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Incentivando a Prática da Leitura em Sala de Aula

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CONTEÚDO

SANTOS, Julienne Marie Silva [1]

SANTOS Julienne Marie Silva. Incentivando a Prática da Leitura em Sala de Aula. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2, Ed. 01, Vol. 1. pp 178-191, Abril de 2017. ISSN: 2448-0959

RESUMO

Este trabalho teve como propostas: apresentar a importância da prática da leitura em sala de aula e identificar que ações pedagógicas podem ser realizadas para incentivar a pratica da leitura em sala de aula, de maneira lúdica, interdisciplinar e prazerosa. Para alcançar os objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, um estudo de caso, e utilizados os seguintes instrumentos metodológicos: visitas a campo, observações e registros das ações de uma docente com uma turma de 2 º ano do Ensino Fundamental numa instituição pública do Município de Luziânia.

A pesquisa teve como principal referencial teórico a leitura atenta do livro Incentivando o Amor pela Leitura, de Cramer e Castle, uma coletânea que conta com as contribuições de diversos autores, dentre outros, todos de grande importância para a pesquisa. O que proporcionou constatar que o perfil, a concepção, a didática e a postura do professor se tornam imprescindíveis para o incentivo da prática da leitura em sala de aula, ou seja, o professor que prática e ama a leitura, que de fato ama os livros, desperta nos educandos o interesse e a prática pela leitura seja ela criada, inventada, o que de fato contribui para que os educandos se tornem excelentes leitores de mundo, de suas realidades de efetivos cidadãos.

Palavras-Chaves: Leitura, Sala de Aula, Ações Pedagógicas.

1. INTRODUÇÃO

São notáveis as diversas discussões a respeito da importância da leitura, principalmente em sala de aula, porém é inegável que mesmo assim ainda é um desafio propagar a prática da leitura em sala de aula, como ação pedagógica de aprendizado e de entretenimento.

FREIRE (1997) afirma que a leitura é fundamental na vida das pessoas, pois através dela é que o sujeito conhece outras realidades, pensamentos e culturas, que através da leitura a pessoa cria, reconstrói e produz.

Por atuar em sala de aula como Pedagoga e professora de uma turma de segundo ano das séries iniciais pela Secretaria Municipal de Educação de Luziânia, ter tido a oportunidade de trabalhar com o segmento de Educação Infantil, e amar a leitura, nada mais justificável escolher este tema para pesquisa, uma vez que a mesma faz parte da prática docente ou pelo ou menos deveria fazer.

Partindo desta perspectiva, a escola enquanto Instituição social se torna um espaço propício para a propagação da leitura, principalmente em sala de aula, no qual se torna um espaço além da sistematização dos conhecimentos ou dos conteúdos da “grade” curricular, mas também um eminente espaço de socialização, de produção de cultura, de aprendizagem e principalmente de leitura.

No livro Incentivando o amor pela leitura ressalta que Bettelheim e Zelan (1992) consideram a leitura como a experiência mais importante para a escola fundamental, a ponto de determinar o nível de fracasso, e ainda acreditam que as competências do professor aliadas às considerações afetivas, são fatores importantes em relação ao aprendizado da leitura “independente do que a criança traz de casa”. (p.5)

Nesta percepção torna-se justificável que os alunos sejam incentivados e estimulados à prática da leitura em sala de aula, seja ela contada, escrita, inventada por meio de objetos ou de outras diversas maneiras lúdicas, até porque esta prática ultrapassa os muros da Instituição, pois criança que lê, o faz em toda parte. Ressalta-se que a intenção da pesquisa não é de apontamento de culpa ou condenação, mas de conscientização da importância da ação docente no processo de propagação da leitura.

Diversas podem ser as contribuições da leitura, tanto cognitivas quanto sociais e culturais. Mas que ações pedagógicas podem ser realizadas em sala de aula para incentivar a prática da leitura?Quais seriam as dificuldades encontradas pelos docentes e discentes para esta prática? Seria a formação inicial dos profissionais ou a ausência da formação continuada? A falta de material didático? A infraestrutura das escolas? A falta de espaços de leitura e bibliotecas limita o trabalho pedagógico para esta prática?A gestão da escola prioriza essa prática? Quais são os limites e as possibilidades da prática de leitura em sala de aula?

Tendo por base essas indagações, este artigo tem por objetivo geral; apresentar a leitura além de uma prática curricular, mas também como lazer e entretenimento, em que proporciona a construção, a compreensão e assimilação de conhecimentos no cotidiano em sala de aula, pois é perceptível que, muitas vezes, a leitura está presente como uma prática penosa e até esquecida.

Pretendeu-se também apresentar a leitura inserida nas atividades pedagógicas em diversas áreas do conhecimento como: língua portuguesa, matemática, ciências, história, geografia e artes, tendo a interdisciplinaridade e a ludicidade como eminentes aliadas. E principalmente identificar que ações pedagógicas podem ser realizadas para incentivar a prática da leitura em sala de aula.

Para cumprir com os objetivos propostos foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, um estudo de caso, e utilizados os seguintes instrumentos metodológicos: visitas a campo, observações e registros das ações de uma docente com uma turma de 2 º ano do Ensino Fundamental numa instituição pública do Município de Luziânia.

Como referencial teórico a pesquisa contou com a leitura atenta do livro Incentivando o Amor pela Leitura, de Cramer e Castle, no qual apresenta as contribuições de Cambourne que fala a respeito das estratégias de incentivo à leitura, conta também com Eichenberg, que fala sobre as contribuições dos projetos para o incentivo a leitura, e também apresenta a fala de Freire que ressalta a importância da leitura, dentre Paiva e outros, todos de grande importância para a pesquisa.

A pesquisa proporcionou constatar que o professor tem papel imprescindível como propagador de leitura, no qual pode se transformar em um contador de histórias e incentivador de leitura, seja ela criada, inventada ou produzida coletivamente com a turma. Que mesmo sem espaços propícios de leitura, ou apoio da gestão escolar, o professor em sala de aula pode praticar a leitura oral, utilizando a caixa surpresa, a mala da leitura, fantoches feitos de embalagens de leite, ou dedoches feitos de palito de picolé, ou ainda criar um mural de livros em pendurados em um barbante e junto à sua turma realizar apresentações teatrais envolvendo leitura.

Entretanto, seria hipocrisia negar que há dificuldades, porém, as oportunidades também existem e podem ser diversas de maneira lúdica e prazerosa, no qual pode associar a leitura ás atividades propostas contextualizadas à realidade dos educandos, criando ou adquirindo significativo.

Enfim, em uma visão sócia – interacionista, no qual o professor atua como mediador, pesquisador e provocador, realmente o seu perfil, concepção e didática, fazem toda diferença para a prática da leitura em sala de aula, pois professor que ama leitura e os livros desperta nos seus educandos o interesse e a prática de leitura, no qual os alunos aprendem as diversas vertentes de leitura, compreendendo o mundo que os cercam.

Nesta proposta com a prática da leitura, os alunos se tornam criativos, sujeitos ativos, ou grandes leitores e excelentes contadores de histórias, sejam elas fictícias ou reais, atuando de fato como efetivos cidadãos conhecedores de palavras e produtores de cultura.

2. PRINCÍPIOS DE INCETIVO À PRÁTICA DA LEITURA

De acordo com Good e Brophy (1987), são necessários alguns requisitos fundamentais para incentivar a leitura. Será destacado somente três; o primeiro deles trata a respeito do ambiente da sala de aula que deve ser apoiador, ou seja, o professor precisa encorajar seus alunos por meio do ambiente alfabetizador.

Neste sentido pode-se notar o quanto o ambiente escolar contribui para o incentivo da leitura, no qual ter locais apropriados, uma sala que estimule a leitura, faz toda diferença. Sabe-se que muitas são as instituições sem bibliotecas ou espaços apropriados para a leitura, e que de certa forma dificulta o processo, mas não impede que as soluções sejam encontradas ou amenizadas.

O segundo requisito refere-se às atividades e aos livros propostos, enfatiza que tanto os livros como as atividades precisam acompanhar o nível de aprendizagem e de dificuldade do aluno, ou seja, apresentar tipos de leitura que o aluno ainda não consegue realizar pode causar frustração e descontentamento. Interessante para evitar casos assim, é a leitura apresentada em outras vertentes: contada (leitura oral) ou criada coletivamente por meio de figuras, objetos, brinquedos.

O terceiro requisito atualmente vem sendo tema de eminentes discussões acadêmicas; é a questão das atividades propostas terem objetivos significativos, contextualizadas à realidade do aluno, mas muitas vezes a própria grade curricular, o Projeto Político Pedagógico, a gestão escolar não priorizam esta questão, o que desfavorece a propagação da leitura na escola.

É importante ter atenção ao requisito da contextualização, por diversas vezes, o professor almeja despertar no seu aluno o desejo pela leitura, mas as atividades propostas não o estimulam, pelo contrário, o fazem desprezar a leitura, por isso é preciso estar atento à escolha dos livros e das atividades propostas em sala de aula. Sendo interessante criar significado às atividades propostas em sala, exemplo disso seria aproveitar os ensejos das datas comemorativas, fatos reais como noticiários, reportagens, filmes e desenhos infantis.

Nesta perspectiva o professor precisa enxergar a leitura como atividade permanente, prazerosa e de muito valor tanto cognitivo, quanto cultural, pois muitas vezes as estratégias apresentadas como propostas de incentivo a leitura são de recompensas ou competições, o que de fato não favorecem a prática da leitura por longo prazo.

Good e Brophy (1987) afirmam que as “recompensas são efetivas para estimular o nível de esforço do que a qualidade do desempenho e são melhores utilizadas com tarefas desagradáveis do que com tarefas atrativas e interessantes” (p.319). Ou seja, esta estratégia de recompensas não cabe para o incentivo da prática da leitura, já que se pretende apresentá-la como proposta de cultura e lazer, no qual a recompensa não precisa ser chocolate ou pizza, mas sim o próprio aprendizado, a própria experiência de leitura.

E como as competições requerem perdedores e ganhadores, podem provocar desinteresse pela leitura aos perdedores da competição, e ainda podem provocar outros sentimentos contrários do pretendido que é incentivar a prática da leitura.

Torna-se relevante ressaltar que qualquer estratégia de incentivo à leitura, precisa variar e moderar, sempre procurar experimentar novas propostas e repensar a prática pedagógica, pois a maneira como a leitura é apresentada faz toda diferença para as crianças. O que enfatiza mais uma vez o perfil do professor neste papel de incentivador e propagador de leitura, não em um sentido de culpa ou condenação, mas de apresentar o quanto seu papel é importante neste processo e muitas vezes não tem consciência, preparo ou recursos.

Bettelheim e Zelan (1982) afirmam que a forma como as crianças são ensinadas a ler se torna essencial para o sucesso delas, isto ratifica a importância do perfil do educador como incentivador da prática da leitura. Ressaltando se que as possibilidades como o professor pode propagar a leitura, depende de diversos fatores como: planejamento, didática, concepção, no qual o docente precisa compreender a importância da prática da leitura em sala de aula, tanto para o processo de ensino aprendizagem, quanto para a formação da cidadania.

Depois de compreender as contribuições sociais, culturais e cognitivas da leitura, abri-se um leque de possibilidades para propagar esta prática em sala de aula, e estas ações precisam estar inseridas no Projeto Político Pedagógico, este deve ser elaborado em conjunto com o corpo docente, respeitando e valorizando o contexto dos alunos, e se a gestão não priorizar é recomendável que as ações pedagógicas de incentivo à leitura estejam inseridas principalmente nos planejamentos, para que de fato ocorra esta prática.

3. AÇÕES PEDAGÓGICAS DE INCENTIVO À PRÁTICA DA LEITURA

Com a realização da pesquisa de natureza qualitativa, o estudo de caso, e com as visitas a campo, observações e registros das ações de uma docente com uma turma de 2 º ano do Ensino Fundamental numa instituição pública do Município de Luziânia,  proporcionou identificar ações pedagógicas de incentivo à prática da leitura em sala de aula. Estas ações foram registradas e destacadas para a melhor compreensão dos fatos.

A primeira observação foi referente à organização da sala de aula, no qual ao fundo da sala tinha um mural escrito “Hora da Leitura” com livros em pendurados em um barbante, em que as crianças ao concluir as atividades, escolhiam um livro, muitas vezes mais de um. Esta foi uma estratégia da docente suprir a falta de espaço, pois na escola não tem biblioteca, o que se torna um dos empecilhos para o incentivo da prática da leitura.

Johns e Vanleirsburg no livro Incentivando o amor pela leitura, afirmam que os estudantes podem interagir com os livros ou materiais impressos, lendo em silêncio, e que a leitura silenciosa pode ser uma atividade livre para os alunos, mas programada no planejamento (2001.p: 110)

Obviamente que se torna imprescindível que o educador oriente as atividades com sensibilidade para que a leitura silenciosa não se torne um passatempo para os alunos que não a praticam.

Johns e Vanleirsburg ressaltam que Cambourne (1991) criou um modelo de aprendizagem à alfabetização, contemplando sete condições para o aprendizado, destas destacaram a imersão e a demonstração para incentivar a leitura. São elas: imersão que enfatiza a importância da sala de aula ou ambiente em favorecer espaços para a leitura, com uma variedade de livros ou materiais e úteis, contendo significados e contextualizados a realidade do aluno. Isto ratifica a ação da professora em criar momentos de leitura e exposição de livros, ou materiais no caso dela ilustrados.

O interessante é que os próprios alunos ao concluírem as atividades, logo perguntavam se podiam escolher um livro. Ressalta-se que a professora não estimulava a competição, por exemplo: só poderá ler quando terminar a atividade, a proposta é que este momento de leitura esteja incluso no planejamento.

A segunda observação é que diariamente antes de apresentar a atividade proposta como autoditado, a docente criava uma história com as figuras da atividade, produzido principalmente com a própria turma coletivamente. Algumas vezes colocava dentro da “mala da leitura” os objetos que estavam na atividade, contava a história para as crianças que em seguida realizavam a atividade: escrever o nome das figuras e em seguida produzir frases com as palavras.

Realmente o docente precisa criar, inventar, se arriscar, principalmente se qualificar, e pesquisar. Cagliare afirma que:

Infelizmente, não é raro encontrar nas nossas escolas professores analfabetos por opção, ou seja, professores que, depois de formados, pararam seus estudos. Não compram nenhum livro e raramente escrevem algo que não seja sua obrigação diária de sala de aula. Há professores que passam anos e anos lendo e escrevendo as mesmas coisas, porque acham que aprenderam assim e assim devem ensinar. São professores que sabem ler e escrever, mas não usam esse conhecimento, a não ser para repetir todos os anos as mesmas práticas educativas. (pag.39)

Ressaltando que a intenção não é condenar o docente, mas alertar que a formação continuada é de extrema importância para a melhoria da sua prática em sala de aula, pois da mesma maneira que os médicos, advogados continuam com sua qualificação, os professores também precisam, pois a sociedade passa por transformações a todo o momento, no qual estas mudanças refletem na escola.

Partindo desta visão, o docente muitas vezes dribla os limites expostos pela escola, sejam pela falta de material ou recursos. Na escola no qual ocorreu a pesquisa não havia copiadora, as atividades eram reproduzidas por mimeógrafos, recurso antigo, mas o único existente nesta escola.  Cagliare afirma que: “…o professor precisa de liberdade e ação para que se possa exigir dele competência e desempenho profissional à altura dos ideais da verdadeira educação. Sem o professor, não há escola…(p. 39)

Ao realizar estas atividades, sendo uma delas de autoditado, as crianças recontavam a história contada pela professora ou criavam outra história com todas as figuras da atividade, a docente respeitava e explorava a criatividade dos alunos, mas realizava as intervenções na escrita e valorizava a produção.

Em uma das aulas ministrada pela docente, na disciplina de Geografia, no qual a proposta era ensinar os tipos de moradias e materiais de construção, ela apresentou a mala da leitura com o livro “Três porquinhos em 3D”, as crianças ficaram ansiosas para saber o que tinha dentro da caixa, elas próprias contavam a história a cada página que a professora apresentava, no qual produziam e imitavam o barulho da corrida dos porquinhos, do assopro do lobo, e ao final a professora realizava a interpretação oral e sugeria que mudassem o final da história.

Cambourne (1991.p: 17) afirma que o material de leitura no qual os alunos “ são mergulhados é sempre completo, sempre significativo em um contexto que tenha significação ou a partir do qual o significado possa ser construído”.

A mala da leitura foi produzida com embalagem de netbook enfeitada de papel de presente e desenhos em E.V.A coloridos, em que duas vezes por semana a docente colocava dentro objetos ou figuras e iniciava uma história e ao apresentar os objetos ou figuras, um por vez e as próprias crianças criavam as histórias com a intervenção da professora.

Outro recurso utilizado pela docente era a pasta de histórias, que não tinha escrita, mas somente desenhos produzidos por ela mesma, coloridos com giz de cera e pincel atômico. Ela apresentava as figuras uma por vez e as crianças criavam a história, os nomes das personagens, dos lugares e os acontecimentos.

Em uma das aulas observadas da disciplina de português, a professora apresentou uma atividade de caça palavras, que trabalhava a ortografia de L e U, mas antes contou uma história com as palavras da atividade, e as crianças participavam efetivamente fazendo intervenções.

A outra condição para alcançar a aprendizagem de Cambourne (1991) destacadas por Johns e Vanleirsburg como incentivo à leitura é a demonstração, no qual afirma que as demonstrações fornecem materiais e exemplos novos para a aprendizagem. E que “crianças aprendem a falar por ouvir a linguagem oral da família, o mesmo acontece em sala, professor que ama livros e a leitura, são inspiradores para os alunos que tendem a copiar os comportamentos de quem respeitam e admiram”.

Isto ratifica a prática da docente de ler todos os dias em sala, no qual contagiava seus alunos pelo interesse em ler, reler e criar histórias. Johns e Vanleirsburg afirmam que: “dentro da sala de aula, não há modelo mais efetivo do professor que pratica a leitura oral para a sua classe todos os dias, não importa qual seja a idade ou série de seus alunos”. (p.111)

Outra ação pedagógica da docente era que escolhia um texto de livros didáticos e realizava a leitura para a turma, retirava os textos de recorte de livros,  as colocava em uma caixa para que uma vez por semana, as crianças realizassem a leitura compartilhada ou silenciosa individual.

Em uma das aulas ministradas contou a história “Cabelos de Lelê”, de Valéria Belém, conversou a respeito de preconceito e racismo, em seguida os convidou a ilustrar a Lelê com as palmas das mãos pintadas de tinta preta no caderno de desenho, depois de carimbar a palma da mão pintada, as crianças completaram com os olhos, boca, nariz, laço ou boné, e ainda desenharam a paisagem.

Com esta atividade, a professora praticou com criatividade a interdisciplinaridade entre as áreas do conhecimento como: língua portuguesa com a leitura da história, geografia e história apresentando a temática africanidades, pois apresentou o mapa com a localização da África e Brasil, trabalhou artes proporcionando a pintura, ilustração e colagem, e ciências apresentando as partes do rosto humano.  Graidy; Kaercher, (2001, p.81). Afirmam que:

A literatura é arte. Arte que se utiliza da palavra como meio de expressão

para, de algum modo, dar sentido a nossa existência. Se nós na nossa prática cotidiana, deixarmos um espaço para que essa forma de manifestação artística nos conquiste seremos, com certeza, mais plenos de sentidos, mais enriquecidos e felizes.

Pois muitas das crianças nunca haviam pintado as mãos com tinta guaxe, e se encantaram com o término do desenho, em que colaram olhos, boca, nariz, laço ou boné, e ainda compreenderam que todas as pessoas independentemente da cor, raça, crença ou qualquer diferença merecem respeito, pois é um direito delas serem respeitadas e dever de todos respeitar.

É Importante ressaltar que os livros apresentados pela docente, bem como os livros expostos nos fundos da sala, e os que ficam dentro da mala da leitura, a maioria são materiais particulares, pois a mesma admitiu amar os livros, apreciar leitura, no qual cria muitas histórias com desenhos, fantoches ou dedoches. E ainda procurou pela escola livros que se encontravam esquecidos e os colocou dentro da sala de aula.

A docente pode ser considerada uma contadora de histórias, este ato de contar histórias, mesmo sendo de outros tempos perdura atualmente. Graidy e Kaercher afirmam que:

O ato de ouvir e contar histórias está, quase sempre, presente nas nossas vidas: desde que nascemos, aprendemos por meios das experiências concretas das quais participamos, mas também através daquelas experiências das quais tomamos conhecimento através do que os outros contam. Todos temos necessidade de contar aquilo que vivenciamos, sentimos, pensamos e sonhamos. Dessa necessidade humana surgiu a literatura: do desejo de ouvir e contar para através dessa prática, compartilhar. (GRAIDY; KAERCHER, 2001, p.81).

Fica explícito que é preciso a expansão, exploração e compartilhamento da leitura em sala de aula, seja contada, inventada, o importante é desfrutar da criatividade das crianças e da experiência dos docentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada, com as visitas e registro das observações proporcionaram constatar que o docente tem papel imprescindível como propagador de leitura, ou seja, se transforma em um contador de histórias e incentivador, seja ela criada, inventada ou produzida coletivamente com a turma. Que mesmo sem espaços propícios de leitura, ou apoio da gestão escolar, o professor em sala de aula pode praticar a leitura oral, utilizando diferentes instrumentos pedagógicos como: a caixa surpresa, a mala da leitura, fantoches feitos de embalagens de leite, ou dedoches feitos de palito de picolé, ou ainda criar um mural de livros em pendurados em um barbante e junto à sua turma realizar apresentações teatrais.

Entretanto, seria hipocrisia negar que há dificuldades e limites como: falta da formação continuada, falta de espaços físicos apropriados ou bibliotecas, materiais didáticos, livros literários e principalmente apoio da gestão. A pesquisa proporcionou que a gestão escolar desconhece a prática da docente, apresentando resistência, o que não se tornou empecilho para a prática da mesma.

Entretanto, as possibilidades também existem, ações pedagógicas diversas aliadas a ludicidade, a interdisciplinaridade e entretenimento como são primordiais. No qual a leitura pode estar associada ás atividades propostas de maneira contextualizada à realidade dos educandos, criando ou adquirindo significativo.

Os objetivos felizmente foram alcançados, as ações pedagógicas de incentivo à prática da leitura em sala de aula foram identificadas e apresentadas em uma linguagem explícita e objetiva. Ressalta-se que a pretensão não é de criar mais um manual de instrução para os professores, de como atuar em sala, mas sim proporcionar a reflexão e a possível mudança da sua prática de acordo com a necessidade e a percepção de cada um. Pois a prática depende da percepção, da concepção e da realidade de cada Instituição, de cada professor, de cada sala de aula.

Enfim, compreende-se que numa visão sócia – interacionista, no qual o professor é compreendido como mediador, pesquisador e provocador, realmente o seu perfil, a sua concepção e a sua didática, fazem muita diferença para o incentivo da prática da leitura em sala de aula.

Uma vez que professor que ama leitura e os livros desperta nos seus educandos o interesse e a prática desta. Isto proporciona que os alunos aprendem as diversas vertentes de leitura, compreendendo o mundo que os cercam, se tornando criativos, sujeitos ativos, muitas vezes grandes leitores e excelentes contadores de histórias, sejam elas fictícias ou reais, atuando de fato como efetivos cidadãos conhecedores de palavras e produtores de cultura.

REFERÊNCIAS

CAGLIARE, Luiz Carlos.Alfabetizando sem o BÁ-BÉ-BI-BÓ-BU. São Paulo: Scipione,1998.p.39

CASTLE,Marietta. CRAMER, Eugene H. Incentivando o amor pela leitura.Ed.Penso:2001.

CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil: pra que te quero Porto Alegre: Artmed, 2001.

FREIRE, Paulo. A importância do hábito de ler.:São Paulo.Maio fr 1982

[1] Pedagoga, especialista em educação infantil, em Orientação e gestão escolar, especialização em Metodologia do Ensino fundamental pela UFG. Professora pela Secretaria de Educação Municipal de Luziânia.

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Julienne Marie Silva Santos

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