REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

As Contribuições do Pilates para a Qualidade de Vida dos Idosos

RC: 12855
390
5/5 - (2 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

SILVA, Stella Denanni Lopes da [1], EVANGELISTA, Alexandre [2]

SILVA, Stella Denanni Lopes da; EVANGELISTA, Alexandre. As Contribuições do Pilates para a Qualidade de Vida dos Idosos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 04. pp 43-56, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo, apontar a contribuição para a melhoria da saúde e qualidade de vida através da pratica do Método Pilates para o público idoso. O tipo dessa pesquisa é de caráter bibliográfico de forma exploratória que visa identificar os benefícios do Pilates para este público. Os resultados de diversas pesquisas apontam que a pratica regular de atividade física em geral, revela-se como um dos principais benefícios inerentes à longevidade, contextualizando-a numa dimensão de estratégia tanto profilática como curativa para os distúrbios ou as disfunções associadas ao envelhecimento. O Método Pilates vem ganhando amplitude na sociedade por ser uma atividade física completa e segura, pois, não ocorre grandes impactos. Essa proposta melhora a qualidade de vida de seus praticantes, através de uma nova condição postural, desenvolvendo maior mobilidade, equilíbrio e agilidade, embasando-se no tônus muscular e em um ganho de flexibilidade, atingidas através de seus exercícios específicos. A comprovação dos benefícios deste método é relevante, mediante a importância da atividade física no cotidiano do idoso, que necessita de um planejamento para essas atividades e de profissionais qualificados. A associação com outras atividades físicas, assegura a manutenção da mobilidade e da agilidade, prolongando a independência do idoso e melhorando sua qualidade de vida.

Palavras-Chave: Idoso, Qualidade de Vida, Pilates na Terceira Idade.

INTRODUÇÃO

A expectativa de vida vem aumentando em todo o mundo. No Brasil, segundo o IBGE, a expectativa de vida em 1940 era de 42,7 anos, em 2000 passou para 70,4 anos e, em 2006, para 72,3 anos, sendo 76,1 anos para as mulheres e 68,5 anos para os homens (BRENDLER, 2007).

A análise do crescimento populacional de diferentes faixas etárias mostra que o grupo de idosos, com 60 anos ou mais, é o que mais cresceu no país. De 1980 a 2000, houve um aumento de 14% no grupo entre 0-14 anos enquanto o grupo de idosos aumentou 107% (HOFFMAN, 2003). A população mundial está envelhecendo e, nas últimas décadas, a Gerontologia passou a estudar o chamado “envelhecimento bem-sucedido”, investigando os aspectos positivos da velhice, as funções que se mantêm preservadas e os índices de satisfação dos idosos (SÉ, 2000). Diante disso, o objetivo deste estudo foi identificar na literatura, a relação benéfica do método Pilates para a população acima dos 60 anos de idade, e o que traz de qualidade em suas vidas, introduzindo essa prática como meio de vida e não como opção para os praticantes, tornar uma atividade prazerosa que faça parte de suas vidas.

Nos países capitalistas como o Brasil, ainda se preserva a errônea ideia de que apenas a juventude é sinônimo de saúde, beleza, produtividade e status. Acreditamos que, infelizmente, a discriminação afeta o auto-conceito e a autoestima de muitos idosos que acabam se afastando do convívio social, terminando por comprometerem sua saúde física e mental. Okuma (1998) aponta o tédio, a inatividade e a expectativa de doenças como causas de mais da metade do declínio da capacidade física dos idosos. Já para Franchi e Montenegro (2005) destacam que um comprometimento na área física, mental e/ou social, afeta diretamente a capacidade funcional do idoso, isto é, seu desempenho para a realização das atividades diárias (manutenção da higiene pessoal, cozinhar, caminhar curtas distâncias, por exemplo) e consequentemente sua qualidade de vida. Por sua vez Okuma (1998), reforça que a atividade física é a principal responsável pelo desempenho das atividades diárias e pelo grau de independência e autonomia dos idosos. Além disso, a atividade física regular melhora a autoestima, a autoconfiança, a qualidade e expectativa de vida dos idosos. Outro autor que generaliza o termo qualidade de vida é o Tessari (2004) que acredita que a qualidade de vida está fortemente associada a preservação do prazer em todos os seus aspectos. O prazer e a satisfação com a vida conservam-se altos na velhice, principalmente, quando os idosos possuem metas significativas de vida e estão empenhados na manutenção ou restauração do bem-estar psicológico

Hoje em dia há uma maior busca por atividades físicas que promovam maior segurança, especialmente para o público adulto e idoso. Dentre as diferentes modalidades de atividade física que se encontram para os idosos, o Método Pilates vem ganhando amplitude e maior divulgação na sociedade. De acordo com CURI (2009) Pilates bem orientado por um profissional, é praticamente inexistente a possibilidade de lesões, pois não ocorre impactos. A proposta do Método Pilates pode melhorar a qualidade de vida de seus praticantes, através de uma nova condição postural, desenvolvendo maior mobilidade, equilíbrio e agilidade, embasando-se no tônus muscular e em um ganho de flexibilidade, atingidas através de seus exercícios específicos. A comprovação dos benefícios para os praticantes deste método é relevante, mediante a importância da atividade física no cotidiano do idoso, que necessita de um planejamento para essas atividades e de profissionais qualificados

Diante destes fatos, surge a questão: Como o Pilates pode contribuir na melhoria da qualidade de vida dos idosos? Para responder essa questão utilizei uma forma de estudo exploratório com desenvolvimento de Referência Bibliográfica.

Acredito que este trabalho possa trazer uma significativa contribuição para a área de Educação Física, especialmente para aqueles profissionais que trabalham com idosos, e que possa servir como estímulo para que outros profissionais olhem com mais atenção para esta parcela crescente da população ainda carente de incentivos e de programas de atividades físicas.

MÉTODO

Para elaboração dessa revisão de literatura, foi realizada uma pesquisa em livros acadêmicos, especificamente um da editora Manole,2012, outro da Papirus,1998 e as demais buscas em bancos de dados eletrônicos, no qual foram realizados em fontes confiáveis como Google Acadêmico, página virtual do Governo Brasileiro, portal da Educação Física, entre outros, todos pesquisados no primeiro semestre de 2012, e todos os trabalhos limitados a língua portuguesa. Na busca eletrônica foram utilizadas palavras isoladas (idoso, envelhecimento, Pilates, saúde), e palavras combinadas entre si (qualidade de vida, terceira idade e o exercício físico, envelhecimento com saúde, o idoso e o Pilates, o método Pilates para o idoso, terminologia do envelhecimento, saúde e qualidade de vida).

DISCUSSÃO

Saúde e Qualidade de Vida:

Diante o tema deste estudo, torna-se necessário, primeiramente, abordarmos dois importantes conceitos que servirão de base para este trabalho de pesquisa: saúde e qualidade de vida.

O conceito de saúde tem se modificado ao longo dos anos. Inicialmente, a saúde era entendida como ausência de doenças. Posteriormente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu-a como um estado de completo bem-estar físico, psicológico e social. Este foi um conceito muito criticado uma vez que “completo bem-estar” é utópico (MOREIRA, 2007). Mais recentemente, o conceito de saúde foi ampliado. Um conceito bem aceito, e que será adotado neste trabalho, é o de Nahas (2003 apud SILVA et al., 2007) que destaca as dimensões física, psicológica e social, caracterizadas com pólos positivo (capacidade de ter uma vida satisfatória e proveitosa) e negativo (comportamentos de risco, doenças e morte) que dependem do comportamento do indivíduo. Destaca também os fatores sobre os quais não temos controle, como a hereditariedade, que exerce grande influência sobre a saúde.

Outro termo complexo e que possui uma grande variedade de definições é qualidade de vida (QV). Segundo Scattolin (2006), inicialmente, o termo QV estava diretamente relacionado à aquisição de bens materiais. Após a Segunda Guerra Mundial, foram incorporados termos como felicidade e bem-estar.  Em 1946, a OMS definiu QV como a manutenção da saúde, no maior nível possível, em todos os aspectos da vida humana (físico, social, psíquico e espiritual) (TESSARI, 2004).  Em 1960, QV foi relacionada à educação, ao crescimento pessoal e econômico, à preocupação com a saúde e ao bem-estar econômico. O conceito de QV e seus indicadores foram sendo ampliados. Além das condições de saúde, educação, moradia, transporte, lazer e trabalho, foram incorporados: mortalidade infantil, esperança de vida, nível de escolaridade, saneamento básico, níveis de poluição, dentre outros. Percebeu-se, porém que era necessária uma avaliação subjetiva sobre satisfação, pois “só o dono da vida pode fazer um julgamento sobre ela”. A utilização cada vez maior do termo fez surgir a necessidade de defini-lo. Não há um consenso, mas os pesquisadores concordam que QV significa coisas diferentes para diferentes pessoas em diferentes épocas da vida (SCATTOLIN, 2006).

Segundo Vecchia et al. (2005), o conceito de QV está associado à autoestima e ao bem-estar pessoal e abrange aspectos como a capacidade funcional, nível socioeconômico, estado emocional, interação social, atividade intelectual, suporte familiar, estado de saúde, valores culturais, éticos e religiosos, estilo de vida, satisfação com as atividades diárias e com o ambiente que o rodeia. Declara que QV é um conceito subjetivo que depende do nível sociocultural, da faixa etária e das aspirações pessoais do indivíduo.

Nahas (2006 apud SILVA et al., 2007) define QV como a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais (como estilo de vida) e socioambientais (como condições de trabalho, remuneração, educação e lazer), modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que o indivíduo vive. Moreira (2007) afirma que o conceito de QV está relacionado a fatores sociais e históricos, pois as condições concretas impõem percepções, aspirações, projetos e sonhos diferentes para cada indivíduo das diversas classes sociais e dentro de uma mesma classe. O bem-estar e os elementos objetivos não podem ser dissociados do contexto histórico e social. Observa ainda que não podemos estipular elementos universais relativos ao alcance de uma boa QV uma vez que está ligada a fatores socioculturais e subjetivos.

Neste estudo irei adotar a concepção de QV do grupo de QV (WHOQOL), da OMS, que a definiu como a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.  Está implícito nesta definição que o conceito de QV é subjetivo, multidimensional e que inclui elementos de avaliação tanto positivos como negativos (WHOQOL GROUP10, 1994 apud FLECK et al., 1999).

Como dito anteriormente, saúde e QV são dois fatores imprescindíveis quando tratamos do ser humano, principalmente dos idosos. A OMS prevê que, entre os anos de 2020 e 2025, o Brasil terá 32 milhões de idosos (Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, 2006 apud SILVA; FERRUGEM, 2008). Sabemos que longevidade não é suficiente, é indispensável que seja vivida com saúde e QV.

Envelhecimento:

A literatura existente sobre o envelhecimento aponta dois focos de estudo. O primeiro se concentra no estudo das doenças, perdas e limitações da velhice; o segundo investiga as capacidades preservadas, o potencial de aprendizagem e desenvolvimento, atividades e satisfação. Todos os autores, no entanto, são unânimes em apontar a atividade física (AF) como um grande aliado contra o processo de envelhecimento, enquanto perdas e limitações.

Nóbrega et al. (2002), em posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, aponta o envelhecimento como um processo contínuo onde há um declínio progressivo de todos os processos fisiológicos, porém um estilo de vida ativo e saudável pode retardar as alterações morfofuncionais que ocorrem com a idade.

Costa (2008) observa que a perda progressiva das aptidões funcionais do organismo, aumenta o risco do sedentarismo, que é um grande fator de risco para as doenças crônico-degenerativas, como as doenças coronarianas. Declara que a prática de exercício físico, além de trazer benefícios físicos, favorece a integração e socialização.

Goldemberg (2004) coloca que as principais mudanças decorrentes do envelhecimento são: o aumento na quantidade de gordura no organismo, diminuição da força muscular e da massa óssea, enfraquecimento dos ligamentos e tendões, diminuição dos reflexos de ação e reação, diminuição da coordenação e habilidade motora e da aptidão física. Coloca também que os exercícios físicos podem prevenir doenças e melhorar a QV.

Vale ressaltar que o estudo das alterações sofridas ao longo do processo de envelhecimento, não são objetos de estudo deste trabalho, nem tão pouco são imprescindíveis para a compreensão do mesmo. Vitta (2000 apud REIS; SOARES, 2006) acredita que a queda da capacidade funcional está condicionada aos fatores genéticos, sociais, históricos e psicológicos e, portanto, o ritmo do envelhecimento varia de indivíduo para indivíduo. Nahas (2001 apud SILVA; FERRUGEM, 2008) coloca que a perda da independência é um dos fatores que mais ameaça o bem-estar do idoso. Segundo ele, a herança genética, os hábitos de vida e a prática de AF determinam a condição física de cada indivíduo. Completa dizendo que os indivíduos fisicamente ativos têm a idade biológica de um sedentário vinte anos mais jovem. Para Lehr (197? apud KURZ, 1983) destaca que a apreciação subjetiva da própria saúde é decisiva para a condução da vida na velhice, ou seja, quem se considera mais saudável, tem uma postura mais ativa; movimenta-se mais e consequentemente vive uma vida mais saudável. Já para Rauchbach (1990), uma vez que o envelhecimento ocorre nos níveis biológico, psicológico, funcional e social, a AF é fundamental pois propicia uma vida ativa estimulando o corpo, eliminando a ociosidade e melhorando as atividades diárias; a motivação para a AF, entretanto, depende das experiências vivenciais e sociais.

Os principais conceitos associados ao envelhecimento bem-sucedido são: o baixo risco de doenças, manter um alto nível funcional nos planos físico e cognitivo e conservar um bom relacionamento social (SÉ, 200-). O autor destaca que as atividades sociais, físicas e de lazer têm implicações na qualidade e expectativa de vida. Para ser significativa, a AF deve trazer satisfação. Santos (2007), comentando as ideias de Fontaine, coloca que este acredita que não envelhecemos todos da mesma forma e que o processo de envelhecimento não é simultâneo para todo o corpo e espírito. Ressalta ainda que a velhice bem-sucedida tem vários critérios: longevidade, saúde biológica e mental, eficácia intelectual, competência social, conservação de autonomia e bem-estar subjetivo. Neri (2002 apud STELLA et al., 2002) e Costa (2002 apud STELLA et al., 2002) concordam que, apesar da probabilidade de desenvolver certas doenças aumentar com a idade, não se pode imaginar que envelhecer seja sinônimo de adoecer, especialmente quando as pessoas desenvolvem hábitos de vida saudáveis. Araújo (2007), especialista em Geriatria e Gerontologia, acrescenta que, ao contrário do que muitos pensam, o idoso preserva capacidades intelectuais e afetivas. O indivíduo e o ambiente podem favorecer a continuidade e o aprimoramento do funcionamento intelectual e afetivo através do estímulo à produtividade e à flexibilidade, valorizando os relacionamentos sociais, os cuidados com a saúde e o compromisso com a vida. Quanto à AF, Géis (2003) acredita que, para idosos, ela deve estar centrada em quatro pilares: AF para prevenção de problemas físicos e psíquicos; para manutenção das capacidades físicas e psíquicas; para reabilitação que permita a realização de atividades indispensáveis para uma vida mais cômoda e; recreativa com finalidade lúdica que inclui jogos esportivos e até de relaxamento.

A prática regular da AF possibilita ao idoso a manutenção de sua autonomia, é um meio de contribuir para a saúde, um recurso para lidar com diferentes eventos da vida, possibilita a interação social, a manutenção e desenvolvimento do auto-conceito e auto-estima (MATSUDO; MATSUDO, 1992 apud MARRANO; MOREIRA; SIMÕES, 2006; MAZO et al., 2001 apud MARRANO; MOREIRA; SIMÕES, 2006). Além disso, proporciona melhorias na aprendizagem motora, promovendo a manutenção da funcionalidade, indispensável para a realização das tarefas diárias de forma independente (CARVALHO, 1998 apud FARIA; MARINHO, 2004) e ainda empresta significado e satisfação à vida (SÉ, 200-).

Em um estudo realizado por Laukkanen et al. (1998 apud NAKAGAVA; RABELO, 2007), avaliando o nível de AF de idosos de 75 a 80 anos por um período de cinco anos, observou-se que os indivíduos fisicamente ativos apresentavam melhores condições de saúde e capacidade funcional que os sedentários, refletindo em melhor QV. Silva (1999 apud NAKAGAVA; RABELO, 2007) acredita que a influência benéfica da AF sobre a esfera emocional da QV se dá sob múltiplos aspectos, principalmente, sobre os efeitos negativos do stress e o melhor gerenciamento das tensões do dia-a-dia. Infelizmente, pesquisas revelam que os idosos são, comparativamente aos indivíduos de outras faixas etárias, os que menos usufruem de lazer ou   participam de   atividades (MARCELLINO, 1996   apud  REIS;  SOARES, 2006).

Um dado praticamente universal é que as mulheres vivem mais do que os homens (NERI, 2001). Mcpherson (2000 apud GOMES; PINTO, 2006) delineou o perfil mundial de idosos e encontrou a predominância de mulheres, reafirmando a feminização da velhice. Mas, embora estudos como de Marrano, Moreira e Simões (2006),  apontem uma incidência maior de mulheres idosas em AF e de lazer do que de homens.

Método Pilates:

O criador deste método, Joseph Pilates nasceu em 1880, em Düsseldorf, Alemanha. Pilates desde criança sofria de asma, raquitismo e febre reumática. Sua determinação o levou a estudar várias formas de movimento incluindo yoga, técnicas Gregas e Romanas. Aos 14 anos se dedicou arduamente ao fisiculturismo chegando a posar para cartazes de anatomia, também chegou a ser mergulhador, esquiador e ginasta. E, iniciou a aplicação do seu método em 1926 quando imigrou para Nova York onde recebeu a atenção da comunidade de dança e a técnica Pilates tornou-se parte integral do treinamento de bailarinos lendários como Rudolf Von Laban, Mary Wigman, Ruth St.Denis, Ted Shawn, Marta Graham, George Balanchine, Hanya Holm e Jerome Robbins. O Método Pilates passou a ser conhecido após a 1ª Guerra Mundial, onde Joseph Pilates treinou um grupo de pessoas que estavam confinadas em uma prisão de guerra na Inglaterra. Ao regressar para a Alemanha, depois da guerra, ganhou notoriedade, pois seus companheiros que praticaram o método, durante a mesma, superaram uma grande epidemia de gripe, além de ajudar a recuperar os feridos de guerra, com a utilização de molas das camas para que pudessem realizar exercícios físicos (THOMSON,2013)

Para Curi (2012) o Método Pilates “é um sistema de exercícios que possibilita maior integração do indivíduo no seu dia–a–dia. Trabalha com o corpo como um todo, corrige a postura e realinha a musculatura, desenvolvendo a estabilidade corporal necessária para uma vida mais saudável e longeva”. Em suma, o método Pilates foi criado para se conseguir um corpo saudável, uma mente saudável e uma vida saudável. E como o próprio Joseph disse, “uma boa condição física é o primeiro requisito para ser feliz”, esta frase poderia resumir perfeitamente a filosofia do método criado por ele. Uma boa condição física que se consegue fazendo intervir não só o corpo, mas também a mente e o espírito, com o objetivo final de realizar as múltiplas tarefas da nossa vida diária com prazer e energia.

O Método Pilates baseia-se no fortalecimento do centro de força, expressão que denomina a circunferência do tronco inferior, a estrutura que suporta e reforça o resto do corpo. O segundo pilar do método é aplicação dos seis princípios básicos fundamentais: concentração, controle, centro, fluidez nos movimentos, respiração e precisão. (CURI, 2012). Santos (2011) corrobora salientando os benefícios desses princípios como o alongamento, flexibilidade, força, estimulo sobre a circulação sanguínea, amplitude muscular, consciência corporal, coordenação motora, postura e equilíbrio. É necessário incorporar os princípios de uma forma correta e trabalhar os conceitos fundamentais até fluírem de forma natural e se converterem em hábitos (CURI, 2012)

Além dos exercícios realizados em decúbito ventral e dorsal, sentado, ou em pé, Pilates também criou equipamentos específicos compostos por molas a fim de desenvolver o seu método. Os equipamentos foram elaborados para auxiliar a execução dos exercícios de solo, além de restabelecer as principais fraquezas das pessoas, como a falta de conexão com o centro de força (cuja indicação mais evidente são os músculos abdominais “saltados” para fora), costelas abertas em excesso devido às retificações e compensações na região torácica, falta de mobilidade entre os segmentos vertebrais, restrições de movimentos na articulação coxo-femoral, rigidez, encurtamento dos músculos flexores do quadril e extensores da coluna lombar, excessiva tensão nas áreas da cintura escapular, e dificuldade para dissipar esta tensão. Os equipamentos de Pilates são considerados muito criativos e originais, apesar da aparência arcaica que apresentam e de alguns nomes assustadores como Guilhotina e Cadeira Elétrica. Não podemos deixar de lembrar que eles foram desenvolvidos durante a Primeira Guerra Mundial, e talvez por esse motivo a inspiração tenha vindo destes antigos aparelhos de tortura. Os aparelhos mais utilizados são: reformer, cadillac ou trapézio, cadeiras, barris e unidade de parede. Além de acessórios utilizados nos espaços que oferecem o Método Pilates, como: magic circle, bolas suíças (que não foram utilizadas originalmente por Pilates), elásticos, borrachas e halteres. A pesquisa médica vem esclarecendo cada vez mais a importância dos músculos estabilizadores que são o transverso do abdômen e um músculo posterior profundo denominado multífido. Eles formam um colete ou cinto natural de força em torno do centro do corpo de forma que o movimento possa ocorrer com facilidade, estabilidade e segurança. (CURI, 2012)

Curi (2012) afirma que através da prática regular do Método Pilates, “o indivíduo redescobre seu próprio corpo com mais coordenação, equilíbrio e flexibilidade. Independentemente da idade, qualquer pessoa pode ser beneficiada por esse método que melhora a qualidade de vida e oferece resultados rápidos”.

Porém, as mudanças no sistema musculoesquelético relatadas com o envelhecimento são inevitáveis. Perda de massa muscular (sarcopenia), disfunções posturais, redução no ciclo da marcha, e perda do controle do equilíbrio estático são consequências das mudanças musculoesqueléticas que ocorrem durante o processo natural de envelhecimento (CURI, 2012). Exercícios baseados no Método Pilates, melhora a força do torso, oferece também outros benefícios incluindo mobilidade na coluna vertebral e nas articulações, e ainda propriocepção, equilíbrio e treinamento de coordenação. Idosos que incluírem exercícios baseados no Método Pilates terão benefícios ao integrarem nos seus programas tradicionais de treinamento de força e equilíbrio.

Os Educadores Físicos e Fisioterapeutas devem ter em mente que, embora os princípios gerais do Método Pilates sejam os mesmos para todas as faixas etárias, as características peculiares dos idosos devem ser respeitadas, adequando os exercícios a cada indivíduo, alternando exercícios que exigem maior esforço com outros mais leves. Há ainda a necessidade de uma reavaliação contínua do praticante do método. Por fim, devemos lembrar que o Pilates não é apenas um método, mas, principalmente, um ótimo aliado para a melhora da saúde e qualidade de vida.

CONCLUSÃO

Neste estudo, com base na literatura, pôde-se verificar que a prática regular do Método Pilates contribui positivamente para a melhoria da qualidade de vida dos idosos, principalmente, para a preservação da saúde, a manutenção da capacidade funcional, independência, e para o equilíbrio emocional que afeta as diferentes áreas da vida de cada indivíduo. Contudo, a pratica deve ser regular, continua e transmitida por um profissional competente que avalie as limitações, patologias e dificuldades de cada indivíduo, podendo assim, praticar os exercícios de forma prazerosa e segura. Portanto, equilibrar as limitações e potencialidades parece ser o caminho para um envelhecimento satisfatório.

REFERÊNCIAS

BECKSTEIN, A. Expectativa de vida dos brasileiros aumenta quase 30 anos em seis décadas. Disponível em < www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/05/25/> materia.2007-05-25.7788048782/view> Acesso em 14  mai. 2012.

BORGES, L.J. et al.  Satisfação com a vida de idosos praticantes de atividade  física em projetos sociais de Uberlândia. Revista Digital, n.118, ano 12, Buenos Aires, mar. 2008. Disponível em <www.efdeportes.com/efd118/> idosos-praticantes-de-atividade-fisica.htm > Acesso em 26  mai. 2012.

BRENDLER, A. Esperança de vida do brasileiro sobe para 72,3 anos, revela IBGE. Disponível em < www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/12/03/materia.2007-12-03.1055030662/view> Acesso em 14  mai. 2012.

COSTA, L.C. Exercícios da terceira idade.  Disponível em: <www.jornaldebeltrao. com.br/ conteúdo/coluna.asp?id=1295&autor=40> Acesso em 13  mai. 2012

CURI, V. S. A influência do método Pilates nas atividades de vida diária de idosas. Disponível em: <http://www.inovefit.com.br/admin/artigos/3.pdf> Acesso em 28 jul 2012.

HOFFMAN, M.E. Bases biológicas do envelhecimento. Disponível em: <www.techway.com.br/techway/revista_idoso/saude/saude_edu.htm> Acesso em 12  mai. 2012.

FRANCHI, K.M.B; MONTENEGRO, R.M.J. Atividade física: uma necessidade para a boa saúde na terceira idade: perspectivas e controvérsias. RBPS, v.18, n.2, p.152-156, 2005. Disponível em < www.unifor.br/notitia/file/609.pdf > Acesso em 12 mai. 2012.

MASSEY, Paul. Pilates: Uma abordagem anatômica. Traduçao Andreia O. Bento Alves. São Paulo: Manole, 2012.

NERI, A.L. Envelhecimento e Qualidade de Vida na Mulher. Disponível em  <www.alzheimer.med.br /mulher.pdf> Acesso em 7 jul. 2012.

NÓBREGA, A.C.L. et al.  Terceira Idade – Atividade Física e Saúde no Idoso. Disponível em:<www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/ conteudo _exibe1.asp ?cod_noticia=98> Acesso em 22 mai. 2012.

OKUMA, S.S. O envelhecer e a atividade física. In: _________. O idoso e a atividade física. Campinas: Papirus, 1998.  p.51-54.

SÉ, E.V.G. Caminhos para uma velhice bem sucedida. Disponível em: <www.uol.com.br/vyaestelar/velhice_bem_sucedida.htm> Acesso em 26 mai. 2012.

SANTINI, J.; BLESSMANN, E.J. Benefícios da atividade física na saúde do idoso. Corpo em Movimento, v.1, n.1, p. 103-115, Canoas, out. 2003.Disponível em <www.editoradaulbra.com.br/catalogo/periodicos/pdf/ periodico18.pdf#page=103> Acesso em 24  mai. 2012.

SANTOS, Jessica Luisa Ribeiro dos. Pilates aprimorando o equilíbrio em idosos. Disponível em <http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/ revista/ index.php > Acesso em 25.jun.2013.

TESSARI, O.I. Qualidade de vida na terceira idade. Disponível em <www.riototal.com.br/feliz-idade/psicologia04.htm> Acesso em 14  mai. 2012.

THOMSON, Bruce. Joseph Pilates Biography. Disponível em < http://www.easyvigour.net.nz/pilates/h_biography.htm> Acesso em 25.jun.2013.

[1] Curso de Educação Física – Universidade Gama Filho

[2] Prof. Dr. Departamento de Educação – UNINOVE

5/5 - (2 votes)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita