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Aproximação entre Mãe e Filho no momento do nascimento

RC: 89581
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

TÁVORA, Raimunda Araujo [1], VIEIRA, Camila [2]

TÁVORA, Raimunda Araujo. VIEIRA, Camila. Aproximação entre Mãe e Filho no momento do nascimento. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 06, Vol. 15, pp. 05-18. Junho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/momento-do-nascimento

RESUMO

Os laços entre a mãe e o bebê podem ou não iniciar com a gravidez, assim como podem estar relacionados ao desejo da mulher em inicialmente ter um filho ou filha, contudo, este sentimento tende a crescer gradativamente, com o tempo da gestação e/ou o cuidado maternal pós-parto. O presente trabalho tem como objetivo identificar e analisar os primeiros momentos da maternidade e o contato íntimo com o bebê logo após o parto. Nesse sentido, partimos de duas abordagens distintas ao tratar do tema, uma positiva, quando ocorre a aceitação de uma primeira gestação já no momento da gravidez; e outra em uma perspectiva negativa, quando há ausência de emoção em gerar uma criança. Para tanto, a pesquisa tem como metodologia a revisão bibliográfica de trabalhos em mídias digitais e impressas sobre o tema abordado, isto é, a aproximação entre mãe e bebê e os primeiros cuidados realizados pela mãe e seus familiares em relação à criança. Conclui-se, a partir da análise das informações levantadas, que o vínculo entre mãe e filho ou filha se intensifica ao primeiro toque, sendo, portanto, passo importante para que essa aproximação aconteça de forma positiva fazendo com que a criança se sinta acolhida e aceita por sua mãe ao oferecer amor, carinho e tato, uma vez que é identificado que o estímulo através do contato pele com pele, a fala, o contato visual, o momento da amamentação e a hora do banho são fatores de extrema relevância para que se transmita a segurança e a confiança necessária ao recém-nascido, criando também um vínculo de força e incentivo para suas mães. Acredita-se, contudo, que nem sempre poderá ocorrer a total aceitação, pois cada caso é único, cada mulher possui sua personalidade e uma gestação diferenciada, e são nesses aspectos que existem os pontos positivos e talvez os pontos negativos desse processo.

Palavras-chave: Aproximação, Gestação, Mãe, Recém-nascido.

1. INTRODUÇÃO

Os laços entre a mãe e o bebê podem ou não iniciar com a gravidez, assim como podem estar relacionados ao desejo da mulher em inicialmente ter um filho ou filha, contudo, este sentimento tende a crescer gradativamente, com o tempo da gestação e/ou o cuidado maternal pós-parto. Assim sendo, a aproximação entre mãe e bebê de fato ocorre ao nascer da criança, através do toque, da fala e, principalmente, através da amamentação; entretanto, quando o feto ainda se encontra no útero, este elo já tem a chance de ser iniciado com o simples toque na barriga pela mãe e o som da voz desta, é nesse processo que é construída a afetividade.

Na medida em que o ciclo gestacional passa, a mulher tende a lidar com várias descobertas, como as angústias e o temor de ter um aborto espontâneo, os cuidados sobre o desenvolvimento fetal e a sua movimentação, além da existência de inquietudes com a aproximação do parto, na ansiedade de receber uma nova vida (SCORTEGAGNA et al., 2005). Essas experiências podem variar de acordo com o grau de vontade de ser mãe, de ter ou não uma criança, de querer ou não estar grávida.

Nesse sentido, vale ressaltar, inicialmente o presente trabalho abordará o vínculo entre mãe e filho ou filha a partir de duas formas distintas com a qual pode se tratar deste tema: uma positiva, quando ocorre a aceitação de uma primeira gestação já no momento da gravidez; e outra em uma perspectiva negativa, quando há ausência de emoção em gerar uma criança.

As relações afetivas são necessidades primordiais para um recém-nascido, que já nasce equipado de sistemas comportamentais que são ativados através das experiências sensoriais, estímulos estes que a princípio surgem através da figura materna, do leite, dos cheiros, do calor sentido através do contato de suas peles e da emanação de sons. É dessa forma que o recém-nascido descobre o mundo e sente prazer, sentindo-se seguro e acolhido no aconchego do colo de sua progenitora (BRAZELTON et al., 1987).

Na outra ponta desta relação, é exatamente após o parto que a mulher precisa do apoio de seus familiares ao enfrentar tal momento de tensão e nervosismo, sendo importante fazer com que a nova mãe sinta-se amparada, pois, é após o nascimento que se inicia o apego, momento onde a sensibilidade está mais aflorada, e é também nesse instante que se inicia a formação do psiquismo da criança, que possibilita o crescimento saudável e o desenvolvimento no campo dos comportamentos sociais (BRAZELTON, 1988).

Observar aos cuidados no momento do nascimento, ficar atento aos estímulos do contato pele com pele, instruir o acolhimento do recém-nascido e as melhores adaptações do pós-parto são momentos importantes a serem considerados pelos profissionais de saúde envolvidos no momento do parto (SILVA et al., 2006). A relação dos progenitores com a criança deverá ser imposta por limites, pois no momento de todos os cuidados deverá existir cautela em como a criança possa entender o que é cuidado e o que são suas obrigações; desse modo, a aproximação nem sempre ocorre no e apenas no momento do nascimento, mas também por todo o crescimento da criança junto aos pais.

A problemática levantada para o desenvolvimento do presente trabalho trata da aproximação entre mãe e bebê no momento do nascimento. A motivação para essa investigação surgiu com a preocupação em esclarecer o vínculo que se inicia entre mãe e bebê nos primeiros momentos, e com o intuito em contribuir para o melhor nascimento da criança e um momento menos estressante para a mãe. O tema suscita dúvidas e incertezas, fato que justifica a presente pesquisa a fim de auxiliar na compreensão dessa relação entre mães e seus bebês, os estímulos da formação do apego entre o recém-nascido e a mãe, uma vez que após esses primeiros momentos tal sentimento é construído no decorrer dos primeiros anos desta relação.

Para tanto, a pesquisa tem como metodologia a revisão bibliográfica de trabalhos em mídias digitais e impressas sobre o tema abordado, isto é, a aproximação entre mãe e bebê e os primeiros cuidados realizados pela mãe e seus familiares em relação à criança.

A pesquisa tem como objetivo, portanto, identificar e analisar os primeiros momentos da maternidade e o contato íntimo com o bebê logo após o parto. Pretende-se que tal estudo venha a elucidar as percepções e as experiências vivenciadas em uma sala de parto, para que a humanização do parto possa ser valorizada e que os direitos dos familiares nesse momento também sejam assegurados.

2. GESTAÇÃO: O PRIMEIRO VÍNCULO

No decorrer dos anos, o conceito em relação às mulheres gestantes sofreu inúmeras transformações e adaptações de acordo com as necessidades e interesses sociais vigentes em cada época. Contudo, a figura materna sempre representou o ponto crucial na formação do ser humano, tal sentimento que se forma com o bebê ainda dentro do útero de algum modo estabelece um elo profundo com a mulher e sua família. De acordo com Klaus; Kennel e Klauss (2000, p. 167), esse momento consiste em:

Um processo que é formado e cresce com repetidas experiências significativas e prazerosas. Ao mesmo tempo outro elo, geralmente chamado de ‘apego’, desenvolve-se nas crianças em relação a seus pais e a outras pessoas que ajudem a cuidar delas. É a partir dessa conexão emocional que os bebês podem começar a desenvolver um sentido do que eles são, e a partir do que uma criança pode evoluir e ser capaz de aventurar-se no mundo.

A gestação é momento no qual o bebê se sente aconchegado, recebendo calor, proteção e alimentação necessária para sua boa formação, assim, segundo o psicólogo do Hapvida Saúde, Paulo Castro, é através do cheiro, da audição e do paladar que a criança se liga cada vez mais à mãe, especialmente após o nascimento, pois foi dentro do corpo desta que ela sentiu as primeiras sensações (AGORARN, 2016).

Os sentimentos do bebê começam a se formar no interior do útero, pois a criança sente e internaliza para si todos os comportamentos de sua progenitora, sejam eles bons ou ruins, através desse vínculo. Desse modo, iniciam-se através de momentos de conversas entre mãe e bebê os primeiros laços maternais:

O bebê começa a existir bem antes de ser concebido como significante, na linguagem, quando é falado. Por exemplo: no desejo dos pais em terem um filho, na escolha do nome, etc. O seu corpo (da ordem do Real) é, portanto o receptáculo do discurso dos pais, é o lugar de inscrição. A sua expressão corporal encontra-se assujeitada ao Outro a quem o gesto é dado a ver, assujeitada a seu olhar, assim como a palavra ao ouvido do auditor, e engajada no mesmo semblante e na mesma busca de ser compreendido, notado, amado (RAMALHO, 1989, p. 68).

Tal conexão desde a mais tenra idade transforma crianças em adultos de boa autoestima, cria a autonomia e desenvolve uma boa personalidade. Os bebês que passam por menos momentos estressantes tendem a ter mais chances de alcançar uma vida próspera, tornando-os pessoas mais comunicativas e contribuindo para as relações interpessoais futuras (SILVA et al., 2006).

No útero a criança é capaz de detectar as vibrações dos sons emitidos pela mãe, assim como todas as sensações e emoções que a acompanha. Nesse sentido, esse relacionamento é fundamental para a formação de um forte laço, garantindo assim o bom desenvolvimento físico e mental do bebê. Caso o bebê não seja um desejo da mulher, este se tornará um fardo, um sobrevivente, uma criança que talvez não seja comunicativa ou, talvez, venha a se tornar um adulto rebelde (BRAZELTON; CRAMER, 1992).

Para uma gestação saudável, portanto, é importante que a mãe realmente deseje gerar um bebê; contudo, ainda que haja a plena vontade de ter uma gravidez tranquila, alguns problemas nesse período podem ocorrer. Apesar disso, o primordial é que o feto se sinta desejado, mesmo em meio às dificuldades que podem vir a surgir, pois cada fase é uma nova descoberta e as angústias e adversidades são inevitáveis nesse processo.

Os instantes em que a mãe, por exemplo, pensa no bebê, conversa e toca em sua própria barriga durante a gestação faz com que hormônios sejam liberados para o bebê, provocando satisfação e condições de bem-estar para ambos. Em contrapartida, uma mãe depressiva ou entristecida que não faça uma comunicação diária com seu bebê pode acarretar eventos negativos ainda na gestação ou após o nascimento do bebê (RICCI, 2019).

Conseguinte, identifica-se que o acompanhamento pré-natal pode garantir uma gestação mais tranquila, assegurando um desenvolvimento saudável para a mãe e para o seu bebê. As consultas têm o potencial de identificar antes do nascimento do bebê anomalias que podem ser revertidos até mesmo antes do parto, assim como direcionar as mães a adotarem um estilo de vida mais saudável e uma alimentação balanceada, elementos importantes para o bom desenvolvimento da gestação, da criança (como evitar futuras cólicas ao nascer) e do momento do parto (RICCI, 2019).

Quaisquer preparativos no período geracional garantem benefícios para a mãe e para o bebê, promovendo a tranquilidade, afinal, além do vínculo entre eles já ter iniciado na gestação, o bebê recebe através do cordão umbilical os nutrientes necessários para seu desenvolvimento e os chamados “hormônios do amor”, como a ocitocina, que é liberada pela mulher em ambiente acolhedor — por esse motivo muitos partos são aconselhados a começarem em casa e à noite. Tida uma boa gestação, o vínculo entre mãe e bebê se intensifica após o parto, na troca de olhares entre ambos, e na amamentação (RICCI, 2019).

3. O NASCIMENTO: APROXIMAÇÃO DA MÃE E DO SEU BEBÊ

O trabalho de parto consiste em uma interação complexa e multifacetada entre a mãe e o bebê, acredita-se que o trabalho de parto seja influenciado por uma combinação de fatores, sendo que “estudos sobre a interação revelam que existe uma ligação imediata entre a mãe e o bebê, sendo este último um parceiro ativo, que obedece a regras como a evidência de uma metacomunicação” (SCORTEGAGNA et al., 2005, p. 62). Fundamental para esse momento é o acompanhamento da equipe de enfermagem ao incluir a comunicação e espaço da mãe com seu filho ou filha; este diálogo engloba não só a compreensão da linguagem da pessoa, mas também o significado de toques e gestos, considerado um conforto pela mãe e a família que acompanha o procedimento após o parto (BRAZELTON et al., 1987; BRAZELTON, 1988; BRAZELTON; CRAMER, 1992).

Ricci (2019) menciona certas adaptações no momento da gestação e após o parto em relação à mulher, sendo o pós-parto um importante momento de transição para a mãe e para o recém-nascido do ponto de vista hormonal, fisiológico e psicológico. Nesse contexto,

[…] a interação entre mãe e filho após o nascimento se processa de maneira que a mãe experimente diversas sensações e com elas inicie uma série de estímulos ao bebê. O bebê, por sua vez, responde a esses estímulos, dando retorno à mãe (ROSA et al., 2010, p. 109).

Esse momento pós-parto pode incluir as várias alterações que ocorrem na vida da mãe e que perduram durante o primeiro ano após o nascimento da criança, sendo considerado um processo de adaptação, especialmente o quesito psicológico, podendo trazer irritabilidade, falta de sono, aumento do apetite, cansaço e outras sensações à mulher.

Os afetos provocados na chegada de um novo bebê, aos olhos dos profissionais, respaldam-se na observação do estado apresentado pelo recém-nascido ao nascer, porém para as mães as reações ao escutar o choro do bebê são de alegria por perceber que seus recém-nascidos se encontram bem e com saúde. Em casos extremos nos quais por algum motivo o bebê não venha a chorar, esse momento causa angústia e apreensão na mãe, desencadeado ainda mais ansiedade (ROSA et al., 2010).

Os sentimentos e a ansiedade pela a espera de um filho (a) remetem a variações comportamentais, e a preocupação no momento da chegada do bebê com o choro deste é um fator presente nesse momento, pois muitas mães encontram-se apreensivas pela chegada de um grito ou qualquer som, dado que “o choro, além de abrir os pulmões, também é uma manifestação de que, provavelmente, a criança sente algumas dores e reações emocionais como o medo e a insegurança diante da nova condição existencial” (ROSA et al., 2010, p. 107).

O nascimento de uma criança tende a mudar totalmente a estrutura familiar, gerando adaptações dinâmicas e contínuas que evoluem desde o momento em que ocorrem as primeiras mudanças no corpo da mulher. Tratando-se de adaptações fisiológicas maternas, há certa modificação no corpo feminino para acomodar as necessidades do feto em crescimento, e após o parto há uma mudança no corpo feminino que passa não acomodar mais esse bebê; este momento requer atenção ao estado psicológico, uma vez que as cólicas agudas pós-parto fazem parte de um processo que envolve contrações uterinas e, em alguns casos, certas mulheres podem encaram esse momento como um trauma, especialmente quando esta é uma mãe de primeira viagem (RICCI, 2019).

Como profissionais de enfermagem, uma das principais funções destes é prestar cuidados seguros e baseados em evidências para promover desfechos ideais de nascimento a todas as mulheres, independentemente de sua origem cultural, tendo em vista que a enfermeira é um intermédio em que acolhe as mães e suas famílias na unidade de obstetrícia, compartilhando com ela uma das experiências mais íntimas de suas vidas (SILVA et al., 2006).

Quando uma criança nasce, a exaustão e o estresse do trabalho de parto terminam para os pais, porém começa uma nova etapa para o recém-nascido: a de se adaptar em um novo ambiente. Desse modo, é preciso uma base para a prestação de suporte no momento do nascimento, pois os recém-nascidos necessitam de um ambiente para a manutenção da temperatura corporal, imediatamente pós o nascimento do que mais tarde na vida (SCORTEGAGNA et al., 2005).

O acolhimento de um filho ou filha tem um significado relevante para a mãe que se encontra com o bebê em seus braços, depois de realizado o parto. Quando as mães pegam seus bebês pela primeira vez, o reconhecimento e a aproximação começam a ser instituídos, sendo um processo de identificação de ambas as partes, mãe e bebê. Nesse cenário, o toque apresenta-se como fundamental:

O toque é a forma mais rudimentar de estabelecer uma relação humana, pois constitui um meio de transmissão de várias necessidades básicas, como segurança e afeto. Sendo assim o contato precoce pele a pele entre mão e bebê, imediatamente após o parto, deve ser uma prioridade para os profissionais de saúde (SANTOS, 2011, p. 1).

As mulheres em seus sistemas sensoriais, em geral, após receberem seus bebês, aos poucos tocam as áreas com total sensibilidade do corpo deste, por exemplo, as mãos e a face, e existem no bebê várias reações ao se sentirem tocados, sendo um período de alerta que serve para o reconhecimento das partes e exploração do corpo da mãe pelo bebê (CRUZ; SUMAM; SPINDOLA, 2007). As mães sempre procuram manter seus olhos firmes em seu bebê, é quando a intimidade começa e gera muitas sensações e emoções fortes que propiciam a elas sentirem- se capazes de se aproximar ainda mais do recém-nascido.

A aproximação entre mãe e bebê após o nascimento, gerando emoções e iniciando uma série de estímulos ao bebê, que retorna à mãe através de olhares, dá o tom da primeira interação. Muitas mães, entretanto, entendem essa aproximação como existente desde o momento da gravidez, nas primeiras conversas, o que é reafirmado no momento do nascimento (BRAZELTON; CRAMER, 1992).

É imprescindível para o estímulo precoce do contato entre a mãe e o bebê, de acordo com a afirmação dos autores Cruz, Sumam e Spindola (2007, p. 691), que:

Em condições satisfatórias para a mãe e o concepto, logo após o parto, deve-se estimular o contato físico entre ambos e a sucção precoce por contribuírem para o estabelecimento ou continuidade do vínculo além de favorecer a contratilidade uterina e auxiliar no processo de amamentação.

A participação dos profissionais de saúde envolvidos no momento do parto é fundamental nesse processo, agindo diretamente na assistência, sendo facilitadores e colaboradores dessa prática; estes possuem a importante missão de cuidar da nova família que está para surgir e principalmente dos cuidados do pós-parto (CRUZ; SUMAM; SPINDOLA, 2007).

Nesse momento inicial, o choro de uma criança deve sempre ser analisado, pois existem várias formas de interpretá-lo, como: dores, irritabilidade, sono, fome, ou até mesmo a ausência de sua mãe, sendo essas são algumas das necessidades do recém-nascido. A mãe, ao acompanhar todas essas etapas, pode trazer uma energia a essa relação: é necessário sempre conversar com o bebê para que, através desses sinais, o bebê possa retribuir com um sorriso ou um olhar diferente. Cada

mãe sempre buscam as respostas de seus bebês, seja através de sorrisos ou olhares, trazendo algo positivo e gerando emoções quando os bebês conseguem retribuir, tornando tais momentos únicos e que deve ser vivenciado com intensidade (SILVA et al., 2006).

4. ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO E À MÃE PELOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Uma das principais funções de um profissional da saúde é ser transportador de um conhecimento, propiciando tornar as ações e assistência ao recém-nascido na sala de parto e no momento da recepção do bebê de maneira mais simples, e atuar profissionalmente de modo concentrado e competente. Seguindo essa ideia, parece ser fundamental a importância da realização de um trabalho com mais apego e humanização:

O fato de o enfermeiro ser o elo da equipe de saúde que mantém maior contato com a população materno-infantil, coloca esse profissional numa posição estratégica para observar a interação mãe-filho, detectar a necessidade de intervenção, promover e facilitar a ligação afetiva (SILVA et al., 2006, p. 611).

Há muitas mudanças ao nascer de um bebê, tanto emocional quanto fisiologicamente, sendo este um momento cansativo tanto para a mãe quanto para o recém-nascido. Mesmo que esse ato ocorra naturalmente, é certo que a criança passe por situações de estresse, pois se desenvolveu dentro das limitações uterinas e em um ambiente acolhedor, logo o cuidado e o preparo para o parto não são somente para a saúde da nova mamãe, como também é de suma importância o preparo de um ambiente próspero ao bebê que está por vir (SCORTEGAGNA et al., 2005).

Após o nascimento a criança precisa assumir as funções que eram até então realizadas pela placenta, assim os profissionais da enfermagem têm a finalidade de diminuir o estresse do bebê na sala de parto, criando um ambiente acolhedor, tranquilo e tendo o cuidado de promover o contato pele com pele entre os progenitores e o bebê, todos esses cuidados são essenciais para a adaptação do recém-nascido ao novo mundo. Igualmente, o pedido de ajuda da mãe à equipe de

saúde na hora da amamentação também se mostra como uma ótima oportunidade de proporcionar conforto, praticidade e bem-estar aos momentos iniciais entre mãe e bebê (CRUZ; SUMAM; SPINDOLA, 2007).

Todos os profissionais atuantes na chegada do recém-nascido têm papéis de destaque no processo do nascimento, por isso é fundamental que haja uma formação técnica, aplicada para uma assistência humanista, especialmente tendo como valor a essência do cuidado humano e treinamento para atender o recém-nascido (MATOS, et al., 2010).

Desse modo, é primordial o trabalho do profissional de enfermagem, pois este é um facilitador do cuidado para que a aproximação entre mãe e bebê aconteça de forma positiva, favorecendo o elo entre mãe e bebê, e o conseguinte elo também com o restante da família (BOWDEN; GREENBERG, 2012). Ademais, os profissionais de enfermagem também devem atuar como orientadores das mães a respeito da importância do contato de pele, das conversas com os seus bebês, mostrando, por exemplo, formas corretas de amamentação e diversas situações auxiliadoras de laços afetivos (MATOS et al., 2010).

Para além dos padrões, o profissional da saúde tem sempre muito a contribuir, abrindo possibilidades, estabelecendo várias descobertas, constituindo vínculos entre o profissional e a paciente, transformando a relação mãe/filho e tornando-a mais agradável e não um momento estressante.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para o desfecho do presente estudo, verificam-se fatores positivos e negativos no estabelecimento do elo entre a mãe e o feto, visto que essa relação se inicia no momento da concepção, no útero, onde a criança tem as primeiras percepções dos sons emitidos, das sensações e das emoções transferidas pela gestante. Esse laço por sua vez garante um bom desenvolvimento físico e mental, e é ainda mais significativo quando a mãe deseja realmente conceber a criança e usufrui de uma gestação saudável, salvo que cada mulher passa pelas fases da gestação de modos diferentes, cada uma possui as suas adversidades e angústias.

O desempenho da equipe de enfermagem é de grande valia no estreitamento

dos laços afetivos entre a mãe e o recém-nascido ao inserir a nova mãe em programas de humanização, esclarecendo dúvidas e apoiando emocionalmente as gestantes e o restante da família, atuando assim na promoção do apego, no contato pele com pele e na amamentação, propiciando também um ambiente acolhedor para receber essa nova criança ao mundo.

Cabe aos profissionais da área da saúde uma atitude individual em prol de resgatar a humanização dos partos e pós-parto, seja por curto ou em longo prazo, se fazendo necessário para um cuidado efetivo, orientando a família durante o período desde a sala de parto. Assim como as funções dos enfermeiros são importantes, faz-se necessário na convivência com a família um ambiente acolhedor e calmo que propicie uma transição humanizada para a criança recém-nascida. Desse modo, os profissionais da saúde têm muito a contribuir, pois possuem a competência de determinar os vínculos entre os binômios mãe/bebê, transformando as condições ao nascer mais agradáveis.

REFERÊNCIAS

AGORARN. Especialista explica a importância do vínculo entre mãe e filho no período gestacional. Portal AGORARN, 05 mai. 2016. Disponível em: https://agorarn.com.br/gente/especialista-explica-a-importancia-do-vinculo-entre- mae-e-filho-no-periodo-gestacional. Acesso em: 11 mai. 2021.

BOWDEN, Vicky; GREENBERG, Cindy Smith. Procedimentos de Enfermagem Pediátrica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 2012.

BRAZELTON, Thomas Berry. et al. A dinâmica do bebê. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

BRAZELTON, Thomas Berry. O desenvolvimento do apego: uma família em formação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

BRAZELTON, Thomas Berry; CRAMER, Bertrand. As primeiras relações. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

CRUZ, Daniela Carvalho dos Santos; SUMAM, Natália de Simoni; SPINDOLA, Thelma. Os cuidados imediatos prestados ao recém-nascido e a promoção do vínculo mãe- bebê. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 41, n. 4, p. 690-697, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0080-62342007000400021. Acesso em: 11 mai. 2021.

KLAUS, Marshall; KENNEL, John; KLAUSS, Phyllis. Vínculo: Construindo as bases para um apego seguro e para a independência. Porto Alegre: ArtMed, 2000.

MATOS, Thaís Alves. et al. Contato precoce pele a pele entre mãe e filho: significado para mães e contribuições para a enfermagem. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 63, n. 6, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-71672010000600020. Acesso em: 11 mai. 2021.

RAMALHO, Rosane Monteiro. Função materna na constituição do sujeito. In: CENTRO EM TRABALHO EM PSICANÁLISE. Escritos Psicanalíticos – Colóquios II. Curitiba: Centro em Trabalho em Psicanálise, 1989.

RICCI, Susan Scott. Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2019.

ROSA, Rosiane da. et al. Mãe e filho: os primeiros laços de aproximação. Esc Anna Nery Rev Enferm, [s.l.], v. 14, n. 1, p. 105-112, 2010. Disponível em:https://www.scielo.br/pdf/ean/v14n1/v14n1a16.pdf. Acesso em: 11 mai. 2021.

SANTOS, Ana. A importância do contacto precoce pele-a-pele entre a mãe e bebé. Centro Hospitalar Barlavento Algarvio, 25 fev. 2011. Disponível em: http://www.chbalgarvio.min-saude.pt/NR/rdonlyres/B85D81E0-0C79-426E-9930-6CED2DFD0F7E/22430/ArtigocontactopeleapeleCHBA_final.pdf. Acesso em: 11 mai. 2021.

SCORTEGAGNA, Silvana Alba. et al. O processo interativo mãe-bebê pré-termo. Psic, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 61-70, dez. 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676- 73142005000200008&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 11 mai. 2021.

SILVA, Leila Rangel da. et al. A importância da interação mãe-bebê no desenvolvimento infantil: a atuação da enfermagem materno-infantil. Rev Enferm UERJ, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p. 606-612, 2006. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-452539. Acesso em: 11 mai. 2021.

[1] Graduada em Enfermagem pela Faculdade Anhanguera de Ciências e Tecnologia de Brasília (FACITEB).

[2] Orientadora.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Junho, 2021.

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Raimunda Araujo Távora

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