REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Avaliação do gerenciamento dos resíduos gerados em canteiros de obras durante a pandemia COVID-19 na Cidade de Caruaru/PE

RC: 64930
217
Rate this post
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SOARES, João Paulo de Freitas [1], CAVALCANTI, Claudenice Paulino da Silva [2]

SOARES, João Paulo de Freitas. CAVALCANTI, Claudenice Paulino da Silva. Avaliação do gerenciamento dos resíduos gerados em canteiros de obras durante a pandemia COVID-19 na Cidade de Caruaru/PE. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 07, pp. 57-80. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/avaliacao-do-gerenciamento

RESUMO

É expressivo o crescimento de resíduos sólidos gerados pela construção civil com o aumento populacional e consequentemente a expansão das cidades. Há ainda muita dificuldade concernente ao acondicionamento e descarte dos resíduos por parte das empresas da construção civil, além de falta de conhecimento sobre como fazer quando falamos dos colaboradores. Normalmente em tempos normais, dar a destinação correta dos resíduos sólidos já é dificultoso, com o surgimento da pandemia do COVID-19 a dificuldade pode aumentar. Sendo um importante termômetro de desenvolvimento para a economia e o desenvolvimento social do país, a construção civil tem a necessidade de se adequar a realidade em médio e longo prazo. Os resíduos sólidos gerados pela construção civil, seja de demolições como da própria obra é um desafio para o setor, os quais precisam ser dados a destinação correta. O setor da construção é um dos principais responsáveis pela degradação ambiental, seja pelo grande consumo de matéria prima como o descarte incorreto na natureza. Consciente dos fatos citados, o governo através de leis procurou estabelecer meios para que o impacto na natureza seja o menor possível, seja por meio do descarte correto, reciclagem ou a reutilização dos resíduos. A maior parte dos resíduos sólidos é gerada na própria obra, e a falta de gerenciamento dos mesmos, que poderia gerar economia para a empresa é desconsiderado diante do que montante a ganhar. Todavia, não seria muito diferente nas obras na cidade de Caruaru como em qualquer outra cidade do país. Caruaru sendo a um grande polo de comércio no nordeste brasileiro também se destaca no seu crescimento na construção civil. Portanto, foram selecionados cinco canteiros de obras na cidade para ser realizada uma pesquisa com o intuito de verificar como funcionou o descarte dos resíduos sólidos durante a pandemia. Averiguando-se que apesar da pandemia, não houve mudança significativa no dia a dia no canteiro de obra e gerenciamento dos resíduos, no entanto, quanto aos cuidados referentes a COVID-19 há muito a ser melhorado.

Palavras-chave: Construção civil, Caruaru, resíduos, gerenciamento, pandemia COVID-19.

1. INTRODUÇÃO

Com o aumento da participação da construção civil na economia, o que gera em torno de 15% do PIB do país, o aumento dos resíduos de construção tem recebido uma crescente atenção por parte dos construtores e pesquisadores devido a ter se tornado um dos principais agentes de poluição ambiental (NAGALLI, 2016).

O crescimento populacional desencadeia assim o crescimento também das cidades e a geração de resíduos da construção civil, consequentemente impactos ambientais negativos, que vão desde o consumo desenfreado dos recursos naturais aos impactos ambientais catastróficos. Além da destinação inadequada dos resíduos, que usualmente vão parar em córregos, terrenos baldios e bota-foras que geram problemas para a saúde e para a população (VASCONCELOS, 2019).

No entanto, o ano de 2020 é atípico para qualquer pessoa ou forma de trabalho devido a pandemia causada pela COVID-19 e todos precisaram se adaptar, não sendo diferente com a construção civil. Antes o distanciamento social não era necessário, bem como o uso de máscaras e álcool em gel. Neste ano, todo o mundo precisou se adaptar a uma nova realidade, um “novo normal”. COVID-19 significa Corona Vírus Disease (Doença do Coronavírus), e o “19” tem como o ano de 2019, ano em que apareceram os primeiros casos em Wuhan, na China (FIO CRUZ, 2020).

O coronavírus é uma doença epidemiológica que se espalha de forma abrangente, transmitindo e atacando muitas pessoas ao mesmo tempo e local. Sendo inevitável que a transmissão ocorra, pelo fato da existência de pacientes assintomáticos, não apresentando sintomas, mas podendo transmitir o vírus em um período de incubação de até 14 dias (UCPel, 2020).

A transmissão se dá pela dispersão de gotículas através de tosse, espirros ou até mesmo pela fala, seja por pessoas assintomáticas ou não. Bem como ao ser depositado sobre superfícies, o vírus fica ativo por períodos prolongados, podendo alguém ser infectado com o contato. As máscaras são instrumentos importantes para a redução da transmissão (SBPT, 2020).

Assim como com algumas outras doenças virais, além da informação também são necessários alguns cuidados necessários com o COVID-19, dentre eles podemos destacar a higienização de mãos, evitar locais fechados e multidões, não levar a mão à boca, olhos e nariz, manter objetos de uso manual sempre limpos, evitar o contato direto com outras pessoas, proteger a boca e o nariz ao tossir e espirrar (UCPel, 2020). Por isso a importância do uso de máscaras e de tantas outras atitudes simples no ambiente de trabalho durante a pandemia, afinal, o combate a pandemia é responsabilidade de todos.

Diante dessa situação, o descarte incorreto de máscaras de proteção contra o novo coronavírus pode levar a contaminações tanto de pessoas como o do meio ambiente. Por isso a importância de as pessoas descartarem-nas de forma correta, já que o vírus tem uma duração que varia de acordo com a superfície na qual está (OLIVEIRA, 2020). Preocupação, portanto, com o descarte incorreto da máscara junto com resíduos da construção.

A ABRECON, Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (2018), afirma que menos de 20% dos municípios do país tratam de forma correta o que sobra de demolições e da construção civil. Se todo o material descartado no país fosse empilhado, formaria sete mil prédios de dez andares.

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é verificar como estão sendo tratados os resíduos sólidos gerados pela construção civil durante a pandemia. Bem como caracterizar os canteiros de obras quanto ao descarte de resíduos sólidos, levantar se há e quais as dificuldades do gerenciamento de descarte de resíduos sólidos da construção civil em meio a uma pandemia através de questionários e verificar qual o impacto da pandemia de COVID-19 na construção civil na cidade de Caruaru.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL – CARACTERÍSTICAS DO SEGMENTO

A construção civil tem grande importância para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, devido a sua vida útil quanto ao longo tempo de duração do que é produzido e pela necessidade que tem de outros setores industriais. O seu ciclo de produção, a geração e consumo de bens e serviços, bem como a contratação de mão de obra não especializada (SOUZA et al, 2015).

A indústria da construção civil está relacionada diretamente com o desenvolvimento e a capacidade de produção do país. Devido ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o setor tem passado por um processo de expansão no Brasil, mesmo com o efeito de crises internacionais, novos desafios surgem quanto à inovação, tecnologia, qualificação profissional, bem como o estabelecimento da competitividade que pode favorecer a produtividade e o desenvolvimento. Todavia, o tamanho das mudanças que vêm ocorrendo no Brasil exige mais planejamento com estruturação de iniciativas de apoio quanto ao que é exigido a médio e longo prazo (FIRJAN, 2014).

2.2 CONCEITOS DE RESÍDUOS GERADOS

Pode-se definir os resíduos gerados pela construção civil como materiais ou sobras provenientes de construções, reparos, reformas ou demolições de obras, além dos resultantes de preparação e escavações em terrenos. Os entulhos, caliças ou metralha como popularmente são conhecidos, são constituídos de blocos cerâmicos, solos, metais, tijolos, concreto em geral, rochas, colas, madeiras, forros, resinas, argamassa, telhas, gesso, vidros, pavimento asfáltico, plásticos, fiação elétrica, tubulações etc. (SOUZA et al, 2015).

Assim, todo material decorrente das construções é considerado resíduo sólido proveniente da construção civil, e quando reutilizado ou reciclado, pode gerar economia para a empresa, além de diminuir o impacto que o setor da construção civil gera (SOUZA et al, 2015).

De acordo com a norma NBR 10.004/2004, os resíduos são classificados como:

Tabela 1 – Classificação dos resíduos de acordo com a NBR 10.004/2004

CLASSE RISCO PROPRIEDADES EXEMPLOS
I Perigosos Corrosivos, inflamáveis, reativos, tóxicos, patógenos. Solventes, tintas, pilhas, lâmpadas fluorescentes etc.
II A Não inertes Biodegradáveis e solubilidade em água. Papéis, lodos, matérias orgânicas etc.
B Inertes Sem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Entulhos, materiais de construção e tijolos.

Fonte: Autor, (2020).

Entretanto, sendo os resíduos provenientes da construção civil considerados inertes (Classe II B), há resoluções específicas como a Resolução CONAMA n.º 307/2002, estabelecendo diretrizes, critérios e procedimentos com o intuito de gerir os resíduos da construção civil, bem como da Resolução CONAMA n.º 348/2004, onde inclui o amianto na lista de resíduos perigosos. A classificação a seguir descreve:

Tabela 2 – Classificação dos resíduos

CLASSE DESCRIÇÃO EXEMPLOS
A Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. São aqueles provenientes de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação ou edificações como também daqueles provenientes da fabricação ou demolição de peças pré-moldadas em concreto. Resíduos de alvenaria, de concreto, de peças cerâmicas, pedras, restos de argamassa, solo escavado, entre outros.
B Resíduos recicláveis para outras destinações. Plásticos (embalagens, PVC de instalações), papéis e papelões (embalagens de argamassa, embalagens em geral, documentos), metais (perfis metálicos, tubos de ferro galvanizado, marmitex de alumínio, aço, esquadrias de alumínio, grades de ferro e resíduos de ferro em geral, fios de cobre, latas), madeiras (forma e escoras) e vidro.
C Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. Gesso, estopas, isopor, lixas, mantas asfálticas, massas de vidro, sacos de cimento e tubos de poliuretano.
D Resíduos perigosos oriundos do processo de construção ou demolição. Tintas, solventes, óleos, resíduos de clínicas radiológicas, latas e sobras de aditivos e desmoldantes, telhas e outros materiais de amianto, tintas e sobras de material de pintura.

Fonte: Autor, (2020).

2.3 IMPACTO AMBIENTAL

São geradas toneladas de resíduos sólidos anualmente pela construção civil, cujos resíduos em sua maioria são descartados de maneira inadequada e sem pesar no meio ambiente. Todavia, a produção de resíduos sólidos de forma desordenada em quantidade exorbitante, gera além do desperdício, o aumento no custo dos materiais, tudo isso pela falta de gerenciamento dos mesmos que acabam sendo despejados e acumulados na natureza. Portanto, tais resíduos são alguns dos principais geradores que contribuem para a degradação e poluição ambiental. Tais resíduos provenientes da construção civil, geram impactos ambientais negativos e degradantes quando depositados sem nenhum tipo de manejo e tratamento no meio ambiente, afetando o solo, as águas subterrâneas e superficiais, bem como a paisagem e ajuda na proliferação de animais nocivos (SILVA et al, 2015).

Segundo Gasques (2014), são gerados meia tonelada de entulho para cada indivíduo no planeta por ano e que de 40% a 70% de toda a matéria-prima do planeta é consumida pela construção civil.

2.4 LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

A Resolução nº 307 do CONAMA, explica como devem ser gerenciados os resíduos da construção e demolição, onde define um sistema com visão de reduzir, reutilizar ou reciclar os resíduos, além de planejamento, definindo responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos com o objetivo de desenvolver e implementar todas as ações necessárias para se cumprir as etapas previstas e definidas em programas e planos. Logo, o gerenciamento é realizado por ações de redução, reutilização ou reciclagem de tais resíduos, com ações e programas que abranjam práticas destinadas ao gerenciamento dos resíduos da construção civil (SILVA et al, 2015).

O gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações como a coleta, transporte, transbordo, tratamento, destinação e disposição final estabelecidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) segundo a Lei 12.305/2010. Os órgãos licenciadores solicitam um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), assim emitindo alvarás e licenças. Tal plano deve ser entregue com informações do gerenciamento dos resíduos e caso não entregue poderão ser aplicadas multas e interrupção do licenciamento (EMAS JR, 2019).

2.5 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Em sua maioria a produção de resíduos sólidos da construção é gerada no próprio canteiro de obra. Local que propriamente dito acontece a obra e demais processos, e onde são armazenados os resíduos gerados. Entretanto, ainda existe negligência com os problemas ambientais, onde parte das empresas não se preocupa com danos ocasionados com tais práticas, sempre focando no lucro, não sabendo elas que uma empresa que foca no gerenciamento eficaz de resíduos pode encontrar diminuição no custo da obra e do serviço e ainda ajudar a natureza (SILVA et al, 2015).

Estamos em uma época em que a adoção da importância da sustentabilidade e da necessidade de cuidado com os recursos naturais e do planeta se tornaram necessárias. Todavia, devido a necessidade de diminuir a produção de Resíduos da Construção Civil e Demolição e o seu descarte na natureza, tem-se surgido novos hábitos e tecnologias focadas no gerenciamento e gestão de tais resíduos (NAGALLI, 2014).

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

As obras visitadas ficam localizadas na cidade de Caruaru – PE no Agreste Pernambucano. Caruaru localiza-se no Planalto da Borborema, com altitude de 630 metros acima do nível do mar. Cujo planalto é formado por maciços e outeiros altos, onde o relevo é predominantemente movimentado contendo vales dissecados e profundos. Ponto mais alto de Caruaru é o Morro Bom Jesus.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), Caruaru possui uma população aproximada de 361.118 habitantes, onde apresenta uma densidade demográfica de 342,07 hab/km², assim, tornando-se o município mais populoso do interior do estado e a terceira maior cidade do interior do nordeste.

O município é contemplado com acessos Rodoviários da BR – 232 (Rodovia Luiz Gonzaga), no sentido Leste-Oeste, da BR – 104 (Norte – Sul) e da PE – 095, cuja interligação as cidades do interior e a capital do estado, é de grande importância  para seu desenvolvimento, colocando-se sobre maneira como importante entreposto comercial do Nordeste. Caruaru se apresenta como a 5ª maior economia do estado e a 1ª na posição fora da região metropolitana do Recife (CONDEPE/FIDEM, 2017). Se destacando o comércio de confecções e de artesanato como os pontos mais fortes da economia, seguindo com prestação de serviços e a Indústria (IBGE, 2019).

Figura 1: Mapa da cidade de Caruaru.

Fonte: COMPESA, (2019).

4. METODOLOGIA

Esta pesquisa possui dois momentos de organização. Na primeira parte foram selecionadas 5 empresas do ramo da construção civil na cidade de caruaru, que desenvolvem atividade de construção de imóveis. Logo, prezando o sigilo das mesmas, as chamaremos de obra A, B, C, D e E. As obras A, B, C e D são edifícios verticais em fase de acabamento, onde a obra A está sendo construída no bairro Maurício de Nassau, já as obras B e C estão localizadas no bairro Universitário, a obra D no centro da cidade e a obra E na periferia por se tratar de um novo loteamento denominado Serra Verde com casas unifamiliares em construção ainda. Cujo intuito foi de obter informações com relação aos resíduos sólidos produzidos pelas obras citadas neste momento de pandemia através da aplicação das leis e normas, bem como o tratamento de resíduos, sendo realizada entrevista com 21 questões a 20 colaboradores de cada obra, ou quando o total de funcionários foi inferior a 20, como na obra D, todos os funcionários participaram.

Tomando como base as recomendações da Resolução CONAMA nº 307/2002, no questionário utilizado foram colocadas perguntas que visam entender o comportamento das empresas no descarte de resíduos sólidos, bem como, a situação diante da pandemia para o descarte.

A pesquisa caracteriza-se em descritiva, observando, registrando, analisando e correlacionando fatos sem manipulação. Bem como uma pesquisa bibliográfica, buscando ter como base livros e artigos científicos. E com relação ao questionário, foram abordadas perguntas sobre a obra, com o intuito de saber o porte, o tipo, a sua localização na cidade, qual a quantidade de funcionários que trabalhavam na obra antes da pandemia e durante. Em seguida as perguntas foram direcionadas para a parte do descarte dos resíduos sólidos, como a disponibilidade na obra de transportes para o mesmo, sobre a observância da legislação de descarte do material, se há dificuldade para o descarte, se há reaproveitamento de resíduos e como era realizado o acondicionamento e o descarte antes e após o início quarentena. Além do que, procurou-se saber se havia uso de EPI’s por parte dos colaboradores, e com a chegada da pandemia, se todos estavam fazendo uso de máscaras, seu descarte e se algum funcionário já havia contraído a COVID – 19. Todas as perguntas foram elaboradas para assim ser analisado o impacto da pandemia na construção civil e no descarte de resíduos sólidos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Quando questionado aos entrevistados a quantidade de funcionários trabalhando na obra antes e durante a pandemia, observamos os seguintes resultados no gráfico 1:

Gráfico 1: Quantidade de funcionários que trabalhavam antes e durante a pandemia.

Fonte: Autor, (2020).

Observa-se que houve uma diminuição significativa de funcionários em algumas obras como o caso da obra A. Enquanto em outras não houve alterações como nas obras C e D.

No gráfico 2 mostra a disponibilidade de transportadores (caçambas coletoras, caminhões etc) na obra para facilitar o descarte dos resíduos sólidos.

Gráfico 2: Disponibilidade de Transportadores (caçambas coletoras, caminhões etc) na obra.

Fonte: Autor, (2020).

Observa-se, portanto, que em 100% das obras há a disponibilidade de transportadores.

Quando inquiridos sobre a licença dos transportadores dos resíduos sólidos, obteve-se a seguinte resposta mostrada no gráfico 3.

Gráfico 3: Se os transportadores de resíduos possuem licença.

Fonte: Autor, (2020).

Portanto, como mostra o gráfico 3, em todas as obras, todos os transportadores possuem licença para transportar e destinar ao local correto os resíduos provenientes das obras.

Também se procurou saber sobre a existência de ticket para a destinação de resíduos pelas empresas transportadoras.

Gráfico 4: Quanto a existência de ticket para a destinação final dos resíduos.

Fonte: Autor, (2020).

Como observado no gráfico 4, em todas as obras é gerado o ticket de descarte de resíduos.

No entanto, o gráfico 5 aborda sobre a obediência a legislação de resíduos.

Gráfico 5: Obediência a legislação de Resíduos na obra.

Fonte: Autor, (2020).

Verifica-se no gráfico 5, que ao ser questionado se na obra é obedecido alguma legislação específica referente ao gerenciamento de alguma classe de resíduo, todas os funcionários informaram que realizam o descarte de resíduos de construção e demolição sempre obedecendo a legislação específica.

Também foi questionado sobre se há conhecimento sobre a legislação específica sobre o gerenciamento de resíduos sólidos como mostra o gráfico 6.

Gráfico 6: Sobre o grau de conhecimento sobre a legislação específica.

Fonte: Autor, (2020).

Como observado no gráfico 6, o conhecimento dos colaboradores nas empresas pesquisadas sobre a legislação de gerenciamento está mais concentrado no que lhes é repassado pelas próprias empresas.

Também foi inquirido sobre a dificuldade da obra ou empresa no gerenciamento de alguma classe de resíduo, os resultados obtidos estão no gráfico 7.

Gráfico 7: Dificuldade para gerenciamento de resíduos.

Fonte: Autor, (2020).

Analisando os resultados mostrados no gráfico 7, apenas a obra D alegou dificuldade no descarte de alguma classe de resíduo, onde destacou o gesso.

Foi possível observar os seguintes resultados ao ser questionado se a obra faz a destinação correta dos materiais, como mostra o gráfico 8.

Gráfico 8: Destinação correta dos materiais.

Fonte: Autor, (2020).

 Observa-se que apenas as obras B e D fazem a destinação correta dos resíduos, apesar do que foi informado anteriormente nas perguntas do questionário e mostrado nos gráficos.

Com o questionamento se a obra faz reaproveitamento ou reciclagem de algum resíduo, foi gerado o gráfico 9.

Gráfico 9: Reaproveitamento ou reciclagem de resíduo.

Fonte: Autor, (2020).

Observa-se no gráfico 9, que as obras A, B e D fazem reciclagem de algum resíduo, enquanto a obra C não faz 100% de reaproveitamento ou reciclagem, mas fazem os dois. E a obra E faz reaproveitamento de material, mas não faz reciclagem.

Todavia, ao ser inquirido como era e é realizado o descarte e acondicionamento dos resíduos da obra antes e depois da pandemia do Coronavírus foi gerado o gráfico 10.

Gráfico 10: Acondicionamento e descarte de resíduos sólidos antes e durante a pandemia.

Fonte: Autor, (2020).

Segundo o gráfico 10, a obra A tem 60% do descarte dos resíduos sólidos colocado no papa metralha e a madeira é destinada para queima em lavanderias e 40% do material é reaproveitado. Enquanto isso, nas obras B e D, estes valores ficam em 50% cada.  Entretanto, na obra C, 45,9% do descarte de estão sendo indo para o papa metralha e a madeira destinada a queima em lavanderias, sendo o mesmo valor para o reaproveitamento, mas 8,2% é jogado em terreno baldio. Já na obra, 60% dos resíduos sólidos é destinado ao papa metralha e a madeira destinada a queima em lavanderias e 40% para o reaproveitamento. Sendo que após o início da pandemia, tais procedimentos continuaram sendo realizados da mesma forma.

O gráfico 11 foi gerado com as respostas quando foi indagado também sobre o uso de EPI – Equipamentos de Proteção Individual na obra por parte dos colaboradores.

Gráfico 11: Percentagem de colaboradores que usam EPI’s.

Fonte: Autor, (2020).

Observamos assim no gráfico 11, que há uma grande adesão e conscientização por parte de todos quanto a importância dos Equipamentos de Proteção Individual. Observa-se, portanto, que nas obras A, B, C e E 100% dos funcionários informaram fazer uso de equipamento de proteção individual e apenas na Obra D, 3% dos funcionários informaram dificuldade do uso e 97% foi positivo ao uso do EPI.

Ao ser pedida uma justificativa para o não uso de equipamentos de proteção individual, obtivemos o seguinte resultado expresso no gráfico 12.

Gráfico 12: Motivos para os colaboradores não usarem EPI’s.

Fonte: Autor, (2020).

Observa-se que 16,7% dos funcionários não fazem uso dos EPI’s por esquecerem, enquanto 83,3% informaram que os mesmos os incomodam quando usam.

Devido a Pandemia, foi também questionado aos colaboradores se faziam uso de máscara durante o trabalho.

Gráfico 13: Uso de máscara durante o trabalho por funcionários.

Fonte: Autor, (2020).

 Averiguou-se, como mostra o gráfico 13, que em todas as obras, 100% dos entrevistados informaram fazer uso de máscara durante o serviço.

Foi questionado também sobre como e onde estão sendo descartadas as máscaras após o uso, assim obtivemos o gráfico 14.

Gráfico 14: Local de descarte de máscaras dos funcionários na obra.

Fonte: Autor, (2020).

Observamos no gráfico 14, portanto, que na obra A, 20% dos funcionários descartam as máscaras no lixo comum, enquanto 80% faz uso de máscara de tecido, levando as mesmas para casa para lavar. Enquanto na obra B, 14,4% descarta em lixo comum, 42,8% usa máscara de tecido, levando para casa após o uso e outros 42,8% deixa na empresa junto aos EPI’s. Já na obra C, 8,3% deixam suas máscaras junto aos EPI’s, 25% faz uso de máscara de tecido levando para casa para lavar e 66,7% descarta em lixo comum. Na obra D, 50% faz descarte em local especificado pela empresa e os outros 50% joga no lixo convencional. A obra E é a única que todos os funcionários descartam suas máscaras em local específico determinado pela empresa. Todavia, observa-se que ainda há grande falta de conhecimento por parte dos funcionários na maneira correta de descarte das máscaras.

E ao ser verificado se algum funcionário da obra teve Covid-19, obtivemos os seguintes resultados mostrados no gráfico 15.

Figura 15: Percentagem de funcionário que contraíram COVID-19.

Fonte: Autor, (2020).

Observa-se assim, que nas obras A e B, nenhum funcionário havia contraído o COVID-19 até a data da pesquisa, enquanto nas obras D e E, 100% dos funcionários já haviam contraído a doença. Enquanto isso na obra C, 16,7% não haviam sido infectados contra 83,3% que ficaram doentes.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciou-se através da aplicação dessa pesquisa que não houve mudança significativa quanto ao quadro de funcionários durante a pandemia nas obras analisadas na cidade de Caruaru – PE no total geral, bem como na disponibilidade de transportes para os resíduos sólidos.

E que apesar de ser informado no questionário da existência de licença dos transportadores e do ticket de destinação final dos resíduos, além da obediência a legislação específica de resíduos ou quase nenhuma dificuldade no gerenciamento dos resíduos. Verificasse a falta de conhecimento sobre a legislação por parte dos colaboradores, a não ser a fornecida pela empresa, e que ainda não há a destinação correta dos resíduos sólidos em sua totalidade. Havendo a necessidade de que cada empresa possa ter uma consultoria com profissionais especializados com o intuito de ajudar os colaboradores e a própria empresa a entenderem a importância do gerenciamento correto dos resíduos sólidos e as possibilidades de reciclagem e reaproveitamento dos mesmos, fator que poderá gerar economia para a própria entidade.

Não deixando despercebido também a importância de treinamento sobre a necessidade do uso de EPI’s e a forma correta de descarte das máscaras durante esse momento de pandemia. Ressalta-se que tais treinamentos podem gerar menor contágio do COVID-19 entre os funcionários e a contaminação do solo.

REFERÊNCIAS

COMPESA, Companhia Pernambucana de Saneamento e Esgoto, 2019. Disponível em: <https://servicos.compesa.com.br/calendario-de-abastecimento-da-compesa/>. Acessado em 20/08/2020.

CONAMA nº 307/2002, Conselho Nacional do Meio Ambiente, BRASIL – Ministério do Meio Ambiente. Resolução nº307, de 05 de julho de 2002. Brasília DF, n. 136, 17 de julho de 2002. Seção 1.

CONAMA nº 348/2004, Conselho Nacional do Meio Ambiente, BRASIL – Ministério do Meio Ambiente. Resolução n.º 348/2004 de 16 de agosto de 2004.

CONDEPE/FIDEM, Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco. Sistema Gestor Metropolitano, 2017. Disponível em: <&lt;http://www.condepefidem.pe.gov.br/web/condepe-

fidem/exibir_noticia?groupId=19941&amp;articleId=35761107&amp;templateId=18792964&gt;>. Acessado em 15/07/2020.

EMAS JR, Você Sabe Se Seu Estabelecimento Precisa Gerenciar Melhor Os Resíduos? Disponível em: <https://emasjr.com.br/pgrs-para-estabelecimentos/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=trafego-pgrs&gclid=CjwKCAjwlbr8BRA0EiwAnt4MTozASEiOrfeKGXZXkLTSOGL5WK-JdE-zXnL2HnPjbB4jZvvErjbaOhoCaEIQAvD_BwE>. Acessado em 19/10/2020.

FIO CRUZ, F. O. C. COVID-19 – Perguntas e Respostas, 2020. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/pergunta/por-que-doenca-causada-pelo-novo-virus-recebeu-o-nome-de-covid-19>. Acessado em: 09/10/2020.

FIRJAN, S. Construção Civil – Desafio 2020, 2014. Disponível em: < file:///C:/Users/natalia%20beatriz/Downloads/Construcao-Civil-versao-completa%20(1).pdf>. Acesso em: 10/10/2020.

GASQUES, A. C. F. Impactos Ambientais dos Materiais da Construção Civil: Breve Revisão Teórica. Revista Tecnológica Maringá, v. 23, p. 13-24, 2014.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Cidades, 2019. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/caruaru/panorama>. Acessado em 15/07/2020.

NAGALLI, A. Gerenciamento de Resíduos Sólidos na Construção Civil. Curitiba: Editora Oficina de Textos, 2016.

NAGALLI, A. Gerenciamento de Resíduos Sólidos na Construção Civil. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

NBR – 10.004 – 2004. Norma Brasileira – Resíduos sólidos – Classificação. Disponível em: https://analiticaqmcresiduos.paginas.ufsc.br/files/2014/07/Nbr-10004-2004-Classificacao-De-Residuos-Solidos.pdf. Acesso em: 08/10/2020.

OLIVEIRA, K. de. Descarte Incorreto de Máscaras Pode Causar Impacto nos Oceanos. Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/descarte-incorreto-de-mascaras-pode-causar-impacto-nos-oceanos/2020>. Acesso em: 20/08/2020.

SBPT, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Nota de Posicionamento Sobre o Uso de Máscaras Faciais Caseiras, 2020. Disponível em: <https://sbpt.org.br/portal/wpcontent/uploads/2020/04/SBPT_mascara_caseira_covid.pdf>. Acessado em 15/07/2020.

SILVA, O. H. da; et. al. Etapas do Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. Santa Maria, v. 19, 2015.

SOUZA, A. E. C. de; PORTO, V. de S. Avaliação da Compreensão das Normas e Leis a Respeito dos Resíduos Sólidos da Construção Civil dos Operários da Cidade de Caruaru/Pe. Ano 13, v. 10, n. 1 – Edição Especial VEREDAS MPCT – 2017.

SOUZA, F. F.; JÚNIOR, P. R. B.; FERREIRA, D. D. M.; FERRARI, L. F. Gestão de Resíduos Sólidos na Construção Civil: Uma Análise do Relatório GRID e Empresas Listadas na BM&FBOVESPA.  NAVUS, Revista de Gestão e Tecnologia, v. 5, n. 4, out./dez. 2015.

UCPEL – Universidade Católica de Pelotas. Coronavírus: Entenda Sobre o Risco Iminente do COVID-19. Disponível em: <https://medicina.ucpel.edu.br/blog/coronavirus/2020>. Acessado em: 20/08/2020.

VASCONCELOS, R. R. B. A. de. Rastreabilidade de Resíduos da Construção Civil de Duas Modalidades de Obras no Município de Caruaru-PE, 2019.

[1] Graduando em Engenharia Civil.

[2] Orientadora. Doutorado em andamento em Doutorado em Engenharia Civil. Mestrado em Engenharia Civil. Especialização em Engenharia De Segurança Do Trabalho. Graduação em Engenharia Ambiental.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Novembro, 2020.

Rate this post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita