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Finanças pessoais e os fatores que podem contribuir para inadimplêcia e o endividamento

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

RIBEIRO, Claudete Fogliato [1], VIEIRA, Claiverton [2]

RIBEIRO, Claudete Fogliato. VIEIRA, Claiverton. Finanças pessoais e os fatores que podem contribuir para inadimplêcia e o endividamento. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 06, Ed. 08, Vol. 02, pp. 179 – 218. Agosto 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/contribuir-para-inadimplecia

RESUMO

A falta de controle das finanças pessoais, e muitas vezes, da falta de informação e de planejamento financeiro, apresenta-se como um dos fatores que comprometem a vida financeira dos consumidores. Diante disso, o presente estudo tem como questão norteadora: Quais os fatores que contribuem para inadimplência e o alto índice de endividamento da pessoa física? O objetivo é diagnosticar os principais fatores que contribuem para inadimplência e o alto índice de endividamento da pessoa física, segundo estudantes de uma instituição de ensino superior privada. A pesquisa, realizada no ano de 2020, caracteriza-se quanto ao seu objetivo do estudo como uma pesquisa descritiva, já quanto à forma de abordagem do problema de pesquisa é classificada como pesquisa quantitativa e o procedimento técnico utilizado foi o método Survey. Utilizou-se como amostra os alunos matriculados nos três cursos de graduação presencial da Faculdade SOBRESP, totalizando 174 respondentes. Os resultados obtidos na pesquisa demonstram, de forma geral, que os principais fatores que contribuem para a inadimplência e o endividamento são: a falta de planejamento e o consumo excessivo. Observou-se a existência de um grande comprometimento da renda, preocupação dos entrevistados em relação as finanças pessoais e a importância das informações voltadas a educação financeira pessoal.

Palavras-Chave: Endividamento; Finanças pessoais; Inadimplência.

1. INTRODUÇÃO

A população brasileira passa por um momento muito delicado na economia, os recursos disponíveis estão restritos devido à crise financeira que está instaurada no país. Sabe-se que tudo isso pode ocasionar falência de empresas, inadimplência, endividamento, em cancelamentos de concursos, fazer com que os indivíduos tenham que lidar com atrasos de salários, além de resultar na falta de circulação de dinheiro e comprometer as finanças pessoais.

Diante disso, dispor de uma educação financeira é relevante para que se tenha controle sobre as despesas e receitas, proporcionando influência na tomada de decisão relativa a dívidas, investimentos e reservas. O consumismo e a falta de controle financeiro são considerados como aspectos culturais existentes no Brasil.

Nos primeiros anos da década de 90, anteriormente ao Plano Real (1994), a inflação e a fragilidade da economia forçavam as pessoas a consumir toda sua renda em um curto prazo de tempo, a instabilidade no poder de compra e a queda do valor monetário eram constantes. Essa situação se estabilizou com a vinda do Plano Real, mas é notório que o problema cultural perdura (HILGEMBERG; SOKOLOWSKI; HALLES, 2015).

Ao tratar sobre os aspectos econômicos e financeiros, o consumo poderá estar atrelado à facilidade de crédito oferecida pelo mercado, pela variedade de bens, produtos e serviços em oferta constante nas redes sociais, comércio, TV, dentre outros meios de comunicação. Tudo isso, combinado com o descontrole, a falta de planejamento, o desconhecimento da gestão financeira, que poderia ser matéria base nas escolas e na formação do indivíduo, pode ser fator que provoque a inadimplência e o endividamento de muitos brasileiros.
Atrelado ao consumo, a falta de controle das finanças pessoais, e muitas vezes, da falta de informação e de planejamento financeiro, apresenta-se como um dos fatores que comprometem a vida financeira dos consumidores. Soma-se a isso, o consumismo, que não só impacta nos adultos que compram compulsivamente, mas também nos jovens e crianças, que encantados pela publicidade, acabam atrelando o bem-estar ao hábito de adquirir novos bens, agravando, assim, a saúde financeira de forma geral (WISNIEWSKI, 2010).

Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC, 2018), o percentual de famílias brasileiras endividadas atingiu o índice de 59,6% em agosto de 2018, na qual 13.2% se dizem muito endividadas, enquanto 22,06% disseram estar “mais ou menos” endividadas e 23,8% dizem ter poucas dívidas. Diante desse cenário, surge a seguinte indagação como problema de pesquisa: Quais os fatores que contribuem para inadimplência e o alto índice de endividamento da pessoa física?
Visando responder a problemática levantada, a presente pesquisa tem como objetivo geral diagnosticar quais os principais fatores que contribuem para inadimplência e o alto índice de endividamento da pessoa física, segundo estudantes de uma instituição de ensino superior privada.

Para auxiliar na realização deste objetivo, estabeleceram-se como objetivos específicos: identificar os meios de controle utilizados na gestão financeira pessoal; verificar se estudantes se preocupam com a questão financeira pessoal; levantar o comprometimento da renda familiar com despesas, investimento e poupança; e apresentar sugestões de melhorias que facilitem o processo de planejamento e controle financeiro pessoal, caso necessário.

O presente trabalho é pertinente por ser um tema contemporâneo e um problema visível e latente na sociedade atual, como confirma a pesquisa apontada pela Confederação Nacional do Comercio de Bens, Serviço e Turismo (CNC, 2018), que diz que o percentual de endividamento da população brasileira chegou a 59,6% no ano de 2018.

Academicamente, o estudo se justifica por ser um tema instigante e presente na realidade brasileira, o que demonstra a importância de se ter conhecimento sobre os fatores que podem contribuir para a inadimplência e endividamento da pessoa física.
Assim, o estudo apresenta-se como uma oportunidade de pesquisar e aprofundar o conhecimento acerca de um tema que é de grande relevância para educação financeira da população. Contribui também, para o entendimento da área enquanto acadêmico do curso de administração, com intuito de adquirir conhecimento e embasamento na área de finanças pessoais, como possibilidade de atuação profissional.

2. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Todas as pessoas conquistam, gastam, ou investem algum recurso financeiro. De acordo com Gitman (2012 p. 3), o termo finanças pode ser definido como “a arte e a ciência de administrar dinheiro”. Finanças remete ao processo de movimentação de dinheiro entre pessoas e organizações; e compreender esse processo pode proporcionar uma maior segurança na tomada de decisão referente a gestão das finanças.

As finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de gerenciamento de fundos. Virtualmente, todos os indivíduos e organizações ganham ou captam e gastam ou investem dinheiro. As finanças lidam com o processo, as instituições, os mercados e os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre indivíduos, negócios e governos (GITMAN, 2012, p. 34).

Para o autor Segundo Filho (2003), o aprendizado sobre finanças não deve ser exclusivo aos profissionais da área financeira. Independentemente de sua profissão, os indivíduos necessitam conhecer os conceitos básicos da administração financeira para gerir suas receitas e despesas. É de grande valia que as pessoas saibam em que meios investir, como poupar e planejar seus objetivos de longo e curto prazo. Nesse sentido, pata Bodie e Merton (2002, p. 32),

A teoria financeira fica estabelecida como sendo um conjunto de conceitos que ajudam a organizar o pensamento das pessoas sobre como alocar recursos ao longo do tempo e um conjunto de métodos quantitativos para ajudar as pessoas avaliarem alternativas, tomarem decisões e implementá-las.

Já Bitencourt (2004) reforça que a teoria de finanças é o conjunto de conceitos e ideias que contribuem para organizar a destinação de receitas, tendo como base os modos quantitativos, que servem na avaliação para tomada de decisão.
Ainda nessa mesma linha de considerações, Gama e Correia (2013) sustentam que o conhecimento sobre finanças contribui para organização dos pensamentos das pessoas, referente a entradas e saídas de dinheiro, investimentos, planejamento com prazos determinados e tomada de decisão no âmbito que se refere a recursos financeiros. Os autores afirmam, também, que o planejamento das finanças pessoais faz com que as pessoas se organizem financeiramente, e tenham uma visão mais ampla da situação em que estão inseridas.

Segundo Gitman (2012, p. 43), “o planejamento financeiro é um aspecto importante das operações nas empresas e famílias, pois ele mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações das empresas e das famílias para atingir seus objetivos”.
Para Massaro (2015), planejamento financeiro é a organização geral das finanças que envolve o controle das entradas e saídas de caixa, com objetivo de alinhar os recursos financeiros com as aspirações e objetivos de cada pessoa. Salienta-se que no contexto de finanças pessoais nem sempre essas definições coincidirão com as definições das ciências contábeis.

De acordo com Massaro (2015), existem quatro conceitos primordiais para o desenvolvimento do planejamento financeiro. Patrimônio se refere a tudo aquilo que as pessoas possuem, qualquer coisa que gere renda ou tenha valor de mercado, como bens e investimentos, pode ser considerado um investimento. As pessoas que possuem um alto nível de patrimônio, podem ter uma saúde financeira de melhor qualidade. As receitas representam as entradas de dinheiro, que podem ser obtidas de atividade profissional, como salários e comissões, ou de rendas oriundas de ativos que podem ser juros de investimento, lucro de empresas, aluguéis recebidos ou outras fontes de “receita”. Já as despesas de acordo com o pensamento de Massaro (2015), é o dinheiro gasto, ou seja, as “saídas de dinheiro”.

Nas finanças pessoais é comum adotar uma definição mais ampla de despesa, que podem ser fixas ou variáveis.  Quanto as fixas costumam ter o mesmo valor, e ocorrem em determinados períodos (mensal, semestral e anual). Já as despesas variáveis são despesas que sofrem variações em cada período, e estão relacionadas ao consumo, ou seja, quando há maior consumo, consequentemente paga-se mais, em contrapartida quando o consumo é menor, paga-se menos (GITMAN, 2012; MASSARO, 2015).

Outro conceito é o de fluxo de caixa que para Segundo Massaro (2015) é a instrumento que determina a ordem em que as entradas e saídas de dinheiro ocorrem para fazer pagamentos ou transações financeiras. É indicado e de grande valia que o dinheiro entre antes para que, assim, esteja disponível para a utilização. Quando é preciso que as despesas sejam pagas anteriormente às entradas de recursos, é necessário utilizar os recursos de crédito ou patrimônio para quitar essas obrigações financeiras.

Frankenberg (1999, p. 79), descreve como fluxo de caixa o “esquema que representa as entradas e saídas de caixa ao longo do tempo. Em um fluxo de caixa, deve existir pelo menos uma saída e pelo menos uma entrada (ou vice-versa)”. Cabe citar que o fluxo de caixa deve conter dados bem detalhados, para que se possa fazer adequadamente a análise das informações, e ter uma noção real e atual sobre a liquidez da empresa ou família (GITMAN, 2012).

Sustentam Ross, Westerfield e Jaffe (2002), que o fluxo de caixa é diferença percebida e tida entre a quantidade de dinheiro de entradas, e a quantidade de dinheiro de saídas. O fluxo de caixa serve também para analisar minuciosamente, e de forma assertiva o fluxo de entradas (receitas) e saídas (despesas) que ocorrem periodicamente na empresa e nas finanças pessoais. Essa análise facilita o controle e propicia uma visão macro no âmbito financeiro.

Nessa mesma linha de considerações Massaro (2015), ressalta a importância de utilizar ferramentas financeiras para se ter um bom “planejamento financeiro”. O autor recomenda que se registre todos os dados para análise dos resultados. A ferramenta mais popular para o planejamento financeiro talvez seja a planilha, que pode ser física ou eletrônica.

2.1 FINANÇAS PESSOAIS

Ao tratar sobre finanças pessoais, Gitman (2012) considera que a etapa inicial é o planejamento financeiro pessoal, que se inicia pela definição das metas a serem alcançadas. Na mesma proporção em que uma empesa tem como objetivo aumentar suas ações e lucro, as pessoas possuem diversas metas e objetivos a serem alcançados. Teoricamente, as metas traçadas são de curto prazo (um ano), médio prazo (dois a cinco anos), ou longo prazo (mais de seis anos).  Cada meta financeira necessita ser estabelecida de forma cautelosa e de acordo com a realidade de cada indivíduo ou organização. De forma geral sugere-se, também, estar bem definida, considerar prazos, custo estimado e o nível de prioridade.

O planejamento financeiro pessoal é um aspecto importante das operações nas empresas e famílias, pois ele mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações das empresas e das famílias para atingir seus objetivos (GITMAN, 2012, p. 434).

Esse conceito vem ao encontro com Cerbasi (2005), que acredita que planejamento financeiro pessoal é a consciência do que pode ser gasto hoje sem afetar o orçamento e o padrão de vida do amanhã. É analisar a realidade financeira e fazer escolhas coesas, mesmo que isso impacte na possibilidade de ter que adiar alguns objetivos futuros.

Organizar-se financeiramente é de suma importância para que as pessoas usem seu dinheiro de forma eficaz. Dessa maneira pode se ter maior segurança na tomada de decisão relativa a investimentos, gastos, consumo de bens e serviços, bem-estar e satisfação pessoal. Reforçando a ideia o autor salienta que, a vida terá que ser regida com disciplina, o que pode trazer benefícios em outros âmbitos da mesma (CERBASI, 2005).

Segundo Frankenberg (1999), planejar-se financeiramente não é algo estático e menos ainda inalcançável; ao contrário do que parece ser, é um plano muito dinâmico, que os indivíduos elaboram de acordo com suas metas e objetivos, a fim de alcançar suas aspirações de curto, médio e longo prazo. É de grande valia que antes mesmo de elaborar o planejamento financeiro se tenha de forma clara e consciente a sua realidade, os seus desejos, sonhos, valores e metas de vida.

Planejamento financeiro pessoal é estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família. Essa estratégia pode estar voltada para curto, médio ou longo prazo, e não é tarefa simples (FRANKENBERG, 1999, p. 31).

Em concordância com o contexto abordado, conhecer os fatores que contribuem para o endividamento e o planejamento financeiro pessoal significa ter controle das finanças, de tal ponto que sempre se tenha reservas para imprevistos, que se possa fazer investimentos e se possível, prover rendas complementares para ter uma vida segura e uma maior liberdade financeira.

2.1.1 FATORES QUE PODEM CONTRIBUIR PARA INADIMPLÊNCIA E O ENDIVIDAMENTO

Entende-se como inadimplente aquele que deixa de honrar com seus compromissos financeiros, imediatamente após sua data de vencimento, ou seja, caracteriza-se como o descumprimento de uma dívida assumida
anteriormente (TEIXEIRA, 2010).

Antes de apresentar os fatores que contribuem para a inadimplência e o endividamento pessoal cabe ressaltar a importância dos aspectos comportamentais e culturais. Cerbasi (2005) diz que cultura se refere às características e comportamentos de uma determinada população. Ao tratar de finanças pessoais e a relação aos aspectos culturais observa-se pontos em comum, como: o padrão de objetivos de investimento e planos pessoais. Nesse sentido, sabe-se que a sociedade induz a fazer planos, conquistar posses, títulos, posições e compará-las com os familiares e círculo de amizade. Isso demonstra um padrão de comportamento visível e cultural.

Além dos aspectos comportamentais e culturais, outros agentes podem contribuir para a inadimplência e os endividamentos das pessoas. Segundo Faia; Vieira e Silva (2012), o endividamento e a inadimplência são temas que ocasionam constantes discussões na sociedade e fazem parte do dia a dia dos consumidores. O autor comenta também que não são apenas os fatores socioeconômicos que apresentam impacto no nível de endividamento do indivíduo, vários outros fatores podem contribuir e explicar o endividamento e inadimplência do consumidor.

Sabe-se que o consumo que se trata de um tema muito pertinente quando se trata de finanças pessoais. Conforme Massaro (2015), é um assunto universal, pois independente de idade, gênero e status, todos os indivíduos são consumidores, e consumo envolve recursos monetários. Consumir é um grande fator que gera motivação nas pessoas e muitas definem “sucesso” pelo nível de consumo, por meio da aquisição de meios de transporte, viagens, restaurantes, roupas, entre outros bens e serviços.

A Influência da publicidade e propaganda, aspecto é comentado por Arruda (2013) e Massaro (2015), que diz que a publicidade moderna é persuasiva e usa fortemente o apelo emocional. A publicidade é muito importante para a economia, é através dela que as empresas se comunicam com os consumidores, expondo suas vantagens competitivas.

Entretanto, as pessoas são influenciadas pela propaganda de tal maneira que acabam optando por decisões de consumo que podem impactar negativamente em suas vidas. Dependendo do quão influenciável é, o consumidor pode perder a consciência do que é necessário e confundir com o que é apenas desejo, acreditando, assim, que precisa adquirir tal bem, mesmo que não tenha necessidade e nem recursos financeiros disponíveis para possuí-lo.

Outro aspecto levantado por Massaro (2015), é a pressão social. Segundo ele, em alguns grupos sociais consumir determinados produtos e marcas acaba sendo um requisito para estar inserido ou aceito. É comum as pessoas acreditarem que necessitam ter algum item da marca “x” ou da “y”, caso contrário serão pessoas “inferiores”.

Esse comportamento é mais comum entre os jovens, o que não significa que os adultos não sofram a pressão social também. Muitas vezes as pessoas acabam sentindo-se pressionadas a adquirir bens e consumir coisas que não precisam, apenas para impressionar ou sentirem-se inseridos ou aceitos em determinados grupos sociais.

A disponibilidade de Crédito é apresentada como outro fator por Arruda (2013), que apresenta que o crescimento acelerado da oferta de crédito ocorreu após o Plano Real, que teve como objetivo controlar a hiperinflação, passando pela desindexação da moeda, privatizações, estabilidade fiscal, abertura na economia, contingenciamento de políticas monetárias restritivas, com intuito de trazer estabilidade na economia. Tudo isso impactou no aumento da capacidade de consumo dos indivíduos, no controle da inflação, que caiu de 50% para 3%, e na redução do índice de miséria da população.

Esses fatos abordados vêm ao encontro do pensamento de Flores (2011), que acredita que a estabilização na economia proporcionou motivos que levaram ao aumento da concessão de crédito para as pessoas físicas. E estão diretamente ligados aos fatores macroeconômicos. Dentre esses fatores, Flores (2011) destaca a expansão do mercado de trabalho, essa que ocasionou a redução na taxa de desemprego, o aumento da formalização e da renda, e ainda trouxe maior capacidade de pagamento para o consumidor; a estabilidade e a previsibilidade na economia, que proporcionaram aumento nos prazos de financiamento e a queda na taxa de juros bancários, que automaticamente impactou em menores taxas para consumidor;

No contexto descrito por Flores (2011) e Arruda (2013) é visto que a facilidade de crédito proporcionada pela queda de juros e o aumento nos prazos, atrelados ao crescimento da renda gerada pela geração de empregos, trouxe como consequência a maior capacidade de pagamento e o aumento no número de tomadores de crédito.

Um dos fatores que contribuem para endividamento é o crescimento da carteira de crédito, superior ao da renda do consumidor, que pode chegar a comprometer mais que o limite permitido de 30% da renda mensal (FLORES, 2011) Cerbasi (2005), acredita que muitas pessoas se endividam pela falta de planejamento e controle, e acabam não conseguindo adquirir seus bens e satisfazer seus desejos, por meio da economia de recursos e do pagamento à vista. Desta forma, é que entram as instituições financeiras, que devido ao mau uso dos recursos financeiros pessoais montam suas estratégias na oferta de créditos e, automaticamente, obtém grandes retornos em lucratividade.

Nesse sentido, Kiyosaki e Lechter (2000) acreditam que muitas pessoas têm acesso a cartão de crédito e a outros tipos de crédito, todavia, nunca tiveram aulas sobre o dinheiro e como usá-lo. Sem falar em ter a devida compressão do impacto que os juros podem trazer em sua saúde financeira pessoal. Segundo os autores, muitos indivíduos são simplesmente analfabetos financeiros, sem o conhecimento de como o dinheiro funciona e não estão preparados para enfrentar o mundo mercadológico. Esse mundo que dá mais ênfase ao “gastar” do que o hábito de poupar.

As finanças fazem parte do dia a dia, no trabalho, escola e dentro dos lares. Embora não seja percebido, temas como economia, consumo e dívidas são vividos de maneira cotidiana. Não se tem conhecimento teórico científico, mas a população, de forma geral, sabe parcelar uma compra, usar cartão, usufruir do limite do cheque especial e até mesmo recorrer a empréstimos. Parece incoerente que temas tão usais na vida dos brasileiros, como consumo, controle de finanças pessoais, endividamento, entre outros, não sejam ensinados nas escolas. Mas infelizmente é o que acontece, já que a educação financeira não faz parte do currículo escolar. O sistema educacional brasileiro não consegue ensinar conceitos básicos sobre finanças e, como consequência, acaba formando indivíduos “analfabetos financeiros” (SILVA; SOUZA; FAJAN, 2015).

Na visão de Cerbasi (2005), o endividamento pessoal não está ligado diretamente a quanto o indivíduo ganha, mas sim a como ele administra suas despesas e receitas. Desta forma, Kiyosaki e Lechter (2000), dizem que os fundamentos sobre finanças deveriam ser ensinados desde os anos iniciais na escola, pois trata-se de um assunto que acompanhará os indivíduos ao longo de sua vida e será um fator preponderante para a saúde financeira dos mesmos.

Por fim, pode-se afirmar que muitas pessoas não pensam em planejamento e educação financeira, que não é apenas dar destino ao dinheiro, mas também solucionar problemas financeiros, como dívidas, falta de dinheiro ou até mesmo o melhor tipo de investimento de acordo com seu perfil e risco a ser assumido. A atualidade é esse momento em que se enfrenta diversos novos desafios, tais como a mudança de governo, a reforma previdenciária, os planos de saúde cada vez mais caros e, sem falar no desejo e necessidades que o meio publicitário tem gerado nas pessoas com suas campanhas cada vez mais elaboradas.

Em vista dos aspectos abordados comprova-se a necessidade de se conhecer os fatores que ocasionam a inadimplência e o endividamento, assim como apresentar sugestões de melhorias que facilitem o processo de planejamento e controle financeiro pessoal, caso necessário.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A fim de realizar o presente estudo e transmitir uma abordagem didática acerca dos métodos utilizados neste trabalho, serão apresentados os critérios referentes à condução metodológica desta pesquisa.

Cervo; Bervian e Silva (2007) salientam que método é a ordem que necessita impor aos diferentes processos para atingir um certo fim ou um resultado desejado. Segundo autores, método é o conjunto de processos empregados na investigação e na demonstração da verdade.

Na visão de Marconi e Lakatos (2010), o método é um conjunto de atividades ordenadas e racionais que possibilitam alcançar o objetivo, com conhecimentos verídicos, esboçando o caminho a ser seguido, de forma a detectar os erros e auxiliar nas decisões do cientista.

Primeiramente, foi realizada uma pesquisa de ordem bibliográfica, objetivando a revisão da literatura acerca dos conceitos, definições e demais aspectos que dizem respeito à administração financeira, fianças pessoais e os fatores que contribuem para inadimplência e o endividamento.

Na sequência, caracterizou-se, quanto ao seu objetivo do estudo, como uma pesquisa descritiva pois, de acordo com Pradanov e Freitas (2013), pesquisa descritiva é quando o pesquisador registra e descreve os fatos observados sem interferir neles. É quando o autor objetiva descrever as características de uma determinada população ou fenômeno, ou até mesmo a relação estabelecida entre variáveis. Abrange o uso de técnicas de coleta de dados, como questionários e observações sistemáticas. Denomina-se, em geral, uma forma de levantamento de dados.

Quanto ao procedimento técnico foi utilizado o método Survey, que visa a obtenção de dados ou informações sobre ações, características ou opiniões de certo grupo de pessoas, por meio do questionário como instrumento de pesquisa.

Bryman (1989) e Babbie (2001) dizem que o método de pesquisa Survey resume-se em coleção de dados, ou seja, um determinado número de unidades que estão normalmente em uma única conjuntura de tempo, no qual visa-se reunir sistematicamente um conjunto de dados quantificáveis relacionado a um número de variáveis que são então examinadas para entender padrões de associação.

Figueiredo (2004) salienta que o método é usado para obter informações quanto a predominância, distribuição e inter-relação de variáveis de uma amostra e permite enunciados descritivos sobre alguma população, isto é, descobrir a distribuição de certos traços e atributos. É uma pesquisa que busca através de dados mensuráveis comprovar suas características e veracidade.

Já quanto à forma de abordagem do problema de pesquisa, é classificada como pesquisa quantitativa, pois esta conceitua que tudo pode ser quantificável, ou seja, traduzir em números qualquer assunto, opinião e informação para então analisá-la e classificá-la (PRODANOV; FREITAS, 2013).

O presente estudo, foi realizado no ano de 2020, utilizando como público os alunos matriculados nos três cursos de graduação presencial da Faculdade SOBRESP, com sede na cidade de Santa Maria, RS. Constituindo a população 125 alunos do Curso de Administração, 116 alunos do Curso de Psicologia e 52 alunos do Curso de Odontologia, totalizando 293 alunos matriculados.

Sendo uma pesquisa descritiva e quantitativa, o instrumento utilizado para coleta dos dados foi o questionário, composto de perguntas fechadas. O questionário foi elaborado com 38 questões e dividido em três partes: a primeira busca identificar aspectos de perfil da população (idade, gênero, estado civil, cargo e etc.); a segunda parte visa levantar dados sobre planejamento financeiro; a terceira parte avalia os fatores e a propensão ao endividamento, baseado no modelo proposto por Moura (2005) e Flores (2012).

A coleta de dados foi realizada em sala de aula, com a autorização formal do
coordenador do curso e do professor em sala de presente em sala no momento da coleta. Os questionários foram entregues pessoalmente e individualmente aos alunos, que foram informados dos objetivos da pesquisa. Os que concordaram em participar prosseguiram com o preenchimento das questões e passaram a ser considerados os sujeitos da pesquisa, totalizando a amostra de 174 questionários respondidos.

Para tabulação dos dados obtidos, foi utilizado o software denominado Excel©. Após a coleta, os dados foram organizados em uma planilha eletrônica, criando, assim, gráficos e tabelas para, posteriormente, compor a análise dos dados, com o uso de frequências, e as considerações finais.

Assim, a metodologia apresentada tem a intenção de proporcionar o embasamento que possibilitará levantar informações acerca do problema de pesquisa apresentado para obter os resultados a serem apresentados na análise e considerações finais.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta etapa, apresenta-se o resultado e a análise dos dados coletados da pesquisa realizada considerando os objetivos propostos inicialmente. Busca-se também, contribuir com a discussão de tais resultados, baseada na revisão da literatura apresentada.

É importante ressaltar que o estudo realizado não possibilitou fazer inferências sobre a opinião dos alunos por curso, ou seja, foram analisadas as respostas do curso de administração, psicologia e odontologia conjuntamente.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DOS SUJEITOS RESPONDENTES

A fim de responder aos objetivos da pesquisa, primeiramente apresenta-se uma breve caracterização do perfil pessoal e ocupacional dos sujeitos participantes. Responderam à pesquisa um total de 174 alunos dos cursos de Administração, Psicologia e Odontologia da Faculdade SOBRESP, conforme Tabela 1.

Quanto a faixa etária, gênero e escolaridade dos 174 respondentes, na Tabela 1, observa-se que os sujeitos pesquisados possuem entre 20 e 30 anos, representada por 116 respondentes (66,7%), seguido 36 (20,7%) com idade 31 a 40 anos, 11 (6,3%) com até 19 anos, 8 (4,6%) de 41 a 50 anos e 3 respondentes com idade acima dos 51 (1,7%). A maior concentração quanto ao gênero apresenta-se o feminino com 102 alunas (58,6%), enquanto ao gênero masculino foi de 72 alunos (41,4%). A respeito da escolaridade, a maior parte dos alunos 162 (93,1%) não tem uma graduação concluída, ou seja, ainda está em andamento, e 12 (6,9%) já tem uma graduação concluída.

Tabela 1- Faixa etária, gênero e escolaridade

Variáveis Total (n=174)
Faixa etária
Até 19 anos
Entre 20 e 30 anos
Entre 31 e 40 anos
Entre 41 e 50 anos
Acima de 51 anos
Gênero
Feminino
Masculino
Escolaridade
Graduação Completa
Graduação Incompleta
11 (6,3%)
116 (66,7%)
36 (20,7%)
8 (4,6%)
3 (1,7%)
102 (58,6%)
72 (41,4%)
12 (6,9%)
162 (93,1%)

Fonte: Dados da pesquisa

No que diz respeito ao estado civil dos respondentes 118 (67,8%) são solteiros, 28 (16,9%) casados, 19 (10,9%) tem união estável, 4 (2,3%) são separados e 5 (2,9%) com outros tipos de relacionamento. Ao serem questionados quanto ao fato de possuir filhos ou não, 128 (73,6%) dizem que não possuem, 46 (24,4%) se dizem possuir filhos. Dos quarenta e seis alunos que possuem filho, 29 (63,0%) tem somente um filho, 13 (28,3%) tem dois filhos, 3 (6,5%) tem três e 1 (2,2%) tem quatro filhos (Tabela 2).

Tabela 2- Estado Civil, filhos, dependentes e número de filhos

Variáveis Total (n=174)
Estado civil
Casado
União estável
Solteiro
Separado
Outro
filhos/dependentes
Sim
Não
Número de filhos
1
2
3
4
28 (16,9%)
19 (10,9%)
118 (67,8%)
4 (2,3%)
5 (2,9%)
46 (24,4%)
128 (73,6%)
29 (63,0%)
13 (28,3%)
3 (6,5%)
1 (2,2%)

Fonte: Dados da pesquisa

A Tabela 3 trata a respeito dos dados ocupacionais dos alunos respondentes, questionados se exercem atividade remunerada verifica-se, que a maioria com 139 (79,9%) respondentes exerce atividade com remuneração, 35 não exercem (20,1%). Quanto ao tempo de atuação na organização atual, a maioria está́ de 1 a 4 anos representando 58 alunos (41,7%) seguido por menos de 1 ano com 43 alunos (30,9%), 27 (19,4%) de 5 a 10 anos, nove (6,5%) de 11 a 20 anos e dois (1,4%) acima dos 21 anos de atuação na organização. Quanto a carga horaria grande parte trabalha de 31 a 40 horas semanais representada por 70 (50,4%) dos respondentes, 38 (27,3%) trabalham 44 horas semanais, 31 (22,3%) tem carga horário de 20 a 30 horas.

Ao questionar sobre a renda dos alunos pesquisados, a grande concentração de respostas encontra-se entre 1 a 3 salários mínimos com 92 alunos (66,2%), na sequência 24 (17,3%) ganham menos de um salário mínimo, 16 (11,5%) recebem de 4 a 6 salários mínimos, quatro (2,9%) registrando de 7 a 9 salários mínimos e três (2,2%) tem igual ou mais de 10 salários mínimos mensais.

Quanto ao grau de responsabilidade pela manutenção financeira da família foi outra questão abordada, na qual a maioria dos respondentes afirmou que apenas contribui com uma parte, registrando 39 alunos (28,1%), seguidos pelos que dividem igualmente com outra pessoa a responsabilidade, respondido por 32 alunos (23,00%), já 32 alunos (23,00%) informaram ser o único responsável, enquanto 24 alunos (17,3%) não têm nenhuma responsabilidade e doze (8,6%) principal responsável, mas recebe ajuda de outra pessoa.

Tabela 3 – Caracterização dos dados ocupacionais dos respondentes

Variáveis Total (n=174)
Atividade remunerada
Sim
Não
Tempo de Empresa
Menos de 1 ano
De 1 a 4 anos
De 5 a 10 anos
De 11 a 20 anos
Acima dos 21 anos
Carga horária semanal
20 a 30
31 a 40
44
Renda
Inferior a um salário-mínimo
De 1 a 3 salários-mínimos
De 4 a 6 salários-mínimos
De 7 a 9 salários-mínimos
Mais de 10 salários-mínimos
Grau de responsabilidade financeira
Único responsável
Principal responsável, mas recebe ajuda de outra pessoa
Divide igualmente as responsabilidades com outra pessoa
Contribui apenas com uma pequena parte
Não tem nenhuma responsabilidade financeira
139 (79,9%)
35 (20,1%)
43 (30,9%)
58 (41,7%)
27 (19,4%)
9 (6,5%)
2 (1,4%)
31 (22,3%)
70 (50,4%)
38 (27,3%)
24 (17,3%)
92 (66,2%)
16 (11,5%)
4 (2,9%)
3 (2,2%)
32 (23,0%)
12 (8,6%)
32 (23,0%)
39 (28,1%)
24 (17,3%)

Fonte: Dados da pesquisa

Resumidamente, constatou-se, através dos resultados, que o perfil dos respondentes é de maior concentração do gênero feminino, com faixas de idade predominante de 20 a 30 anos, com 67,8% dos respondentes são solteiros, grande parte 93,1% possuem graduação incompleta, e 79,9% exercem atividade remunerada. Em relação ao tempo de atuação na empresa, a maioria está a 1 a 4 anos, predomina a renda entre 1 a 3 salários mínimos, e quanto a responsabilidade financeira da família 28,1% afirmou que contribui apenas com uma parte e 23% divide igualmente as responsabilidades com outra pessoa, e 23% é o único responsável.

4.2 ANÁLISE DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL

Para melhor entendimento da pesquisa realizada serão apresentados os dados obtidos quanto ao planejamento pessoal dos sujeitos participantes:

No Gráfico 1, apresenta a relação entre o que o sujeito ganha e gasta de seus recursos financeiros mensais, obteve-se a maior média com 42,5% dos respondentes dizem gastar menos do que ganham, enquanto 32,8% responderam que gastam igual o que ganham, 14,4% gastam mais do que ganham, 7,5% gastam muito mais do que ganham e apenas 2,9% gastam muito menos do que ganham.

Isso vem ao encontro com Cerbasi (2005), que acredita que muitas pessoas se endividam com a falta de controle, e acabam não conseguindo adquirir seus bens e satisfazer seus desejos, por meio da economia de recursos e do pagamento à vista.

Gráfico 1 – Em relação aos gastos e ganhos.

Fonte: Dados da pesquisa

Através do Gráfico 2, pode-se verificar que, ao questionar os respondentes sobre o quão preocupado estão em relação as suas finanças, 47,7% dos alunos estão muito preocupados e 28,2% estão pouco preocupados, 19 % muitíssimo preocupados e 5,2% apresentam-se sem preocupação algum referente as finanças pessoais.

Gráfico 2 – O nível de preocupação financeira em relação às finanças pessoais.

Fonte: Dados da pesquisa

Ao se tratar da importância das informações voltadas à educação financeira, no Gráfico 3, a grande maioria 75,3% dos respondentes acreditam ser muito importantes, 23,6% importante e somente 1,1% pouco importantes.

Gráfico 3 – Sobre a importância das informações voltadas à educação financeira

 

Fonte: Dados da pesquisa.

Nesse sentido, destaca-se o trabalho de Potrich, Vieira e Paraboni (2013, p. 15), em sua pesquisa cuja amostra foi de estudantes universitários do Sul do País. A conclusão dos autores foi que “os universitários não apresentam níveis desejados de alfabetização financeira, dado o comportamento mediano em determinados aspectos de gestão financeira, tais como a poupança e, principalmente, os níveis insatisfatórios de conhecimento e compreensão de questões financeiras”.

“Não há como negar que a educação financeira é fundamental na sociedade brasileira contemporânea, visto que influencia diretamente as decisões econômicas dos indivíduos e das famílias” (SAVÓIA; SAITO; SANTANNA, 2007, p. 1125).

Diante disso, analisa-se que a educação financeira desenvolve habilidades que facilitam as pessoas tomarem decisões assertivas e fazerem de forma eficiente a gestão de suas finanças pessoais. Esta habilidade contribui para que haja maior integração entre os indivíduos na sociedade e possibilita a ascensão de um mercado mais competitivo e eficiente.

Observa-se no Gráfico 4, se o fator da situação financeira interfere ou não na qualidade de vida do trabalho, obteve-se que 77% dos respondentes consideram que sim, a situação financeira do indivíduo interfere na qualidade de vida no trabalho, e 23% dizem não interferir.

Gráfico 4 – Situação financeira interfere na qualidade de vida no trabalho.

Fonte: Dados da pesquisa

Padilha (2012), diz que os indivíduos com reações negativas, com maior incidência de perda de sono e irritabilidade causadas pelos problemas financeiros pessoais, mostraram-se preocupados dentro do seu ambiente de trabalho. O que fica evidente que essas reações psicológicas desencadeiam problemas que influenciam no desempenho profissional.

Assim, os possíveis caminhos para a solução de crises financeiras pessoais é o reconhecimento das limitações de cada um e viver de acordo com as receitas, e saber quais são as necessidades, o que geralmente não acontece diante de tantas tentações, modismos que estimulam o consumismo.

4.2 OS FATORES E A PROPENSÃO AO ENDIVIDAMENTO

Dentre os principais fatores que podem contribuir para a inadimplência e o endividamento obteve-se que a grande maioria, 40,5% dos alunos consideram que o principal fator é a falta de planejamento financeiro, seguido do consumo excessivo que registrou 29,9% dos respondentes, e da grande oferta de crédito que o mercado oferece com 10,7% dos alunos, já 9,5% responderam que é a necessidade de ser aceito em um grupo ou meio social e 9,5% a influência da publicidade propaganda, ver Gráfico 5.

Isso vem ao encontro de Shim et al. (2010) apud Potrich; Vieira e Paraboni (2013) em uma pesquisa realizada com alunos de graduação verificou que enquanto alguns estudantes buscavam aprender a controlar melhor suas finanças, outros adotavam comportamentos de risco, extrapolando o valor de seu orçamento, contraindo dívidas excessivas no cartão de crédito e deixando de cumprir com os compromissos financeiros dentro do prazo.

Assim, cabe salientar a importância do planejamento financeiro pessoal apresentado por Padilha (2012), ao dizer que significa ordenar a nossa vida financeira de tal maneira que se possa ter reservas para os imprevistos da vida e construir patrimônio que garanta fontes de renda suficientes para ter-se uma vida confortável e equilibrada e que naturalmente refletirá no desempenho profissional.

Gráfico 5 – Os fatores que podem contribuir para a inadimplência e o endividamento.

Fonte: Dados da pesquisa

Na pesquisa realizada por Silva; Souza e Farjan (2015), apresentou como motivos que os levaram a inadimplência e endividamento os eventos extraordinários ou inesperados, como por exemplo, desemprego, doença, morte, nascimento de filho, divórcio e outros motivos, representando 64,63% dos respondentes. Além desses motivos, existem outros pelo qual as pessoas tendem a se endividar. De acordo com os resultados da pesquisa, 18,46% dos respondentes indicaram a falta de planejamento como um motivo de terem se endividado. Outro motivo foi a oferta de crédito oferecido pelos bancos e instituições financeiras, que totalizam 16,92%.

Além dos aspectos comportamentais e culturais, outros agentes podem contribuir para a inadimplência e os endividamentos das pessoas. Segundo Faia (2012), o endividamento e a inadimplência são temas que ocasionam constante discussões na sociedade e fazem parte do dia a dia dos consumidores. Não são apenas os fatores socioeconômicos que apresentam impacto no nível de endividamento do indivíduo, vários outros fatores podem contribuir e explicar o endividamento e inadimplência do consumidor.

O Gráfico 6, mostra tipo de gastos em que a renda está comprometida, 36,4% dos entrevistados têm sua renda comprometida com o cartão de crédito, já 28,1% diz não ter renda comprometida, enquanto 18,2% tem comprometimento com carne de loja, 15,2% outros gastos, 14,7% prestações de bens, 7,8% empréstimo bancário, 5,2% amigos e familiares e 2,6% com cheque especial.

Os índices tão altos de comprometimento com cartão de crédito, podem estar atrelados, à grande disponibilidade de crédito, que conforme o pensamento de Flores (2011), ocorreu após a vinda do Plano Real, com a estabilização na economia que proporcionou motivos que levaram ao aumento da concessão de crédito para as pessoas físicas que impactou na capacidade de consumo.

Gráfico 6 – Comprometimento da renda, tipo de gastos.

Fonte: Dados da pesquisa

Das variáveis de hábitos e comportamentos como mostra a Tabela 3, em relação a preocupação de gerenciar melhor as finanças responderam que sempre e frequentemente preocupam-se, com 44,3% e 40,2%, respectivamente. Em contrapartida 47,1% dos respondentes dizem realizar algumas vezes as suas compras por impulso, e sobre analisar as finanças com profundidade antes de efetuar uma compra 33,3% dos respondentes dizem fazer isso frequentemente.

Tabela 3 – Variáveis quanto à hábitos e comportamentos

Variáveis quanto a frequência Total (n=174)
Preocupa-se em gerenciar melhor as finanças
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Realiza compras por impulso
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Analisa as finanças antes de efetuar uma compra
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Aplica seus recursos em algum tipo de investimento
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Está satisfeito com o controle das finanças
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Anota e controla os gastos pessoais
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Faz planejamento financeiro
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
0 (0,0%)
5 (2,9%)
22 (12,6%)
70 (40,2)
77 (44,3%)
11 (6,3%)
49 (28,2%)
82 (47,1%)
21 (12,1%)
11 (6,3%)
4 (2,3%)
30 (17,2%)
42 (24,1%)
58 (33,3%)
40 (23,0%)
60 (34,5%)
31 (17,8%)
36 (20,7%)
21 (12,1%)
26 (14,9%)
27 (15,5%)
35 (20,1%)
57 (32,8%)
29 (16,7%)
26 (14,9%)
43 (24,7%)
23 (13,2%)
36 (20,7%)
33 (19,0%)
39 (22,4%)
15 (8,6%)
28 (16,1%)
42 (24,1%)
49 (28,2%)
40 (23,0%)

Fonte: Dados da pesquisa

Sobre aplicar os recursos financeiros em algum tipo de poupança ou investimento, a grande maioria, 34,5%, nunca fizeram algum tipo de aplicação, e ao serem questionados sobre estarem satisfeitos com o seu controle das finanças pessoais os resultados obtidos apresentaram percentuais em todos as possibilidades de respostas, desde estarem insatisfeitos até estarem totalmente satisfeitos.

Quanto o ato de anotar e controlar os gastos pessoais, a maior porcentagem 24,7% responderam que nunca anotam ou controlam os gastos e 22,4% sempre anotam seus gastos. Sobre fazer planejamento financeiro os maiores percentuais de respostas foram em frequentemente fazer, algumas vezes e sempre, com 28,2%, 24,1% e 23%, respectivamente.

Cabe ressaltar que o ambiente cultural ao qual a sociedade está inserida exige de forma cada vez mais acirrada, autossuficiência e responsabilidade, e a alfabetização financeira como um componente essencial para uma vida adulta bem-sucedida (POTRICH; VIEIRA; PARABONI, 2013).

Tratando-se do assunto fatura do cartão de crédito, o Gráfico 7 apresenta que 50,6% dos alunos usam cartão apenas por comodidade e sempre pagam a fatura total, ou não usa cartão crédito. Já 32,2% utilizam cartão para organizar seus fluxos de pagamento, mas sempre pagam toda fatura, 9,2% pagam o máximo que podem, mas nunca o valor total da fatura, 4,6% não têm alternativa e precisam pagar apenas o valor mínimo e apenas 3,4% dos respondentes não têm cartão de crédito.

Gráfico 7 – Em relação à fatura do cartão de crédito

Fonte: Dados da pesquisa

Potrich; Vieira e Paraboni (2013), dizem que os universitários apresentam dificuldades de entendimento acerca de conceitos e produtos financeiros. Tal resultado é preocupante à medida que os estudantes não detêm um completo domínio de questões básicas como taxa de juros, inflação e valor do dinheiro no tempo, as quais são pré-requisitos para a realização de transações financeiras do dia a dia.

No Gráfico 8, apresenta-se a opinião dos entrevistados quanto ao comprometimento da sua renda. Obteve-se que 78% dizem que sua renda não está comprometida e 22% dizem que há comprometimento em sua renda.

Gráfico 8 – Opinião quanto ao comprometimento da renda

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 9, apresenta sobre o uso de meios de controle no gerenciamento das finanças pessoais, 33,3% dos alunos utilizam de caderno de anotações financeiras e 29,6% não utilizam nenhum tipo de controle, enquanto 14,5% usam planilhas, 13,4% aplicativos, 6,5 outros tipos de controle e 2,7% software.

Gráfico 9 – Sobre o uso de meios de controle para gerir as finanças pessoais.

Fonte: Dados da pesquisa

As finanças fazem parte do nosso dia a dia, no trabalho, escola e dentro dos lares. Embora não seja percebido, temas como economia, consumo e dívidas são vividos de maneira cotidiana. Não se tem conhecimento teórico científico, mas a população, de forma geral, sabe parcelar uma compra, usar cartão, usufruir do limite do cheque especial e até mesmo recorrer a empréstimos. Parece incoerente que temas tão usais na vida dos brasileiros, como consumo, controle de finanças pessoais, endividamento, entre outros, não sejam ensinados nas escolas. Mas infelizmente é o que acontece, já que a educação financeira não faz parte do currículo escolar. O sistema educacional brasileiro não consegue ensinar conceitos básicos sobre finanças e como consequências acaba formando indivíduos “analfabetos financeiros” (SILVA; SOUZA; FAJAN, 2015).

Tabela 4, mostra algumas variáveis comportamentais, na qual 35,1% do total da amostra de pesquisados registraram, que apenas algumas vezes compram somente aquilo que precisa e 32,2% que algumas vezes ao comprar lhe traz um imenso prazer, e quando questionados se seriam mais felizes se tivessem dinheiro para comprar mais 44,3% dos alunos disseram que sim.

Tabela 4 – Variáveis comportamentais

(continua)

Variáveis quanto ao comportamento Total (n=174)
Comprar apenas aquilo que precisa
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Comprar traz um imenso prazer
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Seria mais feliz se tivesse dinheiro para compras mais coisas
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
As coisas que possuem dizem muito sobre o sucesso que obteve na vida
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
5 (2,9%)
21 (12,1%)
61 (35,1%)
55 (31,6%)
32 (18,4%)
4 (2,3%)
37 (21,3%)
56 (32,2%)
38 (21,8%)
39 (22,4%)
3 (1,7%)
12 (6,9%)
42 (24,1%)
40 (23,0%)
77 (44,3%)
24 (13,8%)
43 (24,7%)
53 (30,5%)
27 (15,5%)
27 (15,5%)

(conclusão)

Variáveis quanto ao comportamento Total (n=174)
Comprar é uma forma de sentir-se melhor, mesmo que depois enfrente dificuldades financeiras
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Comprar algo que quero sem pensar, embora não devesse, com base nas condições financeiras
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
Examinar e avaliar a necessidade da compra, com a finalidade de cuidar do orçamento
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Sempre
52 (29,9%)
46 (26,4%)
44 (25,3%)
19 (10,9%)
13 (7,5%)
40 (23,0%)
49 (28,2%)
58 (33,3%)
16 (9,2%)
11 (6,3%)
7 (4,0%)
26 (14,9%)
49 (28,2%)
53 (30,5%)
39 (22,4%)

Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionado sobre se as coisas ou bens que possuem se representam o sucesso que obtiveram na vida, os respondentes apresentaram respostas diversificadas, com 30,5% dizem que algumas vezes simboliza o sucesso na vida, 24,7% dizem que raramente, porém, 15,5% dizem que sempre.

Ao questionar se comprar seria uma forma de sentir-se melhor, mesmo que depois possa enfrentar dificuldades financeiras, os maiores percentuais de resposta foram, 29,9%, 26,4% e 25% com nunca, raramente e algumas vezes, respectivamente.

Sobre o fato de comprar algo sem pensar, embora não devesse pelas condições financeiras, 33,3% disseram fazer isso algumas vezes, 28,2 % raramente e 23% nunca. Quanto a avaliação da necessidade de compra, 30,5% dos alunos examinam e avaliam com finalidade de cuidar do orçamento, 28,2% algumas vezes e 22,4% sempre avaliam se realmente há necessidade de comprar dos entrevistados acompanham as despesas para fins de orçamento.

A partir da análise das variáveis de hábitos e comportamento no consumo, na maioria das perguntas realizadas, obteve-se respostas diversificadas em seus percentuais. Isso demonstra que as pessoas apresentam hábitos e comportamentos diferentes dependendo das situações impostas.

Conclui-se, de forma geral, orienta-se para revisão dos hábitos de consumo e estar sempre entusiasmado em controlar as suas despesas e ter o foco voltado para atingir as metas e o objetivos previamente estabelecidos em seu orçamento. Nesse sentido, para se administrar melhor o seu orçamento e suas finanças pessoais, ter muita organização e um bom planejamento financeiro, o qual possibilitará a exclusão de gastos desnecessários para se fazer frente a outras despesas futuras, inesperadas e urgentes, que podem surgir.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido apresenta uma problemática pertinente por ser um tema contemporâneo e um problema visível e latente na sociedade atual, a inadimplência e o endividamento nas finanças pessoais. Através dessa temática, procurou-se identificar elementos que ajudem na compreensão desse fenômeno complexo que engloba diferentes enfoques do conhecimento.

Como resposta aos objetivos que nortearam o presente estudo, pode-se dizer que os mesmos foram atingidos e relatados, na análise e no desenvolvimento do trabalho, possibilitando o diagnóstico e as recomendações abaixo apresentadas.

Ao analisar os resultados, constatou-se que o perfil dos respondentes é de maior concentração do gênero feminino, com faixas de idade predominante de 20 a 30 anos, com 67,8% dos respondentes são solteiros, grande parte 93,1% possuem graduação incompleta, e 79,9% exercem atividade remunerada. Em relação ao tempo de atuação na empresa, a maioria está a 1 a 4 anos, predomina a renda entre 1 a 3 salários mínimos, e quanto a responsabilidade financeira da família 28,1% afirmou que contribui apenas com uma parte e 23% divide igualmente as responsabilidades com outra pessoa, e 23% é o único responsável.

Quanto ao objetivo específico de identificar os meios de controle utilizados na gestão financeira pessoal obteve-se que 33,3% dos alunos responderam que utilizam de caderno de anotações financeiras, 14,5% planilhas e 13,5% aplicativos, confirmando que a grande maioria 47,7% dos respondentes estão muito preocupados com suas finanças. Em contrapartida 29,6% não usa nenhum tipo de controle de finanças, o que justifica o dado obtido de 28,2% dos respondentes que estão pouco preocupados com suas finanças.

Ao diagnosticar-se sobre a importância das informações voltadas a educação financeira pessoal a grande maioria, 75,3%, dos respondentes acreditam ser muito importante, 23,6% importante e somente 1,1% pouco importantes. Inclusive 77% dos respondentes consideram que situação financeira do indivíduo interfere na qualidade de vida no trabalho.

Ao levantar-se sobre comprometimento da renda com gasto, investimento ou poupança, obteve-se quanto ao comprometimento da renda familiar que 78% dos alunos têm sua renda comprometida. E o tipo de gastos em que a renda está comprometida, diagnosticou-se que 36,4% dos entrevistados têm sua renda comprometida com o cartão de credito, já 28,1% diz não ter renda comprometida, enquanto 18,2% tem comprometimento com carne de loja, 15,2% outros gastos, 14,7% prestações de bens, 7,8% empréstimo bancário, 5,2% amigos e familiares e 2,6% com cheque especial.

Em se tratar de alunos poupadores, constatou-se através da mostra que   a grande maioria não tem reservas ou faz algum tipo de investimento, mostrando mais uma vez a falta de planejamento financeiro, necessidade da educação financeira, esses dados são representados por 34,5% dos entrevistados que dizem nunca fazer investimentos ou ter algum tipo de poupança.

Diante dos dados obtidos, a fim de diagnosticar quais os principais fatores que contribuem para inadimplência e o alto índice de endividamento da pessoa física, segundo estudantes de uma instituição de ensino superior privada, destaca-se como os principais fatores a falta de planejamento financeiro com 40,5% do total da amostra e o consumo excessivo como resposta de 29,9% do total de respondentes, seguido da grande oferta de credito que o mercado oferece com 10,7% dos alunos, já 9,5% responderam que é a necessidade de ser aceito em um grupo ou meio social e 9,5% a influência da publicidade propaganda.

Ao tratar do assunto consumo excessivo, obteve-se o somatório de 54,7% dos entrevistados que responderam que gastam igual, mais ou muito mais do que ganham, reafirmando a existência de um descontrole no ato de consumir, que de forma geral pode contribuir para o desiquilíbrio financeiro.
Na presente pesquisa pode-se verificar, de modo geral, que existe um descontrole e um conhecimento incipiente sobre o tema por grande parte dos entrevistados em relação as suas finanças pessoais.

Desse modo, visando apresentar sugestões de melhorias que facilitem controle financeiro pessoal sugere-se o uso de um planejamento financeiro em seus investimentos e o de orçamento para suas despesas mensais, através de simples passos como levantar todos os seus gastos, suas receitas, escolher uma boa ferramenta para controlar seus lançamentos que podem ser através do uso de aplicativos, planilhas, softwares, como por exemplo o mobills, organizze, GuiaBolso, Meu Dinheiro, entre outros. Essas ferramentas são utilizadas para se ter relatórios referente a gastos, despesas, investimentos e fluxo de caixa.

Outro aspecto é o reconhecimento das limitações de cada um e saber viver de acordo com as suas receitas, e saber quais são as necessidades, o que geralmente não acontece diante de tantas tentações, modismos que estimulam o consumismo, isso passa ser fundamental para evitar a inadimplência e, consequentemente o endividamento. Outra sugestão a ser tomada refere-se à inclusão de disciplinas de gestão financeira pessoal em todos os cursos de graduação, independente da área de ensino.

Portanto, espera-se que este trabalho possa ser útil a estudantes como subsídio para novos estudos e que possam reconhecer a importância do planejamento financeiro como ferramenta essencial para a boa gestão das finanças pessoais, contribuindo para a formação do ato de poupar.  Os assuntos tratados não tiveram a pretensão de cobrir todas as necessidades, pelo contrário, devem servir de incentivo ao aprofundamento para a descoberta de melhores caminhos que levam a uma gestão financeira pessoal sustentável.

Por fim, sugere-se para trabalhos futuros o desenvolvimento da temática em outros públicos, ampliando a busca de dados a serem pesquisados a fim de comparar os resultados e apresentar possíveis soluções para problemas sociais de tamanho impacto como a inadimplência e endividamento.

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[1] Mestrado em Administração. SOBRESP – Faculdade de Ciências da Saúde. Orientadora.

[2] Graduação em Administração. SOBRESP – Faculdade de Ciências da Saúde.

Enviado: Agosto de 2021

Aprovado: Agosto de 2021

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2 respostas

  1. Muito interessante e educativo, sem duvida alguma, e exposto de forma academica, com objetivos didaticos, leitura otima nao so para os profissionais e estudiosos do assunto, mas tambem a leigos que gostam de aprender sempre. Parabens a i pela excelente qualidade de seu artigo.

  2. Muito interessante e educativo, sem duvida alguma, e exposto de forma academica, com objetivos didaticos, leitura otima nao so para os profissionais e estudiosos do assunto, mas tambem a leigos que gostam de aprender sempre. Parabens a Mestra pela excelente qualidade de seu artigo.

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