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Resumo da obra “Revolucionou e acabou?”, de Ary Meirelles Jacobucci, que analisa a experiência do Ginásio Vocacional de Americana

RC: 114814
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/revolucionou-e-acabou

CONTEÚDO

RESUMO

PASSOS, Rogério Duarte Fernandes dos [1]

PASSOS, Rogério Duarte Fernandes dos. Resumo da obra “Revolucionou e acabou?”, de Ary Meirelles Jacobucci, que analisa a experiência do Ginásio Vocacional de Americana. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 05, Vol. 05, pp. 133-137. Maio de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/revolucionou-e-acabou, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/revolucionou-e-acabou

RESUMO

O presente resumo objetiva trazer apontamentos acerca da obra “Revolucionou e acabou? Breve etnografia do Ginásio Estadual Vocacional de Americana (GEVA)”, de Ary Meirelles Jacobucci, retratando uma significativa experiência educacional brasileira da segunda metade do Século XX.

Palavras-chave: Ginásio Vocacional de Americana, História do Ensino no Estado de São Paulo, História da Educação brasileira no Século XX, Filosofia e epistemologia da educação.

SOBRE A OBRA

Uma obra de profundidade, uma pesquisa de fôlego. Fruto de sua dissertação de mestrado em educação defendida junto ao Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), “Revolucionou e acabou? Breve etnografia do Ginásio Estadual Vocacional de Americana (GEVA)”, traz o desafio de se conceber em unicidade sujeito e objeto de investigação, uma vez que seu autor foi aluno da turma inaugural da instituição em questão no ano de 1962.

Combinando metodologias qualitativa e quantitativa, e no alicerce epistemológico colhendo contribuições da filosofia da educação de nomes como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), John Dewey (1859-1952), Karl Jaspers (1883-1969) e Georges Gusdorf (1912-2000) e, entre nós, de educadores como Anísio Teixeira (1900-1971), Paulo Freire (1921-1997), Neidson Rodrigues (1942-2003) e Rubem Alves (1933-2014), o autor refaz a trajetória do GEVA – a par dos poucos recursos e fontes disponíveis – reconstruindo um modelo de educação representado nos antigos Ginásios Vocacionais do Estado de São Paulo – e em, particular, na experiência do município de Americana –, onde, para o estabelecimento da aprendizagem, se conjugavam habilidades manuais e trabalhos em grupo aos conhecimentos dogmáticos, vivificando o conhecimento por visitas in loco diante de muitos dos conteúdos estudados.

Para esse caminho, o autor edifica um texto que suscita a consciência filosófica como fruto do ato de aprender, em um ínterim apto à superação da opinião (doxa) em direção da episteme (ciência) (JACOBUCCI, 2002, p. 24-25), em uma proposta que na atualidade é tida como inovadora, mas que no GEVA já se refletia como realidade, alocando-o no Século XXI em plena década de 1960.

Partindo do quadro geral do Brasil da década de 1960 para o problema específico do Ginásio Estadual instalado no município de Americana, no Estado de São Paulo, o autor perpassa o ideal nacional-desenvolvimentista e o populismo que marcaram o governo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), palco da profusão de movimentos e realizações sociais que contribuíram para, em seguida, no governo de João Goulart (1919-1976), no bojo do movimento educacional Escola Nova que desenvolveu-se no Brasil a partir da década de 1930, produzir-se o fermento que permitiria a concretização de um ideal educativo que vinha de encontro com a nascente pujança industrial têxtil local.

A exitosa escola experimental foi precedida do engenho de educadoras como Maria Nilde Mascellani (1931-1999) e aprovação de lideranças políticas como o prefeito americanense Cid de Azevedo Marques e o governador paulista Carvalho Pinto (1910-1987), refletindo um modelo de educação integral que conduziu até mesmo os alunos na pesquisa de campo a entrevistar o imigrante norte-americano Werner Plaas, residente em Americana, vivificando a pedagogia renovada, de cunho humanístico e afeta à cultura geral, estimuladora da autonomia e da reflexão crítica, em detrimento da pedagogia tradicional conteudista.

Da mesma forma, os trabalhos em grupo – com turmas mistas entre meninas e meninos –, muitos realizados com a reorientação das carteiras escolares em círculos, onde todos podiam se ver, favorecia a perspectiva dialética e a ação direta para o alcance da resolução de problemas, alocando o educando não apenas para o mundo do trabalho, mas para a totalidade da vida, concretizando um patamar democrático na sala de aula e dirigido rumo à experiência edificante e norteadora da existência. O aprender em face do fazer se torna o mote e a substância de um alicerce que se estabelece sem descuidar dos conteúdos dogmáticos e teóricos, enaltecendo o professor como genuíno orientador e descobridor do mundo ao lado de seus estudantes.

Contudo, vem o golpe militar de 1964 no Brasil e essa experiência foi interrompida, por ser considerada subversiva. Professores perseguidos e alunos e alunas direcionados de volta para o ensino tradicional, onde também sofreram discriminações e são tratados no interior de um contexto de rivalidade. E, por conseguinte, a questão, em boa medida norteadora das investigações do autor (JACOBUCCI, 2022, p. 140): “o GEVA revolucionou a educação… E acabou?”

O autor enfrenta a questão, inclusive abordando o tema da expansão ou não desse modelo educativo e a perspectiva de representar ou não uma proposta elitista:

Em resposta à pressão sofrida, os educadores exerciam uma contra-pressão, que era a de lutar pela não descaracterização da experiência. Agindo assim, no entanto, acabaram por se isolar ainda mais pois, ao não aceitarem o ingresso indiscriminado de alunos em suas unidades acabaram reforçando a acusação da proposta destes ginásios ser elitista. Somados a estes conflitos tem-se, finalmente, a ação da ditadura militar que enquadrou a experiência dos Vocacionais, até então consideradas renovadoras, como revolucionária e, portanto, passíveis de extinção (JACOBUCCI, 2002, p. 85).

Muito embora o autor constate o silêncio posterior da pesquisa educacional em face dos Ginásios Vocacionais, muitas das propostas deles, inclusive acerca da tão requerida transversalidade do conhecimento, puderam se verificar no futuro no conteúdo dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que orientaram a grade educativa das instituições educativas a partir do final da década de 1990, demonstrando o seu caráter de vanguarda.

Jacobucci utiliza-se da pesquisa e da história oral para esse diagnóstico e, mesmo, para a construção de seu texto – adequando essas ferramentas com eficiência ao padrão acadêmico e sem descuidar das dimensões afetivas e democráticas tão marcantes naquele período –, em uma práxis na qual educadores e políticas públicas tentam concretizar no contemporâneo cenário de um país sedento de rumo e que, embora sem pleno êxito, esboça em documentos oficiais a (cons)ciência de conceber a educação como bússola que o orientará em favor do progresso moral, espiritual, técnico e científico.

Por derradeiro, acrescentamos que a obra “Revolucionou e acabou? Breve etnografia do Ginásio Estadual Vocacional de Americana (GEVA)”, sendo pesquisa de fôlego, desvela-se como contributo não apenas para aquilatar a compreensão do período de maior urbanização e industrialização do município de Americana, mas, igualmente, para resgatar a experiência pedagógica dos Ginásios Vocacionais na história da educação paulista no bojo de maior substanciação da pesquisa educacional, alocando corpo e dimensão ao acervo material e imaterial do programa de pós-graduação em educação do UNISAL.

REFERÊNCIA

JACOBUCCI, Ary Meirelles. Revolucionou e acabou? Breve etnografia do Ginásio Estadual Vocacional de Americana (GEVA). São Carlos: Compacta, 2002, 174 p.

[1] Mestre em Direito Internacional pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) e Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Enviado: Outubro, 2021.

Aprovado: Maio, 2022.

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Rogério Duarte Fernandes dos Passos

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