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Aplicabilidade da Matemática no Futuro Profissional do Aluno do Ensino Médio

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CONTEÚDO

CUNHA, Cézar Pessoa [1]

CUNHA, Cézar Pessoa. Aplicabilidade da Matemática no Futuro Profissional do Aluno do Ensino Médio. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 04. Ano 02, Vol. 01. pp 651-665, Julho de 2017. ISSN:2448-0959

1. INTRODUÇÃO

A matemática é uma ciência que está presente em todos os segmentos da vida e em todas as tarefas executadas no nosso dia a dia. Encontrada em todas as áreas de estudo, é considerada como uma das principais disciplinas do currículo escolar do ensino médio. Porém, a matemática é aceita com insatisfação pela comunidade escolar, pois exige dos estudantes um grau de memorização e uma ampla linha de raciocínio, esta dificuldade encontrada os fazem distanciar-se de sua prática no cotidiano.

Contudo, a disciplina visa contribuir com a educação em sentido amplo, com algo essencial para obter-se um comportamento ético dos indivíduos. A aula de Matemática estimula a formação ética dos alunos, pois são direcionados a desenvolver suas atitudes atribuindo confiança ao construírem seus conhecimentos em sala de aula, através de sua participação ativa, bem como respeitar as opiniões dos demais colegas.

No entanto, existe uma preocupação com os alunos que estão prestes a entrar no mercado de trabalho. Surge a preocupação de saber como eles estão se preparando ou ou quanto estão preparados para enfrentar esse mercado tão competitivo e exigente.

Para isso este trabalho foi desenvolvido com o intuito de demonstrar, por meio de uma pesquisa de campo e análise de procedimentos estatísticos, a importância que os alunos de ensino médio estão dando a matemática no seu futuro profissional.

Diante do exposto, o presente artigo tem como objetivo analisar como os alunos estão utilizando a Matemática diariamente, quais as ferramentas e como estão se preparando para utilizá-la em seu futuro profissional.

2. PROBLEMA

A Matemática é fundamental na qualificação profissional de qualquer indivíduo, pois está presente na vida de todo ser humano. Ela é responsável por proporcionar o acesso ao desenvolvimento de técnicas intelectuais. Seu conhecimento na formação profissional é de extrema importância, pois se faz presente em todas as áreas.

Assim, busca-se saber qual é o ponto de vista do aluno sobre a disciplina em sua formação profissional. Se ele está se preparando ou está preparado para lhe dar com a mesma no seu dia a dia. Nessa perspectiva busca-se resposta a seguinte questão de pesquisa: O aluno de ensino médio compreende a importância da Matemática para seu cotidiano e seu futuro profissional?

3. JUSTIFICATIVA

Com o mercado profissional mais competitivo e exigente, faz-se necessário que o aluno do ensino médio, prestes a ingressá-lo, prepare-se para enfrentar esta realidade, colocando em prática os seus conhecimentos adquiridos nas atividades diárias.

Diante dessa necessidade, a razão de pesquisar a importância que o aluno de ensino médio está atribuindo a Matemática, visando o seu futuro profissional, é determinar os parâmetros de aplicabilidade no seu cotidiano da referida disciplina. Isso é fundamental para determinar quais métodos educacionais e mudanças significativas poderão ser aplicadas pelo professor, visando a sua capacitação para direcionarmos estratégias de ensino e métodos pedagógicos

Conforme estabelece o Ministério da Educação: “A matemática ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, além de ser uma ferramenta para tarefas específicas em quase todas as atividades humanas.” (1999, p.256).

A Matemática em seu papel formativo, segundo o Ministério da Educação (1999, p.251):

Contribui para o desenvolvimento de processos de pensamento e a aquisição de atitudes, cuja utilidade e alcance transcendem o âmbito da própria matemática, podendo formar no aluno a capacidade de resolver problemas genuínos, gerando hábitos de investigação, proporcionando confiança e desprendimento para analisar e enfrentar situações novas, propiciando a formação de uma visão ampla e científica da realidade, a percepção da beleza e da harmonia, o desenvolvimento da criatividade e de outras capacidades pessoais.

A Matemática é considerada uma ciência de extrema importância na vida profissional do aluno. Por estar inserida nas diversas áreas e profissões, ela capacita o indivíduo a trabalhar o raciocínio, utilizando-se de ferramentas que são necessárias para obtenção de resultados diante dos problemas que encontramos no decorrer da nossa vida.

4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Analisar qual a importância atribuída à matemática nas atividades diárias e no futuro profissional pelos alunos do Ensino Médio.

4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Demonstrar a importância do ensino da Matemática no futuro profissional do aluno de ensino médio;

– Analisar a relação do aluno para com a matemática em sala de aula;

– Analisar como está se preparando para enfrentar os problemas da matemática no mercado profissional;

– Identificar como o ensino da Matemática contribui para a formação plena do educando como um ser crítico formador de opinião.

5. HIPÓTESE

Os alunos que não dão importância à disciplina de Matemática encontram dificuldades em pratica-la no cotidiano, enfrentando dificuldades com questões ligadas ao desenvolvimento pessoal e o raciocínio.

6. EMBASAMENTO TEÓRICO

A palavra Matemática é de origem grega que significa ‘aquilo que se pode aprender’. Não é fácil dar uma ideia do que vem a ser matemática, e os dicionários dão definições bastante diversas. Uma possibilidade é considerá-la como a ciência que estuda quantidades e formas. Pode-se acrescentar que ela é uma linguagem, isto é, uma maneira de representar e falar ou escrever sobre quantidades e formas (IMENES; LELLIS, 1998).

A Matemática é uma ciência com qualidades próprias que tem necessidade de uma atenção muito especial.  É a disciplina responsável por analisar o trabalho da mente e sua prática desenvolve um raciocínio aplicável ao estudo dos diversos assuntos ou temas.

O Ministério da Educação ressalta que a Matemática do Ensino Médio deverá apresentar ao aluno o conhecimento de novas informações e instrumentos necessários para que seja possível a ele continuar aprendendo. Saber aprender é a condição básica para prosseguir aperfeiçoando-se ao longo da vida. Propondo as seguintes finalidades como objetivos de levar aos alunos (PCN, 1999):

  • compreender os conceitos, procedimentos e estratégias matemáticas que permitam a ele desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação científica geral;
  • aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas, utilizando-os na interpretação da ciência, na atividade tecnológica e nas atividades cotidianas;
  • analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes, utilizando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria que lhe permita expressar-se criticamente sobre problemas da Matemática, das outras áreas do conhecimento e da atualidade;
  • desenvolver as capacidades de raciocínio e resolução de problemas, de comunicação, bem como o espírito crítico e criativo;
  • utilizar com confiança procedimentos de resolução de problemas para desenvolver a compreensão dos conceitos matemáticos;
  • expressar-se oral, escrita e graficamente em situações matemáticas e valorizar a precisão da linguagem e as demonstrações em Matemática;
  • estabelecer conexões entre diferentes temas matemáticos e entre esses temas e o conhecimento de outras áreas do currículo;
  • reconhecer representações equivalentes de um mesmo conceito, relacionando procedimentos associados às diferentes representações;
  • promover a realização pessoal mediante o sentimento de segurança em relação às suas capacidades matemáticas, o desenvolvimento de atitudes de autonomia e cooperação.

As propostas objetivadas, citadas acima, condiciona o aluno a criar um senso crítico e colaboram para a realização de uma aprendizagem.

O ensino de Matemática é importante também pelos elementos enriquecedores do pensamento matemático na formação intelectual do aluno, seja pela exatidão do pensamento lógico-demonstrativo que ela exibe, seja pelo exercício criativo da intuição, da imaginação e dos raciocínios indutivos e dedutivos (SOUZA, 2001, p. 27).

Como supracitado pelo autor, a matemática é indispensável na formação profissional do aluno, pois seu conteúdo enriquecido desenvolve o poder de raciocínio, dando-lhe uma visão determinante das situações que os mesmos lidam diariamente.

Ao decorrer do tempo, esta ciência transmite conhecimentos tradicionais, em consequência dos ensinamentos adquiridos, ou seja, uma sucessão de sabedoria aos que estão praticando-as sucessivamente. Concedendo-se a ter uma postura ativa e crítica diante da sociedade.

Porém, segundo Thompson (1992, p.127):

Muitos indivíduos consideram a Matemática uma disciplina com resultados precisos e procedimentos infalíveis, cujos elementos fundamentais são as operações aritméticas, procedimentos algébricos e definições e teoremas geométricos. Dessa forma o conteúdo é fixo e seu estado pronto e acabado. É uma disciplina fria, sem espaço para a criatividade.

A forma que a Matemática é considerada por algumas pessoas, como cita o autor acima, é compartilhado por diversos alunos que são prejudicados por essa falta de conhecimento aplicado a disciplina. Acham que não há necessidade de seguir uma linha de raciocínio nas situações expostas. Entendem que basta somente aplicar uma fórmula e dela sair o resultado ou a solução do problema. Mas, quando cobrados a executarem questões que envolvam a intelectualidade encontram dificuldade em raciocinar.

Assim, reforça-se a importância de valorizar a educação da matemática no ensino escolar do aluno. Levando a sala de aula as atividades do cotidiano que serão utilizadas no dia a dia do futuro profissional.

Segundo D’Ambrosio (1996), o grande desafio para a educação é por em prática hoje o que vai servir amanhã. Por em prática significa levar pressupostos teóricos, isto é, um saber/fazer acumulado ao longo de tempos passados ao futuro.  Os efeitos da prática de hoje vão se manifestar no futuro.

Diante do exposto acima, a necessidade do aluno compreender a importância do estudo escolar em sua vida e praticá-la em seu cotidiano é de extrema relevância, haja vista que o mercado de trabalho exige cada vez mais conhecimento de seu profissional, o que faz fará diferença numa seleção de vaga para um cargo que esteja disponível.

Porém, essa não é a realidade vista nos dias atuais. Mal preparados, sem darem importância aos conteúdos aplicados em sala de aula e a falta da prática no cotidiano, quando cobrados ao entrarem no mercado de trabalho, muitos com dificuldades são desclassificados ainda nas entrevistas de seleção.

O aumento do desemprego e as mudanças no mundo do trabalho é outro aspecto que aflige a sociedade brasileira que demonstra preocupação com o grande contingente de jovens que, mesmo com alguma escolarização, estão mal preparados para compreender o mundo em que vivem e nele atuar de maneira crítica, responsável e transformadora, e, especialmente, para serem absorvidos por um mercado de trabalho instável, impreciso e cada vez mais exigente (UEG/PPC, 2009, p.26).

Conforme o exposto, a preocupação com a qualidade da mão de obra oferecida por esses que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho é considerada preocupante. A falta de interesse e conhecimento sobre a necessidade de obter resultados positivos das aulas para que sejam aplicados no futuro profissional, atinge a maioria dos alunos que devem enfrentar as mudanças no mundo do trabalho desqualificados.

Outro fator que se destaca, é que muitos ainda estão passando por um período de autoconhecimento em várias áreas, aprendendo sobre o que gosta ou não gosta, e sobrepondo a vontade que seus pais têm de “realizar seus sonhos nos filhos, ou vê-los cuidando de seu negócio. (…) Nessa fase, ele precisa definir a sua identidade, ou seja, está estabelecendo quem ele quer ser ou quem não quer ser” (MAIA, 2013).

Dessa forma, fica inviável a percepção do entendimento e a conduta a qual o aluno irá ter diante das disciplinas aplicadas pelos professores em sala de aula. O aluno não foca no seu objetivo e nem projeta o seu futuro. Essa contradição é encontrada com frequência nas escolas e compartilhada pelos mesmos.

Assim, para entendermos melhor e compreender o comportamento do aluno em relação a sua preparação com a matemática para ingressarem no mercado profissional, consultaremos os mesmos e analisaremos qual a importância que estão dando a disciplina, bem como a sua utilização no cotidiano.

7. METODOLOGIA

7.1 MÉTODO DE ABORDAGEM

Foi realizada uma pesquisa de campo, com delineamento quantitativo. Tal método foi aplicado com o objetivo de averiguar como os alunos de ensino médio lidam com a disciplina de matemática no cotidiano, através dos dados coletados diretamente dos participantes.

7.2 TÉCNICA DE PESQUISA

Participaram desta pesquisa 38 estudantes de ensino médio de uma escola pública, localizada na cidade de João Pessoa, selecionados a partir da técnica de amostragem por conveniência ou acessibilidade. Como critério de inclusão, adotou-se que o aluno deveria estar matriculado em uma das séries do ensino médio e estar frequentando regularmente as aulas.

Utilizou-se como instrumento um questionário contendo 8 questões referentes as experiências dos estudantes com a Matemática, suas atitudes frente a disciplina e as estratégias utilizadas no trato de situações que envolvam a mesma. As questões foram respondidas em uma escala de 5 pontos, variando de 1=nada/nunca a 5=totalmente/sempre. Foram abordadas também questões referentes as características dos participantes, como sexo, idade, série, entre outras.

Inicialmente foi realizado contato com a direção da escola, que consentiu a realização da pesquisa com os alunos do ensino médio. Posteriormente, o pesquisador dirigiu-se a sala de aula, conversou com o professor e apresentou a pesquisa aos alunos presentes. A coleta dos dados foi realizada de forma coletiva e durou cerca de 15 minutos em cada turma. Foram seguidas todas as recomendações éticas referentes a pesquisas com seres humanos no que diz respeito a confidencialidade das respostas, ao anonimato dos participantes e ao direito de interromper sua participação em qualquer momento, caso sinta necessidade, entre outras regulamentadas através da Resolução 466/12-CNS.

Os dados foram analisados inicialmente através de cálculos da estatística descritiva, tais como frequências, porcentagens, medidas de tendência central e de dispersão. Através da verificação da distribuição dos dados nas variáveis, não foi encontrada normalidade, tendo-se decidido pela utilização de testes não-paramétricos. Em seguida, foram realizadas análises da estatística inferencial, tais como correlação entre as variáveis, por meio do cálculo do ρ de Spearman, e comparação de médias, por meio do Mann-Whitney. Foi adotado um nível de significância de p<0,05 para que os resultados sejam considerados significativos. Os dados foram processados através do pacote estatístico SPSS, versão 20.

8. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o intuito de analisar a importância que os alunos que ensino médio, prestes a entrar no mercado de trabalho, estão dando a disciplina de Matemática, consultamos 38 alunos do ensino médio da rede pública municipal. Os participantes apresentaram idades variando de 18 a 38 anos, com média de aproximadamente 23 anos e desvio padrão de 5,14 anos, tendo-se distribuído conforme o perfil abaixo.

TABELA 1 – Perfil dos participantes

VARIÁVEL NÍVEIS %
SEXO Masculino 55,3
Feminino 44,7
SÉRIE 1º ano 18,4
2º ano 36,8
3º ano 44,7
REPROVADO EM MATEMÁTICA Sim 35,1
Não 64,9

 

Neste primeiro momento, podemos destacar que 35,1% dos alunos entrevistados já foram reprovados na disciplina de Matemática. Dado consideravelmente, ruim na Educação dos jovens que almejam ingressar no mercado de trabalho.

Segundo D’Ambrosio (1996, p. 61), “os maiores entraves a uma melhoria da educação tem sido o alto índice de reprovação e a enorme evasão. Ambos estão relacionados. Medidas dirigidas ao professor, tais como fornecer-lhes novas metodologias e melhorar qualitativa e quantitativamente, seu domínio de conteúdo especifico, são sem dúvida importantes, mas tem praticamente nenhum resultado apreciável. Igualmente, focalizar esses esforços no aluno por meio de uma maior frequência a aulas e exames ou criando novos testes e mecanismos de avaliação tampouco tem dados resultados.”

As técnicas metodológicas de ensino aplicável em sala de aula pelo orientador são importantes para que o aluno tome consciência da importância da educação em sua vida. Possibilitando ao professor a renovação dos métodos pedagógicos de acordo com o comportamento dos alunos com a disciplina.

A Tabela 2 apresenta a distribuição de frequência das respostas dos participantes nas questões específicas.

TABELA 2 – Análise descritiva das questões

(%)

VARIÁVEL

Nada/ Nunca Pouco/ Poucas vezes Nem muito nem pouco/ Algumas vezes Muito/ Frequentemente Totalmente/ Sempre
1-Gosta de matemática 7,9 28,9 28,9 23,7 10,5
2-Facilidade para resolver questões 15,8 36,8 23,7 15,8 7,9
3-Uso frequente da calculadora 21,1 34,2 18,4 15,8 10,5
4-Utiliza fórmulas no cotidiano 18,4 21,1 36,8 10,5 13,2
5-Analisa respostas após resolução 5,6 22,2 25 30,6 16,7
6- Desiste quando encontra dificuldade nas questões 7,9 31,6 26,3 23,7 10,5
7-Estimulado a relacionar assuntos com cotidiano 0 18,4 21,1 34,2 26,3
8-Matemática importante para profissão 0 26,3 15,8 28,9 28,9

 

Percebe-se que a Matemática não é uma disciplina que agrada aos alunos, haja vista que 28,9% dos entrevistados gostam pouco da matéria e 7,9% não gostam nada da disciplina. Segundo, Reis (2012):

É fácil observar na comunidade escolar que a relação entre aluno e Matemática não é das mais amistosas. Muitos são enfáticos quando afirmam não gostarem desta disciplina, até mesmo os alunos que têm bom rendimento declaram sua rejeição, não sentem prazer em resolver problemas de Matemática, declaram ainda que não gostam das aulas, pois são muito chatas.

Por outro lado, destacamos a importância que o aluno dá a Matemática para a profissão que almeja seguir no futuro. Cerca de 57,8% consideram a utilização da disciplina como muito ou totalmente importante no mercado que vão adentrar.

Os profissionais de diversas as áreas, principalmente àquelas que não se percebem muita utilidade da disciplina em sua atuação, são diversamente considerados reféns Matemáticos. Pode-se citar o corretor de imóveis, que sem conhecimento financeiro e até mesmo sem noção de conhecimento geométrico, o profissional pode ser considerado como um futuro agente fracassado em sua área de atuação. Também não se pode esquecer dos profissionais da área de Direito. Alguns não percebem, mas a matemática além de ser importante em sua formação, percorre as diversas áreas que a profissão oferece. Principalmente, se o profissional trabalhar na área do Direito trabalhista, pois a realização de cálculos é fundamental para se obter valores de bens e heranças, como por exemplo. Caso ele opte pela área Tributária, trabalhará com cálculo diariamente para toda a vida.

Para realizar uma análise de correlação entre as variáveis em estudo, foi calculado o teste de correlação ρ de Spearman. A Tabela 3 exibe estes resultados.

TABELA 3 – Correlação entre as respostas das questões e a série do participante

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8
Q1-Gosta de matemática 1,000
Q2-Facilidade para resolver questões 0,511** 1,000
Q3- Uso frequente da calculadora 0,016 -0,147 1,000
Q4- Utiliza fórmulas no cotidiano 0,244 0,259 0,165 1,000
Q5-Analisa respostas após resolução -0,045 0,141 0,103 -0,171 1,000
Q6-Desiste quando encontra dificuldade nas questões -0,275 -0,355* 0,064 -0,356* -0,134 1,000
Q7-Estimulado a relacionar assuntos com cotidiano 0,046 0,190 0,027 0,173 0,226 -0,130 1,000
Q8-Matemática importante para profissão 0,433** 0,329* 0,058 0,393* -0,106 -0,159 0,318 1,000
Série 0,125 0,223 -0,074 -0,069 -0,019 -0,238 0,345* 0,465**

*p<0,05; **p<0,01

Verificou-se que existe uma correlação positiva, moderada e significativa (ρ= 0,511; p<0,01) entre as Questões 1 e 2, conforme exibido na Tabela 3. Isto indica que quanto mais os estudantes gostam da disciplina de Matemática, maior é a facilidade em resolver questões das mesmas. Estes resultados corroboram a hipótese, a qual afirma que os alunos que não dão importância à disciplina de Matemática encontram dificuldades em pratica-la no cotidiano.

Dificilmente, ouve-se de um aluno “Eu vou bem em Matemática, mas não gosto dessa matéria”. Para compreender melhor essa relação, precisa-se entender que para se aprender os assuntos complexos de matemática é preciso antes dominar os assuntos mais simples que dão base ao estudo da matéria. Estudando um assunto de cada vez, fica muito mais fácil se concentrar em um único assunto do que em vários ao mesmo tempo. Sendo assim, aqueles que praticam essa técnica desde o início da vida escolar possuem uma maior habilidade e a compreensão ao aprender a disciplina.

Normalmente, os estudantes que tiveram muita dificuldade em etapas anteriores (ano anterior) e que não construíram adequadamente uma base de conteúdos que lhe permita assentar naturalmente os novos conteúdos propostos, é curiosamente como uma forma equivocada de defesa eles passam a não gostar da matéria e justificar o desempenho ruim em forma de antipatia.

Confirmando esta análise e corroborando a hipótese desta pesquisa, verifica-se que houve correlações moderadas, negativas e significativas entre a Questão 6 e as Questões 2 (ρ=-0,355; p<0,05) e 4 (ρ=-0,356; p<0,05). Isto significa que aqueles alunos que desistem dos problemas com mais frequência, são os que apresentam menor facilidade na resolução dos problemas e utilizam menos fórmulas para isso.

Foram encontradas correlações positivas significativas entre a importância da Matemática para profissão (Questão 8) e as Questões 1, 2 e 4. Indicando que quanto maior a importância atribuída à disciplina para o futuro profissional, maior é o gosto pela matemática (ρ= 0,433; ρ<0,01), a facilidade para resolver questões (ρ= 0,329; ρ<0,015) e mais frequente é a utilização de fórmulas no cotidiano (ρ= 0,393; ρ<0,05). Estes resultados também contribuem para a confirmação da hipótese.

O fator cultural também influencia no interesse do aluno, pois a prática da disciplina no cotidiano, para atender as suas necessidades, obriga o aluno a conviver diariamente com situações que viram rotina e automaticamente essa dependência pode aguçar o sentimento pela matéria. Segundo D’ambrosio (1997, p.57), “a matemática vem passando por uma grande transformação… e um grande fator de mudança é o reconhecimento do fato de a matemática ser muito afetada pela diversidade cultural”.

A fim de verificar as diferenças entre as repostas dos participantes em função de já ter ou não sido reprovado na Matemática, foi realizada uma análise de comparação de médias, através do teste Mann-Whitney, conforme apresentado na Tabela 4.

TABELA 4 – Comparação das médias das respostas em função da reprovação

QUESTÕES REPROVADO Z p
SIM

M(DP)

NÃO

M(DP)

Q1-Gosta de matemática 2,69(1,18) 3,17(1,13) -0,952 >0,05
Q2-Facilidade para resolver questões 2,08(0,86) 3,00(1,18) -2,150 <0,05
Q3- Uso frequente da calculadora 2,46(1,56) 2,58(1,06) -0,641 >0,05
Q4- Utiliza fórmulas no cotidiano 2,62(1,45) 2,96(1,12) -0,842 >0,05
Q5-Analisa respostas após resolução 3,23(1,42) 3,35(1,03) -0,136 >0,05
Q6- Desiste quando encontra dificuldade nas questões 3,38(1,19) 2,67(1,00) -1,665 >0,05
Q7-Estimulado a relacionar assuntos com cotidiano 3,54(1,23) 3,71(1,04) -0,446 >0,05
Q8-Matemática importante para profissão 3,69(1,32) 3,50(1,10) -0,561 >0,05

Quando comparadas as médias das respostas dos alunos que já foram reprovados com aqueles que nunca foram reprovados na disciplina, verificou-se que a única diferença significativa (z=-2,15; p<0,05) encontrada entre os grupos foi na Questão 2 – Facilidade para resolver questões. Ou seja, aqueles que foram reprovados tem mais dificuldade na resolução dos problemas de matemática, porém não diferem significativamente (p>0,05) com relação as outras variáveis.

São nítidas a importância e a necessidade da matemática na vida cotidiana do ser humano. Como também, fundamental para o desenvolvimento da sociedade através de suas técnicas implantadas, desde as mais simples até as mais complexas situações em que enfrentamos no dia a dia.

Para finalizar, os resultados aqui apresentados e analisados apontam para a necessidade de estabelecer critérios pedagógicos direcionados a preparação dos alunos que estão prestes a entrar no mercado de trabalho. Utilizando-se métodos que os despertem a esta realidade. Incentivando-os a prática das atividades diariamente. Realizando uma reflexão e autoavaliação para detectar erros na prática pedagógica.

Resgatar a importância da Matemática, estabelecendo relações entre a matemática ensinada na escola com a História da Matemática, bem como desafiar o aluno a superar dificuldades, propondo criatividade e perseverança, pode contribuir para o desenvolvimento do aluno na disciplina.

Ainda que haja uma mudança na forma de educar, são necessárias mudanças que despertem nos alunos o interesse e a motivação em aprender Matemática e despertem o gosto pela mesma. Cabe ao professor orientar, mediar e organizar as construções dos alunos, respeitando sua bagagem cultural, levando em consideração que para uma única situação problema podem existir diversas maneiras de resolução.

Assim, a partir da análise dos resultados alcançados e da teoria apresentada por vários especialistas sobre a importância da Matemática para os alunos que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho, visualizou-se de forma clara e objetiva que os alunos, apesar de terem consciência da importância da Matemática no seu futuro profissional, poucos a praticam no dia a dia, por encontrarem dificuldades na sua aplicabilidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização da pesquisa de campo, procurou-se analisar como se encontravam preparados os alunos de Ensino Médio que estavam prestas a ingressar no mercado de trabalho. Fundamental para redirecionar o olhar do aluno para a matemática, abordando os benefícios, os valores e sua importância na vida futuro profissional.

Assim, foi feita uma consulta com os alunos do 1º, 2º e 3º ano do ensino médio, onde foram repassadas oito perguntas relacionadas à utilização da disciplina em seu cotidiano.

Prontamente respondidas, realizou-se as devidas análises e constatou-se que 35,1% dos alunos entrevistados já foram reprovados na disciplina de Matemática. Um percentual considerado alto, ainda que, aproximadamente, 8% não gostam da disciplina. Apesar de 57,8% considerar que a utilização da disciplina será importante no seu futuro profissional, os alunos não a praticam com frequência do dia a dia, até mesmo desistem de continuar na resolução das atividades quando encontram dificuldades.

Assim, considera-se que os resultados atenderam às expectativas. A pesquisa contribuiu para entendermos que é necessária a intermediação do professor neste contexto, sendo responsável por transmitir os assuntos direcionando o conteúdo as atividades que são utilizadas no cotidiano de um profissional de diversas áreas.

Apesar de apresentar limitações, como uma amostra reduzida e coleta de dados em apenas um turno, a importância da Matemática no futuro profissional do aluno de Ensino médio ficou evidente diante da realização desta pesquisa.

Percebe-se que a Matemática está presente em todos os segmentos e, por isso sugere-se que seja trabalhada em sala de aula com o intuito de preparar o aluno, visando o mercado profissional que se encontra cada vez mais exigente.

Por fim, este projeto é de fundamental importância na implantação do planejamento pedagógico a ser utilizado pelo professor. Dessa forma, contribuindo para designar quais parâmetros os mesmos deverão adotar em sala de aula, focando o desenvolvimento profissional futuro do aluno a adentrar no mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS

D’AMBROSIO, U. Educação matemática: da teoria à prática. São Paulo: Editora Papirus, 1996.

D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da Teoria à prática. 2ªed. São Paulo: Papirus, 1997.

IMENES, L. M.; LELLIS, M. Microdicionário de Matemática. Editora Scipione, 1998.

MAIA, T. F. A difícil escolha da profissão, 24/02/2013. Disponível em: < http://www.portalvocacional.com.br/noticias.php?id=25>. Acessado em: 10/09/2016.

Ministério da Educação e Cultura/Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1999.

REIS, L. R. Rejeição à matemática: causas e formas de intervenção. 2005. 12 f. Monografia (Graduação) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2005.

SOUZA, M. J. A. Informática Educativa na Educação Matemática: Estudo de geometria no ambiente do Software Cabri-Géomètre. 2001. 154 f. Dissertação (Pós Graduação em Educação Brasileira) – Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC. Fortaleza, 2001.

THOMPSON, A. G. Teacher’s beliefs and conceptions: a synthesis of research. In: GROUWS, D. A Handbook of Research on Mathematics Teaching and Learning, New York, Macmillan, 1992.

UEG, Universidade Estadual de Goiás. Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Matemática. Campus Iporá, 2009.

ANEXO

A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Prezado(a) entrevistado(a),

As questões abaixo se referem a uma pesquisa de campo do curso de LICENCIATURA PLENA em MATEMÁTICA do INSTITUTO COTEMAR, cujo objetivo é verificar como está sendo aplicada a matemática no cotidiano para o futuro profissional do aluno do ensino médio.

1- O QUANTO VOCÊ GOSTA DA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA?

Nada Um pouco Nem muito, nem pouco Muito Totalmente
1 2 3 4 5

 

2- QUANTA FACILIDADE VOCÊ TEM DE RESOLVER AS QUESTÕES SEM NECESSIDADE DE LIVROS PARA CONSULTAR O ASSUNTO, UTILIZANDO-SE MÉTODOS PESSOAIS?

Nenhuma Pouca Nem muita, nem pouca Muita Totalmente
1 2 3 4 5

 

3- COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ UTILIZA A CALCULADORA PARA VERIFICAR DESCONTOS AO FAZER COMPRAS?

Nunca Poucas vezes Algumas vezes Frequentemente Sempre
1 2 3 4 5

 

4- COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ APLICA FÓRMULAS MATEMÁTICAS PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS DO COTIDIANO?

Nunca Poucas vezes Algumas vezes Frequentemente Sempre
1 2 3 4 5

 

5- AO TERMINO DO EXERCÍCIO, COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ ANALISA SE A RESPOSTA DA QUESTÃO ESTÁ CORRETA, NÃO APENAS VERIFICANDO O GABARITO, MAS COMPARANDO OS VALORES COM O QUE FOI PEDIDO NA QUESTÃO?

Nunca Poucas vezes Algumas vezes Frequentemente Sempre
1 2 3 4 5

 

6- COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ DESISTE DE PROSSEGUIR NA RESOLUÇÃO DA QUESTÃO QUANDO ENCONTRA DIFICULDADE?

Nunca Poucas vezes Algumas vezes Frequentemente Sempre
1 2 3 4 5

 

7- O QUANTO VOCÊ É ESTIMULADO PELO PROFESSOR A RELACIONAR OS ASSUNTOS DA DISCIPLINA COM ATIVIDADES DO CONTIDIANO?

Nada Um pouco Nem muito, nem pouco Muito Totalmente
1 2 3 4 5

 

8- O QUANTO VOCÊ CONSIDERA A MATEMÁTICA IMPORTANTE PARA A PROFISSÃO QUE ALMEJA SEGUIR?

Nada Um pouco Nem muito, nem pouco Muito Totalmente
1 2 3 4 5

 

SEXO: M (  )         F (  )

IDADE: __________

SÉRIE: 1° (  )        2° (  )      3° (  )

ESCOLA ATUAL: Pública (  )            Privada (  )

JÁ FOI REPROVADA EM MATEMÁTICA? Sim (  )   Não (  )

[1] Professor de Matemática em PE.

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