REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Manifestações patológicas predominantes em Marquises da Avenida Goiás, principal via comercial de Gurupi – TO

RC: 64259
736
Rate this post
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Matheus Costa [1], SILVA, Eduardo Damacena [2], BARROS, Enicléia Nunes de Sousa [3]

SILVA, Matheus Costa. SILVA, Eduardo Damacena. BARROS, Enicléia Nunes de Sousa. Manifestações patológicas predominantes em Marquises da Avenida Goiás, principal via comercial de Gurupi – TO. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 06, pp. 44-63. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/marquises-da-avenida

RESUMO

A Falta de projeto, a falha do mesmo quando existente, mão de obra mal qualificada, utilização de materiais de baixa qualidade e principalmente a falta de manutenção prévia, tem sido um dos fatores preponderantes para que estruturas de marquises entre em colapso em todo território brasileiro. Esse estudo tem por objetivo fazer um levantamento e uma análise técnica, do estado atual em que se encontra as marquises da avenida goiás, a principal avenida comercial de Gurupi-TO. O objeto de análise da pesquisa baseou-se na inspeção visual, no qual perímetro analisado foram catalogadas 72 marquises, em prédios de 1 a 3 pavimentos com utilização amplamente comercial. Das 72 marquises catalogadas 24 apresentaram algum tipo de manifestações patológicas que de acordo com a metodologia utilizadas são consideradas de gravidade; média, alta e baixa. Através do estudo pode se constatar também que 69% das patologias presentes nessas marquises são referente a problemas de infiltrações, evidenciando a falta de impermeabilização na estrutura, ou sua má qualidade quando existente. Com base nos dados obtidos, pode se constatar diversos problemas ocorridos durante a fase de execução dessas marquises, que se tivesse o acompanhamento de um responsável técnico durante sua execução, teria sido sanados, evitando assim diversas manifestações patológicas, que coloca em risco toda estrutura e a vida de diversas pessoas que transitam diariamente embaixo das marquises.

Palavras-chave: patologias, marquise, estrutura, Engenharia Civil.

1.INTRODUÇÃO

A falta de manutenção e intervenções corretivas de manifestações patológicas em marquises, leva ao colapso, um evento recorrente em várias regiões brasileiras e tem gerado preocupação para diversos especialistas da área.

Um caso que ganhou grande notoriedade pela ampla divulgação da mídia, foi o colapso da marquise de um edifício no bairro jardins, região central de São Paulo, no qual feriu um estudante e levou outro à óbito. O edifício tem aproximadamente 40 anos e a marquise apresentava problemas de infiltrações e de execução, no qual a armadura presente era incompatível para sustentar o peso da estrutura em balanço.  (G1, SÃO PAULO, 2019).

De acordo com Aranha (1994) A importância do estudo das patologias está, em primeiro lugar, na necessidade de divulgação das manifestações patológicas que, apesar da incidência e dos estudos realizados, não são devidamente conhecidas; em segundo lugar, pela sua cadeia evolutiva no qual,  o quanto antes localizadas comprometem menos a estrutura e terão um menor custo de restauração.

O surgimento de manifestações patológicas também pode estar ligado ao próprio envelhecimento de edificações e ao crescimento acelerado e contínuo da construção civil (CUNHA et al., 1996).

Marquise são estruturas que avançam sobre a parte externa de edificações geralmente utilizada em obras comerciais, mas também observadas em obras residenciais. Possuem diversas finalidades, como um apelo arquitetônico para um efeito estético, visibilidade de fachada de comércio, proteção contra intempéries e também comumente utilizada como sacada para edifícios com pavimento superior. Em todo o Brasil tem observado o colapso de tal estrutura com danos irreversíveis.

Esse estudo tem por objetivo fazer um levantamento e uma análise técnica, do estado atual em que se encontram as marquises da avenida goiás, a principal avenida comercial de Gurupi-TO. O fato da avenida goiás ser o principal propulsor para expansão do município de Gurupi-TO desde sua fundação em 1958 , tem gerado muita preocupação do departamento de engenharia do município,  no qual a principal via de comércio e com maior fluxo de pessoas do município, possui também as estruturas mais antigas do município algumas construídas desde meados de sua fundação, apresentando assim inúmeras manifestações patológicas que podem levar à colapsos marquises onde transitam milhares de pessoas diariamente.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 DEFINIÇÃO ESTRUTURAL

A NBR 6118 (2014) define diversos critérios de dimensionamento e execução para que seja garantido a segurança, estabilidade e durabilidade das estruturas de concreto armado.

Medeiros e Grochoski (2007) afirmam que, em relação ao comportamento e segurança estrutural, o concreto armado pode viabilizar a execução de estruturas com caráter de ruptura dúctil. O concreto formado pelo ligante (cimento) agregado miúdo (areia lavada) e agregado graúdo (brita) não tem resistência mecânica e é tecnicamente frágil, mas quando se adiciona aço a sua composição ganha-se alta resistência mecânica em relação aos esforços de tração e compressão possibilitando assim que estruturas vençam grandes vãos e vigas e lajes possam ser executadas com apoio em apenas uma de suas extremidades  por engastamento, formando assim uma estrutura em balanço, no qual as lajes em balanço de concreto armado são as mais utilizadas em marquises.

Marquises em sua ampla maioria são formadas por estrutura em balanço até por exigência do Governo federal através da lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e leis municipais que alegam que calçadas devem ter acesso fácil sem qualquer interferência física que dificulte o tráfego de pedestres, possibilitando assim o uso de pilares ou qualquer elemento estrutural que contenha os esforços atuantes tendo seu arranque a partir a calçada. Estruturas em balanço tendem a sofrer esforço de flexão gerando um momento negativo. Isso significa que a armadura negativa na face superior da estrutura tende a sofrer tração e a armadura positiva na face inferior tende a sofrer compressão.

Figura 1 –Representação de Esforços atuantes em uma estrutura em balanço.

Fonte: Medeiros e Grochoski, 2007

2.2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Segundo Helene (1992), a patologia na construção civil trata-se do estudo dos problemas, sintomas, causas e mecanismos da deterioração das obras de engenharia. Andrade (2015) conclui que muitas das manifestações patológicas podem ser contidas com manutenções preventivas e isso evitaria acidentes graves com feridos e óbitos, além de evitar transtornos ao dono do empreendimento com processo criminal.

2.2.1 BOLOR

O mofo também conhecido como bolor, que se desenvolve nas superfícies das paredes das edificações, manifesta-se através da ação de micro-organismos conhecidos como fungos filamentosos. Estes são micro-organismos aeróbios e decompositores da matéria orgânica. (GUERRA, et. al., 2012).

Kießl e Sedlbauer (2001) afirmam que quando a superfície de uma edificação apresentar uma umidade superior ou igual a 80% durante um período de mais de 6 horas por dia, o mofo poderá surgir. Relativamente, o mofo desenvolve-se em ambientes que apresentam uma umidade entre 90% e 98%. No entanto, identificou-se que algumas espécies como o fungo xerophile podem se desenvolver em ambientes úmidos na faixa de até 65%.

A má impermeabilização, rachaduras e vazamentos que ocorrem na estrutura, são fatores preponderantes para o surgimento dos fungos nas edificações. De acordo com KIEßL e SEDLBAUER (2001) a associação de condições ideais de temperatura e umidade à disponibilidade de nutrientes, além de outros fatores como o pH ideal, torna favorável a incidência de manifestações patológicas relacionadas aos fungos filamentosos

2.2.2 FISSURAS, TRINCAS E RACHADURAS

De acordo com a definição da NBR 9575 (ABNT 2010).

2.2.2.1 FISSURA

Em consonância com a NBR 9575 (ABNT 2010), Fissura é uma abertura em forma de linha ocasionada por uma ruptura sutil da massa presente em qualquer superfície de um material sólido, tendo espessura de até 0,5 mm.

Braga (2010) aponta vários fatores que influenciam a forma da fissura, tais como a rigidez relativa das juntas de acordo com as unidades, a presença dos pontos de fragilidade, as restrições da parede e a causa da fissura.

2.2.2.2 TRINCA

É uma abertura em forma de linha que aparece na superfície de qualquer material sólido, são mais acentuadas e profundas que as fissuras, causando a separação das partes. Portanto, requerem atenção, uma vez que podem estar indicando a ocorrência de algo grave proveniente de evidente ruptura de parte de sua massa, com espessura de 0,5 até 1,0 mm. (BRAGA, 2010)

2.2.2.3 RACHADURA

Braga (2010) define como uma abertura expressiva que aparece na superfície de material sólido, caracterizada de forma grande, acentuada e profunda, apresentando uma divisão entre as partes e gravidade acentuada, visto que danificando a alvenaria e os elementos estruturais, como por exemplo vigas, colunas e laje, a estabilidade da edificação torna-se comprometida, sendo um risco à segurança dos usuários, com espessura de 1,0 até 1,5 mm.

2.2.3 EFLORESCÊNCIA

De acordo com Santos e Silva Filho (2008), a Eflorescência trata-se de um fenômeno causado pelo surgimento de depósitos cristalinos de cor branca sob a superfície da estrutura, que são resultados da exposição do concreto à água de infiltrações ou de intempéries.

Este fenômeno, que pode provocar a degradação do concreto, pode ser explicado de maneira simples. Quando a água percola nos poros de vazios do concreto, ela dissolve os sais presentes no cimento e no cal, principalmente o hidróxido de cálcio. (SAHADE, entre 2005 e 2020)

Ainda de acordo com Sahade (entre 2005 e 2020) a solução mais adotada para resolver eflorescências é a utilização de materiais impermeabilizantes sobre substratos com argamassa de revestimento sem cal.

2.2.4 CARBONATAÇÃO

A carbonatação é uma manifestação patológica que pode ser descrita como a “neutralização da fase líquida intersticial saturada de hidróxido de cálcio e de outros compostos alcalinos hidratados, contidos na pasta de cimento do concreto, pelo dióxido de carbono (CO2) que para uma faixa de umidade precipitam como carbonato de cálcio” (SILVA, 2007 p. 7)

Silva (2007) afirma que a relação água/cimento é responsável pelo tamanho e continuidade dos poros presentes no concreto. Assim, se esta relação for diminuída, a profundidade de carbonatação também será visto que a continuidade capilar dos poros é minorada por causa da alteração da microestrutura da pasta de cimento, ao passo que os poros podem, até mesmo, ser desconectados.

Em seu estudo sobre a relação entre carbonatação, resistência à compressão e porosidade, Atis (2004) observou a existência de uma tendência, no qual verificou que quanto maior for a resistência à compressão, menor será a porosidade e, consequentemente, a profundidade de carbonatação também será menor.

2.2.5 DESCOLAMENTO DE PINTURA

O descolamento de pintura é uma manifestação patológica oriunda de outras manifestações patológicas, no qual geralmente estão associadas a um problema de infiltração, em que a água em contato com o revestimento de pintura, acaba tirando a adesão do revestimento ao substrato acarretando assim seu deslocamento. Erros sucessivos durante a execução deste revestimento são uns dos fatores preponderantes para o surgimento dessa manifestação patológica, no qual é comum ver pintores aplicando a tinta diretamente ao reboco sem o devido tratamento prévio, como; selador, massa e tinta acrílica ambiente (externo), e massa e tinta PVA ambiente (interno). Outro erro muito comum em relação a pintura é utilização de massa e tinta PVA em ambientes externos o que não é recomendável pois a mesma não possui uma boa resistência em relação a umidade.

2.3 DURABILIDADE DA ESTRUTURA

A NBR 15575 determina vida útil mínima de 50 anos para estruturas de concreto armado. E atingir essa vida útil os profissionais de engenharia utilizam de cobrimento adequado a agressividade do ambiente e impermeabilização eficaz. Com a elaboração de projetos e execução adequada além de manutenções corretivas para evitar danos e comprometimento a estrutura de marquises. De acordo com Carmo (2009) os principais problemas em marquises que levam ao colapso são:

– Sobrecarga na estrutura

– Erro de projeto

– Falha na impermeabilização

– Mau uso a edificação

– Erro de execução

Além da norma em vigor, a fiscalização de Prefeituras Municipais e a obrigação de inspeção periódica em marquises e a devida recuperação, reforço e demolição são necessárias para garantir a segurança (CARMO,2009).

3. METODOLOGIA

Esse estudo tem por objetivo fazer um levantamento e uma análise técnica, do estado atual em que se encontra as marquises da avenida goiás, a principal avenida comercial de Gurupi-TO.

Gurupi-TO é considerada a 3º maior cidade do estado do Tocantins, fundada em 1958 possui atualmente cerca de 85 mil habitantes, sendo a principal referência  em toda região sul do estado do Tocantins, considerada também  a 3º maior economia do estado possuindo um PIB de R$273.477.360,00 provenientes da indústria pecuária e comércio. IBGE (2017)

Os edifícios localizados na avenida goiás, via onde realizou-se o levantamento e análise técnica das marquises, são utilizados em sua ampla maioria para comércio, no qual contém de um a três pavimentos e o primeiro pavimento em quase sua totalidade é utilizado para fins comerciais, gerando assim grandes quantidades de marquises localizadas ao longo daquela via.

Figura 2 – Trecho referente ao levantamento e análise técnica das marquises

Fonte: Google Maps, 2020

3.1 INSPEÇÃO VISUAL

Sem autorização dos proprietários para dispor dos projetos executivos e fazer um levantamento mais detalhado da estrutura, por temor que o estudo seja uma investigação que está sendo elaborada por parte do município ou algum órgão de fiscalização, esse estudo teve que se basear e delimitar apenas na técnica de inspeção visual feita pela parte externa das edificações.

De acordo com Guisoli (2018)  a inspeção visual é uma das técnicas de manutenção mais antigas, de maior simplicidade de execução e que possui um menor custo operacional, depende tanto da capacidade de observação quanto da capacidade técnica, de cada responsável técnico, em observar, compreender e traduzir para então emitir um diagnóstico das “patologias” observadas. Considerada uma técnica simples, geralmente é utilizada para verificação de compatibilidade com projeto, muito utilizada também por profissionais para inspeções prediais, no qual muitas manifestações patológicas são perceptíveis ao olho nu como; corrosão, deformação, alinhamento, bolor, deslocamento de pintura, etc. A técnica é um meio eficaz para registro e elaboração de históricos de manutenção, bem como de suporte para análise e tomadas de decisão; podendo ser, ainda, empregada como um meio para realização de Manutenção Preventiva e corretiva (GUISOLI, 2018)

As marquises que se podem constatar manifestações patológicas através de inspeções visuais, tem como fator predominante patologias relacionadas a infiltrações devido à má execução da estrutura, principalmente no fator impermeabilização, no qual pode se perceber que algumas estruturas não receberam qualquer tipo de impermeabilização durante sua execução e algumas a impermeabilização utilizada foi ineficaz pela facilidade com que a água percola pelos poros de vazios do concreto gerando assim diversas manifestações patológicas como:

  • Fissuras e trincas;
  • Descolamento de pintura e Argamassa;
  • Armadura exposta em estágio de oxidação, devido ao deslocamento da argamassa;
  • Manchas de umidade e bolor,

No qual indica que possivelmente houve erro de execução relacionado a impermeabilização, espaçamento da armadura e controle tecnológico do concreto.

3.2 MÉTODO DE ANÁLISE

O trecho em análise se delimitou na região central da via, no qual foram catalogadas 72 marquises, sendo que destas, 24 apresentaram algum tipo de manifestação patológica que pode ser constatada pela técnica de inspeção visual.

Baseando-se nos conceitos de Guisoli (2018), foi feita uma análise de inspeção visual nessas marquises, que através desse método pode se constatar diversas patologias, e assim classificar individualmente os tipos de manifestações patológicas presente em cada marquise, quais são as patologias predominantes, e seu grau de periculosidade.

4. RESULTADOS OBTIDOS

De acordo com os dados coletados, constatou-se que as manifestações patológicas  são distintas em todas as marquises analisadas. No qual muitas apresentaram manifestações patológicas similares, no entanto sempre com variação no grau de incidência.

Figura 3 – Gráfico de incidências de manifestações patológicas nas marquises pesquisadas

Fonte: Próprio autor, 2020

Na figura 4 é possível observar que de acordo com os dados obtidos in-loco, as manifestações patológicas mais presentes nas marquises pesquisadas são manchas de umidade, bolor e deslocamento da pintura, no qual somadas representam 69% das patologias presentes nessas marquises. De acordo com Basso (2012) essas manifestações patológicas têm caráter inicialmente mais estético, no qual relata por meio visual que a estrutura está com deficiência em reter a água na face superior da laje, no qual é perceptível que a água está percolando com facilidade pela estrutura, gerando assim diversas manifestações patológicas e alertando o proprietário do edifício a exigência de uma intervenção como uma manutenção prévia, que se não executada de acordo com o grau de incidência e a longo prazo, pode levar essa marquise à manifestações patológicas mais sérias, podendo comprometer assim toda sua estrutura.

Quadro 1: Notas atribuídas às manifestações patológicas encontradas.

PATOLOGIA NOTA
Fissura 7
Trinca 8
Rachadura 9
Fenda 10
Armadura exposta 10
Manchas de umidade 5
Bolor 5
Descolamento do revestimento argamassado 9
Descolamento do revestimento cerâmico 7
Descolamento da pintura 3
Manchas no revestimento cerâmico 3
Eflorescência 5

Fonte: Basso, 2012

Basso (2012) se baseia nos seguintes critérios para fazer atribuição das notas:

  • De 9 a 10 – Gravidade alta: problemas que podem levar ao comprometimento estrutural da marquise fazendo com que a mesma entre em colapso causando graves acidentes.
  • De 7 a 8 – Gravidade média: causa ou início de outros problemas patológicos e/ou podem gerar acidentes de gravidade média;
  • De 5 a 6 – Gravidade baixa: não causam maiores problemas, mas podem gerar ou facilitar outros problemas patológicos;
  • De 3 a 4 – Sem gravidade: efeito estético.

Seguindo os critérios Basso (2012) expostos no quadro 1 e sua atribuição de notas relacionadas a manifestações patológicas e seu grau de comprometimento pode-se fazer um levantamento e mapeamento dos trechos ao longo da via onde as marquises se encontram em estado mais agravantes.

Figura 4- Mapeamento dos trechos onde as patologias das marquises estão mais agravantes.

Fonte: Próprio autor, 2020
  • Vermelho– Trecho mais agravante, com maior número de marquises que estão com problemas que podem levar ao comprometimento estrutural fazendo com que a mesma entre em colapso causando graves acidentes.
  • Laranja – Trecho com gravidade moderada, com maior número de marquises com problemas médio que causa o início de outros problemas patológicos e/ou podem gerar acidentes de gravidade média;
  • Verde – Trecho com gravidade baixa, com maior número de marquises que não tem maiores problemas, mas podem gerar ou facilitar outros problemas patológicos;

Quadro 2: Classificação das manifestações patológicas presente em cada marquise

Fonte: Basso e Soares, 2014

De acordo com dados obtidos através da pesquisa e exposto no quadro 2, ao menos 06 das marquises que apresentaram manifestações patológicas contém patologias que de acordo com Basso (2012) São patologias de gravidade alta, problemas que podem levar ao comprometimento estrutural das marquises, fazendo com que a mesma possa vir a colapso causando graves acidentes, são as marquises ( D, G, M, N, O, Q).

Ainda de acordo com os dados obtidos e expostos no quadro 2, 23 marquises apresentaram patologias de grau médio, no qual a longo prazo pode se transformar em problemas mais sérios se não passarem por um processo de manutenção prévia, pois geralmente são sintomas de infiltrações no qual demonstram através de aspectos constatados visualmente que a impermeabilização da estrutura está sendo ineficaz, onde a água está percolando com facilidade entre os poros vazios do concreto, podendo oxidar a armadura e deslocar o revestimento do concreto, fazendo com a estrutura perca seção e assim perdendo sua resistência vindo à colapso.

4.1 MARQUISE COM BOLOR

A Figura 5 representa a Marquise O, através da análise de inspeção visual pode-se constatar diversas manifestações patológicas tais como: armaduras expostas, descolamento do revestimento argamassado, mancha de umidade, bolor e descolamento da pintura e rachadura. Somado às notas atribuídas por Basso (2012), a Marquise O é que apresenta a maior pontuação referente a manifestações patológicas, no qual possuem diversas patologias de gravidade alta e média, tornando assim perceptível que se necessita urgentemente de uma intervenção de manutenção prévia, para evitar que a mesma venha à colapsar e causar graves acidentes.

Figura 5 – Marquise O – Manchas de umidade, bolor, rachadura, descolamento do revestimento argamassado e pintura e armadura exposta.

Fonte: Próprio autor, 2020

A Figura 6 Representa marquise B que através de uma análise técnica visual, constatou-se que a mesma possui patologias que apresentam deficiência na impermeabilização e drenagem da face superior da laje, no qual é perceptível que as manchas de umidade e bolor são consequências da percolação da água pluvial na face superior da laje em balanço, evidenciando a ineficácia de sua drenagem e impermeabilização, demonstrando assim a necessidade de uma intervenção como manutenção corretiva, para garantir que essas patologias que de acordo com Basso (2012)  consideradas de gravidade média, não evoluam para patologias consideradas de gravidade mais alta, aumentando assim a vida útil de sua estrutura e garantindo mais segurança para pedestres que trafegam diariamente sobre aquela via.

Figura 6 – Marquise B – Manchas de umidade, bolor.

Fonte: Próprio autor, 2020

4.2 MARQUISE COM FISSURA E TRINCA

A marquise G representada pela figura 7, é perceptível através de uma análise técnica visual, constatar que sua estrutura está sofrendo tensões em algumas regiões, e essa força é maior que sua resistência mecânica, provocando algumas aberturas em sua superfície  como o aparecimento de rachadura e trincas, essas patologias, de acordo com Basso(2012), são consideradas de gravidade alta, colocando em risco toda sua estrutura necessitando de uma intervenção como manutenção corretiva, no qual acompanhada de um responsável técnico, vai diagnosticar e delimitar o ponto de origem, e através de métodos de análise mais consistentes e robustos, definir os possíveis mecanismos de solução.

Figura 7 – Marquise G – Bolor, rachadura e trinca

Fonte: Próprio autor, 2020

4.3 MARQUISE COM DESLOCAMENTO DE PINTURA

De acordo com o quadro 2 a Marquise N representada pela figura 8, é a segunda marquise que apresentou maior número de pontuação referente manifestações patológicas, no qual é perceptível que suas patologias são consequências de infiltrações de águas oriundas do período chuvoso, que devido a improficuidade de sua impermeabilização, está percolando com facilidade  pela sua estrutura e provocando diversas manifestações patológicas na face inferior da estrutura, que devido a sua incidência e ao longo período de ocorrência, concebeu manifestações patológicas que de acordo com Basso (2012) são patologias de gravidade alta: problemas que podem levar ao comprometimento estrutural da marquise fazendo com que a mesma entre em colapso causando graves acidentes, evidenciando assim que devido a profusão de suas manifestações patológicas, necessita da contratação de um engenheiro civil, para periciar  toda sua estrutura e então definir e executar os possíveis mecanismos de soluções

Figura 8 – Marquise N – Mancha de umidade, bolor, descolamentos de pintura e argamassa, fissuras, armadura exposta.

Fonte: Próprio autor, 2020

5. CONCLUSÃO

O trabalho em questão tem por objetivo fazer um levantamento e uma análise técnica do estado atual das marquises da avenida goiás, principal via comercial de Gurupi-TO. Após análise das marquises em questão, pode-se afirmar que muitas das  manifestações patológicas constatadas nessas marquises são por erros sucessivos durante a execução da estrutura, e a falta de uma política de manutenção preventiva. Os erros durante a execução, são constatados por falta de um projeto executivo, ou erro do mesmo quando existente má controle tecnológico do concreto, dimensionamento errôneo da armadura, falta de espaçamento da armadura e o fator primordial, que foi responsável por quase 69% das manifestações patológicas analisadas  “A falta de impermeabilização da estrutura”. Todos esses fatores seriam facilmente solucionados se durante a execução se tivessem o acompanhamento de um responsável técnico.

Com base em todos esses dados evidenciados através da pesquisa, recomenda-se sempre a busca por profissionais tecnicamente qualificados para fazer um acompanhamento periódico dessas marquises, no qual  o mesmo utilizará de todo seu conhecimento técnico, para fazer as devidas manutenções corretivas sempre quando for  necessário, utilizando-se dos melhores mecanismos de solução para estrutura, garantindo assim mais estabilidade e longevidade da mesma, assegurando um tráfego mais seguro para milhares de pedestres que trafegam por aquela via diariamente, sem sequer ter o conhecimento do estado atual da estrutura que estão sobre sua cabeça.

Através desses dados evidencia-se também a negligência e a falta de fiscalização pelos órgão competentes, a nível federal, estadual e principalmente municipal, no qual é evidente que se todos os municípios fossem mais presentes exigindo uma política de manutenção preventiva de todos os proprietários dessas marquises, evitaria o colapso de diversas  marquises, ferindo e algumas trazendo consigo até vítimas fatais, algo que tem ocorrido em todo território brasileiro, trazendo a sensação de insegurança à milhões de pedestres que trafegam diariamente pelas calçada nas vias urbanas brasileiras.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575:2013: Desempenho de Edificações Habitacionais. Rio de Janeiro, 2013.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118:2014: Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ANDRADE, M. L. Manifestações patológicas nas marquises de concreto armado do centro de João Pessoa-PB, – Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.

BASSO, M. T. Problemas patológicos em marquises do centro da cidade de Cascavel – PR, – Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel, 2012.

BASSO, T. M.; SOARES, E. G. A. Problemas de Patologias em Marquises Na Região Central da Cidade de Ubiratã-PR. Disponível em: <https://www.fag.edu.br/upload/arquivo/1431177591.pdf >Acesso em: 01 set. 2020.

BRAGA, T. M. N. “Patologias nas construções: trincas e fissuras em edifícios”  – Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2010.

CARMO, A. M. Estudo da deterioração de marquises de concreto armado nas cidades Uberlândia e Bambuí – Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em:< http://clyde.dr.ufu.br/handle/123456789/14131 > Acesso em: 10 set. 2020.

CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes estruturais na construção civil. 1 ed. São Paulo: Pini, 1996.

GONÇALVES, M. O. Marquises de concreto armado da cidade de Viçosa – MG: manifestações patológicas, inspeção e avaliação de grau de deterioração. 2011. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal

de Viçosa, Viçosa.

GUERRA, L. F.; et al. Análise das condições favoráveis à formação de bolor em edificação histórica de Pelotas, RS, Brasil – Universidade Federal de Pelotas, Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/ac/v12n4/02.pdf>

GUISOLI, H. C. Engenharia de Manutenção – Técnica de Inspeção Visual. Revista Elevador Brasil, (entre 2005 e 2020) Disponível em: https://www.revistaeb.com/post/engenharia-de-manuten%C3%A7%C3%A3o-t%C3%A9cnica-de-inspe%C3%A7%C3%A3o-visualAcesso em 6 set. 2020

HELENE, P. Manutenção para Reparo, Reforço e Proteção de Estruturas de Concreto. Pini, 2ª ed. São Paulo, 1992.

IBGE –  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População – resultados da amostra. Tocantins: IBGE. 2020.

IBGE –  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produto interno bruto dos municípios – resultados da amostra. Tocantins: IBGE. 2017.

KIEßL, K., SEDLBAUER, K. Neue Erkenntnisse zur Beurteilung von Schimmelpilzen und Stand der Normenbearbeitung. Weimar. 19 Seiten. (2001).

MEDEIROS, M. H. F.; GROCHOSKI, M. Marquises: por que algumas caem?       Disponível em: <http://www.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Marquises_quedas.pdf> Acesso em: 04 set. 2020.

SAHADE, R. Como evitar e remover eflorescências em estruturas de concreto? (entre 2005 e 2020) Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/revista/materias/como-evitar-e-remover-eflorescencias-em-estruturas-de-concreto/19336>. Acesso em: 6 set. 2020

SANTOS, C. H. P; SILVA FILHO, F. A. Eflorescência: causas e consequências.

Salvador: [s.n.], 2008.

SEDLBAUER, K. Prediction of Mould Fungus Formation on the Surface of and Inside Building Components. Holzkirchen: Fraunhofer Institute for Building Physics, 2001.

SILVA, M. V. Ação da carbonatação em vigas de concreto armado em serviço, construídas em escala natural e reduzida –Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos Universidade de São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.set.eesc.usp.br/static/media/producao/2007DO_ValdireneMariaSilva.pdf

SILVA, V. M. Ação da carbonatação em vigas de concreto armado em serviço, construídas em escala natural e reduzida. 2007. Tese (Doutorado em Estruturas) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. doi:10.11606/T.18.2007.tde-19032007-100952.

[1] Graduando Do Curso De Engenharia Civil.

[2] Graduando Do Curso De Engenharia Civil.

[3] Orientadora. Mestre em Ciências Florestais e Ambientais, Graduada em Engenharia Civil.

Enviado: Setembro, 2020.

Aprovado: Novembro, 2020.

Rate this post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita