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Gestão administrativa e gestão do conhecimento

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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

FERREIRA, Helaine Cristina de Sales [1]

FERREIRA, Helaine Cristina de Sales. Gestão administrativa e gestão do conhecimento. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 08, Vol. 03, pp. 139-153. Agosto de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/gestao-administrativa

RESUMO

A presente pesquisa irá buscar identificar quais fatores são relevantes para o sucesso das organizações públicas através da Gestão do Conhecimento. Dentro desse cenário esse estudo assume o objetivo de apresentar esse tema de forma a evidenciar suas contribuições na Gestão Pública através do transbordamento do conhecimento. Com relação a metodologia, pontua-se que a coleta de dados foi feita por meio de uma revisão bibliográfica, da qual foi possível estudar a todas as proeminências em maior nível de detalhamento da relevância da Gestão do Conhecimento na Gestão Administrativa Pública, ressaltando que este assunto é altamente favorecido em termos de se proporcionar o bem-estar humano, tanto interna quanto externamente junto à sociedade. Por fim, esse estudo argumenta que um dos maiores problemas para a efetivação do transbordamento do conhecimento, pauta-se no processo de comunicação dentro das organizações públicas que, reside nas barreiras que podem existir entre o emissor e o receptor, ou mesmo no canal de comunicação utilizado entre o emissor e receptor.

Palavras-Chaves: Gestão Pública, conhecimento, comunicação Interna.

1. INTRODUÇÃO

Esse estudo traz como tema central, a “Gestão do Conhecimento”, e o novos desafios na Administração Pública, onde pontua-se que a emergente proliferação de empreendimentos criativos por todo o mundo, que se estabelecem também no Brasil, evidencia o uso e o compartilhamento criativo de recursos em prol do empreendedorismo tecnológico e da inovação sob a perspectiva de uma nova realidade econômica.

Caracterizam-se, neste cenário, as interações que determinam a dinâmica do transbordamento do conhecimento como recurso indispensável para a sustentação da economia baseada em criatividade. Logo, tem o talento criativo ilimitada vocação para estabelecer novos padrões evolutivos e provocar conexões em prol de mudanças estruturais na sociedade do século XXI. Por consequência, apropriam-se dos pressupostos defendidos pelos empreendimentos da Economia Criativa, que se expandiu a partir da crise do sistema financeiro ao final dos anos 90 (TIGRE, 2006).

A esse respeito, Salvador (2013) comenta que, importantes contribuições internacionais revelam que o dinamismo estrutural proposto pelos Empreendimentos Criativos e pelo movimento Maker é uma forma irreversível de mudar como as pessoas se relacionam, aprendem, produzem e consomem, entretanto, as proposições já admitidas como verdadeiras sobre os Empreendimentos Criativos são relativamente conhecidas. Ainda assim, as análises situam-se no nível macro da discussão temática.

Desde modo, Machado (2015), ressalta que, se por um lado, os Empreendimentos Criativos demonstram-se capazes de produzir inovações e alavancar objetivos econômicos e, por outro, por mais que o crescimento da rede de Empreendimentos Criativos no mundo nos últimos anos impressione, pouco se comprova ainda acerca do efetivo potencial de fomento à inovação desses empreendimentos na Gestão do Conhecimento.

Nestas circunstâncias é oportuno, e cresce a importância, de explorar os métodos adotados nos Empreendimentos Criativos que os levarão a responder às expectativas estabelecidas pelos mesmos, constituídas em boas práticas e em perspectivas de atuação, para, sem embaraços, serem capazes de criar condições para o desenvolvimento de um ecossistema promovido sob os três eixos estruturantes: 1) acesso e formação; 2) apoio e conexão, e, 3) inovação social (SALVADOR, 2013).

É nesse panorama que as instituições acadêmicas têm sido associadas à rede de Empreendimentos Criativos que vem se estabelecendo em nosso país. Com base nesse pensamento, este estudo é conduzido a investigar uma possível lacuna entre o discurso e a prática no cotidiano dos Empreendimentos Criativos por meio da seguinte questão de pesquisa: Como os Empreendimentos Criativos estão se configurando no Brasil?

Em consequência do questionamento supracitado, este projeto tem como propósito geral analisar como os Empreendimentos Criativos vem se adequando a à realidade brasileira. Este por sua vez foi dividido nos específicos: 1) identificar a existência de uma rede inteorganizacional na atuação dos Empreendimentos Criativos no Brasil; e tipificar o padrão de troca de conhecimento entre os Empreendimentos Criativos no Brasil através da Gestão do Conhecimento.

As instituições acadêmicas tornam-se cada vez mais a fonte do desenvolvimento econômico local, logo, em vez de servir apenas como fonte de novas ideias para empresas existentes, as universidades combinam capacidades de pesquisa e ensino em novos formatos para se tornar uma fonte de formação de novas organizações, especialmente em áreas avançadas de ciência e tecnologia. Tem-se, nesta direção, as universidades empreendedoras.

Com o objetivo de averiguar a originalidade de nossa pesquisa, deu-se início a revisão sistemática de trabalhos que pudessem identificar a originalidade do estudo, onde elaborou-se uma estrutura com o conceito chave que deveriam ser abordados no trabalho, com base nos seguintes descritores: “Empreendimento”, “Empreendimento Criativo” e “Inovação”. Buscou-se prioritariamente, artigos, livros, teses e dissertações em bases de dados nacionais (Portal CAPES, SCIELO, SPELL) e internacionais (SCOPUS, ELSEVIER, WEB OF SCIENCE).

Nas interfaces da SciELO, SPELL, WEB OF SCIENCE e SCOPUS, fez-se uso dos descritores supracitados, todavia ressalta-se que não foram encontrados, nenhum trabalho que pudesse auxiliar na produção do estudo proposto. No momento seguinte, realizou-se uma pesquisa de artigos no Portal CAPES, onde localizou-se inicialmente um total de 489 artigos, sendo distribuídos nas mais diversas bibliotecas virtuais. Nesse momento optou-se em filtrar somente os artigos científicos, chegando ao total de 374, no momento seguinte fez-se um refinamento partindo do período de 2015 a 2018, chegando-se ao total de 309, destes 38 estavam na base de dados da ScienceDirect Journals (Elsevier).

Nesse momento fez-se uma leitura breve dos artigos, partindo do resumo, onde pode-se pontuar que a maioria se trata de estudos de casos (73%), dada a relevância do tema, optou em fazer uma leitura minuciosa somente dos artigos contidos na base ScienceDirect Journals – Elsevier (12,30%), após a leitura dos títulos, identificaram-se dois trabalhos que tem relação com o tema da pesquisa, salienta-se que os achados se constituem de estudos realizados fora do Brasil. Dando continuidade em nossa busca, realizou-se o mesmo procedimento nas bases de dados de teses e dissertações, através da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), utilizando o mesmo período, localizaram-se 4 dissertações (OLIVEIRA, 2016; BASTOS, 2014; BERTHOLDO NETO, 2018; MONEZI, 2018) e uma tese (NEVES, 2014).

Com base nesses dados, fica evidente o caráter recente de estudos que discutam os Empreendimentos Criativos dentro de um aspecto de inovação, o que acaba resultado em uma restrição da análise dos resultados em nível nacional, como se propõe no presente estudo. Os demais estudos que compõem nosso acervo bibliográfico foram encontrados no Google Acadêmico, fazendo-se uso de nossos descritores como termo de busca.

Após a realização desse levantamento bibliográfico, a pesquisa confirma que se trata de um campo de conhecimento ainda pouco explorado em nosso país. Dessa maneira, ressalta-se a relevância que busca foi feita utilizando os descritores, portanto, os trabalhos localizados não evidenciam a totalidade das publicações que tratam sobre as dimensões dos Empreendimentos Criativos no Brasil.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Um novo conceito conhecimento relacionado como valor econômico, foi pauta nos estudos de Ostrom (2009), em seu trabalho a autora explora o termo “commons” (grifo nosso), que vem na contramão do termo commodity (OSTROM; HESS, 2011). É por esse exato motivo, que o conceito de Sociedade do Conhecimento (SC) desperta crescente interesse em função de sua aplicabilidade para analisar a inovação tecnológica em uma nova realidade econômica. Uma economia baseada no conhecimento “se apoia efetivamente na habilidade de gerar, armazenar, recuperar, processar e transmitir informações, funções potencialmente aplicáveis a todas as atividades humanas” (TIGRE, 2006, p. 241).

A esse respeito, pontua-se que o conhecimento sempre foi algo considerado relevante para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Todavia, o que caracteriza e o diferencia na sociedade atual é a magnitude e a maneira como este está sendo criado, difundido e utilizado. Na concepção de Dixon (2000) o conhecimento é o elo entre a informação e sua aplicação no seu cotidiano.

À medida que a economia prioriza cada vez mais o capital intelectual e a criatividade, o conhecimento assume um papel cada vez mais importante na dinâmica competitiva de uma nação. Para Cassiolato (1999), a expansão absoluta e relativa das atividades e dos setores “intensivos em conhecimento” tem caracterizado os processos de desenvolvimento e de produção de bens nas últimas décadas.

No entendimento de Dixon (2000) a transferência de conhecimento prático (common knowledge), está presente em toda a estrutura da organização, esse movimento é contínuo e está em constante evolução, isso pode ser observado até mesmo nos afares considerados simples.

Esses ciclos produtivos, podem ser considerados relativamente muito curtos, decorrendo desse fato Jorge et al. (2017) pontua que “principalmente, no contexto da popularização das startups e da fabricação digital. Técnicas de inventividade e prototipação florescem neste ambiente e reduzem a complexidade do processo de fabricação digital” (p. 65).

Segundo Tigre (2006), ao contrário do modelo fordista de desenvolvimento, em que predominam as economias de escala de produção, a era do conhecimento caracteriza-se pela exploração dos efeitos de redes e pela intensa segmentação e diferenciação de bens e serviços por meio do uso de uma infraestrutura ou base técnica comum.

Assim, muitos dos princípios econômicos tradicionais não são adequados para analisar a economia do conhecimento, pois foram elaborados com base no mundo físico onde o potencial para a formação de economias de redes e exploração de economias de escopo é muito mais limitado.

Nessa linha de pensamento, tem-se na obra de Tigre (2006), que na medida em que a economia vem se desmaterializando, os pressupostos acerca do conhecimento, vem assumindo um papel cada vez mais relevante no cenário econômico atual. Para Audretsch, Keilbach e Lehmann (2006) tratam-se de abordagens complexas e dinâmicas que explicam a formula do crescimento econômico na SC, e afirmam que “níveis mais altos de crescimento econômico devem resultar de maior atividade empreendedora, uma vez que o empreendedorismo serve como mecanismo de facilitar o transbordamento e a comercialização do conhecimento”. Corroboram, neste sentido, os autores Barros & Pereira (2008).

Onde o conhecimento é uma entrada no processo de geração de crescimento endógeno, o conjunto de oportunidade tecnológica é criado por investimentos em novos conhecimentos. A mudança tecnológica é central para explicar o crescimento econômico, segundo Audretsch, Keilbach e Lehmann (2006). Pressupõem os autores que a eficiência da produção de conhecimento é reforçada pelo estoque historicamente desenvolvido de conhecimento científico-tecnológico.

Por outro lado, a capacidade de transformar novos conhecimentos em oportunidades econômicas envolve um conjunto de habilidades, aptidões, percepções e circunstâncias que não são nem uniformemente nem amplamente distribuídos na sociedade (CASSIOLATO, 1999). Nesse particular, Reis; Gonçalves e Araújo Junior (2015) comentam que o transbordamento do conhecimento só pode ocorrer quando os agentes econômicos tendem a produzir conhecimento que beneficiam outros agentes.

O fato, é que cada ser humano tem uma maneira particular de processar as informações às quais tem acesso. Em linhas gerais, esse método é baseado no fato de que o manejo de um fluxo contínuo de informações pode ser simplificado, separando-se as informações em peças menores, mais manejáveis, e organizando-as em um sistema de corrente. Para os empiristas, tudo que sabemos é aprendido através de nossas experiências individuais, isso porque grande parte da ordem que observamos no mundo exterior é, na verdade, produto de nossa própria mente.

Logo, os efeitos de transbordamento ou spin-off se baseia no pressuposto de que os recursos empregados para o seu desenvolvimento podem e devem ser aplicados no meio civil. Esse cenário teve seu auge no período da Segunda Guerra Mundial, quando ocorreu diversas corridas (armamentista, espacial, cientifica, entre outras), cujo objetivo era impulsionar as atividades de pesquisas e desenvolvimento, voltadas para a criação de novas tecnologias (inéditas) para surpreender ao inimigo (ALCOFORADO, COSTA E SILVA; SILVA, 2015).

Buscando fazer um exercício intelectual para uma reflexão sobre a importância do conhecimento, esse estudo traz um recorte da obra de Garcia (1988) citado por Reis; Gonçalves e Araújo Junior (2015), onde eles apontam que o conhecer significa, fundamentalmente, descrever um fenômeno, seja em suas particularidades estruturais, seja em seus aspectos funcionais. Para esse autor, a síntese do saber resume-se em “descrever ou manejar” (grifo original do autor) o conhecimento.

Os níveis de conhecimento são: o senso comum, a Filosofia, a ciência e a religião. Nesta pesquisa, irá se trabalhar apenas com o nível da ciência, pois a teoria do conhecimento aqui abordada, trabalha, antes de tudo, com a razão. Logo, o modelo de produção do conhecimento estabelecido até aqui, coloca o P&D como fonte de um novo conhecimento econômico e, estabelece como insumo para a inovação o capital humano (assunto a ser abordado na próxima seção desse estudo), como produto de alta qualificação em nível educacional (TAVEIRA, 2012).

Dentro deste cenário, Davenport (2001) defende que o capital humano é a essência, o estudo de uma metáfora, a metáfora é provavelmente o poder mais vigoroso que o homem possui. Lembro que pensar nos empregados metaforicamente como investidora desperta as mentes gerenciais para a realidade de que os trabalhadores são agentes independentes.

Com todas as mudanças que continua, sempre constante as empresas estão em busca de pessoas que tenha este diferencial, e possa ir além do que acredita que possa chegar. Portanto as organizações precisam de pessoas competentes para suprir as expectativas perante a globalização, porém tem que valorizá-lo, pois o capital de conhecimento requer retorno, ou seja, muitas pessoas entram em uma empresa com fim de obter o retorno do seu capital, e por incrível que pareça são poucas empresas que valorizam o capital intelectual.

Para Crawford (1994), o conhecimento é o ponto central na transformação global, as mudanças que vem ocorrendo são tão tensas e turbulentas para muitas pessoas, mas transformar o mundo numa economia baseada em conhecimento é provavelmente o passo com maior probabilidade de sucesso já dado na história do desenvolvimento econômico do mundo.

No entendimento de Baldam (2005) bem como mostra Tigre (2006) o conceito de conhecimento como capital intangível ou fator de produção vem ganhando importância na literatura especializada. Um modelo proposto pelo Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE) da Coppe/UFRJ apresenta quatro tipos de capitais do conhecimento:

(i) capital ambiental, definido como o conjunto de fatores que descrevem o ambiente onde a empresa está inserida, incluindo as características socioeconômicas, aspectos legais, valores éticos e culturais;

(ii) capital estrutural, entendido como o conjunto de sistemas administrativos, conceitos, modelos, rotinas, marcas, patentes e programas de computador, ou seja, “tudo aquilo que fica na organização quando as pessoas vão embora para casa”;

(iii) capital intelectual, referente à capacidade, à habilidade e à experiência das pessoas que integram uma organização; e,

(iv) capital de relacionamento, definido como a rede de alianças e parcerias desenvolvidas pelas empresas 9p. 263).

De acordo com Huyleboeck (1999) citado por Costa e Torkomian (2005) uma empresa spin-off é uma organização que não existiria se uma atividade relacionada ao desenvolvimento da pesquisa, baseada no desenvolvimento de novos conhecimentos. Ainda seguindo, essa linha de raciocínio Alves e Batista (2007), discorrem que que organizações spin-off, são empresas com recursos administrativamente crescentes em torno de uma competência, aqui declarado de conhecimento.

Nesse particular destacam-se quatro papéis principais envolvidos no processo de spin-off, mas vale ressaltar que um mesmo indivíduo ou organização pode desempenhar mais do que um papel:

– “Originador “ da tecnologia – quem traz a inovação tecnológica através de um processo de desenvolvimento inovativo até o ponto no qual a transferência desta tecnologia pode ser iniciada;

– Empreendedor – quem esforça para criar um novo negócio que é centrado na inovação tecnológica. O papel do empreendedor é comercializar a tecnologia em um produto ou serviço que é vendido em um mercado;

– A organização “mãe” – onde as atividades de P&D para criar a inovação tecnológica ocorrem e que provém aos spin-offs assistência em patenteamento da inovação, licenciamento tecnológico, entre outros;

– Investidor – quem fornece os recursos financeiros para estabilizar o spin-off e que pode providenciar alguns conhecimentos administrativos.

Entre os principais obstáculos para a efetivação do transbordamento do conhecimento Reis; Gonçalves e Araújo Junior (2015), comentam que a distância geográfica tem sido discutida em estudos empíricos. Com base nesse pensamento Taveira (2012) estabelece que o conhecimento fora dos limites fronteiriços das organizações empresariais, não pode ser considerado como uma ferramenta facilmente absorvida por ele mesmo estando em domínio público, por esse motivo não pode ser internalizado por todas as empresas em geral. De modo a se revolver a este impasse, o autor, descreve que: “para que haja transbordamentos de conhecimento entre as organizações, além da presença de vias que possibilitem essa difusão, necessita-se de uma capacidade de absorção e replicação da tecnologia” (p. 14), daí a importância das redes de conhecimento (assunto a ser abordado nas próximas seções desse estudo).

E acompanhando essa lógica de argumentação, que Alvares e Batista (2007) comentam que no campo da Administração, Frederick Taylor (1865-1925), implantou o termo “Administração Científica”, Taylor nessa perspectiva, foi o pioneiro a afirmar que o conhecimento podia ser apontado. “Necessariamente apropriada ao contexto industrial, a Administração Científica, além de atender aos anseios da indústria, abriu as portas para que outros modelos de Administração fossem sugeridos. A Administração tornou-se campo fértil para o surgimento de novas e grandes idéias, todas voltadas para o mesmo objetivo: tornar as empresas competitivas e necessariamente lucrativas” (p. 03).

Em que se pese a proeminência de conceitos, Tigre (2006) comenta que para Karl Marx, a intensa busca por uma maior lucratividade, a concorrência e as transformações tecnológicas, eram os fatores condutores para os capitalistas investirem no excedente produtivo (que eles expropriavam dos trabalhadores), as chamadas máquinas poupadores de trabalho. Dessa maneira, o capitalismo pode ser considerado como um processo evolucionário, cuja alimentação vem do progresso tecnológico.

Acompanhando essa lógica de argumentação Taveira (2012) pontua que a partir daí, têm-se o chamando processo de aprendizagem, que pode ocorrer da seguinte maneira nas empresas:

1) desenvolvimento de externalidades intra e intersetoriais que incluem difusão de informação, experiência e mobilidade interfirma de trabalhadores, e crescimento de serviços especializados;

2) processo informal de acumulação tecnológica dentro das empresas, se destacam o learning-by-doing e learning-by-using; e,

3) realização interna de P&D. Nesse contexto, existem lacunas (gaps) tecnológicas relacionadas às diferentes capacidades tecnológicas de inovar, aos graus de sucesso em adotar e utilizar eficientemente as inovações tecnológicas de produto e processo desenvolvidos (p. 14).

Partindo dessa perspectiva, as empresas no século XXI tendem a investir mais em P&D como forma de inovar, seu produtos e processos de produção. Na evolução dessa nova ciência, destaca-se o pensamento de W. Edwards Deming, nos anos 60, conhecido como um dos mais importantes estudiosos da área de Gestão da Qualidade Total (GQT) e aquele que contribuiu de maneira significativa para a melhoria da qualidade da indústria japonesa após 1950. Ele sugeriu o termo saber profundo (grifo original dos autores para designar os conhecimentos fundamentais para a gestão da qualidade (ALVARES, BATISTA, 2007, p. 03).

A transição para a fase de abandono do modelo Fordista ocorre devido ao estabelecimento de uma produção de eficiência e padronização de projetos para a fabricação de produtos, esse novo processo de produção leva para um modelo dominante. Do lado da demanda, à medida que os usuários se familiarizam com os produtos da indústria, suas preferências se estabilizam e a variedade de produtos diminui. Portanto, esta fase aqui denominada de pós-moderna, é caracterizada por uma crescente ênfase na inovação de processos relativa inovação de produtos, e uma parcela crescente da inovação decorre de grandes empresas estabelecidas que focam na produção em massa eficiente (SHANE, 2015).

Em tal perspectiva, comenta-se que as pressões competitivas desencadeadas em consequência de economias de escala e fabricação especializada de processos que aumentam a eficiência, resultam em um rápido declínio no número de empresas que não se adequam a esse novo modelo de produção (conforme foi comentado na seção 2.1 dessa pesquisa). Durante a fase madura da indústria, o crescimento desacelera e o crescimento tecnológico e ambientes competitivos são relativamente estáveis.

Facilitar e apoiar o processo de criação de conhecimento numa organização demanda um estágio avançado de pensamento sobre conhecimento, inovação, gestão e estratégia. Geralmente, os gestores que facilitam, incentivam, apoiam e sustentam os processos de criação de novos conhecimentos possuem uma visão estratégica do conhecimento, formulam visões para o conhecimento, reduzem as barreiras para o seu uso, desenvolvem valores como cuidado e confiança, catalisam e orquestram a criação de conhecimento, gerenciam os vários contextos envolvidos, engajam e motivam seus profissionais e equipes, desenvolvem uma cultura forte de conversação e globalizam o conhecimento local.

Quando os objetivos pessoais estão alinhados aos objetivos organizacionais os indivíduos, ao criar e compartilhar conhecimento percebe e entende que podem contribuir para o próprio desenvolvimento e o da empresa também. Não possuem medo de dar alguma contribuição, mesmo que esta seja vista como não importante pelos outros membros do grupo, porque enxerga, além disso. Não têm medo do diferente, de diferentes perspectivas, opiniões e conhecimentos.

Ao contrário, sabem que elas são fundamentais para a criação de conhecimento e inovação. Dentre os aspectos facilitadores no nível organizacional, o fato de uma organização atuar num setor altamente competitivo, com contínuas mudanças e novos desafios, cria a pressão natural de se ter que criar novos conhecimentos e, portanto, inovar constantemente para continuar no ‘jogo’.

As estruturas organizacionais que não sejam hierárquicas e muito verticais, que não privilegiem silos e a atuação apenas com base em funções, mas que, ao contrário, possam ser mais horizontais e se organizarem por processos, facilitam junto com outros tantos fatores, o fluxo e a criação de conhecimento. A existência de um líder atuante e legítimo, as práticas e espaços de interação pessoal e o reconhecimento formal ou informal das contribuições e novas ideias de valor também facilitam a criação de novos conhecimentos e inovação. A gestão de talentos é um dos grandes facilitadores para a criação de novos conhecimentos e inovação, e tem sido apontada como um dos grandes desafios para as organizações brasileiras.

Muitas novas cadeias de conhecimento levam a alta tecnologia, pois a pesquisa fundamental é traduzida através de passos em produtos e serviços comercializáveis, conforme já foi sublinhado nesse estudo através das palavras de Tigre (2006). Este tipo de produto tecnológico e inovação de processo é uma constante em na chamada EC, onde os métodos de pesquisa e desenvolvimento são diversos e diferem daquelas usadas na ciência.

Isso porque, a difusão das inovações tecnológicas e organizacionais durante a era fordista permitiu o aparecimento de novos modos de produção através do conhecimento, o que trouxe consequentemente a profissionalização das atividades de P&D. Por esse motivo, o estudo das consequências da inserção de novas tecnologias no modo de produção, passou a ser objeto de crescente interesse da teoria econômica.

No entendimento de outros autores, dentre eles Marx e Schumpeter citado por Tigre (2006) “a mudança tecnológica constitui o motor do desenvolvimento, revolucionando a estrutura econômica por dentro em um processo de criação destruidora” (p. 212). Nesse sentido, o progresso tecnológico pode ser considerado como algo qualitativo, mais do que quantitativo, pois gera novos hábitos de consumo.

O fato é que o desenvolvimento das novas tecnologías disparou nos últimos anos e esses avanços têm desempenhado um papel significante no avanço do campo da Administração. Relacionando esse pressuposto ao transbordamento do conhecimento, pontua-se que na realidade: quando pequenos grupos de pessoas interagem uns com os outros em tempo real, usando diferente tipos de tecnologias, o processo de conhecimento que se desenrolam durante a interação face a face são combinados por vários fatores único para o surgimento do conhecimento.

Neste sentido o computador torna-se uma ferramenta de construção e aprimoramento do conhecimento, que permite o acesso à educação e ao trabalho. Olhando a sociedade sobre a ótica da divisão social do trabalho, torna-se possível imaginar que ela está organizada em termos de um conjunto de ocupações, ou profissões, cada qual com suas necessidades específicas de formação e competências (SCHWARTZMAN, 2005).

Retocando essa ressalva, Alvares e Batista (2007) salientam que o conhecimento da empresa acerca das novas tecnologias e o mercado, ainda pode ser considerado critico, a ponto de permitir um melhor aproveitamento dessas novas ferramentas. Por esse motivo, o conhecimento empresarial acaba determinando os limites na gestão e capacidade do aproveitamento pleno do real serviços que elas poderiam oferecer.

Cainhando para o final desta seção, cujo objetivo era mapear os elementos fundamentais do conhecimento relacionado ao sentido econômico. Primeiramente, deve ressaltar a resistência as polarizações simplificadoras entre os elementos pares informação/conhecimento, dádiva/mercadoria, commodity/commons, entre outros. Tal posicionamento, deve-se ao fato da complexidade da temática, abordada nesta seção.

Nesse ponto, Machado (2015) salienta que o conhecimento se faz com informações, todavia não basta amealhá-las. Nas palavras de Salvador (2013) as temáticas que abordam: Gestão de Pessoas, Educação corporativa, Gestão do Conhecimento e Gestão de Competências, pode-se afirmar a existência de um senso comum, que na atualidade está se vivenciando a chamada SC.

Nesse contexto de transformações, as organizações adotam novos modelos de gestão, proliferando a Gestão do Conhecimento (GC), por consequência a empresas nesse século XXI adaptaram a sua cultura organizativa, na tentativa de tirar partido de competências chaves relacionadas a criatividade (ROMEIRA, 2016).

Nesse particular Carvalho e Kaniski (2010) esclarecem que a nomenclatura “conhecimento” (grifo nosso), pode ser entendido com uma dose excessiva de subjetividade, que de acordo com os autores só podem ser compreendidos se levarmos em conta o conceito de Sociedade da Informação (SI).

Decorrendo desse fato, a SC é relacionada, na literatura e nos discursos políticos como aspectos diferentes como os desafios inerentes aos avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Nesse tocante, pontua-se que a ideia subjacente ao conceito de SI, está relacionado a sociedade inserida em um processo constante de mudanças, fruto dos avanços das tecnologias e da ciência. Para Takahashi (2005) citado por Coutinho e Lisbôa (2011) “a sociedade da informação não é um modismo” (p. 07). No entendimento de Romeiro (2016) essa nova realidade representa uma profunda transformação na organização da sociedade e consequentemente a economia.

Nesse particular, Werthein (2015) comenta que a expressão SI, começou a ser utilizada, nas últimas décadas do início desse século, como substituto para o conceito complexo de “sociedade pós-industrial (tema abordado na seção 2.1 desse ensaio) e como forma de transmitir o conteúdo específico de um novo “paradigma técnico-econômico”.

Sob um paradigma multidimensional do desenvolvimento da SI sobre a luz do conhecimento tem vindo a originar inúmeras transformações sobre o conceito de SI. Antunes (2014) esclarece que SI e SC são, por vezes, usadas com a mesma conotação. Todavia, descreve-se que “há quem considere que a SC possa estar mais relacionada com a vertente econômica, enquanto a SI se prende com as complexas redes de comunicação que potenciam a troca da informação” (p. 03).

Na sequência dessa explanação, Jorge, et al. (2017) comenta que os Fab Labs, estão disponíveis como um recurso para a comunidade em geral, pois oferece o acesso aberto para indivíduos e empresas em geral, assim como acesso agendado para algumas atividades programadas. Esta abertura à comunidade e organizações, pode ser considerado como a chave do sucesso e da popularidade dos Fab Labs, pois facilita os encontros, o acaso e o desenvolvimento de métodos inovadores para o cruzamento de novos conhecimentos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atualidade onde a tecnologia é disponibilizada, a habilidade no processamento de dados e de informações, as quais já são utilizadas para serem utilizadas nas tomadas de decisões, e que representam a oportunidade na melhoria do processo de comunicação da empresa. Pela comunicação interna eficiente, é que ocorre a troca de informações entre os colaboradores, gerando uma confiança nos instrumentos adequados e disponíveis, refletindo as expectativas e necessidades da empresa.

Sob tal parecer, esse estudo demostrou com base em tudo que foi abordado na pesquisa quantitativa que não existe diferenças significativas na cultura administrativa pública, a qual está explicita a sua uniformização, independente do porte da empresa e da sua localização. Nesse sentido, pode-se pontuar, que nas empresas um mosaico de culturas oriundas das empresas, as quais se integram no interior da empresa e são as mediadoras das políticas, normas e procedimentos.

A comunicação interna tem ao longo das suas transmissões e transmitem os símbolos, calores, códigos e cultura, transformando a empresa em uma referência tangível. A esse respeito, ressalta-se que a pesquisa nos auxiliou a ampliar as causas, o recalcamento e a ação de medição pela empresa, originando e apontando os benefícios e o horizonte da carreira de um colaborador, mas exigindo dedicação e obediência às suas normas.

REFERÊNCIAS

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[1] Especialista em Finanças Corporativas pela Universidade Gama Filho e graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Nilton Lins. Servidora pública da Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA, no cargo de Economista.

Enviado: Maio, 2019.

Aprovado: Agosto, 2019.

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Helaine Cristina de Sales Ferreira

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