendem a diminuir as manifestações de inferioridade e de incapacidade, que são alguns dos principais sintomas expressos pelos portadores da síndrome (FRAZÃO, 2014).

Além disso, faz preciso o acompanhamento com psicoterapeuta, visto auxiliar o paciente a superar as crises, por meio de orientações, potencializando os efeitos do uso de medicamentos através da ressignificação e da retomada dos sentidos da história de vida do sujeito. Assim algumas boas estratégias são psicoterapias em grupos, com aulas de dança e teatro, proporcionando: troca de experiências, autoconhecimento, maior segurança e o convívio social. Outros pontos importantes incluem o acompanhamento médico e a alteração de hábitos. Dimensões importantes, como atividade física regular e exercícios de relaxamento devem fazer parte da rotina do paciente visto ajudarem a controlar os sintomas (FRAZÃO, 2014).

Nos profissionais de saúde brasileiros da Atenção Primária em Saúde, a prevalência da síndrome de Burnout (esgotamento profissional) ficou entre 25% a 70% (TOMASI et al., 2008). Outro estudo sobre a prevalência mundial de Burnout em profissionais da atenção primária em saúde, realizado em 2013 com revisão de 18 artigos, encontrou prevalência na Atenção Primária em Saúde (APS) que variou de 34,8% a 85,7%. Quando se analisa proporcionalmente as dimensões clínicas da síndrome mais afetadas, as prevalências são de 19 a 55,5% para alta Exaustão Emocional (EE), de 15,7 a 54% para alta Despersonalização (DE) e de 16 a 45,1% para baixa Realização Profissional (RP) (MORELLI, SAPEDE, DA SILVA, 2015).

OBJETIVOS

Quantificar os casos com características de Síndrome de Burnout em profissionais de saúde da Unidade Básica de Saúde Policlínica da Universidade Federal do Amapá, Macapá-AP. Caracterizar o perfil sócio demográfico dos profissionais de saúde da UBS Policlínica da UNIFAP de Macapá-AP e identificar as características da SB mais frequentes nos profissionais. O estudo foi realizado nas dependências da UBS Policlínica da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), localizada na Rua Amadeu Gama, 1385 – Zerão, Macapá – AP, Brasil. A unidade é pública e credenciada ao Sistema Único de Saúde (SUS).

MÉTODO

Foi realizado estudo epidemiológico do tipo analítico, quantificando as características da SB em profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS) de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Macapá, Estado do Amapá, no período de 2018.

A amostra do presente estudo foi composta por 63 profissionais de saúde atuantes na Unidade Básica de Saúde (UBS) Policlínica da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) de Macapá-AP no período de 2018; sendo estes médicos, odontólogos, técnicos em higiene bucal, farmacêuticos, técnicos em farmácia, nutricionistas, enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem, auxiliares de saúde, Agentes Comunitários em Saúde (ACS), técnicos de laboratório, e assistentes sociais (Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Humanos (CEP) – CAAE: 68583917.4.0000.0003). As informações foram coletadas através do preenchimento de dois questionários: um questionário sociodemográfico ; e outro para detecção de Síndrome de Burnout (SB), o questionário Maslach Burnout Inventory (MBI), versão HSS (Human Services Survey) traduzido para o português brasileiro

RESULTADOS

Dentre todos os participantes desta pesquisa; 70,21% (33/47) apresentam risco elevado para Síndrome de Burnout (SB), 19,14% (09/47) apresentam risco moderado e 10,65% (5/47) não apresentaram risco. Encontrou – se alto risco de Burnout em 100% dos profissionais de assistência social (01/01), de datilografia (01/01), de nutrição (01/01), de técnico em farmácia (01/01) e de técnico em laboratório (02/02); em 87,50% dos enfermeiros (07/08); 66,67% dos farmacêuticos (02/03); 52,94% dos técnicos de enfermagem (09/17); 50,00% dos técnicos de higiene bucal (01/02) e 40,00% dos médicos (02/05); conforme gráfico 1.

Gráfico 1: Distribuição do Número de Profissionais Participantes por Área de Atuação Profissional dentro da classificação de risco (elevado, moderado e baixo) para Síndrome de Burnout.

Ao analisar os dados expostos quanto às variáveis sociodemográficas dos participantes e correlacionando-as com o risco elevado para Síndrome de Burnout (SB), foi possível observar na categoria “sexo/gênero” que 68,08% (32/47) são profissionais do sexo feminino e 31,92% (15/47) do sexo masculino. Além disso, encontrou-se que 80% (12/15) dos participantes do sexo masculino e 65,62% (21/32) dos participantes do sexo feminino estão em risco elevado para SB, conforme gráfico 2.

Gráfico 2: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos por Sexo/Gênero com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout.

A idade foi agrupada para análise por faixa etária, observando-se variação entre 23 a 64 anos, com média de 40,39. A proporção de participantes entre as faixas etárias 23 a 30, 31 a 40, 41 a 50, 51 a 60 e 61 a 64 anos ficou, respectivamente demonstrada: 29,79% (14/47); 19,15% (09/47); 27,66% (13/47); 17,02% (08/47) e 06,38% (03/47). Observaram-se as seguintes relações entre o alto risco para SB com as faixas etárias: entre 23 a 30 anos com 85,71% (12/14); entre 31 e 40 anos com 55,56% (5/9); entre 41 a 50 anos com 69,23% (9/13); entre 51 a 60 anos com 62,50% (5/8) e entre 61 a 64 anos com 66,67% (2/3), conforme gráfico 3.

Gráfico 3: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos por Faixa Etária com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout.

Com relação ao “Estado Civil” do total de participantes; 29,79% (14/47) são Solteiros, 14,89% (07/47) vivem em União Estável, são Casados 44,68% (21/47), 02,13% (01/47) são Separados Judicialmente, 08,51% (04/47) são Divorciados e nenhum era Viúvo. Verificou-se que vivem em alto risco para burnout 100% (01/01) dos participantes que são Separados Judicialmente; 76,19% (16/21) dos participantes Casados; 71,43% (10/14) dos Solteiros; 57,14% (04/07) dos participantes que vivem em União Estável; e 50% (02/04) dos participantes que são Divorciados, conforme gráfico 4.

Gráfico 4: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos por Estado Civil com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout.

Foi constatado em relação à categoria “filhos” que entre os profissionais analisados 23,40% (11/47) não possuem filhos; 19,15% (09/47) possuem um filho, 19,15% (09/47) possuem dois filhos, 19,15% (09/47) possuem três filhos; e 19,15% (09/47) possuem quatro filhos ou mais. Os participantes que possuem um filho proporcionalmente possuem ligeiramente mais Burnout que os demais, visto 88,88% (08/09) destes possuírem alto risco para Burnout. 77,77% (07/09) dos que possuem dois filhos; 77,77% (07/09) dos que possuem três filhos e 44,44% (04/09) dos que possuem quatro ou mais filhos possuem alto risco para burnout. Quanto aos demais; 81,81% (09/11) dos que não possuem filhos alto risco para Burnout, conforme gráfico 5.

Gráfico 5: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos por Número de Filhos com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

Quanto à “Naturalidade”; 42,55% (20/47) dos participantes são naturais de Macapá/AP, 21,27% (10/47) são naturais de Belém/PA, 12,76% (6/47) são naturais de Afuá/PA, 10,63% (05/47) são naturais de Santana/AP, 04,25% (02/47) são naturais de Mazagão/AP, 02,12% (01/47) são naturais do Amapá/AP, 02,12% (01/47) são naturais de Baião/PA, 02,12% (01/47) são naturais de Fortaleza/CE, e 02,12% (01/47) são naturais de Gurupá/PA. Neste aspecto, verificou-se que 100,00% dos participantes naturais de Santana (05/05), de Baião (01/01) e de Mazagão (02/02) estão em alto risco para Burnout. 80,00% (08/10) dos participantes naturais de Belém, 75,00% (15/20) dos naturais de Macapá, 16,66% (01/06) dos naturais de Afuá, 16,66% (01/06) dos naturais de Gurupá, 00,00% (00/01) dos naturais do Amapá e 00,00% (00/01) dos naturais de Fortaleza possuem alto risco para Burnout, conforme gráfico 6.

Gráfico 6: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos por Naturalidade com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

Neste estudo; 93,61% (44/47) não fumavam e 06,38% (03/47) fumavam. Tem-se ainda que 100,00% (03/03) dos auto relatados como “tabagistas” e 72,72% (32/44) dos que não são tabagistas possuem alto risco para Burnout, conforme gráfico 7.

Gráfico 7: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos pelo Tabagismo com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

Os participantes que obtiveram “formação” pública representaram 57,44% (27/47) e os obtiveram formação privada, 42,55% (20/47). Apresentaram maior índice para alto risco em burnout os participantes de “formação” privada 75,00% (15/20), enquanto os que obtiveram “formação” pública apresentaram 66,66% (18/27) de alto risco para Burnout, conforme gráfico 8.

Gráfico 8: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos pela Formação (Pública/Privada) com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

Quanto ao aspecto “Financiamento para formação”, 97,87% (46/47) não utilizou programas de financiamento estudantil, enquanto 2,13% (01/47) utilizou. Encontrou-se que 71,73% (33/46) dos que não utilizaram “financiamento para formação” apresentam alto risco para burnout, enquanto que nenhum dos que utilizou financiamento apresentou esse risco, conforme gráfico 9.

Gráfico 9: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos de acordo com Financiamento Estudantil com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

Com relação ao vínculo empregatício dos profissionais do estudo; 74,46% (35/47) possuem “contrato com a UBS”, 25,53% (12/47) participam do programa Equipe de Saúde da Família (ESF). Na variável “contrato com a UBS”, observou-se incluso também aqueles funcionários que prestavam serviços nesta unidade por meio de concurso público e afins, abrangendo todos os profissionais excetuando os que participam da ESF. Possuem alto risco para Burnout; 80,00% (28/35) dos que são vinculados via “contrato com a UBS” e 41,66% (05/12) dos via “ESF”, conforme gráfico 10.

Gráfico 10: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos pelo Tipo de Vínculo Empregatício com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

Relativo ao “número de vínculos”; 55,31% (26/47) possuem um vínculo, 31,91% (15/47) possuem dois vínculos, 12,76% (06/47) possuem três vínculos nenhum possuem quatro vínculos ou mais. Observou-se que 69,23% (18/26) dos que possuem um vínculo; 73,33% (11/15) dos que possuem dois vínculos e 66,66% (04/06) dos que possuem três vínculos possuem alto risco para Burnout, conforme gráfico 11.

Gráfico 11: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos pelo Número de Vínculos Empregatícios com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

Quanto ao “tempo de serviço”; 53,19% (25/47) possuem até 05 anos de trabalho na Atenção Primária em Saúde (APS); 17,02% (08/47) possuem entre 05 e 10 anos de trabalho na APS e 29,78% (14/47) possuem mais de 10 anos. 68,00% (17/25) dos que atuam há menos que 05 anos; 75,00% (06/08) dos que atuam entre 05 e 10 anos na APS e 71,42% (10/14) dos que atuam a mais de 10 anos possuem alto risco de Burnout, conforme gráfico 12.

Gráfico 12: Quantitativo de Profissionais de Saúde da UBS distribuídos pelo Tempo de Serviço na APS com relação à classificação de risco (Alto) para Síndrome de Burnout

DISCUSSÃO

Os profissionais proporcionalmente mais vulneráveis e em alto risco para SB são: assistente social, auxiliar de enfermagem, datilógrafo, nutricionista, técnico de farmácia e técnico de laboratório; estando 100% destes em risco elevado para SB., conforme Gráfico 01. Em contra partida, os profissionais de medicina foram os menos propensos a este risco, com 40% (02/05). Uma revisão de literatura comparou 27 artigos publicados entre 2011 e 2015 sobre Síndrome de Burnout em profissionais de saúde. Nesta, avalia-se que a observação de risco elevado para esta Síndrome entre as diversas categorias, em todas as regiões do país, em diversos níveis de atenção à saúde, tanto no setor público, como no privado, indicam que este não é um problema localizado ou exclusivo de determinado setor ou profissão (FAGUNDES, 2016).

No entanto, a literatura esclarece que SB é um problema presente e importante de saúde, os quais apresentam em comum: autocobrança, cuidado e atenção ao público (FAGUNDES, 2016). Resultado correspondente encontrou-se nesta pesquisa, onde 70,21% (33/47) dos participantes apresentam risco elevado para Síndrome de Burnout (SB) e 19,14% (09/47) apresentam risco moderado.

Há predomínio do sexo feminino no quantitativo de profissionais médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que prestam assistência em saúde na UBS policlínica da UNIFAP, representando 80,85% (38/47) do total de participantes, conforme Gráfico 02. Historicamente, há maior predomínio do sexo feminino nestas classes trabalhistas, principalmente nas áreas que centram as atividades no cuidado, como os profissionais enfermeiros e técnicos de enfermagem, as quais se configuram forças de trabalho eminentemente femininas (FRANÇA, 2010).

No entanto, no presente estudo a maior frequência de características de Síndrome de Burnout (SB) foi no sexo masculino, calculada em 80% (12/15). Não existe unanimidade na literatura quanto à relação de SB com a variável “sexo/gênero”, com alguns estudos observando maior risco em homens, outros em mulheres, e alguns que não encontram relação entre essa variável e SB (MORELLI, 2015).

Encontrou-se que profissionais com idade inferior a 30 anos apresentam maior risco para Burnout, com 85,71% (12/14), conforme Gráfico 03. Esse dado é semelhante a estudo para avaliação da SB em profissionais da Equipe de Saúde da Família (ESF) realizado em cidade do Rio Grande do Sul, o qual exibiu a variável idade com associação estatisticamente significativa (p=0,034) com as dimensões do Inventário de Burnout (MBI-HSS); associando tal resultado à insegurança, ao choque com a realidade e à baixa realização profissional (DE LIMA TRINDADE, 2017).

A SB pode manifestar-se no primeiro ano de trabalho do profissional, e que a inexperiência profissional seria a causa básica desse processo (BARROS et al., 2017). Corroborado por estudo em médicos da família de países europeus, a faixa etária com idade inferior a 45 anos está mais associada à prevalência de SB, visto terem menor capacidade de lidar com o estresse (SOLER, 2008).

Quando analisados em conjunto os participantes “Separados Judicialmente”, “Solteiros” e “Divorciados” (Gráfico 04), que carregam em comum o fato de não estarem necessariamente convivendo com outra pessoa, verifica-se que 68,42% (13/19) apresentam alto risco para Síndrome de Burnout, contra 71,42% (20/28) dos que se declararam “Casados” ou em “União Estável”, revelando, portanto, que conviver com outra pessoa pode ter relação com maior risco para desenvolver SB. Achado similar encontra-se na literatura, no qual os indivíduos “Casados” ou em “União Estável” apresentaram menor realização profissional, demonstrada maior risco para SB (LIMA et al., 2007).

Quando avaliado a presença de filhos (gráfico 05), os resultados vão de acordo com a literatura, ou seja, ter filhos parece ser um fator protetor contra o esgotamento profissional. A presença de “um filho” mostrou ser a variável mais relacionada a risco elevado para SB, em quanto a variável “quatro ou mais filhos” mostrou ser menos relacionada. A presença de filhos é apontada como fator protetor para estresse ocupacional. Contudo, maior parte das publicações avaliou o critério “filhos” quanto sua presença ou não, sendo carente a avaliação quanto à presença em quantidade de filhos (DE LIMA TRINDADE, 2010; DOS SANTOS, 2017; FRANÇA, 2010; SILVEIRA et al., 2014).

É referido também na literatura que a presença de um filho é apontada como maior estresse, devido à carga multifatorial que o sujeito deve assumir. Contudo, ainda é atribuível que o nascimento dos filhos torna o sujeito mais responsável, inclusive com o outro, e dessa forma necessita assumir condutas seguras que procurem evitar comportamento de risco profissional, sendo explicação plausível para os resultados encontrados no presente estudo (DE LIMA TRINDADE, 2010; DOS SANTOS, 2017).

Quanto à “Naturalidade” verificou-se que 75% (15/20) dos participantes provenientes de Macapá/AP, município onde foi realizado o estudo, possuem elevado risco para desenvolver SB; contra 56,25% (18/32) dos naturais de outras cidades do país (Belém/PA, Fortaleza/CE, Santana/AP, Baião/PA, Mazagão/AP, Afuá/PA, Gurupá/PA e Amapá/AP) os quais migraram para a capital amapaense. O efeito da migração na saúde é controverso. Sugere-se que nem sempre os migrantes, quando comparados com as populações de acolhimento, apresentam piores indicadores de saúde, sendo controverso, portanto, correlacionar SB com a naturalidade do indivíduo pesquisado (DIAS, GONÇALVES, 2007).

Neste estudo, foi observado que 100,00% (3/3) (Gráfico 7) dos profissionais que se denominaram como tabagistas possuem SB, e pelo menos uma das dimensões em alto risco para Burnout é a baixa Realização Profissional (RP). Este resultado corrobora com o estudo de Morelli et al. (2015), em que a mesma variável sociodemográfica avaliada foi associada à baixa RP.

Considerando que Burnout pode ocorrer no período acadêmico e persistir na vida profissional, é demonstrado na literatura que estudantes de instituições privadas possuem menor ajustamento ao ensino superior que os de instituições públicas, de forma que o menor risco à SB por parte dos profissionais que obtiveram formação científica em instituições públicas é diretamente relacionado à habilidade de adaptação desenvolvida e adquirida ao contexto universitário (BENEVIDES, 2009, LOPES, 2015, SOARES, 2011).

A menor capacidade de ajustamento acadêmico, com repercussão na saúde mental e na menor habilidade de enfrentamento às adversidades ocupacionais, além de maiores comprometimento no humor e maior índice de estresse em longo prazo são possíveis justificativas ao risco mais elevado à SB nos profissionais de formação profissional privada no presente estudo (Gráfico 8).O estudo de Oliveira et al. (2014) correlaciona SB com habilidades de enfrentamento no ambiente universitário; sugerindo que comportamentos descomprometidos, negações e desengajamento mental estão mais relacionados com estresse e pior saúde mental. Em contrapartida, estratégias de enfrentamento relacionadas ao confronto e à resolução ativa de problemas, ao humor e ao suporte social foram relacionadas ao menor nível de estresse (BENEVIDES, 2009; SOARES, 2011).

Apesar de Carloto (2006) indicar alguns estudos indicarem que quando o custeio dos estudos ocorreu por financiamento estudantil ser mais relacionado à exaustão emocional, no presente estudo, o maior risco para SB esteve presente em profissionais que não se utilizaram de programas de financiamento para sua formação profissional. Possivelmente, esse dado ficou comprometido pelo fato de a proporção de profissionais com formação profissional particular que utilizaram financiamento estudantil, representada por 02,12% (01/47), ter sido muito pequena.

Esses dados foram constatados e demonstrados por escores obtidos com variáveis como “percepção pessoal de competências cognitivas” e “ansiedade na realização de exames” em estudo sobre Habilidades sociais e adaptação acadêmica, comparando universitários de instituições de ensino público e privado (SOARES, 2011).

Em relação ao “Tipo de vínculo empregatício”, o presente estudo mostrou que o fato de um profissional ser integrante da Equipe de Saúde da Família (ESF) apresenta menor risco em comparação ao “contrato com a UBS” para Burnout. Uma das explicações para o fato pode estar relacionado à diferença de atuação preconizada pela Política Nacional de Atenção Básica, a qual estabelece os princípios de funcionamento da ESF (BRASIL, 2013).

Quanto ao seu funcionamento, na ESF é exigido, entre outros aspectos: territorialização, equipe mínima estabelecida por número de habitantes e/ou número de famílias e presença de Agentes Comunitários de Saúde (ACS); e esses fatores podem trazer melhores condições de trabalho. O “Tipo de Vínculo Empregatício” também foi avaliado na literatura, e, relacionando ao contexto desta pesquisa, sendo possível inferir, ainda, que os profissionais da ESF estão em uma conjuntura ocupacional diferenciada dos profissionais que possuem “Contrato com a UBS” (SILVEIRA et al., 2014).

Nesta pesquisa, nenhum profissional apresentou quatro ou mais vínculos, sendo a variável “número de vínculos” referido quanto ao profissional ter um, dois e três vínculos. É importante citar que a busca de dois ou mais vínculos está diretamente associado à busca de incremento na renda familiar (SILVA et al., 2017).

Foi encontrado como resultado que profissionais com dois vínculos apresentam menor risco de Burnout comparado aos demais profissionais com um e três vínculos (Gráfico 10). Resultado semelhante foi encontrado em estudo de Lima et al. (2017), e pode ser justificado pelo fato de a atuação em dois ambientes incrementar a renda, aumentando o grau de satisfação profissional, mudando o foco dos problemas e gerando maior proteção aos estressores.

Além disso, é justificado na literatura que indivíduos com alta demanda de trabalho e carga horária semanal superior a 40 horas são mais associados à sobrecarga e tensão ocupacional, o que resulta em grandes fontes de estresse (SILVA et al., 2017).

O menor tempo de atuação no serviço, representado pelo aspecto “menos de 05 anos”, resultou em menor frequência de risco elevado em SB, com 68,00% (17/25) (Gráfico 11), conferindo menos risco para Burnout se comparado com as demais dimensões na variável “tempo de serviço na Atenção Primária em Saúde (APS)”. Em contrapartida, o aspecto “entre 05 e 10 anos” configurou-se o perfil trabalhista na variável “tempo de serviço na APS” de mais elevada frequência de SB, resultando em 75,00% (06/08) com profissionais de elevado risco para SB. O maior tempo de atuação parece conferir maior propriedade no campo de atuação, confiança ocupacional e domínio sobre as situações potencialmente estressantes vivenciadas no desempenho profissional. Assim, o profissional adquire com o passar do tempo maior capacidade adaptativa progressiva aos fatores estressantes laborais crônicos enfrentados em sua rotina ocupacional (DOS SANTOS, 2017).

Uma explicação às estratégias de adaptação do individuo frente aos fatores estressantes laborais foram dividias em fases. O terceiro momento, ou terceira fase para manifestação da SB, é caracterizado pelo enfrentamento defensivo do trabalhador, ou seja, o profissional produz uma troca de atitudes e condutas com a finalidade de distanciar-se emocionalmente do estresse crônico laboral, favorecendo as manifestações de retirada, cinismo e rigidez (LOPES E PÊGO, 2016).

Analisando, ainda, as fases de adaptação do individuo frente aos fatores estressantes laborais, é importante citar que em relação menor tempo de serviço, é característico as demandas de trabalho serem maiores que os recursos materiais e humanos, o que pode gerar um estresse laboral agudo no individuo (DOS SANTOS, 2017).

É possível deduzir somando as elucidações das fases de adaptação do indivíduo, que os indivíduos com tempo de atuação na APS “entre 05 e 10 anos” não desenvolveram de forma significativa as características de enfretamento defensivo laboral que favorecem o grupo com maior tempo de serviço na APS e, ainda, estão sob condição de estresse laboral agudo a mais tempo que o grupo “menos de 05 anos” de atuação na APS; justificando; neste estudo; a maior prevalência de SB no grupo “entre 05 e 10 anos” de atuação na APS.

CONCLUSÃO

A Síndrome de Burnout (SB) é um importante problema entre os profissionais de saúde, independente da categoria.

A predominância do sexo feminino nesta pesquisa deveu-se a grande proporção de profissionais das áreas que centram as atividades no cuidado, como os profissionais enfermeiros e técnicos de enfermagem, as quais se configuram forças de trabalho eminentemente femininas.

Não existe unanimidade na literatura quanto à relação de SB com a variável “sexo/gênero”, com alguns estudos observando maior risco em homens, outros em mulheres, e alguns que não encontram relação entre essa variável e SB.

Estudos mostram que a SB pode manifestar-se no primeiro ano de trabalho do profissional, e que a inexperiência profissional é causa básica desse processo. Corroborado neste estudo, em que se encontrou que profissionais com idade inferior a 30 anos apresenta maior risco para Burnout.

O grupo de pessoas que convivem com parceiros, representado pelos casados e em união estável, apresentaram maior risco para SB nesta pesquisa, demonstrando que conviver com outra pessoa pode ter relação com maior risco para desenvolver SB.

A presença de “um filho” mostrou ser a variável mais relacionada a risco elevado para SB, em quanto a variável “quatro ou mais filhos”, ser a menos relacionada. Apesar de a presença filhos ser fator estressante, é também fator que pode torna o sujeito mais responsável, inclusive com o outro, e dessa forma necessita assumir condutas seguras que procurem evitar comportamento de risco profissional.

Apesar de os sujeitos naturais de outras cidades do Brasil que não seja Macapá possuírem menor risco elevado para Burnout, esse efeito na saúde é controverso. Neste estudo, é demonstrado que nem sempre os migrantes apresentam piores indicadores de saúde.

Tabagismo está associado à baixa Realização Profissional (RP), sendo que os profissionais que se denominaram como tabagistas possuem SB, e pelo menos uma das dimensões em alto risco para Burnout é a baixa RP.

Os estudantes de instituições privadas possuem menor ajustamento ao ensino superior que os de instituições públicas, de forma que o menor risco à SB por parte dos profissionais que obtiveram formação científica em instituições públicas é diretamente relacionado à habilidade de adaptação desenvolvida e adquirida ao contexto universitário.

Os profissionais que não utilizaram financiamento estudantil para custear sua graduação obtiveram mais risco elevado para Burnout. Possivelmente, essa variável tenha sido desfavorecida na análise pela baixa proporção de profissionais que cursaram em instituições particulares com financiamento estudantil para sua formação, representando 02,12% (01/47).

O fato de um profissional ser integrante da Equipe de Saúde da Família (ESF) revela menor risco de SB quando comparado ao aspecto “contrato com a UBS” quanto ao maior risco para Burnout. Isso decorre de a ESF possuir maior apoio profissional, preconizada pela Política Nacional de Atenção Básica, e estarem em uma conjuntura ocupacional diferenciada dos profissionais que possuem “Contrato com a UBS”.

Profissionais com dois vínculos apresentaram menor risco de Burnout comparado aos demais profissionais com um e três vínculos, visto no presente estudo nenhum participante declarar “quatro ou mais vínculos”. O fato de atuar em dois ambientes incrementa a renda, aumentando o grau de satisfação profissional, mudando o foco dos problemas e gerando maior proteção aos estressores. Contudo, a alta demanda de trabalho e carga horária semanal superior a 40 horas são mais associados à sobrecarga e tensão ocupacional, o que resulta em grandes fontes de estresse.

O menor tempo de atuação no serviço, representado pelo aspecto “menos de 05 anos”, resultou em menor frequência prevalência para risco elevado em SB. Em contrapartida, o aspecto “entre 05 e 10 anos” configurou-se o perfil trabalhista na variável “tempo de serviço na APS” de mais elevada frequência de SB.

REFERÊNCIAS

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[1] Estudantes de Graduação. Curso de Medicina. Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)

[2] Estudantes de Graduação. Curso de Medicina. Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)(UNIFAP).

[3] Estudantes de Graduação. Curso de Medicina. Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)(UNIFAP).

[4] Biólogo. Doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Professor Pesquisador do Instituto Federal de Ensino Basico, Tecnico e Tecnologico do Amapa (IFAP).

[5] Biólogo. Doutor em Doenças Tropicais. Professor Pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA).

[6] Teóloga. Doutora em Psicanalise Clinica. Pesquisadora do Centro de Pesquisa e Estudos Avançados, São Paulo, SP.

[7] Médica. Mestra em Ciências da Saúde. Professora Pesquisadora da Universidade Federal do Amapa (UNIFAP).

[8] Biomédica. Doutora em Doenças Tropicais. Professora Pesquisadora da Universidade Federal do Amapa (UNIFAP).

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Carla Dendasck

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