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A Saúde Mental E As Drogas: Uma Revisão Sobre Os Transtornos Mentais Dos Usuários De Drogas No Brasil

RC: 83490
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SOUSA, Ana Lúcia Pereira Martins De [1], SOUSA, Francisco Danúbio Timbó De [2]

SOUSA, Ana Lúcia Pereira Martins De. SOUSA, Francisco Danúbio Timbó De. A Saúde Mental E As Drogas: Uma Revisão Sobre Os Transtornos Mentais Dos Usuários De Drogas No Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 11, pp. 156-170. Abril de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/drogas-no-brasil

RESUMO

Os Transtornos Mentais são acontecimentos de natureza clínica responsáveis pela mudança no caráter de um indivíduo. Este estudo teve como objetivo geral explicar o que é saúde mental, e como objetivos específicos, descrever o que é droga, a vida de um usuário de drogas, uso de drogas e suas consequências, assistência em saúde mental para os usuários com transtornos mentais decorrentes das drogas e a importância da assistência em saúde mental na atualidade. Trata-se de um estudo de revisão do tipo bibliográfico. Os resultados apontam que o termo “loucura” sofreu mudanças com resultados na assistência em saúde mental. Os TM são decorrentes de problemas psicológicos ou psiquiátricos e seus efeitos são passageiros ou duradouros. A Droga causa mudanças fisiologias e comportamentais na vida dos usuários, sendo considerada um problema de ordem mundial, e os jovens, os maiores consumidores. Seu uso está relacionado aos transtornos mentais, os portadores de esquizofrenia são os mais susceptíveis a se tornarem usuários. A Reforma Psiquiátrica, resultou no fechamento de hospitais, e o CAPS, se tornou um importante serviço, que proporcionou um novo modelo de assistência aos portadores de transtornos mentais.

Palavras-Chave: Serviço Social, Saúde Mental, Drogas Psicotrópicas, Transtornos Mentais.

1. INTRODUÇÃO

Os Transtornos Mentais são episódios (acontecimentos) de natureza clínica que são responsáveis pela alteração do caráter e da natureza de um indivíduo. Os TM podem ser oriundos de problemas psicológicos ou psiquiátricos, seus efeitos são transitórios ou alongados, possuem diversos sintomas (insônia,  cansaço, fadiga, esquecimento, nervosismo, ansiedade, agitação, agressividade, tendência ao suicídio, déficit de atenção, sensação de improdutividade, etc.), ocorre em nível mundial e é responsável por resultados negativos na nossa sociedade (desemprego, enfermidades e óbitos).

Droga (droog – palavra de origem holandesa que significa folha seca) é uma substância que, quando ingerida ou introduzida no organismo, altera completamente a função metabólica causando mudanças fisiologias e comportamentais do indivíduo. Um usuário de drogas é aquele que vive na dependência do consumo de drogas (lícitas ou ilícitas) e este dispõe de uma maior probabilidade de sofrer com problemas de saúde mental (ansiedade, depressão, mudanças de personalidade, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, distúrbios na alimentação, esquizofrenia e somatização).

Perante as afirmações acima relatadas sobre o que é um transtorno mental e a definição de drogas e usuários de drogas, surge o seguinte questionamento: O uso de drogas pode gerar transtornos mentais em seus usuários?

Através da pesquisa bibliográfica alguns autores argumentam e defendem a ideia de que a “loucura” sofreu mudanças ao longo da história, os transtornos mentais são decorrentes de problemas e as drogas podem causar mudanças nos usuários e são consideradas como um problema de saúde pública.

Este estudo tem como objetivo geral explicar o que é saúde mental e como objetivos específicos descrever o que é droga, descrever sobre a vida de um usuário de drogas, descrever sobre o uso de drogas e suas consequências, descrever sobre a assistência em saúde mental para os usuários com transtornos mentais decorrentes das drogas e descrever a importância da assistência em saúde mental na atualidade.

O presente trabalho tem a finalidade de realizar uma revisão sobre a saúde mental dos usuários de drogas no Brasil. O usuário de drogas que sofre de algum transtorno mental necessita de melhor acolhimento e de uma assistência diferenciada (profissionais, serviços de saúde, terapia medicamentosa e reabilitação social) visando acabar com o seu sofrimento. Pretende-se que este trabalho sirva como fonte de dados para pesquisas, forneça maiores informações para a sociedade sobre a temática abordada e ofereça recursos para aperfeiçoar as políticas públicas em saúde mental no Brasil.

A metodologia utilizada neste trabalho foi uma pesquisa bibliográfica priorizando os seguintes assuntos: saúde mental, drogas psicotrópicas, transtornos mentais dos usuários de drogas e serviços de saúde mental para os usuários de drogas. A pesquisa foi realizada através de busca eletrônica na web (site Google Acadêmico e SciELO).

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 EXPOSIÇÃO SOBRE O TERMO “SAÚDE MENTAL”

Considerando os seus aspectos, a saúde mental é a presença do bem-estar, da habilidade de enfrentar os obstáculos da vida, apesar dos conflitos que indivíduo enfrenta, a estabilidade emocional é presente em sua vida, além disso consegue superar as adversidades da vida. A saúde mental é responsável por abrir portas para os cidadãos, proporcionando realização emocional e intelectual, bem como a inclusão na escola, como no trabalho e na sociedade em geral (PALHA; PALHA, 2016).

Ainda que seja complexo o conceito de saúde mental, existem diversas particularidades da saúde de um sujeito que devem ser analisadas. Deste modo, é importante levar em consideração os aspectos orgânicos, no que se refere a uma propensão genética e hereditária do sujeito para a doença mental, e também as questões sociopsicológico, no que se menciona as virtudes das relações que o indivíduo constitui com o seu círculo de amizades, que pode colaborar para a saúde mas também para a doença mental (SOUZA; BAPTISTA, 2017).

No entanto, existe a concepção de loucura que passou por algumas variações no transcorrer dos anos em relação as suas convicções, princípios e condutas de cada época. Dessa maneira, esse percurso foi marcado por muitos confrontos no poder público. Que teve como resultado grandes mudanças e diligências que foram relevantes para o avanço no atendimento na saúde mental (FERREIRA et al., 2016).

Na idade média a loucura era considerada de origem demoníaca e os indivíduos considerados loucos eram queimados em fogueira, já na idade moderna, foi dado o primeiro passo para o tratamento do sofrimento psíquico, a loucura passa a ser chamada de doença e o ocidente se torna espectador do nascimento do Hospital Psiquiátrico. Todavia, o tratamento inicial era considerado desumano, o que provou muita indignação e revolta de toda a sociedade (FERREIRA et al., 2016).

Nessa conjuntura, se inicia o Movimento da Reforma Sanitária, surge também o Movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira (MRPB), que tinham como objetivos a luta pela universalidade da saúde, a luta por direitos sociais e pela liberdade, com destaque nos direitos sociais. A partir dos anos de 1990 foi desenhada e construída de forma gradativa, conforme a política de saúde mental (GUIMARÃES; ROSA, 2019).

No âmbito da saúde mental, tem-se como um dos importantes desafios e ações iniciais da Reforma Psiquiátrica a integração destes cuidados no campo da Atenção Primária à Saúde (APS). Deste modo, a APS tem sobressaído como um mecanismo planejado para o cuidado em saúde mental, visto que a Reforma Psiquiátrica presume a ruptura do paciente psiquiátrico e a solidificação de parâmetros territoriais para este cuidado (FRATESCHI; CARDOSO, 2016).

2.2 DEFINIÇÃO DE DROGAS

A droga é definida por qualquer substância que tenha como consequência a dependência química, podendo ser uma droga permitida pela lei ou proibida pela lei, incluindo as drogas produzida pela indústria farmacêutica, e entorpecentes que são totalmente ilegais. Muitos produtos podem ser facilmente encontrados no comercio como por exemplo, o café, o guaraná, o tabaco, o açúcar e as bebidas alcoólicas fermentadas ou destiladas como aguardente, a cerveja e o vinho (SANTOS, 2019).

Nessa concepção, observa-se o uso e o excesso de drogas como demonstrações e resultado dos aspectos socioculturais de nossa sociedade. Tais aspectos referentes a drogas, encontram-se fatores que influenciam de forma direta ou indireta, como por exemplo questões sociais, econômicos, culturais e jurídicos (LOPES, 2019).

No Brasil, as drogas são consideradas um problema de saúde pública e um problema global. A mídia informa que anualmente a procura por esse artificio cresce de forma significativa. O número de usuários é crescente e bastante assustador e diante desse fato a tendência é a migração para o uso de diferentes drogas em quantidades mais elevadas, podendo causar o fenômeno da toxicomania (MOREIRA, 2019).

Os jovens afirmam que a maneira mais fácil de adquirir bebidas é em festas, um percentual de 43,8% dos que já consumiram álcool, 14,4% adquiriram o álcool através da compra em bares, 17,8% afirmam ter adquirido com amigos, e 9,4% obtiveram com alguém do seu vínculo familiar (OLIVEIRA, 2017).

Não podemos deixar de mencionar, a utilização de medicamentos de origem psicotrópicos no Brasil e no mundo, as mesmas são consideradas exacerbadas e abusivas. O consumo destas drogas teve um crescimento relevante nos últimos 10 anos. O crescimento de transtornos mentais tratados com drogas psicotrópicos tem sido inerente as ocorrências estressantes referentes a questões familiares e socioeconômicas (FLEXA, 2017).

Estudos recentes no Brasil, com estudantes da rede privada e pública apresentam dados sobre o consumo de drogas com o público jovem. Em uma Pesquisa realizada no ano de 2012 com o público na faixa de 13 a 15 anos, e afirmou que 26,1% dessa população consumiu bebida alcoólica nos últimos trinta dias. A respeito do consumo de drogas ilícitas (como cocaína, maconha, crack, loló, lança perfume, cola ou ecstasy) 7,3% afirmaram ter consumido nos últimos 30 dias, prevalecendo a maconha (34,5%) (COELHO; MONTEIRO, 2017).

As drogas causam uma dependência desproporcional, e essa relação do sujeito com as drogas tem como consequência prejudicar alguns aspectos da vida (afetiva, social, laboral) (SOUZA, 2017).

2.3 A VIDA DE UM USUÁRIO DE DROGAS

As drogas psicoativas surgiram na era milenar, era usada para fins medicinais, religiosos e culturais. Entretanto, a partir do século XX o consumo abusivo se tornou uma preocupação global, devido as consequências do alto consumo, do comércio ilegal que trouxe danos sociais irreversíveis. Existem estimativas mundiais que afirmam que aproximadamente 230 milhões de pessoas, entre 15 e 64 anos, fazem uso de drogas ilícitas. Por consequência desse uso 27 milhões, proporcional a 0,6% da população global, retratam problemas decorrentes desta prática (OLIVEIRA et al., 2017).

Tanto o tráfico como o consumo de drogas se tornaram mais eminente no Brasil, decorrentes de vários fatores, abrangendo a sua posição geográfica e sua ampla população urbana. O Brasil é um dos maiores responsáveis pelo maior número de apreensão de drogas, principalmente de maconha (TARGINO, 2017).

No Brasil os dependentes químicos são criminalizados, e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que seis milhões da população brasileira seja usuária(o) de drogas. Pensamentos de senso comum afirma que a dependência química é um problema da atual conjuntura, por consequência da modernização e da globalização. No entanto esse problema relacionado ao abuso de substâncias químicas acontece desde a antiguidade (SILVA, 2018).

Todavia, a droga sempre foi vista como algo danoso, alicerçada por discursos religiosos, moral e psiquiátrico. Por meio desses discursos, usuários que fazem uso de alguma substância química passaram a ser considerados provocador das regras, sofrendo ausência de cuidados e por consequência a exclusão social. O grupo mais excluindo desses cuidados são pessoas negras, pobres e moradores da periferia (MELO; MENDONÇA, 2016).

O Ministério do Desenvolvimento Social afirma que, o consumo de drogas é uma das principais causas que levam um indivíduo a viver em situação de rua, visto que 35,5% da população que vive em situação de rua, afirma que se encontram nesta situação devido ao uso abusivo de álcool e outras drogas. Contudo, vale ressaltar que nem todas as pessoas que vivem nas ruas são usuárias de drogas e nem todos os usuários que usam as drogas de forma abusiva se encontram nas ruas (RODRIGUES; LIMA; HOLANDA, 2018).

Desse modo, estudos apontam a relação entre pessoas em situação de rua com o uso de drogas e algumas doenças como o HIV e tuberculose. Nessa conjuntura essa população tem a maior probabilidade de ter uma diminuição da imunidade, aumentando o risco de contrair doenças, através do sexo sem proteção, do abuso sexual e o contanto com outras pessoas doentes. Tais riscos promovem problemas mentais, como sintomas depressivos, pelo fato de viverem nas ruas e desencadear até mesmo o suicídio (TISOTT et al., 2019).

2.4 O USO DE DROGAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A utilização de substâncias psicoativas de forma abusiva, se tornou um grande problema a saúde pública, apresentando um número significativo e alarmante. Afirma-se que cerca de cada cinco indivíduos que consomem drogas ilícitas tem como diagnóstico a dependência química. E o uso abusivo dessas substâncias tem como consequência o afastamento da família e amigos, mudanças de humor, perdas materiais, preconceitos, evasão escolar, comprometimento da saúde e desemprego (MOREIRA et al., 2020).

Através de estudos nacionais e internacionais foi comprovado que os transtornos mentais, relacionados ao uso abusivo de drogas tem ligação direta, além dos transtornos mentais tem o enfrentamento das complicações familiares e social do indivíduo, ressalta-se também o alto índice de mortalidade quando associado a complicações de teor psiquiátrico. Um fator predominante para o desenvolvimento de doenças psíquicas como a ansiedade e depressão. As drogas psicoativas como o álcool são consideradas uma droga lícita, mas que causa dependência assim como as drogas ilícitas e a mesma pode causar esses transtornos quando o usuário passa por um período de abstinência (FERNANDES et al., 2017).

O consumo de drogas de forma abusiva tem sido um grande problema, principalmente por que tem como consequência comportamentos violentos e também criminais, como por exemplo violência familiar principalmente com pessoa que possuem um histórico de complicações psiquiátrica, além dos acidentes de transito que são bastante comum, todos esses fatores podem desencadear a morte do usuário e de outras pessoas (SILVA, 2018).

Estudos indicam que esquizofrênicos são propensos a se se tornarem usuários de drogas, pois acreditam que as drogas têm o poder de aliviar os sintomas da doença, sintomas esses considerados angustiantes. A ligação entre os problemas mentais e o uso de substâncias psicoativas tem se tornado estudos psiquiátricos. Esses estudam apontam os males que a dependência química pode causar no paciente com perturbações mentais, sobretudo dificultaria o diagnóstico e o tratamento (ALMEIDA, 2019).

As doenças psiquiátricas apresentam destaque especial, devido à relevância clínica e epidemiológica, entre os transtornos mentais e os transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Sobrepõem, o abuso de substâncias psicoativas é o transtorno mais frequente entre 14 portadores de transtornos mentais, fazendo-se necessário e de extrema importância o diagnóstico correto das patologias (BISCARO, 2016).

2.5 A ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL PARA OS USUÁRIOS COM TRANSTORNOS MENTAIS DECORRENTES DO USO DE DROGAS

Por volta da década de 1970, reconsiderações referentes a função das clínicas psiquiátrica foram e até os dias de hoje continuam sendo reformuladas. Até os dias atuais, a realidade que permeava o espaço da saúde mental era o modelo manicomial que tinha como aspecto principal “prender para tratar”, esse modelo prevalência nos hospitais psiquiátricos. Até a presente década, o psiquiatra Franco Basaglia abomina esse modelo do aspecto de “excluir para tratar”, era uma das formas mais utilizada nos manicômios. Desse modo, tal critica veio para garantir cidadania, direitos e uma condição clínica aos doentes (METZKER; DIAS; VICTOR, 2018).

Desse modo, tanto no Brasil, quanto na Europa, os “manicômios” surgiram muito antes do surgimento das terapias e consultas psiquiátricas, os sujeitos que sofriam com os “males da loucura” e não recebiam atendimento médico. No Brasil, em alguns casos, eram atendidos por atenções básicas como os Hospitais Gerais e a Santa Casa de Misericórdia. Em 1841 foi instalado o primeiro hospital psiquiátrico em terras brasileiras, localizado no Rio de Janeiro, a qual foi chamado de Hospício D. Pedro II. Com o passar dos anos passou a ser chamado Hospital Nacional dos Alienados (ALBUQUERQUE et al., 2017).

Após quase 30 anos da conquista da Reforma Psiquiátrica, houve muitos fechamentos de leitos em hospitais, devido a práticas duvidosas e suspeitas de maus-tratos a pacientes. Com tudo, houve uma inversão de gastos referente saúde mental, os serviços comunitários passaram a receber mais recursos desde o ano de 2006. Os serviços comunitários, é um aspecto referente aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), caracterizado nas modalidades I, II ou III (CAMPOS, 2019).

Fez se necessário criar um serviço de saúde que atendesse a alta demanda de usuários de álcool e outras drogas, devido a necessidade foi criado os Centros de Atenção Psicossociais Álcool e Drogas (CAPS AD), através desses serviços seria possível a substituições das internações. O Ministério da Saúde preconiza a reabilitação do usuário, através do trabalho articulado e integral elaborado pela equipe interdisciplinar do CAPS (SCHNEIDER; ANDRETTA, 2017).

A política pública responsável pelos usuários de álcool e outras drogas, foi uma conquista adquirida através da Reforma Psiquiátrica, os que antes eram marginalizados, passaram a ser considerados cidadãos com direitos e deveres. O Movimento da Reforma Psiquiátrica veio com o intuito de promover cidadania as pessoas ditas loucas. A atenção psicossocial tem como objetivo dar a oportunidade de o indivíduo tratar a sua patologia dentro da sociedade (OLIVEIRA, 2015).

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foram os primeiros serviços instalados com intuito de promover saúde mental aos seus usuários. O Ministério da Saúde regulamentou e implantou, e através do financiamento por todo o território brasileiro ampliou os serviços. Os CAPS são equipados para acolher a rede de atenção à saúde mental, e tem como prioridade atender diariamente a população e oferecer acompanhamento clínico e reabilitação psicossocial aos indivíduos com sofrimento psíquico (PAIM et al., 2017).

2.6 A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL NA ATUALIDADE BRASILEIRA

O Ministério da Saúde gerou, em 1994, o Programa de Saúde da Família, com o intuito de privilegiar a saúde na esfera da Atenção Primaria. Esse modelo tinha como objetivo principal promover a atenção à saúde no Brasil, com o intuito de reorganizar a prática assistencial, promovendo a cura da doença. A Saúde da Família é considerada a política de saúde prioritária do governo federal (TATMATSU; ARAÚJO, 2016).

Nessa conjuntura, a implantação da Saúde Mental na Atenção Primária é um dos principais aspectos da Reforma Psiquiátrica, no parâmetro em que esse padrão de atenção expõe grande competência de transformar o fundamento de assistência à saúde mental de cunho manicomial, levando em consideração seus eixos de integralidade, e territorialidade (TATMATSU; ARAÚJO, 2016).

A Lei Federal nº 10.216/2001 que é responsável pela Reforma Psiquiátrica Brasileira, redirecionou a assistência em saúde mental, possibilitando que os serviços nas bases comunitárias fossem possíveis para o usuário. Tem como objetivo proporcionar um atendimento de acesso livre, do contrário ao que acontecia nos antigos hospitais psiquiátricos e manicômio, a qual as internações eram longas, que persistia por vários anos (BARBOSA, 2017).

É importante salientar que a atenção primária tem como prioridade acompanhar os casos de sofrimento mental de intensidade leve e os usuários com transtornos mentais moderados e graves devem ser acompanhados de forma concomitante pelo CAPS. A melhor forma de conseguir apoio matricial é através das equipes de referência (LIMA; ALVES, 2020).

Os CAPS são de extrema importância na redemocratização do país, com a implementação do SUS e através de conferências nacionais de saúde mental, foram um marco para abrir portas para a saúde pública no Brasil, movimentando de forma articulada os profissionais da saúde mental, para conquista de uma sociedade sem manicômios.  Os manicômios eram instituições com base na prática do controle social, da exclusão, da violência (JÚNIOR; AMPARO; NOGUEIRA, 2019).

No Brasil o uso de Serviço Personalizado de Atendimento SPA, passou a ser valorizado a partir da redução de danos enquanto modo de lidar com o HIV, principalmente porque se tornou um fundamento a ser utilizada com os usuários de drogas em geral.  Tem como proposito proporcionar respeito aos usuários de drogas e buscar alternativas para que o mesmo tenha uma qualidade de vida (PINHEIRO; TORRENTÉ, 2020).

3. CONCLUSÃO

Entende-se que o termo “loucura” sofreu mudanças no decorrer dos anos, devido confrontos sociais no aspecto do poder público, o qual trouxe melhoras significativa na assistência em saúde mental.

Os Transtornos Mentais são decorrentes de problemas psicológicos ou psiquiátricos e seus efeitos são passageiros ou duradouros.

A Droga causa mudanças fisiologias e comportamentais na vida dos usuários, deixando-os mais susceptíveis a desenvolver problemas de saúde mental.

Em se tratado de saúde pública as drogas são consideradas um problema de ordem mundial, haja visto o consumo exagerado e abusivo dessas substâncias. Ressalta-se ainda que os jovens são os maiores consumidores de drogas (lícitas ou ilícitas).

O Brasil é um país onde ocorre o maior número de apreensão de drogas, destaque para a apreensão de maconha.

O uso de drogas está intimamente relacionado com os transtornos mentais e os portadores de esquizofrenia são mais susceptíveis a se tornarem usuários de drogas.

A Reforma Psiquiátrica resultou no fechamento de muitos leitos em hospitais (públicos ou privados) e proporcionou a criação do Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

O CAPS é considerado um serviço de extrema importância na saúde mental, dispõe de uma equipe multiprofissional qualificada e especializada em saúde mental e este proporcionou um novo modelo de assistência aos portadores de transtornos mental abolindo os manicômios.

REFERÊNCIAS

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[1] Bacharelada Em Serviço Social; Especialização Em Saúde Mental Com Ênfase Em Dependência Química.

[2] Bacharelado Em Enfermagem; Especialização Em Saúde Pública Com Ênfase Em Saúde Da Família; MBA Gestão Em Saúde; Especialização Em Saúde Mental Com Ênfase Em Dependência Química; Licenciatura Em História.

Enviado: Outubro, 2020

Aprovado: Abril, 2021.

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Ana Lúcia Pereira Martins De Sousa

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