REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Syagrus coronata como fonte de compostos bioativos: aspectos fitoquímicos e potenciais biológicos e industriais na saúde humana e veterinária

RC: 143752
375
5/5 - (10 votes)
DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/syagrus-coronata

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

PENHA, Ellen Caroline da Silva [1], MOURA, Jhônata Costa [2], PIRES, Thâmara de Paula Reis Sousa [3], CARVALHO, Rafael Cardoso [4], SOUSA, Eduardo Martins de [5], CAMARA, Adriana Leandro [6], RIBEIRO, Rachel Melo [7]

PENHA, Ellen Caroline da Silva. et al. Syagrus coronata como fonte de compostos bioativos: aspectos fitoquímicos e potenciais biológicos e industriais na saúde humana e veterinária. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 04, Vol. 06, pp. 29-50. Abril de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/syagrus-coronata, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/syagrus-coronata

RESUMO

As espécies do gênero Syagrus possuem uma importância socioeconômica, cultural e ambiental nas comunidades brasileiras onde são encontradas. Dentre as palmeiras de grande importância econômica e nutricional presentes no Semiárido brasileiro, destaca-se Syagrus coronata (Mart.) Beccari, conhecida como “ouricuri” e “licuri”, predominantemente presente no nordeste do Brasil. Tradicionalmente, diferentes partes da planta têm sido empregadas em diversas aplicações medicinais. Na literatura, a planta se mostrou atóxica in vivo e in vitro, e seus fitonutrientes demonstraram variado potencial biológico. Por se tratar de uma planta com resultados promissores tanto biologicamente como quimicamente, e por ela já possuir propriedade industrial concedida, o interesse por mais estudos sobre ela devem aumentar durante os anos. Assim, o presente estudo vem para corroborar com um compilado de informações sobre a espécie através de uma revisão de literatura contendo 15 artigos de pesquisas sobre trabalhos inéditos da planta.

Palavras-chave: Syagrus coronata, Compostos bioativos, Potencial biológico.

1. INTRODUÇÃO

A família Arecaceae, anteriormente conhecida como Palmae, pertencente ao grupo das monocotiledôneas (Liliopsida) (JANSSEN; BREMER, 2004) com distribuição tropical e subtropical (PETOE; HEATUBUN; BAKER, 2018). O gênero Syagrus foi originalmente descrito por Martius em 1824, mas nenhuma espécie foi listada em seu trabalho (SOARES; PIMENTA; GUIMARÃES, 2013). Atualmente, existem 65 espécies, 2 subespécies e 14 híbridos naturais nesse gênero. Essas palmeiras ocupam uma variedade de habitats, como áreas tropicais, subtropicais úmidas, semiáridas e cerrados. O gênero é distribuído em todo o Neotrópico, com maior concentração no norte e nordeste do Brasil (NOBLICK, 2017).

As espécies do gênero Syagrus possuem uma importância socioeconômica, cultural e ambiental nas comunidades brasileiras onde são encontradas, apresentando diferentes usos, na construção civil, na alimentação humana e animal (GUIMARÃES; SHIOSAKI; MENDES, 2021) e no aproveitamento do óleo das amêndoas na culinária (SANTOS et al., 2021; COIMBRA; JORGE, 2011), e exibindo potencial como fonte para geração de energia (BASTOS, 2020).

Dentre as palmeiras de grande importância econômica e nutricional presentes no Semiárido brasileiro, destaca-se a Syagrus coronata (Mart.) Beccari, conhecida como “ouricuri” e “licuri”, existente no nordeste do Brasil (GUIMARÃES; SHIOSAKI; MENDES, 2021; RUFINO et al., 2008; ANDRADE et al., 2015). Quanto ao uso tradicional da S. coronata, diferentes partes da planta têm sido empregadas em diversas aplicações medicinais, por exemplo, a amêndoa para picadas de cobra e a água do fruto (endosperma líquido) como gotas para inflamação ocular, micoses (Tinea nigra e Tinea versicolor) e cicatrização de feridas, além do chá de raiz ser indicado para o tratamento de dor na coluna vertebral (RUFINO et al., 2008; HUGHES et al., 2013).

O presente trabalho justifica-se uma vez que fornece informações inéditas sobre a prospecção químico farmacológica de S. coronata, abordando dados sobre os compostos fitoquímicos já identificados, propriedades farmacológicas e prospecção tecnológica dessa espécie vegetal.

Dessa forma, o objetivo é evidenciar o potencial dessa palmeira como fonte de matéria-prima no desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas. 

2. MATERIAL E MÉTODOS 

Este estudo foi baseado em um levantamento de informações relevantes que foram sistematizadas a partir de uma busca eletrônica em bancos de dados científicos mundialmente aceitos (Academic Google and PubMed). Foram realizadas pesquisas bibliográficas e encontrados artigos havendo a limitação das publicações desses para os anos entre 2002 e 2022. Foram utilizadas as palavras-chave “Syagrus coronata”, “phytochemicals”, “biological potential” e “plant extract”, combinadas por meio do operador booleano AND (Figura 1).

Figura 1- Resultados da busca realizada em diferentes bancos de dados bibliográficos

 

Resultados da busca realizada em diferentes bancos de dados bibliográficos
Fonte: Elaborada pelos autores.

Como critérios de inclusão, foram considerados os estudos em formato de artigo original que apresentaram os descritores no título ou no resumo. Artigos originais em língua portuguesa e inglesa foram incluídos. Foram excluídos trabalhos de dissertações, teses, livros e artigos cujos títulos não contemplavam o objetivo da revisão. Ainda, não foram inclusas citações, cartas ao editor, artigos de revisão ou abstracts não elegíveis.

É importante ressaltar que a busca por novas tecnologias e novos produtos que procedem de plantas vem crescendo a cada ano. Dessa forma, foi realizada a prospecção tecnológica para a S. coronata para se obter informações sobre a inovação industrial relacionada a planta. Buscaram-se os pedidos de patente depositados no banco de dados brasileiro do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) do Brasil, assim como nas bases de dados internacionais Derwent Innovations Index, European Patent Office (Espacenet) e World Intellectual Property Organization (WIPO). Todos os dados desse levantamento foram reunidos em tabelas, com destaque para as patentes desenvolvidas e registradas no Brasil.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta o número de artigos para a espécie S. coronata ao longo do tempo, por base de dados. Observa-se um maior interesse para a palmeira a partir de 2015, quando o número de trabalhos nas bases de dados empregadas mostra-se maior que nos anos anteriores, e a busca por validação da espécie permanece até o período atual. Desses trabalhos, quando avaliados títulos e resumos, observa-se que a busca mostrou trabalhos que reportam valor econômico, social e nutricional, sendo escassos os artigos originais que reportam potencial biológico de S. coronata.

Tabela 1 – Publicações científicas, dissertações, teses e citações para S. coronata ao longo do tempo

Descritor Ano Base (nº de resultados)
Academic Google PubMed
Syagrus coronata 2002 09 01
2003 18
2004 22
2005 28
2006 49
2007 44
2008 75
2009 79
2010 73
2011 85
2012 97
2013 118
2014 113
2015 141 02
2016 129 03
2017 149 05
2018 182 01
2019 219 04
2020 219 06
2021 221 04
2022 173 03
Total: 20 anos 2023 29

Fonte: Elaborada pelos autores.

De todos os trabalhos encontrados a partir das palavras-chaves, apenas 15 artigos originais foram elegíveis (Figura 1). Eles foram agrupados de acordo com a sua temática, em tópicos que abordam os aspectos fitoquímicos e o potencial biológico. 

4. COMPOSTOS QUÍMICOS DE SYAGRUS CORONATA E O POTENCIAL IMPACTO NA INDÚSTRIA

O óleo da semente de S. coronata possui mais ácidos graxos saturados do que insaturados em sua composição. Os estudos identificaram que os níveis de ácidos graxos saturados foram aproximadamente três vezes maiores que os ácidos graxos insaturados. Desse modo, uma vez que o óleo de S. coronata é rico em ácido láurico de cadeia média, ele pode ser uma fonte de óleo interessante para a indústria oleoquímica e para a obtenção de formulações à base de lipídios com diversas aplicações em produtos farmacêuticos e cosméticos (LISBOA et al., 2020; BESSA et al., 2016; SILVA et al., 2005). Souza et al. (2017) analisaram o óleo essencial das folhas e sementes de S. coronata e obtiveram a concentração de ácidos graxos saturados de mais de 90%, corroborando com os resultados anteriores (Quadro 1).

Quadro 1 – Principais ácidos graxos presentes no óleo de Syagrus coronata

Espécie Ácido graxo Parte da planta (semente)
S. coronata C8:0 5,32 13.00 38,83%
C10:0 9,16 4,54 8.00 20,51%
C12:0 44,55 41,58 48.00 38,52%
C14:0 19,04 9,68 14.00 1,99%
C16:0 10,03 7,19 5.00 0,15%
C18:0 3,78 3,54 2.00
C18:1 13,44 23,81 7.00
C18:2

 

3,59 3.00
Silva et al. (2015) Bessa et al. (2016) Lisboa et al. (2020)  Souza et al. (2017)

C8:0 = ácido caprílico, C10:0 = ácido cáprico, C12:0 = ácido láurico, C14:0 = ácido mirístico, C16:0 = ácido palmítico, 18:0 = ácido esteárico, C18:1 =ácido oleico e C18:2 = ácido linoleico. Fonte: Elaborada pelos autores.

5. COMPOSTOS BIOATIVOS 

Belviso et al. (2013) submeteram o pó dos frutos in natura e secos à cromatografia líquida juntamente com espectrometria de massa (LC-MS), o que permitiu a detecção de 13 compostos, dos quais dez foram identificados de forma inequívoca. Os pesquisadores notaram que após a secagem houve o aumento significativo de flavonóis, procianidinas, quercetina-3-O-glicosídeo, quercetina-3-O-rutinosídeo e quercetina (Quadro 2 e Figura 2).

Quadro 2 – Teor (mg/100 g) de compostos fenólicos identificados em sementes de licuri cruas e torradas e resultados da análise ANOVA (p)

Compostos fenólicos Amêndoa de licuri crua Amêndoa de licuri após secagem P
Procianidina B1 1,63 ± 0,50 3,08 ± 0,47 *
Dímero de procianidinab 0,95 ± 0,01 1,34 ± 0,16 **
(+) – Catequina 2,57 ± 0,04 4,95 ± 0,79 **
Procianidina B2 2,60 ± 0,19 3,64 ± 0,52 *
Dímero de procianidina 2b Nq 0,59 ± 0,09
Desconhecidob 2,79 ± 0,41 1,09 ± 0,10 ***
(-) – Epicatequina 2,16 ± 0,23 7,71 ± 0,72 ***
Quercetina-3-O-glicosídeo 0,57 ± 0,06 0,86 ± 0,14 **
Rutina 0,06 ± 0,01 0,14 ± 0,02 ***
Miricetina 0,34 ± 0,06 0,33 ± 0,07 Ns
Quercetina-3-O-ramnosídeo 1,71 ± 0,34 1,21 ± 0,18 *
Quercetina 0,74 ± 0,09 1,34 ± 0,35 **
Luteolina Nq Nq

*, **, *** Significativamente diferente em p≤0,05, p≤0,01 ep≤0,001, respectivamente, ns – não significativo. Os dados foram expressos como médias (n=9) ± desvios – padrão com base no peso desengordurado; nq = não quantificável. O dímero de procianidina 1 foi quantificado como procianidina B1, o dímero de procianidina 2, como procianidina B2, e desconhecido, como (−)-epigalocatechingalato. Fonte: Belviso et al., 2013.

Figura 2 – Imagens representativas dos principais compostos químicos presente em S. coronata

Imagens representativas dos principais compostos químicos presente em S. coronata
A– (-)- Epicatequina, B– (+)-Catequina, C– Procianidina B1,  D– Procianidina B2,  E– Quercetina-3-O-glicosídeo, F– Quercetina, G– Quercetina-3-O-ramnosídeo, H– Rutina, I– Miricetina. Fonte: Pubchem.

Posteriormente, Silva et al. (2015) analisaram o conteúdo total de carotenoides do óleo da polpa e da amêndoa de S. coronata. Foi encontrado 0,7 μg/100g para a amêndoa e 87,0 μg/100g para a polpa, o que indica que esta espécie é uma excelente fonte de provitamina A. Os pesquisadores ainda estipularam qual seria o consumo ideal da polpa da fruta para se atingir a ingestão diária recomendada de vitamina A, sendo necessários de dois a três frutos.

Paralelamente, Paula Filho et al. (2015) encontraram uma concentração expressiva de β-caroteno na polpa de S. coronata, 8,94 mg 100 g–1, além de identificarem uma concentração de vitamina E, α-, β-, γ- tocoferóis e tocotrienóis, sendo o total de 1302,50 μg100–1 para a amêndoa e de 543,58 μg100–1 para a polpa, mas a polpa e amêndoa não foram considerados uma fonte adequada, pois apresentaram baixa concentração de α-tocoferol, cerca de 2,8%.

Os resultados apresentados refletem o valor nutricional do licuri como fonte alternativa de alimento, reafirmando sua importância na alimentação das populações que o consomem e o seu potencial para a indústria de alimentos.

6. TOXICIDADE

Santos et al. (2021) realizaram ensaios de citotoxicidade com óleo fixo de S. coronata utilizando células HEK-293 embrionárias renais, J774; macrófagos A1 e o Sarcoma-180 (S-180) e de toxicidade aguda in vivo e genotoxicidade usando camundongos.

Foi utilizado o ensaio 3-(4, 5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil tetrazolium brometo (MTT) de viabilidade celular para verificar a possível citotoxicidade do óleo fixo de S. coronata. A viabilidade celular foi superior a 50% em todos os ensaios. As concentrações mais altas (100 e 200 μg/mL) inibiram o crescimento celular, exceto para as células HEK tratadas por 48 horas com 100 μg/mL de óleo. Os ensaios não demonstraram uma viabilidade celular <50%, indicando que, nas concentrações testadas, o óleo de licuri não era citotóxico para as células testadas.

A toxicidade aguda foi analisada através de uma única administração de 2000 mg/kg de óleo fixo de S. coronata por gavagem nos camundongos. Após a gavagem, os camundongos foram observados por 14 dias, e não houve mudanças comportamentais e fisiológicas. Ao fim dos 14 dias, foi coletado sangue de cada animal para análise bioquímica. Houve uma significativa diminuição na concentração plasmática de proteínas totais e ácido úrico em relação aos órgãos, que foram coletados para análise macroscopicamente e microscopicamente, mas que não apresentaram sinais de fibrose, hemorragia, isquemia ou outras características de lesão.

Para avaliar se o óleo de licuri fixo induz danos genéticos e mutagênese, o ensaio de cometas e o teste de micronúcleo (MN) foram realizados com sangue periférico de camundongos albinos suíços. Os animais receberam óleo de licuri 2000mg/kg por gavagem. Não houve aumento na frequência de micronúcleos em eritrócitos policromáticos no sangue de animais tratados com óleo de licuri. Além disso, os resultados do ensaio do cometa não mostraram aumento na frequência de dano (DF) ou índice de dano (ID) de células sanguíneas nucleadas do grupo tratado com óleo (Figura 3).

Figura 3 – Resumo dos ensaios de citotoxicidade, toxicidade e genotoxicidade em S. coronata

Resumo dos ensaios de citotoxicidade, toxicidade e genotoxicidade em S. coronata.
Fonte: Elaborada pelos autores.

 

7. POTENCIAL BIOLÓGICO 

7.1 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

A Tabela 2 apresenta os trabalhos que reportam atividade antimicrobiana:

Tabela 2 – Potencial biológico de Syagrus coronata em modelos experimentais in vitro e in vivo

Atividade farmacológica Parte da planta Fórmula utilizada Modelo Concentração Resultados Referências
Antimicrobiano Flor Extratos aquoso Difusão em ágar 1000 µg extrato/ disco Atividade moderada (*CMI = 0,78 mg/mL) contra cepas de S. aureus e fortes

atividade (*CMI = 0,19 mg/mL) contra B. cereus.

Hughes et al. (2013)

 

Flor Extratos metanólico Difusão em ágar 500 µg extrato/ disco Moderada atividade (*CMI = 0,78 mg/mL) contra B. cereus.
Amêndoa Óleo fixo Microdiluição em caldo 40 μL/mL até 0,002 μL/mL. 68,75% das cepas foram sensíveis.

CIM: de 0,002 a 0,01 μL/mL

CBM: de 0,002 a 0,312 μL/mL

Bessa et al. (2016)
Amêndoa Óleo essencial Microdiluição em caldo 40 μL/mL até 0,002 μL/mL. 68,75% das cepas foram sensíveis.

CIM: de 0,002 a 0,01 μL/mL

CBM: de 0,002 a 0,312 μL/mL

* Concentração mínima inibitória. ** Concentração mínima inibitória para 90%. #Citotoxicidade células de mamíferos. ##Toxicidade aguda. ### Concentração capaz de inibir 50% dos parasitas. Fonte: Elaborada pelos autores.

Tabela 2 – Potencial biológico de Syagrus coronata em modelos experimentais in vitro e in vivo. (conclusão)

Atividade farmacológica Parte da planta Fórmula utilizada Modelo Concentração Resultados Referências
Amêndoa Óleos essenciais In vivo. Infecção em modelo de Galleria mellonella 15,6 mg/kg ou 31,2 mg/kg *CMI50= 312 μg/mL

**CMI90= 625 μg/mL

Santos et al. (2019)
Antiparasitário Epicarpo Extrato polifenólico aquoso In vitro.

Infecção com Leishmania amazonenses macrófagos de camundongos

50 µg/ml 100% de apoptose de promastigotas de L. amazonenses Rodrigues et al. (2011)
Amêndoa Óleo essencial In vitro.

Infecção com Trypanosoma cruzi em camundongos

125 μg/mL e 250 μg/mL #CC50 = 244,22 μg/mL

##LC50: 182,49 μg/mL;

###IC50: 408,33 μg/mL;

Souza et al. (2017)
 

 

 

Antioxidante

Fruto Extrato fenólico In vitro.

Ensaio ABTS.

Ensaio DPPH.

Fruto Cru: DPPH = 5,88 μMTE/g e

ABTS = 4,07 μMTE/g.

 

Fruto torrado: DPPH = 7,01 μMTE/g e

ABTS = 5,31 μMTE/g

Belviso et al. (2013)
Amêndoa Óleo refinado e óleo prensado coronata. In vitro.

Ensaio DPPH.

Óleo refinado: IC50 de 2,783 μg .mL-1.

Óleo prensado: IC50 de 3,336 μg .mL-1.

Bauer et al. (2013)
Amêndoa Óleo fixo In vitro.

Ensaio DPPH (adaptado).

Ensaio AAT.

 

1000 μg/mL DPPH: 10% de eliminação de radicais livres.

 

AAT: 9% de eliminação de radicais livres.

Souza et al. (2021)

* Concentração mínima inibitória. ** Concentração mínima inibitória para 90%. #Citotoxicidade células de mamíferos. ##Toxicidade aguda. ### Concentração capaz de inibir 50% dos parasitas. Fonte: Elaborada pelos autores.

Hughes et al. (2013) avaliaram os extratos aquosos e metanólico de várias partes de S. coronata (folhas, inflorescências, casca de noz e nozes endospermas líquidas e sólidas) a fim de testar sua atividade antibacteriana, através do método de difusão em ágar com discos de papel de filtro, que foram impregnados com 5,0 μL das amostras de extrato bruto em concentrações iniciais de 200, 100 e 50 mg/mL e colocados nas placas inoculadas com os microrganismos de teste. Somente os extratos aquosos e metanólicos de inflorescência apresentaram atividade antimicrobiana, particularmente contra Bacillus cereus e as cepas de Staphylococcus aureus utilizadas (S. aureus CCMB 285, S. aureus CCMB 262, resistente à estreptomicina e dihidroestreptomicina, e S. aureus CCMB 263, resistente à novobiocina). Os autores concluíram que a atividade antimicrobiana da inflorescência se deu principalmente devido a compostos de maior polaridade, podendo estar relacionada à presença de compostos fenólicos (Figura 4).

Figura 4 – Resumo dos ensaios antibacterianos com S. coronata

Resumo dos ensaios antibacterianos com S. coronata
Fonte: Elaborada pelos autores.

 

Bessa et al. (2016) investigaram os efeitos anti Staphylococcus aureus do óleo fixo (SCO) e do óleo essencial (SCEO) de sementes de S. coronata, através do ensaio de microdiluição em caldo, contra dezesseis cepas de S. aureus com multirresistência a antimicrobianos e uma cepa padrão de S. aureus (UFPEDA 02). As diluições em série de cada solução contendo SCEO ou SCO teve início com uma concentração de 40 μL/mL até 0,002 μL/mL. A maioria das cepas, 68,75%, foi sensível ao SCEO em concentrações inibitórias mínimas (CIM) entre 0,002 e 0,01 μL/mL e a concentrações bactericidas mínimas (CBM) variando de 0,002 a 0,312 μL/mL. Os autores realizaram a razão entre MBC/MIC e encontraram uma variação de 1 a 4, classificando SCEO como um agente bactericida. Em relação ao SCO, houve a inibição do crescimento de 52,94% das cepas com CIM entre 0,16 e 0,625 μL/mL. Os valores de CBM para SCO estavam entre 0,16 e 5 μL/mL, no entanto, 47,05% dos isolados foram mortos por 2,5 μL/mL de SCO. Os autores evidenciaram que o SCO apresentou efeitos bactericida e bacteriostático (Figura 4).

Posteriormente, Santos et al. (2021) demonstraram a eficácia antimicrobiana do óleo essencial de S. coronata (Martius) contra Staphylococcus aureus, incluindo aqueles com fenótipos formadores de biofilme e múltipla resistência a drogas, através do ensaio in vivo, usando as larvas de Galleria mellonella, que receberam 10 μL de suspensão de Staphylococcus aureus e uma dose única de 10 μL de soluções de óleo essencial de S. coronata na CIM x CIM 2 (15,6 mg/kg ou 31,2 mg/kg, respectivamente). Essa atividade foi atribuída aos ácidos graxos presentes no óleo essencial de S. coronata (Figura 4).

Sendo assim, Tanto Bessa et al. (2016) como Santos et al. (2021) atribuíram a atividade antimicrobiana aos ácidos graxos presentes nos óleos de S. coronata.

7.2 ATIVIDADE ANTIPARASITÁRIA 

Rodrigues et al. (2011) estudaram a atividade anti- Leishmania amazonensis do extrato polimérico aquoso de S. coronata. Foi avaliado a viabilidade de promastigotas de L. amazonensis e de macrófagos peritoneais de camundongo na ausência ou presença de extrato aquoso bruto da casca do fruto de S. coronata. Em uma concentração de 50 µg/ml, o extrato aquoso bruto foi capaz de matar 100% dos promastigotas de L. amazonensis em 60 minutos, sem toxicidade para macrófagos de camundongo. Após 30 minutos de incubação com o extrato aquoso, os parasitas não foram mais capazes de crescer em meio fresco. Quando os macrófagos peritoneais de camundongos foram pré-tratados com o extrato na concentração de 33 μg /mL, o índice de associação com o parasita foi reduzido em 70,4% e a produção de Óxido Nítrico (NO) aumentou 158,3% quando comparado ao controle. Quando o tratamento foi aplicado 24 horas após a infecção do macrófago, com os mesmos 33 μg/mL do extrato aquoso bruto, foi capaz de reduzir o índice de associação em 71% e aumentar a produção de NO em 90,4% (Figura 5). A atividade anti- Leishmania amazonensis foi atribuída à alta concentração de procianidina no extrato polimérico aquoso de S. coronata.

Figura 5 – Resumo dos ensaios antiparasitário com S. coronata

Resumo dos ensaios antiparasitário com S. coronata
Fonte: Elaborada pelos autores.

Em outro estudo sobre a atividade antiparasitária de S. coronata, Souza et al. (2017) avaliaram a composição química e os efeitos in vitro de óleos essenciais (OE) de algumas plantas da Caatinga, entre elas, a S. coronata, sobre Trypanosoma cruzi, o agente etiológico da doença de Chagas. Foi utilizado o OE das sementes de S. coronata. A atividade tripanocida contra epimastigotas e tripomastigotas foi avaliada por microscopia óptica, e a citotoxicidade para células de mamíferos, por Metil Tiazol Tetrazólio (MTT). Os efeitos do OE na infecção parasitária em macrófagos foram estimados determinando o índice de sobrevivência e a porcentagem de inibição da infecção da citotoxicidade contra células de mamíferos quando comparada com a do parasita, por meio da determinação do Índice de Seletividade (SI). Foi detectado, no OE de S. coronata, a presença de ácido octanóico (38,83%), ácido dodecanóico (38,45%) e ácido decanóico (20,51%). O OE apresentou uma citotoxicidade moderada para as células de mamíferos, no valor de CC50 = 244,22 μg/mL, e uma atividade hemolítica menor que 5% para as duas concentrações testadas, de 125 μg/mL e 250 μg/mL. No que se refere a atividade tripanocida in vitro, a S. coronata obteve valores para LC50 (toxicidade aguda) e IC50 (concentração inibitória média) de cerca de 182,49 e 408,33 μg/mL, respectivamente, contra tripomastigotas e amastigotas. Em relação a seletividade para as formas do parasita, se mostrou baixa (Figura 5). Os autores concluíram que esse resultado se deve à presença dos ácidos octanóico e dodecanóico no EO S. coronata, pois ambos possuem alta afinidade com a membrana plasmática.

7.3 POTENCIAL ANTIOXIDANTE 

A principal ação de um antioxidante é encerrar a cadeia de reações de oxidação ou impedir que reações de oxidação de radicais livres ocorram em compostos orgânicos (THAO et al., 2020). Os tococromanolis, incluindo os tocoferóis e os tocotrienóis, são moléculas antioxidantes solúveis em lipídios que pertencem ao grupo dos compostos de vitamina E. A vitamina E é o mais importante antioxidante lipossolúvel, pois retarda a degradação oxidativa de lipídios. A sua forma mais ativa é o α-tocoferol (NAVARRETE et al., 2005).

Souza et al. (2021) demonstraram que não houve atividade antioxidante relevante nos testes de DPPH (a atividade da substância padrão usada foi semelhante à da vitamina C, Trolox®) e de Atividade Antioxidante Total (AAT) no óleo fixo de S. coronata. Na maior concentração testada (1000 μg/mL), apenas 10% de eliminação de radicais livres foi observada no método DPPH e 9% no método TAA, enquanto os controles positivos sequestraram 73% e 89% dos radicais livres nos métodos de avaliação DPPH e TAA, respectivamente. Entretanto, Bauer et al. (2013) relataram a alta atividade antioxidante do óleo de licuri usando o método DHPP, IC50 de 2,783 μg mL-1 para o óleo refinado das sementes e 3,336 μg mL-1 para o óleo prensado, mas os métodos de extração utilizados nos dois estudos foram diferentes. A temperatura interfere nos resultados, pois causa variações nas concentrações dos componentes do extrato final, como Belviso et al. (2013) observaram no estudo para determinar a capacidade antioxidante dos frutos de S. coronata, a partir de amostras cruas e torradas.  A capacidade antioxidante foi avaliada pelos ensaios de eliminação de radicais ABTS e DPPH. A capacidade antioxidante das sementes torradas foi superior à das amostras cruas, pois apresentou resultados de DPPH = 7,01 ± 0,23 μ M TE/ge e ABTS = 5,31 ± 0,74 μ M TE/g, enquanto o extrato de sementes cruas apresentou DPPH = 5,88 ± 0,16 μ M TE/ge e ABTS = 4,07 ± 0,17 μM TE/g. Essa diferença pode estar relacionada ao aumento de substâncias fenólicas, em particular à classe dos flavan-3-ols, nos produtos torrados.

8. PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA

Na tabela 3, são apresentados os resultados obtidos nas quatro plataformas de depósito de patentes. A tabela 4 apresenta uma coluna destinada aos pedidos de patentes brasileiras na plataforma Derwent, que é reconhecida por possuir mais de 30 milhões de invenções documentadas, englobando produtos que pertencem à indústria de alimentos, cosméticos, farmacêutica e agrícola. À vista disso, demonstra-se o grande valor tecnológico que S. coronata apresenta e sua crescente durante os últimos anos.

Tabela 3 – Pesquisa das palavras chaves nas principais bases de dados

Palavras-chave INPI WIPO Espacenet Derwent
Syagrus coronata 12 5 43 11
Syagrus coronata and phytochemicals 0 0 0 0
Syagrus coronata and biological potential 0 2 2 0
Syagrus coronata and plant extract 0 34 10 1

Fonte: Elaborada pelos autores a partir das bases INPI, WIPO, Espacenet e Derwent (2022).

Tabela 4 – Detentores de pedidos de patentes na plataforma Derwent

Título Resumo Número de depósito Ano de depósito Instituição
 

 

White chocolate composition comprises a mixture containing almond, pulp, oil and/or olive oil and/or extracts of Syagrus coronata (licuri), cocoa and cocoa derivatives, and sources of sugar, cocoa butter, powdered milk, vanilla and lecithin.

A presente invenção refere-se à utilização de Syagrus coronata (licuri) para a produção de chocolate branco, ao leite ou amargo, bem como descreve o processo de produção desses chocolates. A presente invenção se situa nos campos da nutrição e ciência, tecnologia e engenharia de alimentos, apresentando um conceito diferenciado de chocolates adicionado de amêndoa, crua e/ou cozida e/ou assada, inteira e/ou em pedaços e/ou em pó; polpa, in natura e/ou processada, úmida e/ou desidratada e/ou liofilizada; óleo e/ou azeite e/ou extratos de Syagrus coronata (licuri), oferecendo ao consumidor um produto inovador.

 

 

 

 

 

 

 

BR102021004384

(A2)

 

 

 

 

 

2021

 

 

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano

Fonte: Elaborada pelos autores a partir da base Derwent (2022).

Tabela 4 – Detentores de pedido de patentes na plataforma Derwent (continuação)

Título Resumo Número de depósito Ano de depósito Instituição
 

 

 

 

 

 

 

Pharmaceutical composition comprises Syagrus coronata oil and pharmaceutically acceptable additive

Em um aspecto, a presente invenção revela uma composição farmacêutica que compreende óleo de Syagrus coronata e pelo menos um fármaco. Em outro aspecto, a presente invenção revela um método de promoção da permeabilidade cutânea de fármacos compreendendo as etapas de: misturar óleo de Syagrus coronata com pelo menos um fármaco e contatar a composição formada com a pele de um indivíduo. Ainda, a presente invenção proporciona uma composição cosmecêutica que compreende óleo de Syagrus coronata e pelo menos um excipiente farmaceuticamente aceitável. Em outro aspecto, a presente invenção compreende um método para promoção da hidratação que compreende contatar uma composição dermocosmética contendo óleo de Syagrus coronata com a pele de um indivíduo  

 

 

 

 

 

 

BR 102013031058-1 A2

 

 

 

 

 

 

 

2013

 

 

 

 

 

 

 

Universidade Federal de Pernambuco

 

 

 

 

Producing mycelium, ligninolytic enzymes and medicinal basidioma involves using residues of Syagrus coronata as substrate and performing solid-state fermentation

 

Descreve-se o processo de produção de basidiomas e enzimas ligninolíticas (lacase e manganês peroxidase) de Ganoderma lucidum em resíduos de cascas de frutos, folhas e brácteas de Syagrus coronata por meio de fermentação em estado sólido. Destaca-se que o substrato bráctea de licuri foi o mais eficiente para a produção biotecnológica de basidiomas e das enzimas ligninolíticas estudadas. Especificamente, a invenção utiliza esses resíduos como substrato no processo de bioconversão para formação de micélio e basidiomas, bem como para a produção de enzimas ligninolíticas por esta espécie de fungo.

 

 

 

 

 

 

BR 102015014111-4 A2

 

 

 

 

 

 

2015

 

 

 

 

 

 

Universidade Estadual de Feira de Santana

 

Fonte: Elaborada pelos autores a partir da base Derwent (2022).

Tabela 4 – Detentores de pedido de patentes na plataforma Derwent (continuação)

Título Resumo Número de depósito Ano de depósito Instituição
 

 

 

 

 

Administration of Syagrus coronata oil to chemotherapy patients comprises minimisation of harmful cytarabine effects through fatty acids production

 

Para minimizar os efeitos nocivos da citarabina na mucosa intestinal de ratos tratados com esse antineoplásico, o óleo de ouricuri foi utilizado como principal fonte de ácidos graxos de cadeia média e curta. Como a administração de ácidos graxos de cadeia curta, que são fatores tróficos para a mucosa intestinal, melhoram as enterites, o óleo de ouricuri produziu esse efeito. Foi demonstrado que a administração dos óleos vegetais tais como o óleo de soja não foi capaz de minorar os efeitos colaterais provocados pela administração do uso da citarabina. O presente invento observou os efeitos benéficos do óleo de ouricuri na mucosa intestinal de ratos submetidos a citarabina, caracterizados pelas melhorias verificadas nas análises histológica, morfométricas e nas dosagens de DNA e proteína.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PI 0402893-7 A

 

 

 

 

 

 

 

 

2006

 

 

 

 

 

 

 

 

Universidade Federal de Minas Gerais

 

 

 

 

Use of licuri oil is used for preparation of cosmetic composition for prevention against the effects caused by ultraviolet A/ultraviolet B radiation, urban pollution and cigarette smoke, protecting nuclear translocation of AhR receptor

 

A presente invenção refere-se ao setor tecnológico de cosméticos, tendo como objeto uma composição cosmética que compreende óleo de licuri, tendo indicação particular antipoluição, radiação UVA/UVB, poluição urbana, fumaça de cigarro e ainda oferece efeito antienvelhecimento, além de diversos outros benefícios. Ainda, a presente invenção se refere ao uso de óleo de licuri para preparação da dita composição cosmética e método cosmético de aplicação da mesma.

 

 

 

 

 

 

BR102019011775(A2)

 

 

 

 

 

 

 

 

2019

 

 

 

 

 

Loccitane do Brasil S.A.

 

 

Fonte: Elaborada pelos autores a partir da base Derwent (2022).

Tabela 4 – Detentores de pedido de patentes na plataforma Derwent (continuação)

Título Resumo Número de depósito Ano de depósito Instituição
 

 

 

 

 

 

Cosmetic composition for topical application, comprises licuri oil, one emollient which is selected from coconut-caprylate/caprate ether dicaprylic, ethylhexyl isononanoate, methylphosphonofluoridate palmitate, tocopherol derivative

 

 

A presente invenção refere-se ao setor tecnológico de cosméticos, tendo como objeto uma composição cosmética, compreendendo óleo de licuri e outros componentes/excipientes, além de veículo cosmeticamente aceitável, sendo apresentado principalmente, na forma de banho óleo e creme em óleo. Tal composição cosmética particularmente de aplicação tópica compreende: óleo de licuri; pelo menos um emoliente, sendo selecionados entre: coco-caprilato/caprato éter dicaprílico, isononanoato de etilhexila, palmitato de metilfosfonofluoridato e suas combinações; um derivado de tocoferol, sendo preferencialmente acetato de tocoferol; um veículo cosmeticamente aceitável. Além disso, a presente invenção refere-se ao uso da referida composição cosmética e ao método cosmético de aplicação da mesma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BR102017028213-A2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2019

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Loccitane do Brasil S.A.

 

Fonte: Elaborada pelos autores a partir da base Derwent (2022).

Tabela 4 – Detentores de pedido de patentes na plataforma Derwent (conclusão)

Título Resumo Número de depósito Ano de depósito Instituição
 

 

 

 

 

 

Preparing bioinsecticidal composition for grain pest controlling, involves drying pericarp of licuri fruit, and performing slow pyrolysis, condensation of the gases, separation of aqueous and organic phases and extracting aqueous phase

A presente invenção compreende uma composição bioinseticida produzida a partir da conversão termoquímica do fruto do licuri, sem a amêndoa, na ausência de oxigênio. A referida composição possui característica inseticida fumigante excelente contra insetos pragas de grãos armazenados, Tribolium castaneum e Rhyzopertha dominica, e característica inseticida eficiente de contato contra a praga avícola Alphitobius diaperinus. A referida invenção propicia o aproveitamento de um resíduo, que é utilizado como matéria-prima, gerando um produto com propriedade inseticida para o tratamento curativo de grãos infestados por insetos e eliminação do A. diaperinus dos galinheiros. A referida composição é um produto da pirólise de uma biomassa agrícola, obtido a partir da condensação de gases produzidos nessa, sendo utilizada a fase aquosa fracionada desse processo de pirólise, a qual era descartada.  

 

 

 

 

 

 

BR 102019007434-5 A2

 

 

 

 

 

 

 

2019

 

 

 

 

 

 

 

Universidade Federal Fluminense

Fonte: Elaborada pelos autores a partir da base Derwent (2022).

9. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Observa-se que o método de revisão bibliográfica contribuiu para a comprovação dos dados sobre a crescente na pesquisa científica da bioprospecção por espécies vegetais que possuem potencial econômico e possam apresentar atividade biológica, os quais se apresentaram suficientes para poder-se constatar que houve o aumento de estudos sobre Syagrus coronata. A partir dos resultados obtidos, comprovou-se o potencial econômico que a planta apresenta tanto para a população das comunidades onde é encontrada (uso tradicional) quanto para a indústria (utilização em cosméticos, patentes já depositadas).

Espera-se, com esse estudo, contribuir para divulgação de informações sobre S. coronata, colaborando para futuras investigações a respeito de outros potenciais que a planta possua, como na alimentação humana e animal, na elucidação de seus mecanismos de ação, na farmacocinética, na farmacodinâmica e até sobre efeitos adversos em relação a alguns agravos à saúde.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Wbaneide Martins de et al. Knowledge, uses and practices of the licuri palm (Syagrus coronata (Mart.) Becc.) around protected areas in northeastern Brazil holding the endangered species Lear’s Macaw (Anodorhynchus leari). Tropical Conservation Science, v. 8, n. 4, p. 893-911, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1177/194008291500800403. Acesso em:   DOI: 10.1177/194008291500800403

BASTOS, Fernanda Carneiro. Obtenção e fracionamento de ésteres metílicos de ácidos graxos a partir do óleo de coco ariri (Syagrus cocoides martius). 2020. 89 f. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA, 2020.

BAUER, Luciana Carolina et al. Chemical characterization of pressed and refined licuri (Syagrus coronata) oils. Acta Scientiarum. Maringá, v. 35, n. 4, p. 771-776, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.4025/actascitechnol.v35i4.20251. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.4025/actascitechnol.v35i4.20251.

BELVISO, Simona et al. Phenolic composition, antioxidant capacity and volatile compounds of licuri (Syagrus coronata (Martius) Beccari) fruits as affected by the traditional roasting process. Food research international, v. 51, n. 1, p. 39-45, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.foodres.2012.11.012. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1016/j.foodres.2012.11.012.

BESSA, Cibele Maria Alves da Silva et al. Syagrus coronata seed oils have antimicrobial action against multidrug-resistant Staphylococcus aureus. Journal of Medicinal Plants Research, v. 10, n. 23, p. 310-317, 2016. Disponível em:  https://doi.org/10.5897/JMPR2016.6098. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.5897/JMPR2016.6098.

COIMBRA, Michelle Cardoso; JORGE, Neuza. Characterization of the pulp and kernel oils from Syagrus oleracea, Syagrus romanzoffiana, and Acrocomia aculeata. Journal of food science, v. 76, n. 8, p. C1156-C1161, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1750-3841.2011.02358.x. Acesso em:  02 out. 2022. DOI :10.1111/j.1750-3841.2011.02358.x.

Derwent Innovations Index on Web of Science. DERWENT © 1968 – 2023. Disponível em: https://clarivate.com/products/scientific-and-academic-research/research-discovery-and-workflow-solutions/webofscience-platform/derwent-innovations-index-on-web-of-science/. Acesso em:  02 out. 2022.

European Patent Office. ESPACENET © 1998 – 2023. Disponível em: https://worldwide.espacenet.com. Acesso em:  02 out. 2022.

GUIMARÃES, Julian dos Santos; SHIOSAKI, Ricardo Kenji; MENDES, Marianne Louise Marinho. Licuri (Syagrus coronata): characteristics, importance, potential and perspectives of the small coconut from Brazil. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 58, p. 169-192, jul./dez. 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v58i0.68852. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.5380/dma.v58i0.68852 e-ISSN 2176-9109

HUGHES, Alice Ferreira da Silva et al. Antimicrobial activity of Syagrus coronata (Martius) beccari. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 56, p. 269-274, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-89132013000200012. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1590/S1516-89132013000200012.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial. INPI © 1970 – 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/patentes. Acesso em:  02 out. 2022.

JANSSEN, Thomas; BREMER, Kåre. The age of major monocot groups inferred from 800+ rbcL sequences. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 146, n. 4, p. 385-398, 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1095-8339.2004.00345.x. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1111/j.1095-8339.2004.00345

LISBOA, Milena Chagas et al. Oleochemistry potential from Brazil northeastern exotic plants. Biochimie, v. 178, p. 96-104, 2020. Disponível em:  https://doi.org/10.1016/j.biochi.2020.09.002. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1016/j.biochi.2020.09.002.

NAVARRETE, Marta et al. Theoretical study of the antioxidant activity of vitamin E: reactions of α-tocopherol with the hydroperoxy radical. Journal of Chemical Theory and Computation, v. 1, n. 2, p. 337-344, 2005. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1021/ct0498932 Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1021/ct0498932.

NOBLICK, Larry R. A revision of the genus Syagrus (Arecaceae). Phytotaxa, v. 294, n. 1, p. 1–2622, 2017.Disponível em: https://doi.org/10.11646/phytotaxa.294.1.1. Acesso em:  02 out. 2022. DOI:10.11646/phytotaxa.294.1.1

PAULA FILHO, Galdino Xavier de et al. Study of the physical and physicochemical characteristics of fruits of the licuri palm (Syagrus coronata (Mart.) Becc.) found in the Atlantic Forest of Minas Gerais, Brazil. Food Science and Technology, v. 35, n. 3, p. 474-480, 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1678-457X.6652. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1590/1678-457X.6652.

PETOE, Peter; HEATUBUN, Charlie D.; BAKER, William J. A monograph of Hydriastele (Areceae, Arecaceae) in New Guinea and Australia. Phytotaxa, v. 370, n. 1, p. 92, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.11646/phytotaxa.370.1.1. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.11646/phytotaxa.370.1.1.

RODRIGUES, Igor A. et al. In vitro anti-Leishmania amazonensis activity of the polymeric procyanidin-rich aqueous extract from Syagrus coronata. Journal of Medicinal Plant Research, v. 5, p. 3781–3790, 2011.

RUFINO, Márcio Ulisses de Lima et al. Conhecimento e uso do ouricuri (Syagrus coronata) e do babaçu (Orbignya phalerata) em Buíque, PE, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 22, p. 1141-1149, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-33062008000400025. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1590/S0102-33062008000400025.

SANTOS, Bruno Souza dos et al. Anti-staphylococcal activity of Syagrus coronata essential oil: Biofilm eradication and in vivo action on Galleria mellonela infection model. Microbial Pathogenesis, v. 131, p. 150-157, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.micpath.2019.04.009. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1016/j.micpath.2019.04.009.

SILVA, C. G. da et al. Evaluation of antioxidant activity of Brazilian plants. Pharmacological research, v. 52, n. 3, p. 229-233, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.phrs.2005.03.008. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1016/j.phrs.2005.03.008.

SILVA, Raquel B. et al. A comparative study of nutritional composition and potential use of some underutilized tropical fruits of Arecaceae. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 87, p. 1701-1709, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0001-3765201520140166. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1590/0001-3765201520140166.

SOARES, Kelen Pureza; PIMENTA, Ricardo Soares; GUIMARÃES, Carlos Alex. Duas novas espécies de Syagrus Mart (Arecaceae) para o Brasil. Ciência Florestal, v. 23, p. 417-426, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.5902/1980509810553. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.5902/1980509810553.

SOUZA, Larissa Isabela Oliveira de et al. The chemical composition and trypanocidal activity of volatile oils from Brazilian Caatinga plants. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 96, p. 1055-1064, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.biopha.2017.11.121. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1016/j.biopha.2017.11.121.

SOUZA, Talita Giselly dos Santos et al. Biological safety of Syagrus coronata (Mart.) Becc. Fixed oil: Cytotoxicity, acute oral toxicity, and genotoxicity studies. Journal of Ethnopharmacology, v. 272, p. 113941, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jep.2021.113941. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1016/j.jep.2021.113941

THAO, Pham Thi Thu et al. Substituent effects on the N–H Bond dissociation enthalpies, ionization energies, acidities, and radical scavenging behavior of 3, 7-disubstituted phenoxazines and 3, 7-disubstituted phenothiazines. ACS omega, v. 5, n. 42, p. 27572-27581, 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1021/acsomega.0c04144. Acesso em:  02 out. 2022. DOI: 10.1021/acsomega.0c04144.

World Intellectual Property Organization. WIPO © 1967 – 2023. Disponível em: https://www.wipo.int/tools/en/gsearch.html#gsc.tab=0. Acesso em:  02 out. 2022.

[1] Pós-graduação em Gestão da Qualidade em Saúde e Acreditação Hospitalar (UNIAMÉRICA); Bacharel em Farmácia (UFMA); Mestranda em Ciência da Saúde (UFMA). ORCID: 0000-0003-4763-218X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5386259838779400.

[2] Bacharel em Farmácia (UFMA). ORCID: 0000-0002-5769-6673.

[3] Doutora pela RENORBIO (UFMA). ORCID: 0000-0002-4400-0841.

[4] Doutor pela Universidade de São Paulo. ORCID: 0000-0001-7073-8308.

[5] Doutor pela Universidade Federal de Goiás.  ORCID: 0000-0002-2506-169X.

[6] Doutora pela RENORBIO (UFMA).  ORCID: 0000-0003-0901-7194.

[7] Orientadora. Doutora pela RENORBIO (UFMA).  ORCID: 0000-0003-3864-3061. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4752952470368965.

Enviado: 13 de março, 2023.

Aprovado: 05 de abril, 2023.

5/5 - (10 votes)
Ellen Caroline da Silva Penha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita