REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Educação corânica no contexto da diversidade étnica em Gabú

RC: 88119
313
5/5 - (1 vote)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ALVES, Antónia Cadijatú [1], RÊSESES, Erlando Silva [2]

ALVES, Antónia Cadijatú. RÊSESES, Erlando Silva. Educação corânica no contexto da diversidade étnica em Gabú. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 06, Vol. 05, pp. 89-104. Junho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/etnica-em-gabu

RESUMO

Este artigo resulta de recortes da tese de doutorado em andamento intitulada educação no Leste da Guiné-Bissau: Relação entre Educação Formal e Oficial, População Fula e ONG PLA, de autoria de Antonia Cadijatu Alves, orientada pelo professor doutor Erlando Silva Rêses na Universidade de Brasília – UNB. O artigo tem como objetivo, ampliar o conhecimento sobre   ensino corânico tradicional e necessidade do uso da tecnologia digital entre diferentes grupos étnicos islâmicos da cidade de Gabú e para compreender melhor suas necessidades da educação formal e oficial e Corânica Tradicional. A metodologia utilizada no presente estudo foi pesquisa qualitativa, etnográfico e documental. O trabalho de campo foi realizado em julho de 2019, com as pessoas acessíveis à educação da cidade de Gabú, gestores da Secretaria Regional da Educação de Gabú-SREG, gestores da PLAN, professores, pais e encarregados de educação e alunos.

Palavras chaves: Etnias, Educação Oficial, Corânica Tradicional, Gabú, Telefone Celular.

1. INTRODUÇÃO

O ensino corânico tradicional Kuttab[3] que acontece em Gabú começou em 1878, na chamada Guerra de Cansalã[4], que aconteceu na região Leste do país, os Fulas obrigaram os perdedores da guerra, as mandingas donos da terra a se converterem ao Islã (PÉLISSIER, 1989). Começaram a aparecer os estudiosos do alcorão Fulas vindos da República da Guiné, país vizinho, para ensinamento do Alcorão nas mesquitas em muitas cidades da Região Leste do país (Região de Gabú). Assim, iniciava o processo de islamização dos povos habitantes da região de Gabú, concretizado não só pela dominação política, mas também uma dominação de cunho religioso.

O ensino corânico constitui um sistema alternativo ou paralelo ao sistema da Educação Oficial na Guiné. Esse sistema de ensino assenta-se na aprendizagem do Alcorão. Em busca de compreensão sobre a educação em Gabú, foram destacados os aspectos da diversidade linguística, cultural e étnicas que compõem a população de Gabú. O aspecto cultural, religioso e diversidade étnica configura-se de maior importância para a compreensão de todo o processo educativo em Gabú. A busca pela valorização da educação corânica tradicional configura-se como um bem cultural numa reflexão que consubstancia algo que compõem a vida secular transmitida de geração em geração pelas escolas corânicas tradicionais.

2. EDUCAÇÃO CORÂNICA EM GABÚ

Gabú fica localizado no Leste da Guiné-Bissau, é a segunda maior região do país, com uma área de 1.959k2, habitada por cerca de 205.608 mil habitantes, o que corresponde 14,19% do total da população do país e lhe confere a 2ª maior depois de Bissau, cidade capital do país. A maioria da população concentra-se na cidade de Gabú 178.318 mil habitantes e dedicam-se à agricultura, pastagem, comércio, queima de carvão, artesanato e cerâmica. (GUINÉ-BISSAU, 2015).

A agricultura em Gabú é composta pelos agricultores para subsistência, orientado a autoconsumo familiar e fazendeiros, caracterizada pela produção tanto para autoconsumo familiar como produtos que é cultivado para gerar renda, isto é, gerar rendimento monetário. Melhor dizer, o fazendeiro tem como objetivo garantir a segurança alimentar da família e gerar rendimentos monetários mediante a comercialização dos excedentes e dos produtos de renda como: algodão, cabaça e castanhas de caju.

Pastagem, comércio, queima de carvão e cerâmica são praticados pelos Fulas com o objetivo de girar rendimentos monetários mediante a comercialização de leite, manteiga, carne, madeira e carvão para garantir segurança alimentar e monetária da família. E, o comércio artesanal constitui atividade típica dos Mandingas, Djacanca e Panhadinca.

A população nativa de Gabu é composta majoritariamente por quatro grupos étnicos:  Fula, Mandinga, Djacanca e Padjadinca, todos eles são muçulmanos. Apesar de todos serem muçulmanos, compartilhando o mesmo território, eles possuem culturas e línguas diferentes. As línguas, as danças, as manifestações culturais, as expressões artísticas, as músicas, são muito marcantes em suas diferenças. É uma região diferente das restantes regiões do país onde tem a diversidade de agrupamento religiosa no seio da população.

Com base na vivência que eu tive durante toda a vida no país, a prática do islamismo entre as etnias se misturou a elementos do animismo da Guiné-Bissau e dos Fulas com os elementos do animismo da Guiné Konacry, sobre a base islâmica de ramificação sunita, isto é, a razão pela qual, a prática de islamismo se defere de etnia para etnia.

No olhar de Silva (2005), a inserção dos imigrantes em um novo contexto não significa a perda ou simplesmente, a fusão de uma cultura original com local. Ao contrário, ela tende a simplificar-se em algum traço, que passam a ser distintivos para o grupo que os veicula, proporcionando-lhe maior viabilidade.

Verifica-se que os Fulas converteram toda a região ao islamismo, mas, eles não desvincularam das suas culturas pré-islâmicas proveniente da Guiné, da língua materna e os convertidos também não desvincularam das línguas maternas nem das suas culturas pré-islâmica o que resultou a diferença cultural e linguística entre eles. Eles foram islamizados, mas, não se formam família porque são considerados escravos dos Fulas, não se rezam na mesma mesquita porque, as rezas são realizadas em línguas maternas étnicas, não estudam na mesma escola corânica porque, as aulas são ministradas em língua materna étnica do professor apesar de pertencerem a mesma crença religiosa.

Por outro lado, não se formam família porque:

Na cultura mandinga, um homem pode ultrapassar número de esposas estipulado no alcorão, livro sagrado dos muçulmanos (um homem pode casar-se com até 4 esposas quando apresentar provas que tem condições de garantir seus sustentos) a regra que os Fulas cumprem literalmente;

Um homem mandinga pode realizar pedido de casamento e levar a esposa antes de pagar dote e antes da realização dos rituais do casamento, um Fula só pode levar mulher para sua casa somente quando cumprir com todas as suas obrigações;

Uma mulher mandinga é encarregada de tarefas domésticas e da roça e o homem mandinga fica em casa cuidando das crianças. Na cultura das mandingas os homens não são responsáveis para o sustento da família pois, a mulher constitui mão de obra familiar, quanto mais mulher tiver um homem isto representa maior mão de obra para família e, possuem diferenças musicais, na organização familiar e nas maneiras de celebrar as festas.

Neste contexto, os muçulmanos mais radicais são os Fulas, os quais levaram o islamismo ao país, apesar de os rituais africanos serem da Guiné Konacry, possuem regras mais próximo do alcorão. O islamismo da ramificação sunita praticado em Guiné-Bissau está mais atrelado nas crenças e nos costumes tipicamente das duas Guinés. É inegável que os Fulas são etnicamente diferentes de todos os grupos étnicos do país e possuem características particulares do estatuto da mulher devido às regras do alcorão que são cumpridas na íntegra.

A educação corânica que acontece em Gabú tem as suas próprias práticas e instituições de aprendizagem, diretamente relacionadas com o interesse dos grupos étnicos islâmicos e a ideologia específica do Islã, incluindo, frequentemente, outra dimensão não religiosa dos grupos étnicos dos seus praticantes. As instituições do saber religioso da população de todos os nativos de Gabú compreendem as escolas Madrassas e corânicas tradicionais, elas são efetivamente diferentes nos métodos do ensino e nos processos utilizados na educação, nos conteúdos, na infraestrutura e até no número de alunos.

Na entrevista realizada em Gagú, na Secretaria Regional da Educação de Gabú-SREG, as escolas Madrassas já têm parcerias com o governo, mas ainda faltam ter parcerias em relação aos conteúdos abordados nas salas de aulas e colaboração em relação aos materiais didáticos e ao pagamento dos professores. (Bernaldo Mendes – SREG).

Na ausência de investimento do governo em relação à educação, parece ter perdido o direito de fiscalizar e inspecionar os materiais didáticos usados nas instituições de ensino de caráter privado. Vale ressaltar que todos os materiais são donativos dos países islâmicos que apoiam seu expansionismo na África negra: são materiais escritos em língua árabe, língua de que os inspetores do Ministério da Educação não têm o domínio.

Na minha pesquisa feita em Gabú, apenas existe uma única escola Madrassa, que funciona na mosqueta principal com número bem reduzido de alunos, que funciona de caráter privado. Os alunos são preparados e encaminhados para estudarem sharia[5] nos países árabes, com bolsa de estudo financiada pelas ONGs de ramificação religiosa dos países do Norte da África, como Marrocos e Líbia[6].

Essa escola foi criada pelos Seikes[7] da associação islâmica do país; são escolas em que o estudante não só aprende a língua árabe e o alcorão, mas também as ciências sociais e naturais. É o sistema do ensino corânico mais próximo do sistema oficial oferecido pelo governo, a maioria dos professores são provenientes dos países árabes e alguns guineenses que estudaram nesses países. São escolas de diversidades étnicas e culturais ministradas em língua árabe.

Em alguns países da África Ocidental (Senegal, Guiné e Mali), a língua árabe é oficializada nas suas constituições da República; passou a ser segunda língua oficial, isto é, depois da língua do país colonizador. Os países do Norte da África (África Branca) possuem a língua árabe como primeiro oficial e a língua do país colonizador como segunda oficial.

A aprendizagem da língua árabe em Gabú está promovendo surgimento de um processo de aculturação que possa integrar características culturais do mundo árabe. As culturas étnicas vão se misturar com a cultura árabe e criar uma nova cultura que não é tipicamente cultura guineense.

No olhar de Berry (1997), ao se referir às estratégias de aculturação e adaptação, existe a questão sobre o que acontece com os indivíduos que se desenvolveram em apenas um contexto cultural e se deslocam a um novo contexto. Segundo o autor, como a cultura é um poderoso modelador do comportamento, haveria três possibilidades ao indivíduo nessa situação: a) o indivíduo continuaria se comportando como o fazia no antigo contexto; b) ele mudaria o seu repertório comportamental a fim de melhor se enquadrar no novo cenário; ou c) desenvolveria um padrão complexo de continuidade e – paralelamente – mudanças em suas relações com a nova sociedade. O autor defende que, para a psicologia intercultural, essa seria a resposta mais saudável que o indivíduo pode dar à situação, tendendo assim ao equilíbrio.

A escola corânica tradicional funciona de maneira bem fixada no ensino do alcorão, pela qual os alunos aprendem o alfabeto em primeiro lugar e, posteriormente, as interpretações dos versículos traduzidos em língua árabe para língua do grupo étnico do professor; também aprendem a interpretar o alcorão para atender as necessidades religiosas e, futuramente, ser pai do santo ou Elmami[8].

O saber religioso é difundido pelos líderes religiosos em cada comunidade étnica nas escolas corânicas tradicionais que vivem fora do contexto do estado, cujas atividades são independentes do poder estatal.

A associação islâmica[9] tem desempenhado um papel histórico fundamental no pilar do sistema educativo, mantendo-se até os tempos modernos e resistindo à introdução do sistema educativo escolar colonial e pós-colonial.

De acordo com Dias (2013) o conhecimento adquirido nas escolas corânicas tradicionais é para ser utilizado no dia a dia, nas cinco orações diárias e nas cerimônias religiosas. Não se trata de um conhecimento que visa a preparação para a vida profissional, mas para o cotidiano.

Em comunidades islâmicas, os pais enviam os filhos para as escolas corânicas de modo a constituírem indicadores referenciais de moralidade, honestidade e disciplina, qualidades necessárias para desempenhar uma função de responsabilidade na comunidade. Por esses motivos, os estudantes que terminaram essa escola estão bem habilitados para encontrar empregos nas atividades econômicas tradicionais no setor informal.

Essas escolas têm por objetivo formar jovens macus[10] islâmicos e proteger sem rupturas os valores étnicos e o entendimento tradicional do Islã (BRITO, 2011). A formação moral é mais valorizada entre os muçulmanos do que a formação intelectual, em virtude da necessidade de se incutir nos alunos o sentimento de respeito pela ordem social da comunidade e a ideia de submissão aos mais velhos.

São escolas implantadas nos espaços físicos das mesquitas, em casas particulares, ao ar livre e até na sombra de árvores, pela sua inadequação às exigências estatais do país; Paulo Freire (1978) denomina círculo cultural: para ele, o círculo da cultura é um local propício em que há condições favoráveis para que um grupo, em profundo processo de comunhão em torno de mútuo aprendizado, possa produzir conhecimento a partir dos elementos de sua cultura, os quais se tornam o sinônimo da resistência às imposições da cultura dominante e de inversão cultural (FREIRE, 1987).

O ingresso nessas escolas é por volta dos cinco anos de idade, ato que representa a iniciação e a integração sociocultural e religiosa das crianças num sistema de ensino que a desintegra de um sistema social abrangente. Por outro lado, eleva algo que devia ser de consideração estatal, devido ao caráter ético moral que ela representa na moralização social.

Os professores têm papel muito importante no ensinamento religioso e cultural dos seus grupos étnicos. Quer dizer que nessas escolas, o professor sempre é do mesmo grupo étnico com seus alunos e o ensino aprendizado acontece em suas línguas maternas (de suas etnias). Por outro lado, são escolas em que os pais e encarregados da educação se sentem acolhidos pelos mestres, principalmente por haver canais de comunicação efetivos. Eles são incluídos não só quando há a necessidade de se resolver alguma questão do aluno, mas em diversos momentos da rotina escolar.

A maioria dos professores não possuem estudos aprofundados em língua árabe nem do alcorão, a grande maioria aprenderem corânica tradicional no interior da família e mais tarde aprofundaram os conhecimentos religiosos nos países vizinhos onde existem mesma língua materna como: Senegal, Guiné e Gâmbia.

De acordo com Bento (2008), a língua materna é a primeira língua adquirida ou assimilada, por meio da qual o sujeito se expressa de forma natural, compreendendo o ambiente envolvente. Além de ser o primeiro sistema linguístico de socialização da criança adquirido em contexto familiar, constitui elemento fundamental de identidade e viabiliza ao indivíduo um sentido de pertença a um determinado contexto cultural e social.

Por outro lado, Carvalho (2011) defende que a língua materna não é, necessariamente, a língua da mãe, mas sim, fundamentalmente, a primeira língua com a qual a criança teve contato e aprendeu em casa, com os pais ou com os encarregados da educação. Essa mesma língua deve ser a da comunidade em que a criança está inserida: é a língua que o falante estabelece ou com a qual está, sem necessidade de ir a escolas ou instituições oficiais de ensino. É adquirida independente do grau de escolaridade, ou seja, é uma capacidade do ser humano de adquirir a língua com a qual está em contato desde o momento do nascimento: língua dos pais, da família, da sociedade em que vive.

Muitos guineenses, em Bissau, cidade capital do país, possuem pertencimento étnico e não entendem a língua de suas etnias porque, nos centros urbanos, as pessoas não convivem em uma comunidade étnica específicas. Neste contexto, a língua crioula constitui uma língua da unidade nacional e o português é a língua oficial do ensino para todos os níveis da educação oficial.

A pedagogia[11] dessas escolas privilegia a oralidade nas transmissões dos saberes. Apesar de se fundar na transmissão escrita, devido à importância primordial dada ao alcorão, a transmissão do conhecimento nessas escolas deve-se à tradição oral, sendo tributária da memória e da escuta, fato que tornou o Islã professado pelas populações locais uma religião viva.

Não existe controle pedagógico nas escolas corânicas tradicionais (como acontece nas escolas de oficial oferecido pelo governo): caracterizam-se pela ausência de um regime de exames e de diplomas. Há apenas a realização de cerimônias de consagração pública quando os alunos atingem determinado nível de conhecimento, por exemplo o fim da primeira leitura completa do Alcorão.

No geral, essas escolas não têm um calendário fixo: admitem estudantes de todas as idades e lecionam-se ao longo do ano, podendo haver ingresso na aprendizagem a qualquer momento. O ensino não interrompe as atividades econômicas ou sociais da comunidade, sendo ministrado num ritmo variável, considerando os trabalhos agrícolas, as festas muçulmanas e as responsabilidades dos alunos e dos professores.

A escola corânica tradicional oficialmente não é reconhecida pelos governos como contribuição para radicalização do analfabetismo, motivo pelo qual esse tipo de ensino permanece relativamente desconsiderado pelos colonialistas portugueses e pelos atuais dirigentes estatais no planejamento das metas educacionais e na formação de políticas e de estratégias nacionais.

3. EDUCAÇÃO OFICIAL E TECNOLOGIA DIGITAL

No olhar de Brandão (1985), a educação formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia, cria situações próprias para o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos, e constitui executores especializados. Logo, é quando aparece a escola, o aluno e o professor. A instituição escolar organizada acontece em local específico, sistematizado, com análise de conteúdo; em outras palavras, é regulada por leis e normas da instituição de ensino. Por ser formal, espera resultados e analisa os dados obtidos a partir dos planejamentos anteriormente realizados (BRANDÃO, 1985).

Desta forma, a educação formal requer tempos e locais específicos, pessoal especializado, organização, sistematização sequencial das atividades, disciplina, regulamentos e leis, órgãos superiores; deve ter um caráter metódico, com organização por idades e níveis de conhecimento. O resultado esperado é a aprendizagem efetiva, a certificação e a atribuição de diplomas que capacitem os indivíduos a seguir para níveis e graus mais avançados.

Em Gabú, a educação e aquisição do conhecimento está interligado na cultura étnica e no islamismo e desempenha um papel central na vida dos cidadãos. A mesquita é um símbolo de identidade como local para reuniões, rezas e celebrações, é a primeira escola de todas as crianças muçulmanas na cidade de Gabú.

Analisando as respostas dadas pelos entrevistados na cidade de Gabú, foi possível verificar a importância da expansão da tecnologia digital na comunidade de Gabú. As respostas relacionam-se ao uso de aparelhos celulares, a ações de ler e escrever mensagens pela internet, ao entendimento do português falado nas novelas brasileiras que passam na TV Globo etc.

Um aspecto importante a ser observado: como a população tem comprado aparelhos celulares, há um consumo de serviços de formatação e envio das mensagens pelas pessoas escolarizadas. Por outro lado, em campanhas políticas, apenas ganham dinheiro pessoas escolarizadas; em relação à prestação dos serviços públicos, somente são contratadas pessoas escolarizadas. Dessa forma, essa população deseja ultrapassar esses limites.

Nos depoimentos dos pais e encarregados da educação, há indicação das vantagens de quem tem filho ou netos que sabem operar computador e usar aparelho celular em relação aos que apenas estudam ou estudaram nas escolas corânicas tradicionais, como mostra o depoimento de um dos entrevistados:

Hoje em dia, todo o mundo precisa saber usar celular e computador para enviar mensagens aos amigos ou parentes distantes. Nesta perspectiva, quem apenas estudou a educação corânica tradicional acaba ficando em desvantagem porque, na educação corânica tradicional, o aluno aprende somente alfabeto em árabe e combinações dessas letras para escrevê-las em pular (língua dos Fulas). Acontece que as instruções dos aparelhos celulares, ou seja, os manuais dos celulares, estão escritos em alfabetos de línguas europeias (língua francesa, inglesa ou portuguesa). Em alguns dos casos, aparecem celulares provenientes dos países árabes, mas não conseguimos melhorar a situação porque nós apenas aprendemos a ler e escrever em alfabeto árabe, mas não entendemos árabe. (Encarregado da educação)

O encarregado da educação reconheceu e percebeu a importância da educação formal e oficial na matéria da comunicação em língua oficial portuguesa. Ele salienta que a língua oficial portuguesa é indispensável para participar na matéria de tecnologia digital; nesta perspectiva, a tecnologia digital de informação tem criado incentivos para mais aderência à educação formal e oficial entre a população mais jovem em Gabú.

A educação oficial possibilita o cidadão a uma educação profissional e comunicação em língua oficial portuguesa. (Professor Serem Djalo)

Tem comerciantes e fazendeiros muito rico que apenas estudaram na educação corânica tradicional, mas, possuem problemas em organizar/formalizar seus negócios em função de falta de escola oficial, muitos poderiam ser mais ricos, ou seja, muitos comerciantes poderiam crescer para empresários, mas ficaram no patamar de comerciante e muitos poderiam criar indústrias, mas faltou escola. (Professora da educação oficial)

Os professores demonstraram a importância que a educação formal e oficial proporciona à população para uma formação profissional e para o entendimento da língua oficial portuguesa, além da questão econômica.

Em Gabú, existem apenas 2 setores da economia: setor primário, composto pelos agricultores e pecuaristas, e setor secundário, composto por comerciantes, servidores públicos, ONGs e serviços. A agricultura está mecanizada em sua maior parte pelas ações do próprio governo e das ONGs; ainda que os bancos estejam concedendo empréstimos a fazendeiros e comerciantes para promover o desenvolvimento local, está um pouco complicado para muitos, devido à ausência de uma educação formal e oficial.

No momento, a educação oficial é a melhor educação que existe em Guiné-Bissau porque permite o cidadão a exercer sua cidadania de melhor maneira, sem pedir opinião aos outros, dá acesso à profissionalização e ao mundo digital. (Encarregado da educação)

O entrevistado demonstrou a importância da educação formal no que diz respeito ao exercício da cidadania, democracia e participação em mundo digital, porque, dada a instabilidade política que o país está atravessando desde a abolição de partido único, em 1994, até a data presente, apenas um presidente da República conseguiu terminar o seu mandato em função de muitas invalidações das eleições que acontecem no cenário da política do país. Muitas pessoas escolarizadas ganham dinheiro nas campanhas políticas, por meio de contratos para trabalhar nos processos de recenseamento da população para participar no processo de votações, nas mesas e nas contagens de votos e entre outros tipos de prestação de serviços remunerados pelos políticos.

Educação formal e oficial tem muita importância no que diz respeito a conhecimentos dos direitos e deveres de um cidadão e permite participar na democracia de uma maneira bem consciente. (Encarregada da educação)

No país, existe uma compra de consciência do eleitor por parte dos políticos. Voto não é obrigatório: todos os cidadãos, sendo escolarizados em educação formal e oficial ou não, têm direito de votar. Aparecem muitos votos baseados no tribalismo e votos que não são baseados em programas do governo apresentados pelos políticos ou em propostas feitas no decorrer das campanhas.

A língua oficial portuguesa não é usada entre os guineenses por além das salas de aula. Todos os discursos políticos e os canais de comunicação social usam a língua crioulo para entendimentos de todos. A língua oficial portuguesa passou a não ser uma língua indispensável para um guineense. A população precisa da educação oficial para formação profissional e uso de aparelhos celulares. (Encarregado da educação)

Apesar do uso de aparelho celular e computador não ser ensinado nas escolas, sua utilização somente se torna possível através da educação formal e oficial, e do entendimento da língua oficial portuguesa sobretudo. Em Gabú, as pessoas mais jovens e escolarizadas em educação formal e oficial, presentes na cidade de Gabú e no mundo digital, aprendem a usar os aparelhos celulares através das instruções dos manuais ou com pessoas escolarizadas em educação formal e oficial que já sabem usá-los.

Em Gabú há famílias que vão demorar a entender a importância da educação oficial. Nesse caso, o governo deveria fortalecer e controlar as escolas madrassas para aproximá-las mais da educação oficial, como aconteceu com as escolas da missão católica em Gabú, porque as madrassas já foram oficializadas pelo Ministério da Educação em 2006. Falta controlar as disciplinas e os conteúdos que são abordados nas aulas, se são compatíveis com os das escolas oficiais. (Encarregado da educação)

Existe apenas uma escola Madrassa na cidade de Gabú que funciona na mesquita principal, não é gratuita, é de caráter privado e controlada pelos líderes religiosos, cujos professores não são pagos pelo governo: são pagos com as receitas internas da escola.

De acordo com as observações da pesquisadora feitas no decorrer deste trabalho, na medida em que a educação moral das escolas da missão católica está sendo criticada na sociedade muçulmana, o fortalecimento dessas escolas pode repercutir em uma imagem positiva e equilibrada no que diz respeito à laicidade. Nas escolas da missão católica, ensinam religião e educação moral como uma matéria não obrigatória para os muçulmanos que as frequentam por ser um procedimento flexibilizado logo depois da independência.

Um cidadão que apenas estudou corânica tradicional está perdido nesse mundo, porque vai ter muitas limitações no âmbito da política do país, no exercício da cidadania, no acompanhamento do desenvolvimento tecnológico e da tecnologia digital. Não existe entendimento desses procedimentos na ausência de uma educação oficial. (Professor da educação oficial)

O professor da escola oficial demonstrou sua preocupação em relação aos cidadãos que apenas estudaram educação corânica tradicional, os quais normalmente não participam de modo adequado nas tomadas das decisões relativas às políticas de governar o país.

A educação oficial oferecida pelo governo é muito boa em partes: permite à criança saber ler e escrever mensagens no celular, jogar videogame, usar computador e se candidatar a um cargo político.

A parte ruim da educação oficial: aprende com os não muçulmanos comportamentos inadequados ao islamismo. As meninas têm a tendência de arrumar namorado, ficar grávida antes do casamento e de não se casar virgem. Os rapazes correm riscos de entrar na bebedeira e no uso de drogas com os colegas não muçulmanos. (professor da educação corânica)

Muitos radicais islâmicos não colocam os filhos na educação formal e oficial oferecida pelo governo para não comprometer o modo de vida da família, a fim de, supostamente, manter a cultura islâmica no seio familiar e bons hábitos que conferem a um muçulmano nato.

Na maioria dos casos, isso se deve porque, nessas escolas, também estudam os não muçulmanos com culturas diferentes. Não existe obrigatoriedade de o professor ser um muçulmano ou um Fula e não existe divisão de fila de carteiras para mulher e fila de carteira para homem nas salas de aula como acontecem nas escolas Madrassas.

Nos períodos eleitorais, os políticos que vão fazer campanhas políticas, sempre dão muito dinheiro às pessoas escolarizadas da cidade para ajudar nas campanhas e tudo que tem a ver com governo são beneficiadas pelas pessoas escolarizadas em educação oficial da cidade. As pessoas escolarizadas estão usando as não escolarizadas para ganhar dinheiro em relação ao uso de tecnologia digital. (Encarregado da educação)

Os telecentros[12] que existem em Gabú, além de serem um lugar para fazer ligações no telefone fixo para o exterior e enviar mensagens pela Internet nos computadores, cobram pelos serviços de manutenção dos celulares, pelos serviços de ensinamentos de uso dos aparelhos celulares (ligar, atender e desligar), para ler e enviar mensagens, entre outras ações.

A educação corânica tradicional é causadora do elevado índice de analfabeto que o país possui. Muitas crianças perderam a oportunidade de ter uma educação mais adequada, ficaram fora das salas de aulas por causa da educação corânica tradicional. (Professora da educação oficial)

Causador do maior índice de analfabetismo em educação oficial, fula é a etnia mais numerosa do país 30% da população (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA GUINÉ-BISSAU, 2018); ademais, a educação corânica tradicional é indispensável para um muçulmano. Dessa forma, em famílias pobres, torna-se difícil conciliar as duas escolas em razão dos custos, por isso optam em encaminhar os filhos para as escolas corânicas, por serem mais baratas. Além disso, existem casos em que os filhos são retirados das escolas oficiais pelos motivos culturais, sobretudo casamento precoce (no caso das meninas).

Neste momento, com o desenvolvimento da tecnologia de comunicação do povo para povo e do mundo digital, todos os encarregados da educação muçulmanos devem colocar seus filhos na escola oficial e complementar à educação corânica para atender as necessidades religiosas, porque, hoje em dia, o mundo mudou muito, o mundo está sendo mais aberto. Os homens Fulas têm hábitos de se casar muito jovem e emigrar para o exterior, deixando mulheres para trás com os filhos. Neste caso, é muito comum os homens que mandam dinheiro para sustentar sua família através de transferência bancária (Western Union ou Money Gram); a mulher precisa de saber ler o código que o marido enviou para levantar o dinheiro na agência. Neste caso, apareceu a necessidade da mulher saber ler mensagem no celular para pegar o código da transferência. Além disso, a mulher também precisa saber usar o televisor que o seu marido comprou para as crianças assistirem novelas brasileiras. (Encarregado da educação)

De acordo com Lemos (2009) o telefone celular é um dispositivo híbrido que congrega funções de telefone, computador, máquina fotográfica, câmera de vídeo, processamento de texto, GPS, entre outras. Neste contexto, todas as famílias precisam saber usar aparelhos celulares e computadores para poderem se comunicar com parentes e amigos no exterior e entre si.

Por outro lado, Carvalho (1007) assinala que os celulares convergem fetiches tecnológicos com conexões entre midiáticas. Eles concentram os acervos dos conteúdos com o ponto de ligação entre os indivíduos e o social. Sua importância, portanto, não reside na falácia da caixa preta, mas na possibilidade que essa tecnologia do celular proporciona aos seus usuários: fazer uma conexão direta entre suas vidas pessoais e social, um verdadeiro portal que conecta um indivíduo a uma rede de outro indivíduo e a notícias, canais de TV, vídeos, músicas etc.

Percebe-se que a população de Gabú tem mudado de mentalidade em função do aparecimento da tecnologia digital, principalmente devido à forte imigração para Europa por parte dos homens. Logo, a tecnologia digital tem afetado o dia a dia das famílias em Gabú de maneira geral, consequentemente muitos serviços que exigem formação profissional estão sendo executados pelos não muçulmanos.

Nesta ordem de ideia, Mcluhan (1999) assinala que celular é um surto de uma nova tecnologia, que estende ou prolonga um ou mais de nossos sentidos em sua ação exterior no mundo social e provoca, pelo seu próprio efeito, um novo relacionamento entre todos os nossos sentidos na cultura particular assim afetada. Por outro lado, Lemos (2009) destaca que a cultura contemporânea, associada às tecnologias digitais, cria uma nova relação entre técnica e vida social. Além disso, a técnica possui poder de influenciar a cultura e também os comportamentos sociais. Portanto, é, na realidade, um resultado da convergência entre vida social e desenvolvimento tecnológico: a técnica influencia a cultura e a cultura influencia a técnica.

4. CONCLUSÃO

Neste trabalho, portanto, foram discutidas as principais características das escolas corânicas de Gabú, pontuando a deserção cultural na prática do islamismo entre diferentes grupos étnicos muçulmanos, conflito cultural e diversidade da língua do ensino.

A educação corânica é a base da educação de todos os muçulmanos para atender as necessidades religiosas (rezas de 5 vezes por dia) é a educação indispensável para um muçulmano. Portanto, o mundo atual está em constante mudança, que traz novos significados para a educação e requer abordagens diferentes. A expansão da tecnologia digital, abertura política e democrática provocaram a necessidade de uma educação formal e oficial para todos.

O acesso à educação formal e oficial em Gabú está associada à atividade da população: comércio, pastagem e agricultura para comercialização, educação corânica tradicional, famílias que desconhecem a importância da educação formal e oficial e a língua de ensino.

A língua portuguesa é a língua oficial de ensino em todos os níveis de educação formal e oficial apenas 10% INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA GUINÉ-BISSAU, 2018) da população tem o seu domínio a restante da população falam dialeto crioulo de base português e as línguas étnicas locais.

De acordo com artigo 49 (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, 1996), da Constituição da República, a educação escolar é um direito a todos os cidadãos e é gratuita e de igualdade de acesso aos diversos graus de ensino, destacando-se a manutenção do português como língua oficial de ensino.

O governo guineense tem demonstrado dificuldades em enfrentar os problemas de diversidades étnicas, culturais e linguísticas na elaboração de políticas educativas e de planos estratégicos para amenizar problemas de analfabetismo em educação formal e oficial em Gabú. Por outro lado, tem demonstrado dificuldades em encontrar soluções para desordens que acontecem em escolas corânicas. Porque, a política educativa, foi elaborada pelo governo central e delegadas para todas as regiões do país. Essas políticas estão carentes de assuntos que dizem respeito a diversidade étnica, diferenças culturais e regionais.

REFERÊNCIAS

BENTO, C. I. S. Aquisição de Português Língua Não Materna – o conjuntivo na interlíngua de falantes nativos de neerlandês. Dissertação (Mestrado em Ensino de Português Língua Segunda e Língua Estrangeira). Faculdade de Ciências e Humanidades, Universidade Nova, Lisboa, 2008.

BERRY, J. W. Acculturation and Adaptation in a New Society. Journal Applied Psychology, v. 46, n. 1., Canada, 1997.

BRANDÃO, C. R. O que é a educação. São Paulo: Brasiliense, 2085.

BRITO, E. Notas sobre vida religiosa dos Fulas e Mandingas. In: Boletim Cultural da Guiné-Bissau (BCGP), vol. XII, Bissau, abr. 2012.

CARVALHO, G. L. Unidades fraseológicas no ensino de português língua estrangeira: os últimos serão os primeiros. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011.

CARVALHO, M. G. Tecnologia Desenvolvimento Social e Educação Tecnologia. Curitiba: Revista Técnica cientifica Nacional da UTFPR, 1997.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, 1996.

DIAS, E. C. Cadernos de Estudos Africanos. Centro de estudos Africanos/ISCTE. Lisboa, v. 1, 2013.

FREIRE, P. Cartas da Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Disponível em: https://cpers.com.br/wp-content/uploads/2019/09/4.-Cartas-%C3%A0-Guin%C3%A9-Bissau.pdf.

GUINÉ-BISSAU. Portal de Dados – Navegador do conjunto de dados, 2015. Disponível em: https://guinebissau.opendataforafrica.org/data#source=Instituto+Nacional+de+Estat%C3%ADstica+-+Guin%C3%A9+Bissau

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA GUINÉ-BISSAU, 2018. Disponível em: https://ine.cv/organismos-de-estatisticas-oficial/

LEMOS, A. Comunicação e Mobilidade. Salvador: EDUFBA, 2009.

MCÇUHAN, M. Os meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo: Cultrix, 1999.

PÉLISSIER, R. História da Guiné Portuguesa e Africanos na Senegambi 1841-1936. Edit. Estampa ISBN:9789723312782, coleção: Empresa Universitária, 1989.

SANHÁ, M. B. Constituição da República da Guiné-Bissau, 1996. Disponível em:  http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaPesquisaCplp/anexo/guinebissau.pdf

SILVA, E. A. Ensino islâmico e políticas educativas. In: Transmissão de Saberes: Sistemas de Educação Em África. Lisboa. Anais… Lisboa: [s.n.], 2005.

APÊNDICE – REFERÊNCIA D NOTA DE RODAPÉ

3. Escola corânica tradicional.

4. Guerra santa entre Fulas e mandingas.

5. Direito islâmico.

6. São financiamentos sem licitações e sem comprovantes.

7. Quem estudou direito islâmico.

8. Quem dirige reza.

9. Fundada em 25 de setembro de 1969, em Marrocos, e em 1987, em Guiné-Bissau.

10. Macus são pessoas que trabalham com divulgação do Islã.

11. Pedagogia é um conjunto de técnicas, princípios, métodos e estratégias da educação e do ensino.

12. Lojas de ligações para exterior e de envio das mensagens.

[1] Doutoranda em Educação pela Universidade de Brasília/UNB, mestrado em Administração pela Universidade Federal da Bahia /UFBA, graduação em Administração pela Universidade de Brasília /UNB).

[2] Orientador.

Enviado: Maio, 2021.

Aprovado: Junho, 2021.

5/5 - (1 vote)
Antónia Cadijatú Alves

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita