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Benefícios e Método de Ensino do Futsal no Ensino Fundamental: Revisão de Literatura

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CONTEÚDO

SILVA, Leston Junio dos Santos [1],  AMARO, Diogo Alves [2]

SILVA, Leston Junio dos Santos e; AMARO, Diogo Alves. Benefícios E Método De Ensino Do Futsal No Ensino Fundamental: Revisão De Literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo Do Conhecimento. Ano 01, Edição 11, Vol. 10, pp. 222-248. Novembro de 2016. ISSN: 2448-0959

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso pretendeu identificar os benefícios advindos com a prática do futsal no ensino fundamental, bem como as metodologias de ensino adotadas pelos professores de Educação Física. Buscou-se observar, o futsal enquanto o esporte mais popular do Brasil e destacar sua relevância para a cultura corporal de movimento da escola e sua consequente influência na aprendizagem sociocultural e motora dos alunos. O trabalho tem características predominantes qualitativas, utilizando artigos publicados em revistas e disponíveis na internet. Os procedimentos metodológicos basearam-se na revisão bibliográfica. Observa-se que o desenvolvimento motor tem grande importância na formação da criança e com a ajuda da modalidade esportiva futsal pode trabalhar bem esse desenvolvimento.

Palavras chave: Futsal, Benefícios, Educação Física, Aprendizagem, Metodologias.

INTRODUÇÃO

O objetivo central deste estudo consiste em investigar os benefícios e métodos de ensino do futsal na escola. Especificamente, tenta-se compreender os fundamentos teórico-metodológicos que sustentam a proposta de ensino dos esportes no ensino fundamental. Busca-se, sobretudo, identificar os elementos constitutivos da realidade vivida e concebida pelos alunos no âmbito escolar.

O que sustenta/legitima/justifica o ensino do esporte futsal na escola na ótica dos professores? Que objetivos e perspectivas pedagógicas assumem os professores para ensinar futsal? Como os estudantes compreendem e interpretam o conteúdo do que aprendem nas aulas de esportes? As análises das concepções são feitas a partir de um recorte teórico que enfatiza diferentes perspectivas apontadas pela literatura para o ensino do futsal na escola.

Interpretar diferentes produções teóricas e compreender as mediações pedagógicas feitas pelos professores permite entender os pressupostos que sustentam o ensino do futsal na escola.

Para Voser e Giusti (2002), o ensino do esporte futsal na escola é um elemento importante na medida em que se coloca como meio de promoção da saúde e de educação das crianças. Segundo eles, o esporte tem sido incorporado na escola como forma de proporcionar um bom aprendizado, favorecendo no desenvolvimento dos aspectos físicos, psicológicos e sociais.

A escola assume um papel importante no que diz respeito à aquisição do hábito da prática esportiva pelas crianças. As escolas que realmente investem em educação reconhecem na educação física escolar um meio rápido de interação da criança com o meio em que vive, oferecendo momentos de convívio social. Propostas sérias que visam democratizar, humanizar e diversificar a forma pedagógica do ensino da educação física e métodos que procuram valorizar e incorporar as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos está se tornando uma referência significativa no contexto educacional, principalmente na hora da escolha, por parte dos pais, da melhor escola para seus filhos (VOSER & GIUSTI, 2002, p. 15).

De acordo com Júnior (1998), a compreensão e aprendizagem do futsal, como elemento de formação nas primeiras etapas escolares, deve estar presente e entendida de forma clara e objetiva, direcionando o ensino da modalidade com variantes educativas, com elementos próprios de seus entendimentos. Bello Junior (2008), tematiza ainda, o ensino do futsal na escola, numa perspectiva ligada a aspectos biológicos, como o desenvolvimento motor e determinados problemas de saúde. Para Júnior (1998, p. 71):

O futsal deve ser conceituado como esporte acíclico coletivo, com fins diferenciados. Ele é acíclico devido às suas variáveis em toda sua movimentação. Os jogadores a todo o momento executam ações que visam quebrar uma marcação mais acirrada, tentando se sobressair individualmente. Como em todo esporte, a idade escolar passa a ser uma fase fundamental na vida das crianças, chamada de formação básica por alguns especialistas, por isso, devemos trabalhar o desenvolvimento motor, as correções de vícios posturais, etc.

Mutti (2003), em posição pedagógica semelhante, ou seja, tradicional, compreende que o Futsal é a modalidade que possibilita trabalhar um conjunto de aspectos: técnico-tático do jogo, raciocínio rápido, coordenação motora, questões sociais, cooperação, respeito e liderança. Segundo ele, no processo da aprendizagem sobre a modalidade do Futsal, as crianças vivenciam e passam por várias situações de aprendizagem diferenciadas.

Kunz (2006), por outro lado, entende que é necessário construir uma pedagogia para a Educação Física e o ensino dos esportes centrada numa concepção crítico-emancipatória. Esta deve promover o ensino dos esportes e dos jogos, marcada por um sentido ampliado, que incorpore as dimensões éticas, e estético-expressivas do movimento humano. Superar a dimensão meramente instrumental e técnica do ensino do esporte torna-se para ele o grande desafio na prática do ensino do esporte futsal. Kunz trafega no âmbito das teorias críticas para pensar uma proposta pedagógica de ensino dos esportes pensando-os em sua dimensão educacional.

Neste estudo são enfocados, num primeiro momento, os diferentes estudos – tradicionais e críticos – acerca do ensino do futsal na escola, e num segundo momento discutem-se as diferenças entre estes, para em seguida analisar as concepções e práticas dos professores acerca do esporte. O mesmo caracterizou-se como uma pesquisa do tipo exploratória. Na primeira etapa da investigação de campo, contatou-se com as Direções das Escolas, e solicitou-se a permissão para a realização do presente estudo. Na segunda etapa apresentou-se aos professores de Educação Física do 8°ano e 8ª série a proposta da pesquisa. No decorrer da realização das aulas foram feitas em uma terceira etapa foram feitos questionamentos com professores.

O trabalho de Educação Física no ensino fundamental é muito importante na medida em que possibilita aos alunos uma ampliação da visão sobre a cultura corporal de movimento, e, assim, viabiliza a autonomia para o desenvolvimento de uma prática pessoal e a capacidade para interferir na comunidade, seja na manutenção ou na construção de espaços de participação em atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções. Resinificar esses elementos da cultura e construí-los coletivamente é uma proposta de participação constante e responsável na sociedade.

1. METODOLOGIA

Metodologicamente, este trabalho adotou o método de pesquisa bibliográfica para a investigação do tema abordado, utilizando o tipo exploratório, realizando extenso levantamento bibliográfico a fim de servir como arcabouço teórico para aprofundar os conceitos utilizados e ratificar a posição aqui defendida.

Foi realizada busca sistemática de artigos científicos no banco de dados do LILACS, SCIELO e Google acadêmico. O levantamento bibliográfico foi realizado no período de janeiro a julho de 2016. Definiram-se como limites de buscas os artigos, publicados entre os anos 2000 a 2016. As palavras-chave utilizadas na busca foram: atividade física, futsal, benefícios, crianças, ensino fundamental, metodologia de ensino.

Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram à abordagem dos benefícios do futsal no ensino infantil. Foram excluídos estudos que abordavam o futsal em suas outras variáveis, mas não abordavam a prática do futsal no ensino infantil.

1.1 BENEFÍCIOS DO FUTSAL

A capacidade que o indivíduo tem de controlar seus movimentos só vem a ser adquirida ao longo do tempo. A contínua alteração que ocorre no comportamento vem da interação entre as exigências físicas e mecânicas, a biologia do indivíduo, que contempla a natureza, a hereditariedade e os fatores intrínsecos, e o ambiente físico e sociocultural, relacionado com as experiências, sendo assim um processo dinâmico onde o comportamento motor surge dos diversos conceitos que se relacionam com o comportamento (CAETANO, 2005).

O ambiente em que a criança se relaciona torna-se essencial para seu desenvolvimento motor completo, e a exploração desse ambiente é influenciada pelas possibilidades de movimentos, de adaptar-se de maneira satisfatória às diferentes condições trazidas pelo meio (SANTOS 2010).

A escola é um lugar de descobertas, onde as experiências sociais, culturais, individuais e educativas, são estimuladas a partir do momento em que a criança se encontra em ambientes diferentes dos que está acostumada quando está com sua família. Um espaço e um tempo em que o desenvolvimento da criança, o mundo em que vive e sua subjetividade sejam integrados aos contextos sociais que a envolvem, através das experiências que são oportunizadas e o estímulo de vivenciá-las nessa fase de formação da criança (BASEI, 2008).

O movimento pode ser entendido como uma atividade, no caso corporal, que se manifesta através do jogo, do esporte, da dança ou da ginástica. A Educação Física tem um meio e um fim para atingir seu objetivo educacional dentro do contexto escolar relacionado com o movimento. A escola geralmente assume o ensino do esporte como estratégia, e isso é fácil perceber em toda instituição escolar, mesmo que ela não tenha uma estrutura adequada para tal prática (BELLO JUNIOR, 2008).

As atividades físicas no âmbito escolar trazem melhorias em aspectos como o autoconhecimento, a percepção corporal, temporal e espacial que a criança passa a ter, a potencialização de alguns processos mentais, além do domínio das habilidades motoras e físicas, isso tudo sendo trabalhado nas aulas de educação física, sempre com a preocupação individual e coletiva dos alunos (CONEGLIAN e SILVA, 2013).

O esporte que vem sendo reproduzido nas escolas, tem se representado apenas em conteúdos e normas padrões, onde o jogo é realizado pelas suas regras e espaços apropriados. Levando isso em consideração, torna-se difícil a oportunidade de vivenciar outros movimentos, que poderiam ser desenvolvidos de forma criativas pelas crianças, de acordo com suas necessidades. Sendo assim, vem sendo essencial que o esporte seja considerado como uma importante fonte de conhecimento que o aluno deve possuir, além da importância de que ele esteja contextualizado enquanto prática social nas aulas de Educação Física. Desta forma, o ensino do esporte no âmbito escolar deve deixar de se basear apenas em técnicas e regras do jogo (TERRA, 1996).

O Futsal tem se tornado uma ótima ferramenta que os professores têm nas aulas de Educação Física, levando em conta que ele possibilita a exploração de diversas habilidades de acordo com os objetivos de ensino. Na maioria das vezes o esporte é iniciado na escola em uma fase da vida em que a criança e ao adolescente estão enfrentando mudanças tanto biológicas, quanto sociais e psicológicas. Sendo assim, faz-se extremamente importante e cabe ao professor de Educação Física ficar atento com o modo pelo qual o esporte é ensinado às crianças (JOSÉ JUNIOR et al, 2010).

A prática de esportes, considerada como conteúdo nas aulas de educação física escolar, faz-se imprescindível a oportunidade de experiência dos esportes por parte dos alunos, para que haja o desenvolvimento integral da criança e do adolescente. O futsal é um esporte que traz certa facilidade para ser executado visto que precisa apenas de uma bola, de um espaço e de jogadores para que haja um jogo. Entre os esportes praticados o futsal é muito popular e ganhou a preferência de muitos (CONEGLIAN e SILVA, 2013).

Nos contextos cognitivos, afetivos e sociais, a Educação Física traz um impacto bastante positivo no conhecimento como um todo, ou seja, de forma integral na vida do ser humano. Além disso, se torna imprescindível concordar que a criança plenamente desenvolvida e estimulada pelo movimento, apresenta melhorias na construção de uma vida saudável, criando uma harmonia de desenvolvimento entre corpo, mente e espírito (OLIVEIRA, 2002).

Em suas aulas, o professor de educação física não deve tratar o ensinamento do futsal apenas com o intuito de ensinar a técnica, mas deve se mostrar capacitado em trabalhar todos os diversos aspectos que serão de extrema importância para o desenvolvimento global da criança e do adolescente, podendo desenvolver habilidades cognitivas, motoras, sociais e psicológicas (CONEGLIAN e SILVA, 2013).

As ações dos indivíduos, quando considerados no coletivo, trazem a necessidade de táticas estratégias dinâmicas da equipe, que precisam se ajustar para vencer as estratégias que a equipe adversária irá formar. Entretanto, as particularidades do jogo também impõem vários desafios à pedagogia do treinamento de crianças e jovens. Todas essas dimensões explicam o encantamento que o futebol exerce e o porquê de sua grande popularidade entre todos. Os aspectos trabalhados no futebol enfatizam as capacidades físicas e as capacidades de técnica individual, bem como coordenações táticas pré-estabelecidas. Porém, ainda não é dedicada a atenção necessária ao desenvolvimento dos processos de percepção e tomada de decisão, particularmente, no contexto tático (FIGUEIRA E GRECO, 2008).

A educação física, que traz um amplo espaço para a discussão de conflitos entre valores existentes no âmbito escolar, comprova sua função obrigatória de participante no desenvolvimento da criança como um todo. Fica clara a importância do profissional de educação física no processo de formação que deverá, conscientemente, assumir e colocar em prática o papel de mediador e orientador no desenvolvimento integral da criança, servindo como base e referência (GUIMARÃES, 2001).

O futebol de salão, ou futsal, é um esporte que traz bastante dinamismo, com várias situações, que trazem contribuições de extrema importância para o desenvolvimento das crianças, pois não necessita apenas de força e velocidade, mas também coordenação e, principalmente, inteligência tática, que se revela na relação entre a percepção e a tomada de decisão necessária para solucionar os problemas apresentados no jogo. Esses elementos surgem durante os jogos em jogadas individuais, em jogadas de pequenos grupos de jogadores e em jogadas táticas do time como um todo (FIGUEIRA E GRECO, 2008).

O desenvolvimento motor é um processo de alterações no nível de funcionamento de um indivíduo, onde uma maior capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. Esta contínua alteração no comportamento ocorre pela interação entre as exigências da tarefa (físicas e mecânicas), a biologia do indivíduo (hereditariedade, natureza e fatores intrínsecos, restrições estruturais e funcionais do indivíduo) e o ambiente (físico e sociocultural, fatores de aprendizagem ou de experiência), caracterizando-se como um processo dinâmico no qual o comportamento motor surge das diversas restrições que rodeiam o comportamento (CAETANO, 2005).

É extremamente importante que o professor de educação física entenda bem o que é a criança, como ela se move como aprende e como manifesta suas emoções e sentimentos. É em função dessas características que o professor vai estabelecer os objetivos do conteúdo e o método de ensino a ser colocado para as crianças. O professor sempre deverá trabalhar de acordo com o estágio de desenvolvimento motor, procurando sempre a melhor qualidade de controle do movimento da criança (OLIVEIRA, 2002).

O desenvolvimento motor é considerado como um processo sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas (WILLRICH, 2009). O desenvolvimento motor é um processo de alterações no nível de funcionamento de um indivíduo, onde uma maior capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. Esta contínua alteração no comportamento ocorre pela interação entre as exigências da tarefa (físicas e mecânicas), a biologia do indivíduo (hereditariedade, natureza e fatores intrínsecos, restrições estruturais e funcionais do indivíduo) e o ambiente (físico e sociocultural, fatores de aprendizagem ou de experiência), caracterizando-se como um processo dinâmico no qual o comportamento motor surge das diversas restrições que rodeiam o comportamento (CAETANO, 2005).

Compreender o desenvolvimento de habilidades motoras é um conteúdo do comportamento motor, entender as primeiras tentativas de se locomover em várias formas e em variadas direções, de dar os primeiros passos e, posteriormente, a ação de saltar e correr no meio que o cerca, é, portanto, uma atividade motivante e desafiadora para pesquisadores do movimento humano (OLIVEIRA, 2002).

Embora o treinamento desportivo do futsal seja direcionado às características da modalidade, na iniciação esportiva o enfoque é mais aberto e possibilita que segmentos como a motricidade fina, a motricidade global e o esquema corporal sejam beneficiados. Também são aprimorados outros componentes motores de presença mais generalizada nas atividades esportivas, como o equilíbrio, a organização espacial e a organização temporal, auxiliando na transferência de aprendizagem para destrezas motoras mais específicas (ROCHA, 2010).

É muito importante considerar o desenvolvimento motor infantil, pois atrasos motores acarretam prejuízos que podem se estender até a fase adulta. Sendo assim, os fatores de risco para atraso no desenvolvimento motor devem ser eliminados sempre que possível (WILLRICH, 2009).

O desenvolvimento motor, como uma área de estudo e uma subárea do comportamento motor, teve sua origem no século XVIII, baseado em duas disciplinas, a biologia e a psicologia do desenvolvimento, mas é, a partir de 1928, que ela se desenvolveu mais rapidamente e se tornou independente devido ao interesse de vários pesquisadores em explorar esta área. É necessário saber e entender esse enfoque do desenvolvimento dos padrões motores fundamentais para se fazer esta análise (OLIVEIRA, 2002).

1.1 FUTSAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

Ao entrar para a prática do futsal, as crianças passam a fazer parte de outra forma de socialização, nesse caso o professor poderá trabalhar através de três dimensões: procedimental, atitudinal e conceitual, segundo Cavalcante (2013).

Na procedimental os objetivos são que as crianças na prática possam ter movimentos variados, ritmos, situações de jogos e fundamentos básicos; já a conceitual, que deve complementar a anterior, visa apresentar a história do esporte, os modos de execução nas suas formas corretas, desenvolvendo uma criticidade por parte dos alunos, a partir do momento que se tem o conhecimento. Já a dimensão atitudinal desenvolve nos alunos suas atitudes, seus valores éticos e morais, demonstrando respeito com os colegas, adversários, professores e pais, desenvolvendo, contudo, um trabalho de cooperação entre os demais (DARIDO e RANGEL, 2005).

Os fundamentos técnicos, como chutes, passes, dribles, condução de bola e marcação, segundo Voser (1996), podem ser passados para as crianças, seja qual faixa etária estiver, porém deve ser através de atividades recreativas adequadas de acordo com o nível em que o grupo se encontra. Essas formas de ensinamentos proporcionarão à criança perder a inibição com os demais, assim como a socialização e o aumento do aprendizado.

As técnicas de ensino nos anos de aprendizagem devem ser levadas para o lado lúdico, com brincadeiras que incentivem as crianças a gostarem do esporte, segundo Santana (2014). Na prática do futsal, o principal atrativo para as crianças é o jogar, mesmo que não estão desenvolvidas suas habilidades suficientes para o jogo de futsal em si. Porém, se não tiver o jogo nas aulas de futsal, a criança sairá frustrada e assim nem comparecer mais nos treinos destaca, (MUTTI, 2003).

Desta forma Freire (2006, p. 36) salienta que “a criança quando chega às escolinhas de esportes deve continuar brincando de esporte, sendo que as sistematizações para a aquisição de técnicas devem ocorrer lentamente, sutilmente”.

Para a compreensão da importância das atividades físicas e principalmente do futsal para a criança do ensino fundamental, é preciso nos reportar aos estudiosos que comprovaram que o desenvolvimento da criança está diretamente ligado às áreas de psicomotricidade, áreas cognitivas e áreas afetivas, conforme se percebe nos estudos de Balbé et al (2009):

O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo desenvolvimentista total que está intrinsecamente inter-relacionado às áreas cognitivas e afetivas do comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. A importância do desenvolvimento motor ideal não deve ser minimizada ou considerada como secundária em relação a outras áreas do desenvolvimento. Portanto, o processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comportamento motor, do bebê ao adulto, é um envolvido no processo permanente de aprender a mover-se eficientemente, em reação ao que enfrentamos diariamente em um mundo em constante modificação (GALLAHUE; OZMUN, 2002 apud BALBÈ  et al, 2009).

Na investigação sobre a importância do desenvolvimento da criança em todas as áreas é porque, em grande parte ela favorece para que a criança adquira autonomia, não só física, mas também de corpo e de mente. Antunes (2006) refere a forma como a obtenção da autonomia é um dos objetivos primordiais da Educação Infantil, em um processo contínuo, se incentiva a criança a interagir com o ambiente de aprendizagem e com o outro, os esportes são excelentes ambiente de aprendizagem em espaços escolares e não-escolares.

Nesse aspecto é importante que o professor incentive e valorize a bagagem que a criança traz de casa, das interações na rua e nos ambientes de lazer, e as práticas esportivas fazem parte do contexto da maioria dos nossos alunos.

Para Sayão (1999), o mundo à sua volta interfere na aprendizagem e no desenvolvimento infantil:

A criança, enquanto sujeito histórico, representa singularmente, as diversas manifestações culturais que apreende em suas atividades cotidianas na família, na escola, nas relações que trava com os adultos, com as outras crianças, com o mundo. Quando se expressa, o faz com todo seu corpo, por intermédio dos gestos, da oralidade. Ela não é um ser corporal agora e cognitivo depois. Na brincadeira, a criança é um ser único que demonstra, por intermédio de seus movimentos, uma totalidade. Fragmentá-la e fragmentar as formas que podem levá-la à construção de novos conhecimentos, é um desrespeito. (SAYÃO, 1999, p 12).

O esporte é sem sombra de dúvidas um fenômeno econômico e social de primeira importância, no mundo moderno. Por isso exerce uma influência para que aumente a participação do ingresso de crianças no esporte, seja para a ocupação do tempo livre, como busca de uma vida saudável ou até mesmo como profissão. É de extrema importância que saibamos o que motiva estas pessoas a ingressarem, se manterem ou até mesmo a abandonarem o esporte.

A motivação para a prática esportiva constitui um caminho fecundo de investigação psicológica básica, e sua aplicação de conhecimento vem sendo utilizada por profissionais das atividades físicas e desportivas. Entende-se que é necessário, para haver um bom desenvolvimento da aceitação e melhor aprendizagem das atividades físicas, um programa relacionado com os interesses dos indivíduos que participam dessas atividades. Embora o esporte seja altamente salutar e empolgante em todos seus aspectos, algumas pessoas perdem a motivação e o interesse.

Santos (2014, p.11) afirma que “o futsal praticado na escola, para cumprir seu papel pedagógico, deve atender as realidades do aluno, tomando-se os devidos cuidados para que sua prática possa contribuir para o desenvolvimento social do aluno”. O autor relata que o futsal dentro da escola tem que ser bem planejado contribuindo para um caráter socializador no qual o aluno desenvolva aptidões diversas.

Assim sendo, o mesmo autor acima contribui dizendo que a pratica pedagógica do futsal é de grande importância para o desenvolvimento dos alunos na modalidade, mas que, ao mesmo tempo, é necessário compreender diversas possiblidades de aprendizagem para conseguir atender as dificuldades encontradas nas aulas.

Mata (2011, p.16) pensa que o futsal,

Assim como outros conteúdos, deve ser tratado nas aulas de Educação Física escolar como um conhecimento. Diferindo da forma como tem sido tratado – como uma prática esportiva. Entendemos que, respeitadas as suas fases do sujeito, é possível proporcionar uma maneira metodológica instigante, em que, aluno e professor sejam sujeitos do processo, numa relação horizontal, e desta forma, ambos aprendam e apreendam mais e melhor.

O autor entende que o futsal seja trabalhado numa perspectiva diferente do modelo tradicional, no qual as aulas de educação física mantenham uma relação construtiva em professor e aluno, respeitando o sujeito num nível educacional e num contexto que ele encontra, desenvolvam uma parceria de cooperação.

Para Santos (2014), uma das funções básicas do professor de educação física, então, é considerar alguns itens para fazer seus planos de aulas, isto fundamentada numa sequência lógica de ensino. São estes os itens: o contexto social; a experiência de vida e o nível de maturidade dos alunos.

De acordo com Zago e Galante (2008) os parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) é um dos documentos que regulamenta e dá suporte para as disciplinas. Em relação à Educação Física no Ensino Médio Este documento cita que os objetivos têm que ser traçados numa forma lúdica e educativa, utilizando metodologias que permitirão os alunos aprenderem diferentes conteúdo.

A partir deste pensamento, o mesmo autor continua dizendo que um grande ponto negativo na Educação Física do Ensino Médio de fácil destaque é o distanciamento entre teoria e prática, o que, dificulta que professores entendam as definições propostas pelos PCN’s para se trabalhar dentro das aulas práticas.

Faz-se necessário, urgentemente, que os professores se intente a trabalhar conteúdo com caráter lúdico no Ensino Médio; isso poderá ser favorável para uma maior adesão e participação dos alunos nas práticas do futsal em que o lúdico possibilite novas experiências, buscando criar e desenvolver capacidades as quais superem a expectativa dos alunos (GUIMARÃES, 1980).

Deparando-se, porém, com a atualidade dentro das escolas, resultados de pesquisas mostram que sempre surgem novas propostas de trabalhos, mas até então, as práticas do futsal ainda são norteadas por um aspecto repetitivo, em um processo descontextualizado e alienado. Colocam-se, também, vários motivos que acarretam estas questões de desinteresse dos alunos, são eles: falta de espaços e estruturas, poucos materiais, método e formação inadequados, professores desmotivados entre outros (MOYA, 2008).

Conforme Moya (2008), as Diretrizes Curriculares, em uma de suas funções, propõem que os profissionais da área de Educação Física façam uma educação física transformadora executando uma pedagogia que possa transformar as relações sociais por meio de suas práticas, em que os alunos possam, por meio delas, aprenderem a respeitar as dificuldades e diferenças encontradas em suas aulas.

Serpa e Niece (2015) acreditam numa pedagogia que possa haver uma coparticipação nos processos decisórios das aulas, até porque o plano de aula não pode ser algo definido, tem que haver uma metodologia na qual o foco principal seja atender às necessidades dos alunos.

O mesmo autor ainda relata que será uma falta de responsabilidade pedagógica do professor caso ele busque valorizar atividades práticas voltadas somente para práticas rotineiras, é necessário que o professor utilize atividades diferenciadas e busque materiais alternativos para que haja, além da prática, atividades que valorizem a participação de todos.

Haas (2013) coloca o planejamento como uma nova perspectiva, pois o ensino do futsal tem que incluir um planejamento participativo e manter um diálogo que possa possibilitar ensinamentos para a vida cultural e social, permitindo, desta maneira, desenvolver conceitos e valores caracterizando o método como uma ferramenta que atua na formação como suporte crítico para desenvolver a autonomia dos alunos.

Por fim, Serpa e Niece (2015) concluem, que dentro de uma perspectiva pedagógica critico-emancipatório, os professores têm que fazer reflexões diretamente e juntamente com os alunos, utilizando uma análise diagnóstica caso sejam necessárias mudanças para as próximas aulas, para, assim, ocorrer uma coparticipação dos mesmos no ensino e aprendizagem.

1.3 METODOLOGIA INTRODUZIDA NO ENSINO DE FUTSAL

Acredita-se que o futsal deve ser ensinado na escola, já que faz parte de um conhecimento tratado pela Educação Física denominado de cultura corporal. Isto é, através desse esporte, o ser humano também estabeleceu uma relação de troca e interagiu com a sociedade.

Aceitar a cultura corporal como conhecimento da área da Educação Física, traz novas contribuições teórico-metodológicas sobre a organização do conhecimento.

O ser humano deve ser encarado como sujeito histórico do processo de humanização, assim, essa ideia deve ser transportada para o âmbito escolar. Devido à perspectiva critico-superada a colocada pelo Coletivo de Autores (1992), defender a ideia de historicidade da corporeidade humana, ela foi utilizada como base para fundamentar esse trabalho.

Essa perspectiva vai ao encontro ao que, segundo Bracht (1997), é o modelo de ensino esportivo no contexto escolar, onde encontramos como base da aprendizagem as características do esporte de rendimento, fazendo com que seja incorporado para dentro da escola valores como: rendimento, competição, recorde, racionalização e cientificarão.

A escola deve adotar novas posturas metodológicas, desenvolvendo uma reflexão no aluno sobre o conhecimento que está sendo ensinado, para que ele desenvolva um entendimento da área na sua totalidade, possibilitando-lhe realizar a leitura da realidade.

Assim, fica claro que é preciso adotar uma nova postura em frente ao ensino dos esportes, que esse precisa passar por uma reelaboração, na qual possa adotar diferente significado do atual modelo.

Segundo Daolio (2002), o esporte, nesse caso o futsal, precisa ser encarado, como um elemento da cultura corporal que transcende a dimensão técnica instrumental. Ele dever ser visto como um fenômeno histórico-cultural também, sendo assim, é por isso que ele deve ser analisado antropologicamente e não apenas bio-mecanicamente.

Esta pesquisa elabora estratégias teóricas sobre o ensino do futsal, partindo da ideia que essa modalidade é uma forma de expressão corporal, que é utilizada como linguagem.

O desenvolvimento desse método conta com uma experiência na qual a modalidade foi estudada e aplicada fora do contexto escolar. Acredita-se que essa experiência possa ser transportada para o âmbito escolar porque não se depara com uma restrição a sexo ou a idade cronológica, e também porque apresenta a mesma fundamentação teórica.

Acredita-se que é possível fugir do molde de esporte de rendimento, colocado acima, adotando novas posturas. O importante é ressaltar que o esporte não deve ser ignorado e assim, não ensinado na escola, porque é um direito dos alunos adquirirem conhecimentos sobre ele.

Segundo Kawashima e Branco (2008, p. 02) a Educação Física é:

Uma disciplina pedagógica permeada de pensadores e professores preocupados com a melhoria do seu tratamento pedagógico no contexto escolar. Os procedimentos pedagógicos são os mais diversificados e todos complementares, pois a escola atende a sociedade, e atender a sociedade é lidar com contextos socioculturais expressivos, além das características físicas e desenvolvimentistas que cada aluno apresenta. A ideia básica é que o professor, ao ensinar futsal na escola, deve ter conhecimentos sobre os procedimentos de ensino e escolher os mais adequados para a realidade de sua escola e de cada turma que trabalha.

Existem inúmeras formas de apresentar os procedimentos pedagógicos como bem defende o autor acima, para tanto ter professores conhecedores destas formas é o primeiro passo para exercer a pedagogia com qualidade, e nesse contexto o conhecimento do ensino do futsal deve estar inserido.

Balbino (2002, p.60) descreve que:

Como principal facilitador do ensino do futsal, destacamos a importância do jogo no processo de formação do aluno. O jogo é o procedimento pedagógico mais utilizado na escola porque necessita de poucos materiais, o que já se sabe é escasso nas escolas. Através do jogo, a sociedade se desenvolve, o aluno é motivado a aprender, as habilidades são aperfeiçoadas, desenvolve a criatividade, a cognição e aprendem a resolver problemas e a tomar decisões. Além de estimular a inclusão e o desenvolvimento das inteligências múltiplas, entre outros.

O professor de educação física tendo conhecimento do uso de jogos como método pedagógico deve incluir o futsal, sendo este um jogo que promove o desenvolvimento tanto motor como psicológico de seus praticantes. O jogo é um meio de socialização e adaptação para aprender lidar com as diferenças do meio, seja escolar ou não.

Os alunos nos primeiros anos estão abertos ao conhecimento e cabe ao professor usar essa oportunidade para promover a pratica do futsal como instrumento capaz de levar a socializar harmônica e consciente de seus deveres e obrigações no espaço escolar e como cidadão.

Santana (2014, p.89) destaca que:

Nos primeiros anos (1ª a 4ª série) é importante trabalhar a ludicidade. Principalmente nos primeiros anos de aprendizado, deve-se veicular o componente lúdico. Os jogos da cultura infantil têm essa característica. Praticando jogos já conhecidos, fica mais fácil para o professor ensinar o que a criança ainda não sabe e deve aprender. O lúdico é a ponte. Essa atitude de aprender com prazer, brincando, sinalizam para outra: gostando de como aprendem esporte, as crianças poderão incorporá-lo definitivamente em suas vidas.

Quando se ensina usando o lúdico nas aulas de Educação Física, seja na prática do futsal ou não, o aluno demonstra maior participar por ser um método envolvente e torna o ensinamento mais atraente.

Kawashima e; Branco (2008, p.03) complementa ao afirmarem que:

Ainda nos quatro primeiros anos do ensino fundamental, destacamos a importância de não trabalhar conteúdo específicos de cada esporte coletivo, no caso o futsal, e sim com elementos comuns a todos eles, para que não ocorra a especialização precoce e, ainda, o privilégio da técnica.

O conteúdo das aulas de futsal deve ser abordado de forma que o aluno possa assimilar com satisfação. É importante usar uma didática que não torne o ensinamento desestimulado pela didática que é utilizada.

De acordo com Garganta (2012), com a utilização de jogos também relevaremos a lógica do jogo, assim a técnica será aprendida em decorrência dos jogos.

Essa também é opinião de Paes (2002, p.89), que complementa trazendo que os esportes coletivos possuem princípios operacionais comuns: sistemas ofensivos e defensivos. Este princípio pressupõe-se que devam ser ensinados a partir da 4ª série e os sistemas específicos do futsal, a partir da 5ª série, com utilização de sistemas simples.

Segundo Santana (2014, p.89) existem quatro tipos de atividades motoras para ensinar o futsal:

As tarefas que são vivências do gesto motor sem a preocupação com o aprimoramento técnico; as brincadeiras que são jogos presentes na cultura popular e infantil; os jogos reduzidos, com espaço e número de jogadores reduzidos, preservando-se ou não a unidade do jogo; e os jogos adaptados, quando se joga a quadra toda, podendo-se alterar ou não o número de jogadores, com regras adaptadas e preservando ou não a unidade do jogo (cooperação, oposição, finalização e diversidade).

É importante que o professor seja incentivado a construírem as atividades ou jogos para a aprendizagem do futsal na escola. As escolas busquem o conhecimento teórico e prática quanto à prática do futsal, assim contribuirá para a formação do aluno além do espaço escolar.

É preciso desenvolver valores que privilegiem o coletivismo, ações pedagógicas que permitam a participação de todos os alunos com as mesmas oportunidades.

O programa de esporte na Educação Física Escolar deve estimular, além da prática, o entendimento da atividade física, não com o fim nela mesma, mas como um fenômeno pelo qual o homem interage com a sociedade e atribui significados à essas ações esportivas.

Para Freire (2006) o professor deve sempre estar pesquisando o que irá ensinar a seus alunos, pois sem pesquisa não há ensino e tão pouco ensino sem pesquisa.

Segundo Santana (2014) os professores de Educação Física não precisam criar equipes nas escolas e sim inserir o futsal na vida dos alunos como algo novo na pratica da Educação Física escolar.

As aulas de futsal nas escolas devem oferecer a integração e cooperação entre os alunos e o professor, para isso ocorrer às aulas devem oferecer o componente lúdico, demonstrando que todos podem praticar o futsal e que o pensamento que só os melhores têm condição de praticar o futsal (SANTANA, 2014).

Segundo Damasceno (2007) o método de ensino a ser utilizado pelo professor nas aulas de futsal deve ser aquele que proporcione o interesse dos alunos na pratica das aulas de futsal, não interessando se é global, analítico ou misto.

Os fundamentos que serão utilizados nas aulas de futsal devem fazem com que os alunos peguem gosto pela pratica do futsal, assim o aluno executará com facilidade o que está sendo ministrado mesmo que ele nunca tenha praticado o futsal (SANTANA, 2014).

Segundo Paulo (2007) os fundamentos do futsal são os movimentos específicos para aqueles que praticam. A maioria destes movimentos é realizada de posse da bola, como o domínio, o controle, a condução, o chute, o cabeceio, o passe, o drible e a proteção. Existem também os movimentos realizados sem a posse da bola, como a finta, a marcação e a antecipação, aquele que finta, marca e antecipa não está de posse da bola, mas sempre tem o objetivo de estar de posse da bola ou de pelo menos tocar nela.

Existem também os movimentos utilizados pelos goleiros como empunhaduras, defesas baixas, defesas altas, arremessos, lançamentos saídas de gol, domínio, passe, recepção, chute (DAMASCENO, 2007).

Segundo Garganta (2012) os professores de Educação Física deverão ministrar suas aulas de futsal partindo sempre do fácil para o difícil.

Indica-se trabalhar com os alunos as invariantes comuns aos esportes coletivos, pois assim o aluno aprende quais são os elementos encontrados na maioria dos esportes coletivos (um objeto a ser conduzido ou lançado, um espaço no qual se realiza o jogo, os colegas que ajudam na progressão, os adversários a serem vencidos e marcados, um alvo a atacar e a defender), e não se especialização diretamente em só uma modalidade.

É importante colocar os alunos em contado com diversos tipos de bolas, alvos e terrenos, a fim de que eles percebam as particularidades entre eles e aprendam a se adaptar a essas diferentes situações. A intenção é fazer com que o aluno com as distintas partes do corpo consiga manusear diversas bolas, em diferentes terrenos e finalizar em vários alvos.

No começo, o individualismo nas ações tende a prevalecer, assim é necessário colocar, sem pressa, a importância dos colegas da equipe. Cabe ao professor, estimular nos alunos, o pensamento de que com a ajuda dos colegas fica mais fácil de vencer uma determinada oposição. Assim, o individualismo exacerbado vai dando lugar para o pensamento coletivo.

Também merece grande cautela, o momento de colocar a ideia de adversários a serem marcados. Isso porque, com a intensificação da violência, o duelo entre as duas equipes acaba ultrapassando os limites. Desde o início é importante fazer com que os alunos reconheçam e valorizem os colegas adversários, pois, de acordo com Garganta (2012) o futebol, é um jogo de oposição, sem a presença deles não há jogo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O esporte deve ser pensado nas aulas de Educação Física como um elemento da nossa cultura que deve se fazer presente nesse meio, com objetivos educacionais estabelecidos, afim de que não seja apenas para “lazer” dos alunos, para descontrair, mas que o esporte seja explorado com todas as suas inúmeras possibilidades, proporcionando um conhecimento mais elaborado, superando a visão de senso comum que é fortemente demonstrada nas aulas de Educação Física.

Atualmente, os alunos devem ser capazes de criar, construir, refletir sobre as suas ações de forma consciente e crítica, e para isso, o professor deve ter estratégias que façam com que os alunos sintam a necessidade de buscar as respostas para os problemas levantados, e assim ambos devem sempre discutir, analisar e participar de cada conteúdo para que possam construir o conhecimento

A proposta atual da metodologia da Educação Física para os alunos do ensino infantil na escola é fazer com que o professor consiga criar situações de ensino, contribuindo para que o estudante reflita sobre o que está fazendo, que saiba o porquê e como realizou tal movimento ou atividade, não simplesmente fazer por fazê-lo, mas entender de fato o que acontece no processo como um todo. O estudante é visto na sua totalidade, sendo entendido como um ser complexo que sabe ter argumentos para escolher caminhos, tomar suas próprias atitudes e ser reconhecido socialmente.

O futsal é uma ferramenta valiosa para os professores de Educação Física atuantes na escola, podendo ser utilizado de maneiras distintas de acordo com os objetivos educacionais mais amplos.

Face ao que foi exposto e tendo como base o referencial teórico, percebe-se que um importante benefício da prática de futsal é o desenvolvimento motor, e este é extremamente importante para o crescimento e desenvolvimento global da criança, uma vez que uma criança ao possuir boas habilidades motoras, terá maior sucesso na prática esportiva e, consequentemente, terá maior capacidade para realizar tarefas cotidianas na vida adulta.

E uma dessas experiências motoras é a iniciação esportiva, que se aplicada com uma metodologia correta, evitando a especialização precoce da criança e proporcionando atividades lúdicas e criativas que possibilitem a exploração e descoberta de movimentos, pode auxiliar na aprendizagem das habilidades motoras fundamentais, que serão essenciais para a prática esportiva e para a vida cotidiana.

Nesse contexto, a prática do futsal pode ser muito benéfica ao desenvolvimento motor da criança como uma forma de experiência motora. Entretanto, a iniciação ao futebol deve ser realizada de forma adequada, respeitando o grau de desenvolvimento de cada aluno, satisfazendo seus interesses e necessidades e acima de tudo, proporcionando à criança um repertório de habilidades motoras bastante diversificado.

O esporte é um dos saberes a ser ensinado nas aulas de Educação Física e que poderá contribuir para a formação de sujeitos críticos/reflexivos.

Por fim, compreende-se que as atividades com jogos revelam a importância deste instrumento como um recurso pedagógico de ensino e de aprendizagem, evidenciando-se que o jogo desperta interesse, motivação e envolvimento do participante com a atividade, interações positivas nas relações interpessoais e propicia inúmeros benefícios para a saúde e desenvolvimento psicomotor da criança.

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[1] Aluno do Curso de Educação Física da Faculdade Patos de Minas (FPM) formando no ano de 2016.

[2] Docente do Curso de Educação Física na Faculdade Patos De Minas. FPM.

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Leston Junio dos Santos e Silva

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