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As contribuições do teatro para educação no contexto do ensino fundamental

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

GUEDES, Adenildo Pereira [1] 

GUEDES, Adenildo Pereira. As contribuições do teatro para educação no contexto do ensino fundamental. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 06, Vol. 08, pp. 199-210. Junho de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/teatro-para-educacao

RESUMO

No ensino fundamental espera-se que o aluno desenvolva várias habilidades, dentre elas, pode-se destacar: a capacidade de tomar decisões, compreender as relações sociais e apreciar diferentes produções artísticas. Nesse contexto, o teatro com suas especificidades tem se mostrado uma ferramenta eficiente para auxiliar professores e alunos na concretização desses objetivos. Tomando esse entendimento como ponto de partida para as reflexões, a questão norteadora deste artigo é: quais as contribuições do teatro no ensino fundamental? Dessa forma, o objetivo é apresentar as contribuições do teatro para o ensino fundamental e refletir como isso ocorre no cotidiano escolar para as crianças dessa fase de ensino. O presente artigo de caráter bibliográfico discute as contribuições do teatro no processo educativo do ensino fundamental com base nas teorias de estudiosos como Morin (2004), Cavassin (2008), García (2018), além de documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais: Artes (1997) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013). Como resultado, verificou-se que as contribuições do teatro para o processo educativo dos alunos vão desde o desenvolvimento intelectual, afetivo e comportamental, além de auxiliar na aprendizagem. Ao final, conclui-se que o teatro, como ferramenta de aprendizagem, deve ser valorizado e utilizado cada vez mais na sala de aula pelos professores, não só do ensino fundamental como nas demais etapas da educação básica.

Palavras-Chave: Teatro, Ensino Fundamental, Contribuições.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo discute a relevância do teatro na formação dos alunos de ensino fundamental considerando sua utilização como ferramenta pedagógica para o desenvolvimento das diferentes habilidades pertinentes ao crescimento global do aluno. O reconhecimento dessa relevância não ocorre por acaso, mas sim pelo entendimento de que a arte em si possibilita o desenvolvimento da criatividade, da comunicação, da ampliação de visão de mundo e de todo crescimento global do aluno, principalmente, no que diz respeito aos aspectos cognitivos, afetivos e sociais.

O desenvolvimento destas habilidades em muito se aproxima das propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes (PCN´s) (BRASIL, 1997) para o ensino fundamental. Esse documento preconiza o desenvolvimento das capacidades de ordem cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, buscando, em linhas gerais, a formação ampla da criança.

Com o desenvolvimento dessas capacidades, espera-se que a criança consiga tornar-se um indivíduo capaz de tomar decisões, superar as adversidades da vida, ser reflexivo, compreender as relações sociais, saber produzir arte e apreciar diferentes produções artísticas, entre outros. Para que isso se torne real, são necessárias algumas condições, tanto da parte do aluno quanto da escola e do professor. Nesse contexto, o aluno precisa mostrar-se disponível à aprendizagem e, nessa perspectiva, é importante destacar que essa disponibilidade, por vezes, pode estar associada à história e a realidade de vida dessa criança, que pode ser ou não, favorável ao seu desempenho escolar. Nesse cenário, compete à escola e ao professor oferecer condições adequadas, apresentar atividades planejadas e conteúdo de forma que o aluno se sinta confiante no seu processo de aprendizagem (BRASIL, 1997).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais: Artes (BRASIL, 1997) estabelecem, como objetivo geral do ensino fundamental, utilizar diferentes linguagens, que são, respectivamente, a verbal, a gráfica, a plástica, a matemática e a linguagem corporal, como meio de expressar e comunicar suas ideias, bem como interpretar e usufruir das produções culturais.  Tomando esse entendimento como ponto de partida para as reflexões deste artigo, tem-se como questão norteadora: quais as contribuições do teatro no ensino fundamental?

Dessa forma, o objetivo deste artigo é apresentar as contribuições do teatro para o ensino fundamental e refletir como isso ocorre no cotidiano escolar para as crianças dessa fase de ensino.

A temática se justifica pelo entendimento de que quando se desenvolve a expressão teatral, torna-se possível a articulação com outras perspectivas que sejam a de comparar, analisar e fazer outras leituras das expressões artísticas. Logo, o teatro pode ser um encontro cultural e social. Esses elementos estão presentes nas encenações teatrais, que se apropriam de ideais para simular e/ou criar situações que serão representadas.  Para além disso, o teatro é, também, uma maneira de expressar opiniões e ideais, possuindo uma importância que geralmente é ignorada pela sociedade. Por isso, a importância dessa discussão que se apresenta a seguir.

2. TEATRO E EDUCAÇÃO

A relevância do teatro no campo da educação é significativa no que diz respeito ao quanto se pode aproveitar da linguagem teatral para o desenvolvimento das crianças. Esse entendimento não é recente posto que já muito se discute essa questão. Sendo assim, cita-se, por exemplo, alguns trabalhos de autores como de Olga Obry sobre o teatro na escola publicado em 1950, o de Maria Alice Vergueiro com seu texto O teatro na educação, publicado na década de 1960, entre outros (MATE, 2010).

Há, também, os PCN´s lançados na década de 90, que evidenciam a importância da linguagem teatral na educação, assim como a educação artística como um todo. O documento ressalta que a introdução da Educação artística no currículo foi um avanço, considerando sua importância na formação dos indivíduos. Entretanto, essa proposição foi contraditória e paradoxal, pois os professores não estavam habilitados para o domínio de várias linguagens incluídas no conjunto das atividades artísticas, como: Artes Plásticas, Educação Musical e Artes Cênicas. Nessa época, a “educação artística demostrava em sua concepção que o sistema educacional vigente estava enfrentando dificuldades de base na relação entre teoria e prática” (BRASIL, 1997).

Nesse contexto, foi com a Lei n. 9.394/96 (BRASIL, 1996), que o ensino da arte passou a ser considerado componente curricular obrigatório nos diversos níveis de educação básica. Ademais, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais: Artes (1997)

O teatro, no processo de formação da criança, cumpre não só função integradora, mas dá oportunidade para que ela se aproprie crítica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade mediante trocas com os seus grupos. No dinamismo da experimentação, da fluência criativa propiciada pela liberdade e segurança, a criança pode transitar livremente por todas as emergências internas integrando imaginação, percepção, emoção, intuição, memória e raciocínio (BRASIL, 1997, p. 57).

A proposta do documento remete às palavras de Morin (2004), ao retratar os saberes necessários à educação do futuro, dentre os quais destaca-se: ensinar a condição humana; discernir as informações chave, tendo claro os princípios pertinentes do conhecimento; enfrentar as incertezas; ensinar ética do gênero humano. Além disso, vale destacar que o acesso a esses saberes proporciona ao indivíduo a oportunidade de se tornar um ser humano melhor, colaborativo e ciente de sua condição no mundo.

Segundo Cavassin (2008), o teatro como uma maneira fundamental de aprendizagem, permite o confronto dos problemas da existência e das modificações necessárias para resolvê-los. É, também, um conhecimento que busca respostas para os questionamentos sobre o que é o mundo, o homem, a relação do homem com o mundo e com outros homens.

Retomando as afirmações dos PCN´s (BRASIL, 1997) e alinhando com as palavras de Cavassin (2008), entende-se que o teatro pode fazer a diferença quando presente no contexto da educação, pois é capaz de provocar no aluno o interesse pelos saberes mencionados por Morin (2004). Dessa forma, pensar em teatro, antes de tudo é pensar em Arte e, como tal, é ter claro que a formação do indivíduo é mediada pelas relações artístico-culturais existentes na sociedade materializada nos livros, na música, na pintura, na dança, no teatro, entre outras manifestações culturais.

No entanto, pensar na escola, nesse contexto, é ter claro que, entre outros aspectos, muitas vezes transforma-se num dos únicos meios de contato da criança com a Arte, principalmente, em um país onde há carência de espaços culturais destinados à criança. Isso não quer dizer que o modo como a escola conduz esse processo seja plenamente satisfatório, pois este ato reflete as relações que a sociedade, como um todo, mantendo a cultura pela reprodução de culturas elitistas em detrimento das culturas locais, acaba por priorizar, consequentemente, a divisão de classes sociais.

Em consonância, Oliveira; Stoltz (2010, p. 10), afirmam que no “mundo contemporâneo, no qual as desigualdades sociais e econômicas tornam-se cada vez mais acentuadas nos países em desenvolvimento, a arte tem sido tratada como algo supérfluo”. Embora estas considerações tenham suas razões de ser, os autores concordam que a experiência artística é uma necessidade do indivíduo, a qual não se pode perder de vista e buscar meios de transformar essas experiências em realidade.

Mediante a isso, os PCN´s de Artes reconhecem a importância do teatro na construção do conhecimento do aluno e consideram, também, que esse possa ser um propulsor de momentos únicos, desde que a atividade seja muito bem planejada pelo professor e que esse saiba estimular os alunos para a descoberta do conhecimento, além de mostrar os caminhos a serem trilhados para alcançá-los (BRASIL, 1997).

Esse documento retrata, também, que as aulas teatrais dão aos alunos a oportunidade de adquirir novos olhares do mundo que o cerca e interpretar seu contexto cultural (BRASIL, 1997). Isso pode ocorrer de duas formas: como o teatro-educação e teatro-pedagógico.

O teatro-educação também caminha em outra direção em relação ao teatro-pedagógico, que consiste numa forma de instrumento ou ferramenta pedagógica na educação. Mas o teatro-educação vai além dessa abordagem contextualista ou instrumental que difere da perspectiva essencialista ou estética que defende a presença do teatro em situações de aprendizagens seja na escola ou em outros espaços educacionais (COSTA, 2004, p. 6).

Portanto, segundo a autora supracitada, o teatro pedagógico na educação formal é uma ferramenta que pode auxiliar na assimilação de conteúdo específico das diversas disciplinas, tais como: Matemática, História, Geografia, entre outras. Já o teatro–educação, tem fins socioculturais e artísticos, sendo, geralmente, oferecido como atividade extracurricular.

Assim sendo, discutir sobre o teatro na escola é falar, também, do papel do professor, que precisa estar preparado para utilizar o teatro como um recurso em sala de aula. Ademais, se faz necessário que o docente compreenda que seu objetivo é conduzir o aluno a aprender e a desvendar o caminho para o conhecimento de si mesmo e do mundo, e, nesse sentido, ele pode fazer qualquer evento ganhar vida nas páginas da História. Por exemplo: “a construção de uma cabine, a vida de um romano antigo, as experiências de um explorador; em suma, existem infinitas possibilidades, mas o ponto principal é que os alunos entendam profundamente a proposta conjuntamente ao tema” (GARCÍA, 2018, p. 86).

Entretanto, cumpre destacar que o preparo do professor nem sempre é completo, visto que muitos não receberam formação para isso e nem se sentem seguros para desenvolver estas práticas. Embora as dificuldades dos professores sejam uma realidade, isso não diminui a sua responsabilidade em trabalhar no sentido de motivar o aluno na busca de seu desenvolvimento integral, pois é dever deles provocar “nos alunos a necessidade e o desejo de pesquisar e experimentar situações de aprendizagem como conquista individual e coletiva, a partir do contexto particular e local, em elo com o geral e transnacional” (BRASIL, 2013. p. 4).

2.2 CONTRIBUIÇÕES DO TEATRO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013), os objetivos de formação, definidos para educação infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do ensino fundamental, tendo ênfase nos aspectos: afetivo, físico, psicológico, intelectual e social. Esses aspectos devem ser priorizados na formação da criança, completando a ação da família e da comunidade, ao mesmo tempo em que expande e ativa, de maneira gradativa, o processo educativo, visando o desenvolvimento da

capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de respeito recíproco em que se assenta a vida social (BRASIL, 2013, p. 40).

Ademais, segundo os PCN´s de Arte, no ensino fundamental, o aluno deverá desenvolver “um maior domínio do corpo, tornando-o expressivo, um melhor desempenho na verbalização, uma melhor capacidade para responder às situações emergentes e uma maior capacidade de organização e domínio de tempo” (BRASIL, 1997, p. 59). Essa é uma preocupação legítima, visto que, cada vez mais, exige-se do indivíduo, assertividade, poder de decisão e atitudes, a fim de que este saiba conviver e interagir em uma sociedade de mudanças constantes e imprevisíveis.

Tanto nos PCN’S (BRASIL, 1997), como nas Diretrizes Curriculares da educação básica (BRASIL, 2013), as propostas da educação visam um desenvolvimento que permita a criança ser e estar no mundo de forma consciente, humana e segura, bem como saber-se comunicar e tomar decisões assertivas. Tais perspectivas reportam às teorias do Psicólogo Vygotsky, quando este retrata que a formação ocorre numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor, ou seja, um modifica o outro. Na perspectiva de Vygotsky, é pelas interações sociais que a criança tem acesso a maneira de pensar e de agir corretamente em seu meio, isso porque a cultura compartilha as diferentes linguagens, a exemplo da música, da língua, da matemática, das tradições, dos costumes, entre outras coisas (VYGOTSKY, 1988 apud DUARTE, 1996).

Em relação a aprendizagem da criança, o teórico destaca o desenvolvimento intelectual na idade escolar e, nesse sentido, retrata sobre o conceito de desenvolvimento proximal. Esse conceito, tem como entendimento: quando uma criança está se desenvolvendo, é necessário analisar seu desenvolvimento, não naquilo que já amadureceu, mas sim naquilo que ainda está em processo de formação. Assim, de uma maneira prática, pode-se verificar o desenvolvimento delas “através de testes nos quais a criança resolve problemas de forma independente, autônoma” (VYGOTSKY, 1993 apud DUARTE, 1996).

Na perspectiva de Vygotsky, a arte na vida do indivíduo é de suma importância, posto que a expressão artística é uma necessidade do ser humano, e o teatro, como forma de artes, é uma atividade coletiva que ensina às crianças: as regras; a tomar decisões; a dividir tarefas; e a interagir entre si. Por promover essa interação e cooperação, suas práticas, ainda, provocam o desenvolvimento da imaginação e do uso da linguagem. Ademais, para justificar a valorização do papel do teatro na educação, Vygotsky ampara-se na linguagem teatral, pois esta se une a linguagem falada, corporal, simbólica e estética, comunicando ao homem o sentido global de significados objetivos e subjetivos (OLIVEIRA; STOLTZ, 2010; RAMOS, 2013).

Além disso, vale destacar que, no processo de formação educacional do aluno, a experiência pessoal é a base do caminhar pedagógico, uma vez que a educação se faz por sua própria experiência, a qual é determinada pelo meio e, nessa ação, o papel do professor consiste em organizá-lo e regulá-lo. Assim, a ele cabe a organização de tarefas e atividades que permitam a experiência direta das crianças com objetos do conhecimento que o estimulem a aprendizagem.

Complementando este raciocínio, García (2018), com bases em outros estudiosos, destaca a importância e os benefícios promovidos pelo teatro na escola e ressalta as suas contribuições, especificando e sintetizando cinco princípios básicos, sendo eles:

  • Consciência emocional: Ser consciente dos próprios sentimentos;
  • Empatia: reconhecer e compreender os sentimentos dos demais;
  • Autocontrole: regular de forma positiva os impulsos emocionais e comportamentais.
  • Habilidades sociais e para a vida: planejar objetivos positivos e traçar planos para alcançá-los; utilizar a comunicação e resolução de problemas de forma positiva nas nossas relações.

             Na concepção do autor acima, estes aspectos são importantes na formação de um indivíduo e deveriam ser ensinados nas escolas da educação infantil e em todas as etapas que se seguem, visto que a proposta é ensinar o aluno a conhecer e controlar os próprios sentimentos, para que, dessa forma, possa ter consciência da maneira mais adequada e positiva de atuar no mundo. Além disso, esses aspectos, como demonstrado na fala do autor, estão diretamente relacionados ao lado emocional do aluno, que pode ser desenvolvido com o drama. Sua utilização gera, também, um clima de confiança para a expressão e comunicação do educando com os demais colegas em sala de aula. Para além disso, García (2018), ainda afirma que o Teatro traz outras contribuições, tais como:

  • Promoção do desenvolvimento social;
  • Aquisição de autoconceito positivo;
  • Desenvolvimento de aspectos emocionais, físicos, intelectuais;
  • Os alunos aprendem com o trabalho em equipe;
  • Desenvolvem habilidades de memorização, recitação e interpretação;
  • Aprendem a apreciar o sentido de responsabilidade e compromisso;
  • Permite desenvolver funções variadas no processo de criação, por exemplo, participar como plateia e como agente;
  • Integração de diferentes habilidades: fala, escrita, expressão afetiva, coordenação motora etc.

Ante ao exposto, entende-se que as contribuições do teatro para a aprendizagem dos alunos do ensino fundamental servem não apenas para a vida escolar, mas também para seu crescimento pessoal e social, pois o teatro ensina a viver e, assim sendo, as atividades devem ser planejadas pelos professores com esse olhar. É preciso, ainda, entender que não necessariamente deve-se montar espetáculos teatrais, mas sim que se realize atividades na própria sala de aula, buscando, dessa forma, desenvolver a imaginação, a observação e a percepção dos alunos, a fim de que essas contribuições se tornem práticas e reais na vida do aluno, não só do ensino fundamental, mas em todas as etapas escolares (REVERBEL, 1996).

3. CONCLUSÃO

Neste artigo, procurou-se demonstrar que o teatro quando utilizado como uma ferramenta pedagógica pode trazer inúmeras contribuições para o desenvolvimento integral dos alunos do ensino fundamental.

Nesse contexto, os documentos oficiais como os PCN´S de Artes (BRASIL, 1997) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (BRASIL, 2013), deixam claro que no ensino fundamental o aluno deve adquirir: conhecimentos, habilidades, domínio do corpo, capacidade para responder às situações emergentes, entre outros atributos que serão primordiais para sua formação. O alcance desses objetivos passa necessariamente pela adoção de práticas metodológicas que promovam o desenvolvimento da criança de maneira integral, sendo o teatro uma ferramenta que, nesse cenário e conforme foi discutido neste artigo, mostra-se eficiente.

Quanto aos posicionamentos teóricos, a exemplo do pensamento de Vygotsky, para quem a formação do indivíduo só ocorre numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade, onde um modificando o outro, sendo as interações sociais aspectos que auxiliam positivamente no desenvolvimento da criança, constatou-se que a linguagem teatral, traz suas contribuições, seja no campo intelectual, afetivo, comportamental e de aprendizagem.

Retomando a questão norteadora deste estudo, que visou responder sobre as contribuições do teatro no ensino fundamental, ante a pesquisa realizada, foi possível constatar que as contribuições do teatro para a aprendizagem e desenvolvimento do aluno do ensino fundamental, assim como também em outras etapas de ensino, estão relacionadas ao desenvolvimento de consciência emocional; empatia; autocontrole; e habilidades sociais. Ademais, o teatro contribui para a promoção do desenvolvimento social; aquisição de autoconceito positivo; desenvolvimento de aspectos emocionais, físicos, intelectuais, de memorização, recitação, interpretação e criação; trabalho em equipe; o sentido de responsabilidade e compromisso; além de promover a integração de diferentes habilidades, como: fala, escrita, expressão afetiva, coordenação motora etc. Entretanto, é fato que algumas barreiras surgem nesse processo, como as dificuldades que alguns professores possuem para incorporar o teatro em suas práticas. Uma das razões dessas dificuldades é a falha na formação dos professores e, embora isso seja um fato, não se pode atribuir a estes profissionais toda responsabilidade pela aprendizagem do aluno. De outra forma, este mesmo profissional não pode acomodar-se, pelo contrário, deve buscar meios de contornar essa situação, pois ele também será beneficiado com o processo de aprendizagem e desenvolvimento profissional e pessoal.

Enfim, concluímos que a inclusão do teatro no processo educativo é importante, dadas suas contribuições para o aprimoramento na formação pessoal, acadêmica e na ampliação da visão de mundo do indivíduo para a vida em sociedade.

REFERENCIAIS

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: arte. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf. Acesso em: 20 de nov. de 2019.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Presidência da República, Brasília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 20 de nov. de 2019.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica. Ministério da Educação, Brasília, 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file. Acesso em: 20 de nov. de 2019.

COSTA, Alexandre Santiago da. Teatro – Educação e ludicidade: novas perspectivas em educação. Revista Entreideias: Educação, Cultura e Sociedade, vol. 9, n. 8. Disponível em: DOI: https://doi.org/10.9771/2317-1219rf.v9i8.2815. Acesso em: 30 de jun. de 2022.

CAVASSIN, Juliana. Perspectivas para o teatro na educação como conhecimento e prática pedagógica. Revista Científica – FAP, v. 3, jan./dez. de 2008. Disponível em: http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/revistacientifica/article/view/1624. Acesso em: 20 de nov. de 2019.

DUARTE, Newton. A Escola de Vigotski e a educação escolar: algumas hipóteses para uma leitura pedagógica da Psicologia Histórico-Cultural. Psicol. USP, v. 7, n. 1-2, São Paulo, 1996. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771996000100002. Acesso em: 20 de nov. de 2019.

GARCÍA, Javier González. Drama no desenvolvimento da educação emocional. Trad. Matheus Vinícius de S. Fernandes. In: CONTIERO, Lucinéia; SANTOS, Fernando Freitas dos; FERNANDES, Matheus Vinícius de S. Pedagogia do teatro: prática, teoria e trajetórias de formação docente. – Natal, RN: EDUFRN, 2018.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2004.

MATE, Alexandre. Apontamento bibliográficos sobre jogos teatrais no Brasil; Retrospectivas e lutas, conquistas, retrocessos, impermanências. Fênix – Revista De História E Estudos Culturais, vol. 7, n. 1, p. 1-17, 2010. Disponível em: https://www.revistafenix.pro.br/revistafenix/article/view/232. Acesso em: 20 de nov. de 2019.

OLIVEIRA, Maria Eunice de; STOLTZ, Tânia. Teatro na escola: considerações a partir de Vygotsky. Educar, n. 36, p. 77-93, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40602010000100007. Acesso em: 20 de nov. de 2019.

REVERBEL, Olga. Jogos teatrais na escola. São Paulo: Editora Scipione LTDA. 1996.

RAMOS, Jorge Amílcar Spencer. A contribuição e a importância do teatro na educação integral da criança. Dissertação (Mestrado em Educação Artística). Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Portugal, 2013.

[1] Doutorando em Ciências da Educação pela Universidad Autónoma de Asunción – (UAA – Py), Mestre em Ciências da Educação pela Universidad Autónoma Del Sur (UNASUR -Py), com revalidação no Brasil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Especialista em Língua, Linguística e Literatura (PÓS-FIP), Especialista em Supervisão e Orientação Educacional (PÓS-FIP), Pós-graduando em Gestão e Docência do Ensino superior (UNINASSAU). Graduado em Pedagogia pela Faculdade Latino-Americana de Educação (FLATED) e Graduado em Letras pela Universidade Federal de Campina Grande – (UFCG).  ORCID: 0000-0001-6135-7538.

Enviado: Junho, 2022.

Aprovado: Junho, 2022.

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Adenildo Pereira Guedes

Uma resposta

  1. Gostaria de parabenizar essa Conceituadíssima Revista pelo Compromisso com a Pesquisa. A Excelência faz com que novos Pesquisadores contribuam com as Ciências Humanas e da Educação na busca contínua de um mundo melhor.
    Assim sendo, Obrigado por esta ferramenta de grande relevâcia Nacional e Internacional.
    At.te,
    Prof. Dr. Adenildo Pereira Guedes

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