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O trabalho de conclusão de curso na visão do aluno: Desafios e ganhos

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

MATOS, Janara de Camargo [1], FREITAS, Thiago de [2]

MATOS, Janara de Camargo. FREITAS, Thiago de. O trabalho de conclusão de curso na visão do aluno: Desafios e ganhos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 07, pp. 174-183. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/desafios-e-ganhos

RESUMO

Por ser um método que envolve várias etapas e que culmina numa apresentação oral final, o trabalho de conclusão de curso desperta nos alunos certos receios, anseios e dificuldades. Por outro lado, há o reconhecimento de que este trabalho aperfeiçoa o desenvolvimento pessoal e profissional. O objetivo desta pesquisa foi levantar as principais dificuldades, desafios e benefícios que o trabalho de conclusão de curso trouxe aos alunos egressos de um curso técnico de nível médio da área de saúde. Como notáveis dificuldades foram citadas o uso das normas técnicas para trabalhos acadêmicos e nervosismo ou timidez que atrapalham a apresentação oral. Já como ganhos ou benefícios foram apontados a melhora na capacidade de raciocínio, leitura e escrita, nas habilidades em selecionar informações fidedignas na Internet e o aprimoramento na expressão oral. Sendo assim, este tipo de método avaliativo mostra-se como importante e eficaz artefato para o desenvolvimento das competências necessárias ao mundo acadêmico e profissional.

Palavras-chave: trabalho de conclusão de curso, ensino técnico, tcc, trabalho acadêmico, método avaliativo.

1. INTRODUÇÃO

O trabalho de conclusão de curso (TCC) é uma ferramenta usual nas instituições de ensino de nível superior e, atualmente implantado em algumas instituições de nível médio.

Esta ferramenta, como explícito em seu nome, é um trabalho desenvolvido pelos alunos sob orientação de um ou mais docentes, no qual a partir de uma problemática, delimita-se um tema de estudo que deve ser aprofundado ao longo dos semestres e apresentado ao final do curso.

Ramos (2013) afirma que o desenvolvimento do TCC nas escolas técnicas de nível médio se apresenta como uma possibilidade real de conclusão do curso para todos os alunos matriculados e concluintes, se fosse assumido como a sistematização do conhecimento sobre um objeto de estudo relacionado à área de formação profissional.

O objetivo do presente trabalho foi levantar as principais dificuldades, desafios e benefícios que o trabalho de conclusão de curso (TCC) traz aos alunos que já tiveram tal experiência e, levantar meios de minimização dessas dificuldades.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O trabalho de conclusão de curso consiste em uma atividade escolar de sistematização do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente à futura área de formação profissional. Tal atividade, que representa o resultado de um estudo, revela conhecimento a respeito do tema escolhido, associados ao desenvolvimento dos diferentes Componentes Curriculares da Habilitação Profissional (RAMOS, 2013).

Os componentes curriculares desenvolvidos no ensino técnico são o Planejamento de Trabalho de Conclusão de Curso (PTCC) e Desenvolvimento de Trabalho de Conclusão de Curso (DTCC), ambos são ferramentas que ensinarão o educando a confeccionar o seu trabalho. O PTCC, no segundo semestre, aborda a escolha do tema, relacionado ao cenário da área profissional, a elaboração dos problemas de pesquisa, das hipóteses, os objetivos da pesquisa e as justificativas para a realização da mesma. O DTCC leva a elaboração de um referencial teórico, metodologia, resultados, discussões e conclusão. A busca de informações científicas constituirá a base teórica necessária para o desenvolvimento do trabalho. Junta-se a este material, as normas técnicas e conceitos relativos à temática, de maneira a construir um lastro teórico consistente, que permita a agregação de novos saberes (CENTRO PAULA SOUZA, 2015).

O discente tem que estar capacitado para a pesquisa, integrando sua ação de prática profissional às descobertas da ciência. A elaboração de uma pesquisa deve ser tratada de forma que seu conteúdo tenha total atenção da sociedade e do meio científico vivenciando sua importância (SILVA, 2005).

Os trabalhos de conclusão de curso (TCC), muitas vezes geram nos discentes nervosismo, por enxergar no TCC como uma “pedra no sapato”, ou seja é algo que todo discente preparado ou não tem que executar ao término do curso técnico e como isso acabam conseguindo requisitos para se obter uma menção favorável para aprovação. Alguns autores, consideram que o discente tem uma necessidade de treinar a habilidade de desenvolver reflexões, criticidade do que estão produzindo e com isso os mesmos, conseguem alcançar os objetivos de desenvolver o TCC, pois conseguem fazer ligação do mesmo com a sua realidade.

Além disso, o aluno precisa estar seduzido pelo tema e confiante de ter feito a melhor escolha, para que, no percurso de leituras e pesquisas, não sinta necessidade de mudanças no foco da pesquisa; já que isso poderá acarretar prejuízos em nível de conhecimento e tempo, uma vez que estes trabalhos são desenvolvidos, na maioria dos cursos, no final da graduação. (PEREIRA e SILVA, 2011, p.03)

Em geral, podemos dizer que todas as tentativas de privilegiar uma elaboração cuidadosa e articulada do conteúdo a ser aprendido, uma metodologia atenta exclusivamente ao desenvolvimento psicológico do discente, não somente têm reduzido o espaço de ação do docente e perturbado sua sobrevivência profissional, mas também têm obtido resultados insatisfatórios quanto à aprendizagem dos discentes.

O recente crescimento de uma visão construtivista de ensino e aprendizagem nos meios didáticos recoloca o problema da formação do docente, ressaltando a importância do seu conhecimento científico e da natureza de sua competência profissional. Nesta concepção epistemológica o docente tem a tarefa principal de monitorar o crescimento cognitivo e o amadurecimento pessoal dos discentes, contribuindo para a construção, por parte de cada um, de um conhecimento científico pessoal, com a dupla característica de ser semelhante ao conhecimento científico estabelecido e ter continuidade com a própria ecologia conceitual (STRIKE e POSNER, 1992).

3. METODOLOGIA

Os dados foram obtidos por meio de formulário digital criado pelos autores na plataforma Google Forms, o qual foi compartilhado com alunos egressos dos cursos técnicos de uma instituição pública de ensino médio e técnico do município de Praia Grande (SP).

O público selecionado respondeu a seis questões, das quais cinco eram fechadas, e uma aberta, no período de maio e junho de 2019. Estas questões incluíam informações sobre sexo, idade, ano de término do curso, principais dificuldades no TCC, principais pontos pessoais e profissionais que o TCC aprimorou, e observações gerais a respeito do tema.  As questões relacionadas as dificuldades e benefícios do TCC os entrevistados puderam escolher mais de um item, por isso a soma da porcentagem dos itens ultrapassa cem por cento.

As respostas foram organizadas e trabalhadas visualmente em planilha eletrônica MS Excel 2010.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Responderam as questões da pesquisa 136 alunos egressos do curso técnico em Farmácia de uma instituição pública de ensino médio e técnico do município de Praia Grande (SP), destes 88,2% eram do sexo feminino com média de idade de 27 anos (DP ±9,5). Os egressos finalizaram o curso entre os anos de 2010 a 2019, sendo a maioria (20,6%) concluintes mais recentes, do ano de 2017.

Quando indagados a respeito das dificuldades que vivenciaram no desenvolvimento do TCC a maioria apontou dificuldades com a formatação do trabalho escrito utilizando as normas para trabalhos acadêmicos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e dificuldades que atrapalharam a apresentação oral (como nervosismo e timidez), com 83%. Em seguida, a dificuldade em selecionar fontes confiáveis na Internet foi citada por 77% dos alunos, e os problemas com o trabalho em grupo por 63% (Figura 1).

Figura 1: Dificuldades vivenciadas e citadas por alunos egressos do curso técnico no desenvolvimento do TCC.

Fonte: Autoria própria, 2019.

A obrigatoriedade de seguir uma padronização na formatação do trabalho escrito, geralmente aplicando-se as regras da ABNT, parece ser um dos grandes entraves para a fluidez do desenvolvimento já que se percebe esta preocupação não apenas na fase final da entrega escrita, mas ao longo de todo o trabalho. Esta dificuldade alia-se ao baixo entendimento do método científico, que alia-se a dificuldade de grande parte dos docentes conseguirem expressar claramente e organizar didaticamente o assunto, muitas vezes permanecendo obscuro o modo como as referências devem ser citadas, a lógica que deve existir entre as partes, a forma como devem ser apresentados os resultados, a importância da coerência entre o tema, o problema, os objetivos, o método e a conclusão.

Outro fator citado por 83% dos alunos foi o nervosismo e a timidez que atrapalham a apresentação oral. Segundo Monteiro et. al (2013), a competência comunicativa refere-se à habilidade que um indivíduo tem para se dirigir a outro com clareza, coerência e eficácia, ou seja, é a capacidade que cada um possui para falar, escrever e saber selecionar as formas linguísticas apropriadas às diferentes situações vivenciadas por todos.

Apesar de ser frequente a apresentação oral de projetos, trabalhos em forma de seminários e feiras ao longo dos três semestres do curso técnico, na data da apresentação final do TCC os alunos sentem-se embaraçados devido a ansiedade e tensão que o momento desperta, em associação com o julgamento da banca de professores avaliadores. Oliveira e Duarte (2004) citam o trabalho com leituras em voz alta, técnicas de relaxamento e respiração e o treinamento em habilidades sociais como itens que reduziriam a ansiedade excessiva nas exposições orais.

Em seguida, a dificuldade em selecionar fontes confiáveis na Internet foi citada por 77% dos alunos. É inegável todos os benefícios que a Internet trouxe em todos as áreas e setores de atividades humanas, incluindo a educação. A gama de informações, a rapidez na resposta, a interatividade, e a fluidez da informação entusiasmam desde crianças ao alunos mais experientes, mas por outro lado, estas características confundem aqueles que necessitam obter no mundo cibernético informações fidedignas e colocam em dúvida a aceitação destas fontes tanto pelos alunos quanto pelos docentes, como no caso da ferramenta Wikipédia (VIEIRA e CHRISTOFOLETTI, 2013).

Como reflexo da sociedade moderna altamente competitiva e individualista, no espaço escolar os problemas em se trabalhar em equipe tendem a ser um dos mais recorrentes. Damiani (2008) descreve diversas vantagens que o trabalho individualizado não desenvolve, em contrapartida ao trabalho colaborativo.

ao trabalharem juntos, os membros de um grupo se apoiam, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, estabelecendo relações que tendem à não-hierarquização, liderança compartilhada, confiança mútua e corresponsabilidade pela condução das ações (DAMIANI, 2008, p. 215).

Quanto aos fatores benéficos que o TCC aprimorou, 98% dos alunos apontaram que o TCC aprimorou sua capacidade de raciocínio, leitura e escrita, 94% sentiram que suas habilidades em selecionar informações corretamente na Internet melhoraram e 93% sentiram que o trabalho beneficiou sua expressão oral (Figura 2).

Figura 2: Benefícios notados e citados por alunos egressos do curso técnico no desenvolvimento do TCC.

Fonte: Autoria própria, 2019.

Carboni e Nogueira (2004) também detectaram, entre estudantes de graduação de Enfermagem, o desenvolvimento do hábito da leitura devido à realização do TCC, bem como a oportunidade de aprender a acessar base de dados científicas via Internet.

No presente estudo, todos os outros fatores foram assinalados como benefícios pela maioria dos participantes, sendo que nenhum ficou abaixo de 69%.

Como discutido por Gamba (2016) a construção do TCC nas escolas técnicas de nível médio, revela-se aos alunos como um fator para o desenvolvimento profissional, posto que ele precisa elaborar o projeto, planejar e aprender a trabalhar com os outros, além de possibilitar a reflexão sobre o pensamento e ação crítica que envolve a indagação sobre a questão e, assim, ele pode intervir de maneira construtiva em sua formação. Ainda relata que “os alunos puderam descobrir a capacidade de mudar, de replanejar e, em alguns casos, de intervir nas ações e, por esse caminho, sentirem-se capacitados a aprender a aprender” (GAMBA, 2016, p. 86).

5. CONCLUSÃO

A partir da realização desta pesquisa, da observação e contato direto com os alunos na prática diária na sala de aula,  constata-se que  ocorrem dificuldades no desenvolvimento do TCC, nas quais algumas são decorrentes de uma educação básica deficitária que não trabalha conhecimentos e raciocínio científico necessários à continuação dos estudos, e que se refletem no momento da construção do trabalho.

Dificuldades como formatação do trabalho escrito com normas acadêmicas, problemas na expressão oral e seleção de fontes de informações confiáveis foram as mais citadas. Por outro lado, os ganhos apontados foram a melhoria do raciocínio e hábito de leitura e escrita, a comunicação oral, e o uso da Internet.

Percebe-se que o TCC se constitui como importante ferramenta de desenvolvimento das habilidades científicas dos alunos, e que pode inclusive, ser inicialmente explorado nos níveis anteriores e concomitantes ao ensino técnico.

REFERÊNCIAS

CARBONI, R. M.; OLIVEIRA, V. N. Facilidades e dificuldades na elaboração de trabalhos de conclusão de curso. ConScientiae Saúde, n. 3, p. 65-72, 2004.

CENTRO PAULA SOUZA. Portaria do coordenador do ensino médio e técnico nº 354. Diário Oficial Poder Executivo Seção I. São Paulo, 26 de fevereiro de 2015. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/diarios/86609909/dosp-executivo-caderno-1-26-02-2015-pg-32>. Acesso em: 20 jul. 2017

DAMIANI, M. F. Entendendo o trabalho colaborativo em educação e revelando seus benefícios. Educar em revista, n. 31, p. 213-230, 2008.

GAMBA, M. C. Educação Profissional: o potencial formativo do trabalho de conclusão de curso dos cursos técnicos do Centro Paula Souza. 2016. 125p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Católica de Santos, Santos, 2016.

MONTEIRO, C. et al. Avaliação da competência comunicativa oral no Ensino Básico: Um estudo exploratório. Revista portuguesa de Educação, v. 26, n. 2, p. 111-138, 2013.

OLIVEIRA, M. A.; DUARTE, A. Controle de Respostas de Ansiedade em Universitários em Situações de Exposições Orais. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 6, n. 2, p. 183-199, 2004.

PEREIRA, A.; SILVA, M. L. O Trabalho de conclusão de curso: constructo epistemológico no currículo formação, valor e importância. 2011. Disponível em: http://fedathi.multimeios.ufc.br/rides/phocadownload/artigos_iiienforsup_adicionais.pdf. Acesso em 28 de julho de 2019.

RAMOS, I. M. L. Orientações Gerais do TCC. Unidade de Ensino Médio e Técnico. Centro Paula Souza. 2013.

SILVA, V. P. Nas trilhas da pesquisa: o mais importante é saber “por quê?”. Caminhos de geografia. Revista On Line. v. 17, p. 48-53, fev/2006. Disponível em: http://www.ig.ufu.br/revista/volume17/artigo5_vol17.pdf. Acesso em: 28 de julho 2019.

STRIKE, K. A.; POSNER, G. J. Uma teoria revisionista da mudança conceitual. In: DUSCHL & HAMILTON (Ed.). Filosofia da ciência, ciência cognitiva e teoria e prática educacional. Albany, NY: SUNY, 1992. p.147-176.

VIEIRA, M. V.; CHRISTOFOLETTI, R. Confiabilidade no uso da Wikipédia como fonte de pesquisa escolar. Revista online de Política e Gestão Educacional, [S.l.], n. 15, fev. 2017. ISSN 1519-9029. Disponível em: <https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/9351/6203>. Acesso em: 28 julho 2019. doi:https://doi.org/10.22633/rpge.v0i15.9351.

[1] Bióloga. Mestre em Ciências pelo Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (IPEN-USP). Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Católica de Santos.

[2] Biólogo. Mestrando em Biologia Geral e Aplicada pelo Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP- Campus Botucatu).

Enviado: Abril, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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Janara de Camargo Matos

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