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Artes, utilizando jogos e brincadeiras para levar a práxis, da teoria à prática, para ensinar

RC: 38325
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SOUZA, Fabrícia Melo de [1], DINIZ, Ariele Silva [2], LIMA, Eliane Barbosa [3], LIMA, Luzia Ferreira [4], ARAÚJO, Cássila Maria Ferreira [5], SILVA, Rosileia Gonçalves da [6], PEREIRA, Elenir Ferreira [7]

SOUZA, Fabrícia Melo de. Et al. Artes, utilizando jogos e brincadeiras para levar a práxis, da teoria à prática, para ensinar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 10, Vol. 03, pp. 128-142. Outubro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/utilizando-jogos

RESUMO

O trabalho aborda o tema Artes utilizando jogos e brincadeiras para levar à práxis, da teoria a prática, para ensinar. Tendo como objetivo central: compreender a relevância dos jogos e das brincadeiras na educação infantil, e no que remete ao desenvolvimento da criança; com objetivos específicos que estão abordados na introdução. Nesse texto abordamos a metodologia bibliográfica, sendo assim, os resultados obtidos deixam transparecer que a brincadeira não é uma fase da infância e sim que é para a vida, até a fase adulta, ou seja, não só na educação infantil, mas em qualquer ano escolar, quando bem aplicada e desenvolvida meticulosamente, contribui no aprendizado da criança, e este será levado para toda sua vida.

Palavras-Chave: Lei, brincadeira, jogos, aprendizagem, educação infantil.

1. INTRODUÇÃO

Neste texto, levou-se em consideração que “brincar é tão importante para criança, como o trabalho é para o adulto” (CERISARA, 2002, p. 328). Muito se tem falado e estudado sobre o brincar, e da importância que exerce como facilitador sobre o desenvolvimento das crianças. Sendo assim, a brincadeira dentro da escola, principalmente de educação infantil, torna-se então um foco para os futuros educadores. É importante entender que quando se abrange o assunto “brincar”, é necessário atinar-se que para a efetivação do ato, é inerente que se tenha um tempo no dia a dia das crianças destinado a um brincar de qualidade, em um espaço adequado para tal, com materiais significativos para as crianças e que despertem a criatividade. Segundo Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, lei nº 9.394/96) a Educação Infantil, a que entrou em vigor em 20 de dezembro de 1996, reconheceu esta como sendo a primeiro passo da educação primordial. Além disso, a lei esclarece que a criança de 0 a 6[8] anos tem o direito de frequentar creches e pré-escolas, ou seja, essas crianças têm direito a vaga nas instituições que devem estar preparadas em termos de espaço físico e recursos pedagógicos para possibilitar o desenvolvimento pleno de todas.

Dessa maneira, podemos assimilar que a Educação Infantil é:

[…] um direito humano e social de todas as crianças até seis anos de idade, sem distinção alguma decorrente de origem geográfica, caracteres do fenótipo (cor da pele, traços de rosto e cabelo), da etnia, nacionalidade, sexo, de deficiência física ou mental, nível socioeconômico ou classe social. Também não está atrelada à situação trabalhista dos pais, nem ao nível de instrução, religião, opinião política ou orientação sexual (BRASIL, 2013, p.03).

Vale ressaltar que a LDB, lei nº 9.394/96 foi elaborada tendo por alicerce a Constituição Federal de 1988 que declarou como direito da criança pequena acessibilidade à Educação Infantil. Essa lei colocou a criança na posição de sujeito de direitos, “a LDB também pela primeira vez na história das legislações brasileiras proclamou a educação infantil como direito das crianças de 0 a 6 anos e dever do Estado” (CERISARA, 2002, p. 328).

Ao reconhecer esse espaço como de direito das crianças, o artigo 29 da LDB 9.394/96, promulga que, “a Educação Infantil, a primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Em outras palavras, isto significa que a família deve compartilhar o cuidado e educação de seus filhos com as instituições de Educação Infantil, atentando à vista que esse espaço precisa estar a serviço da criança encarando-a como um sujeito de direitos.

Neste contexto, escolhemos o tema em questão devido sua importância no momento em que vivemos bem como para a educação como um todo.

A elaboração deste trabalho justifica-se perante a importância de se expor os privilégios que as brincadeiras e jogos trazem para as crianças na Educação Infantil, pois nessa etapa escolar do indivíduo, é necessário utilizar métodos que sejam agradáveis a elas. Então, as brincadeiras e os jogos, quando aplicados de acordo com um projeto de ensino elaborado, tornam-se fortes aliados para o trabalho do educador e a evolução total da criança, tanto no cognitivo quanto na interação social no ambiente em que está introduzida. Conforme, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil apontam que esse espaço vive:

[…] um intenso processo de revisão de concepções sobre educação de crianças em espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças. Em especial, têm se mostrado prioritárias as discussões sobre como orientar o trabalho junto às crianças de até três anos em creches e como assegurar práticas junto às crianças de quatro e cinco anos que prevejam formas de garantir a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental (BRASIL, 2010, p.07).

Neste contexto o Referencial Curricular para Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.23) traz em sua legislação que “[…] na instituição de Educação Infantil, pode-se oferecer as crianças condições para as aprendizagens que ocorram nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos […]”. Desta forma, faz-se imprescindível atestar que os jogos, as brincadeiras e até mesmo outras estratégias precisam ser trabalhadas com crianças pequenas, dado que os alunos na educação infantil estão adquirindo apostilas e tendo que se sentar ordenadas, prorrogando a prática do brincar que tanto pode acrescentar em seu aprendizado.

O objetivo da pesquisa é desenvolver um estudo acerca da relevância das brincadeiras e jogos, fazendo um tratamento da educação infantil, intentando discernir qual a importância para essa faixa etária. Para realizá-lo buscamos os objetivos específicos: compreender qual a relevância dos jogos e brincadeiras na educação infantil, essencialmente no que remete ao desenvolvimento da criança; conhecer qual o percurso das brincadeiras e jogos ao longo da história; caracterizar quais as possíveis maneiras de trabalhar em sala de aula com brincadeiras e jogos; ressaltar a importância que os jogos e brincadeiras aderem às crianças e verificar as fidedignidade quanto ao brincar e educar.

Assim sendo, a metodologia utilizada foi a bibliográfica, conforme Bonat (2009) é importante que o pesquisador busque uma bibliografia que trate do tema especificamente, tal pressuposto básico revela a concepção teórica que norteia a situação investigada, bem como o posicionamento dos pesquisadores.

Sendo esta pesquisa relevante, podendo despertar o interesse do leitor em pesquisar sobre as brincadeiras infantis e sua importância no aprendizado na infância, lembrando que as práticas de ensino devem ser sempre renovadas e ampliadas pelos atuais e futuros educadores.

2. CARACTERÍSTICAS DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS NA VIDA DA CRIANÇA

Neste contexto, segundo Rosa (2008), as brincadeiras e jogos são temas abordados na reflexão de vários autores por ser de grande influência no desdobramento da criança. Nesse seguimento, é possível dizer que a brincadeira na infância é um instrumento que colabora para a instrução e aprendizagem de qualidade.

Contudo, as brincadeiras tem um papel fundamental, e são relevantes na etapa inicial, que é a educação infantil, servindo para: o desenvolvimento; aprender regras; limites; servem como um meio de comunicação entre os adultos; ajuda as crianças a terem controle interior; favorece a autoestima e desenvolve a segurança consigo mesma e com o outro a sua volta. Neste contexto conforme a autora Rosa (2008), ressalta que a concepção do amadurecimento infantil inicia da própria história, do contexto cultural em que estão introduzidas. “As experiências devem partir de suas necessidades, dando ênfase àquelas motivações infantis, muitas vezes esquecidas na família e no contexto social: comunicação, socialização, movimento, exploração do brinquedo, autonomia, fantasia, aventura, construção.” (ROSA, 2008, p.26).

Nesta linha de raciocínio, as brincadeiras e os jogos apresentam significado educacional, e colocado em prática, proporciona um processo de ensino, aprendizagem e relevância, segundo relata Fortuna (2000) que são: a motivação, onde leva o aluno a atingir um objetivo final, por meio dos jogos; a estimulação do pensamento mobilizando esquemas mentais; integrando as dimensões da personalidade afetiva, social e motora; levando os a aquisição de condutas e desenvolvimentos de habilidades, como coordenação, concentração, força e flexibilidade, etc.

De acordo com tal documento, existem alguns critérios de performance das entidades de Educação Infantil que precisam ser respeitados. O PNE destaca que é necessário:

[…] padrões mínimos de infraestrutura para o funcionamento adequado das instituições de educação infantil (creches e pré-escolas) públicas e privadas, que, respeitando as diversidades regionais, assegurem o atendimento das características das distintas faixas etárias e das necessidades do processo educativo quanto a: espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável, esgotamento sanitário; instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças; instalações para preparo e/ou serviço de alimentação; ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da educação infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo; mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos; adequação às características das crianças especiais (BRASIL, 2013, p.01).

Contudo, a gratificação dos participantes na etapa da realização dos exercícios lúdicos, criando espaços afáveis, incitando o desenvolvimento integral do aluno quando se denomina brincadeiras ou jogos como educativos, dá-se devido a uma orientação focada num desenvolvimento mais preparado, com a intenção de ensinar algo mais objetivo às crianças. Sendo que o lúdico na educação infantil não é meramente uma recreação ou ocupação de tempo, mas ser praticado de forma consciente, representando um fator imprescindível para uma instrução de qualidade, favorecendo o desenvolvimento integral da criança.

Neste mesmo viés, o jogo é uma ferramenta ideal de estudo, na medida em que visa estimular o interesse da criança. Assim sendo, ao jogar, o aluno estimula seus sentidos, seu intelecto, e seus comportamentos em sociedade.

Antunes (2000) desenvolveu um estudo baseado nas áreas do intelecto que podem ser exercitadas mediante a utilização de um jogo, de caráter material ou/e inclusive verbal. Neste contexto os jogos contêm as áreas: lógico-matemática; espacial; naturalista; linguística; musical; cinestésico-corporal; interpessoal e intrapessoal. No aspecto de inteligência linguística, podemos usar como exemplos: bingo gramatical, jogo da forca e telefone sem fio. Na área de raciocínio lógico-matemático: jogos das tampinhas, dominó, baralho de contas e jogo das formas. Na área espacial, temos: jogo da memória, jogo da sucessão e damas. Sendo alguns jogos infantis parte do folclore.

Todavia Fortuna (2000) caracterizou como a “cultura popular, tornada normativa pela tradição”. Sendo assim, os jogos populares, ao lado das lendas, dos acalantos, adivinhas, parlendas e cantigas de roda estão à sombra da expressão de “Folclore Infantil”. Em tal contexto, lembramo-nos dos jogos tradicionais, como o esconde-esconde, amarelinha, a cabra-cega, a queimada etc. que são vistas nos seguintes países: Espanha, Portugal, Itália, França e outros. Segundo Kishimoto:

o jogo tem a função de construir e desenvolver uma convivência social entre as crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos, possibilitando assim, um convívio mais social e democrata, porque “enquanto manifestação espontânea da cultura popular, os jogos tradicionais têm a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social” (KISHIMOTO, p.33)

Segundo o Referencial Curricular as “marcas e lembranças da infância, os jogos, brincadeiras e canções significativas da vida do professor […]” (RCNEI, 2002, p.68). Logo, ao conservar jogos do tempo dos avós, pais e inclusive dos professores, transmite-se outros meios de divertimento e capacidade de se reinventar brincadeiras e jogos. No entanto, a partir de uma opinião pedagógica, Picanço (2008) “elege a brincadeira como um dos eixos fundamentais do processo educacional, concebendo-a como atividade cultural que favorece a construção da autonomia da criança, desempenhando importante papel em seus processos de desenvolvimento, de aprendizagem, de construção da subjetividade e de produção de cultura”. De acordo com Arnais que explicita:

Brincar não constitui perda de tempo nem é, simplesmente, uma forma de preenchê-lo. A criança que não tem oportunidade de brincar sente-se deslocada. O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que se envolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente. Tudo isso ocorre de maneira envolvente, sendo que a criança dispende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para resolver imprevistos que surgem no ato de brincar. (ARNAIS, 2012, p.28)

Nesse viés, o brinquedo simplifica a assimilação da existência e é muito mais uma técnica do que um efeito, ao passo que a prática e a vivência mediante a participação integral da criança exigem a movimentação física e empenhamento emocional, além da instigação mental que impele a raciocinar com cautela.

Para Smole (2000), o jogo não deve ser concebido somente como brincadeira ou divertimento para exaurir energia, pois o mesmo incita a desenvoltura cognitiva, física, social, afetiva e moral. Através dele se efetiva a concepção do saber, enfaticamente nos estágios pré-operatório e sensório-motor. Praticando com os objetos, as crianças, desde novas, compõem seu espaço e tempo, discorrem a consciência de casualidade, vindo à interpretação e, por derradeiro, à lógica. Sendo assim, as crianças sentem-se mais entusiasmadas para empregar o intelecto, querendo jogar bem, esforçar-se para superar obstáculos, cognitivos e emocionais. Como consequência de estarem mais motivadas, ficam mais atentas durante o jogo.

Segundo Gomes (2001), a brincadeira é cultural “uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem.” Desta forma, representam um acervo comum por meio do qual os indivíduos exprimem dinâmicas conjuntas. Porém, o brincar é uma das bases da composição de aptidões da infância, entendidas como conceitos e meios de ação social intrínseca que fundamentam as relações das crianças entre si, bem como os meios por quais concernem, constituem e agem sobre o mundo.

Neste contexto geral, a experiência do brincar perpassa múltiplos estágios e locais, passados, presentes e futuros, sendo marcada pela continuidade e pela mudança.

3. OS BENEFÍCIOS EM SALA DE AULA QUANDO SE TRABALHA COM JOGOS E BRINCADEIRAS

Neste contexto, se ouve falar a relação das brincadeiras e jogos mais adequados para se trabalhar com crianças especialmente da Educação Infantil, por ser a etapa rudimentar da educação básica do indivíduo na escola. De acordo com Kishimoto (2004) e Gomes (2001), trazem em seus trabalhos algumas das formas de utilizar a brincadeira e a área de importância que cada uma desenvolve.

Neste sentido, Kishimoto (2004) ressalta que jogos recreativos podem impelir a curiosidade do indivíduo com intento de progredir e melhorar suas competências numéricas primordiais e capacidades lógico-racionais. Músicas Infantis para Gomes (2001) ajudam a desenvolver a memorização e motivar a interação social em sala, ao cantar. Nesta perspectiva Gonçalves, Siqueira e Sanches (2009, p.3):

as atividades musicais realizadas na escola não visam à formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser.

Desse modo as brincadeiras de roda devem assegurar à criança oportunidades de parcerias, socialização e afetividade, como o brincar de “faz de conta” (leituras de histórias infantis); encenações teatrais, com a participação da criança ou não, fazem com que o aluno permaneça mais centralizado, atento e facilita que o professor tenha capacidade de analisar sua possibilidade de imaginar e entender. (KISHIMOTO, 2004; GOMES, 2001)

Nesta perspectiva Arnais (2012) ressalta que podemos utilizar o jogo cooperativo em sala de aula e termos resultados. A ideia primordial desse tipo de brincadeira é a união de todos os jogadores contra um inimigo comum, que é representado pelo tabuleiro ou pode ser encenado de igual forma por um personagem.

Dessa maneira o jogo torna-se importante para as crianças ponderarem sobre a relevância de promulgar ações em conjunto e entenderem regras estabelecidas. Mas é importante salientar também que não se deve passar sempre o mesmo tipo de jogo, mas sim, modificar as regras, acrescentar elementos, diante disso a criança estará em contato com uma diversidade de regras. (GOMES, 2001)

Já para outros autores como Smole (2000), refletem acerca da construção dos materiais didáticos em sala de aula, pelos professores e alunos, podendo os pais serem envolvidos, principalmente nos materiais a serem utilizados em jogos matemáticos, sendo que quando o aluno participa do processo de confecção, inicia-se o processo de aprendizagem:

Desse modo para Vygtsky (1989) o brincar favorece o desdobramento de aspectos inerentes da personalidade da criança, que são: afetividade; sociabilidade; motricidade e criatividade.

Diante disso, jogar não é trabalhar nem estudar. Jogando, o aluno compreende a conhecer e assimilar a sociedade que o rodeia, e desse modo, jogar é fundamental para que o aprendizado e desenvolvimento do aluno aconteçam:

ensinar por meios de jogos é um caminho para o educador desenvolver aulas mais interessantes, descontraídas e dinâmicas, podendo competir em igualdade de condições com os inúmeros recursos a que o aluno tem acesso fora da escola, despertando ou estimulando sua vontade de frequentar com assiduidade a sala de aula e incentivando seu desenvolvimento no processo ensino aprendizagem, já que aprende e diverte, simultaneamente. (SILVA, 2004, p.28)

Diante disso, podemos compreender que a brincadeira e o jogo exercem papel imprescindível na sala de aula, de modo que a criança irá desenvolver-se de forma integral, desde que o professor saiba trabalhar todos esses requisitos em uma aula muito bem planejada e diferentes metodologias.

4. A DIFERENÇA ENTRE BRINCAR E EDUCAR, E A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA AULA DE ARTE

De acordo com Fortuna (2000) relata que a medida que o tempo passa e novas tecnologias são implantadas nas escolas, o brincar deixa de ter seu espaço, dando lugar a computadores, livros e conteúdos cada vez mais pragmáticos. O que o professor não pode esquecer é que mesmo dentro de conteúdos complexos, ele pode acrescentar o jogo como forma de auxílio a aprendizagem.

Diante disso, conforme Fortuna (2000), convencer os educadores da relevância das brincadeiras e jogos para o aprendizado não é uma tarefa fácil. Sendo que na etapa básica da educação infantil, os professores muitas vezes deixam a criança brincar, mas sem um conteúdo programado. Brincam por brincar, sem que haja um objetivo traçado. Entretanto, nas séries iniciais, os professores se prendem aos conteúdos e acreditam que brincar não faz parte do conteúdo a ser trabalhado, não tendo mais forma de se adequar na vida escolar da criança.

O auxílio das brincadeiras e jogos vão muito além do ensino de conteúdos de forma lúdica; o aluno aprende sem que o perceba. Neste contexto, de acordo com Smole (2000), trabalhar com jogos e brincadeiras “não se trata de ensinar como agir, como ser, pela imitação e ensaio através do jogo, e sim, desenvolver a imaginação e o raciocínio, propiciando o exercício da função representativa, da cognição como um todo.” Neste sentido, Ariés evidencia que:

brincar desenvolve a imaginação e a criatividade. Na condição de aspectos da função simbólica, atingem a construção do sistema de representação, beneficiando, por exemplo, a aquisição da leitura e da escrita. Enquanto ação e transformação da realidade, o jogo implica ação mental, refletindo-se na operatividade, tanto no domínio lógico, quanto no infralógico, ou, por outras palavras, no desenvolvimento do raciocínio. Na atividade lúdica os aspectos operativos e figurativos do pensamento são desenvolvidos. (1981, p.89)

Em síntese, para Machado (1998), as crianças jogam ou brincam porque estas atividades proporcionam um jeito para pensar, onde elas avançam o raciocínio e desenvolvem o pensamento. A atividade lúdica, precisamente por depreender ação, incita a cooperação e a estabelecer de pontos de vista, estimulando a concepção da realidade. Neste contexto, as interações que ela oportuniza contribuem com a suplantação do egocentrismo, aprimorando a caridade e a empatia por meio do compartilhamento de brinquedos e jogos, novos significados para a conquista e o dispêndio.

Contudo, não podemos deixar de citar que a educação e as brincadeiras devem caminhar juntas, como nos relata Fortuna (2000), Machado (1998) e Smole (2000), sendo que a própria evolução da aprendizagem sugere que educar venha ser facilitador da criatividade, estando esta muito presente em várias brincadeiras. Segundo o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998) define que:

educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (RCNEI, 1998, p.23)

Neste contexto, as brincadeiras e jogos podem ser métodos educacionais eficazes para a aprendizagem, pois facilitam o educar e desenvolvem a capacidade de absorção do que foi ensinado, acentuando as funções intelectuais e mentais do aluno. Desse modo, viabilizam a recognição e discernimento de normas, assimilação das conjecturas em que estas estão sendo empregadas e a criação de novos contextos para a permutação das mesmas, propondo-se às perplexidades e encarar desafios à procura de novos conhecimentos, tendo em mente que a recreação é envolver-se num universo de “faz de conta”. É através das brincadeiras que se revelam a criatividade, autonomia, possibilidade e originalidade de simular e vivenciar episódios perigosos e reprimidos em nosso quotidiano. (FARIA, 2002)

Nessa perspectiva, conforme Kishimoto (2004), é importante relatar a ideia de que a aplicação de recursos como brincadeiras e jogos em sala de aula não deve ser efetivada sem um conhecimento anteposto do mesmo e que de igual forma esse conhecimento deve continuamente estar vinculado a convicções teórico-metodológicas bem embasadas.

Sendo assim, destacamos a importância de os professores conhecerem e manusearem os recursos a que se propuserem trabalhar e realizarem uma análise cautelosa e ponderada dos materiais a serem empregues, postulando os objetivos traçados que se querem alcançar.

5. MATERIAL E MÉTODOS

Para desenvolvimento deste artigo aderimos como metodologia a pesquisa bibliográfica, levando em consideração que muitos trabalhos já foram escritos nesta área, tornando-se palpável a sua pesquisa. E por assumir que, segundo Gil (2010, p. 30) “[…] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

Recorremos a autores que correspondiam as nossas expectativas e indagações. Durante todo processo de realização, utilizamos leituras diversificadas como artigos acadêmicos, periódicos e trechos de livros que relatam tais experiências para que o resultado não compreendesse somente um aspecto, mas a importância do trabalho com jogos e brincadeiras em sala de aula, assim como seus benefícios.

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com as fundamentações teóricas embasadas nesta pesquisa, ficou evidente que o brincar ainda é um meio muito seguro e eficiente para a aprendizagem da criança, principalmente na fase em que está começando uma vida escolar e ainda está presa a rotina de casa, que até o momento era brincar, comer e assim sucessivamente; bem como para que tenham noções do que é a Arte desde cedo, que está a nossa volta em tudo. Nesse sentido, a Arte vem ganhando espaço na escola, graças ao entendimento e reconhecimento de todos quanto a sua importância para formação da criança, do jovem e adulto, na sua criatividade e ludicidade.

Nesse sentido o ensino da arte permite ao aluno criar e usar de seu conhecimento prévio, trazendo expectativas. Vale ressaltar que o aluno tem a oportunidade de criar e construir formas educacionais. Neste contexto a criança interage com o real, onde possam ter a percepção do que está sendo ensinado, aprendendo assim o que vem sendo proposto, obtendo um conhecimento eficaz, pois trabalha o imaginário unido ao concreto, compreendendo o que se ensina em Arte.

Além disso, observamos que muitos são os desafios do emprego dos jogos e brincadeiras em sala de aula, principalmente na disciplina artística, já que a responsabilidade pelo brincar e educar ao mesmo tempo fica a encargo do professor.

Os jogos, segundo os autores citados na pesquisa, estão sempre presentes em nossas vidas, e a escola deve desenvolver, elaborar, buscar e garantir o desenvolvimento total da criança, com objetivos e metas a serem alcançados.

De acordo com os dados, mediante o emprego correto da recreação em sala de aula, percebe-se que podem ser desenvolvidas altas capacidades de concentração, controle emocional, equilíbrio, criatividade etc. Desse modo nos deixa claro que isso só será possível e ocorrerá de fato se o profissional em sala estiver preparado para desenvolver seu trabalho de forma coerente e com criatividade.

Em suma, vale relatar ainda que mediante a pesquisa efetuada pode-se reconhecer que o brincar está assegurado em lei, é um direito da criança e uma obrigação de seus professores que saibam desenvolver trabalhos prazerosos e ricos em aprendizagem, segundo Cerisara (2002), que ressalta que o brincar é importuníssimo na primeira etapa escolar da criança.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo central dessa pesquisa foi desenvolver um estudo acerca da importância dos jogos e das brincadeiras, realizando uma abordagem da educação infantil, buscando compreender qual a sua importância para essa faixa etária. Para realizá-lo buscamos os objetivos específicos: entender qual a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil, principalmente no que remete ao desenvolvimento da criança; conhecer qual a trajetória dos brincadeiras e jogos ao longo da história; caracterizar quais as possíveis maneiras de trabalhar na sala de aula com brincadeiras e jogos; ressaltar os benefícios que os jogos e brincadeiras trazem para as crianças e verificar a veracidade quanto o brincar e educar. Enfim, mediante aos objetivos propostos para realização da pesquisa, o brincar faz parte do quotidiano infantil. Desde pequena a criança brinca a todo o momento com o que tem nas mãos.

Desse modo, o ambiente escolar deve ser muito rico em matérias que proporcionem a criança despertar sua imaginação e criatividade, e quanto mais variados forem esses materiais, mais as crianças irão criar situações de aprendizagem e brincadeiras. É uma obrigação, como educadores, acatar a brincadeira como metodologia de aprendizagem, ou seja, cogitar que o brincar, não somente na educação infantil, mas em qualquer etapa escolar, não deve ser trabalhado como um fim em si mesmo, sem uma metodologia para o desenvolvimento da aprendizagem.

Os jogos e brincadeiras no ensino da arte proporcionam um ensinamento que a criança poderá levar para toda sua vida escolar, desde que sejam desenvolvidos dentro de regras, conteúdos e com fins na aprendizagem significativa da criança, não esquecendo nunca que ela é um ser em constante transformação e que necessita de toda atenção e dedicação de seus professores para lhes fornecer riquezas e variedades de conhecimentos.

Dessa maneira, levando-se em consideração o objetivo principal da pesquisa, que era compreender qual a importância dos jogos e brincadeiras no ensino da arte, principalmente no que remete ao desenvolvimento da criança, pode-se dizer que este foi efetuado claramente. Ou seja, não nos restam dúvidas de que os jogos e brincadeiras podem estimular a criança e despertar nela um aprendizado, um desenvolvimento em todas as áreas que auxiliarão ao logo de sua vida. Neste contexto, que nossa pesquisa desperte o interesse do leitor e uma inquietação por novos desafios, novas pesquisas na área não só do brincar, mas da Educação Infantil de um modo geral.

8. REFERÊNCIAS

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BONAT, D. Metodologia de pesquisa. 3ª ed. Curitiba, 2009, p.132. Disponível em: <http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/24046.pdf>. Acesso: em 20 de agosto 2019.

CERISARA, A. B. O referencial curricular nacional para a educação infantil no contexto das reformas. Educação e Sociedade. Campinas. v.23, n.80, setembro/2002. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 24 jun. 2019.

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PICANÇO, Mônica Bezerra de Menezes. Educação Infantil: Lugar de criança ou de aluno? In Reflexões sobre a Infância e Cultura/Tânia de Vasconcelos (organizadora). 1ª Ed. –Niterói: EdUFF, 2008.

ROSA, Adriana. Lúdico e Alfabetização. 1ª Ediçãoano 2003, 6º tiragem. Curitiba: Juruá, 2008.

SMOLE, Kátia Cristina Stocco. A Matemática na Educação Infantil: a teoria das

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SILVA, Mônica. Jogos educativos. São Paulo: Campinas, Papirus, 2004

VYGOTSKY. A formação social da mente. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

8. Atualmente, a Educação Infantil é destinada ao atendimento de crianças em idade de 0 a 5 anos, pois em 2006, o Ensino Fundamental teve sua duração ampliada para nove anos e, assim, pela Lei Federal 11.274/2006 a criança, com seis anos de idade, passa a ingressar no primeiro ano da escola fundamental.

[1] Pedagogia e pós em: Educação Infantil e Series Iniciais e Educação Especial e Inclusão.

[2] Pós graduada em Educação Infantil e Series Iniciais.

[3] Pedagoga com pós em: Educação Especial, Educação Infantis e Series Iniciais e Psicopedagogia.

[4] Pedagogia e letras com pós em: Educação Especial, Educação Infantil e Series Iniciais e em Língua Portuguesa.

[5] Pedagogo com pós em andamento em Educação Infantil e Series Iniciais.

[6] Graduada em Educação Física.

[7] Pedagoga e Artes Visuais com pós em: Educação Infantil e Series inicias do Ensino Fundamental, Educação Especial, Neuropedagogia e Pedagogia Social.

Enviado: Abril, 2019.

Aprovado: Outubro, 2019.

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Eliane Barbosa Lima

Uma resposta

  1. O trabalho realizado é de grande valor e merece ser conhecido por todos os seguimentos para ampliarem e difundirem a preciosidade da elaboração do Artigo científico. Professor Macedo

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